sábado, 3 de dezembro de 2011

A moça da foto não podia falar ali. Mas falou, quando pôde

Pescado no blog Tijolaço.com



 Agora, sim, e por sugestão da nossa jovem e veterana leitora Aline, a foto não precisa de mais nenhuma palavra, a não ser daquela a quem ela retrata.

As hortas de fascistas do PiG




Os espaços de comentários dos leitores nos blogs do PiG são verdadeiras hortas de fascistas. Ali, travestidos de jornalistas, funcionários dos oligopólios midiáticos anticonstitucionais regam e adubam o solo mental de seus leitores com doses cavalares de ódio e intolerância e suas múltiplas facetas. De suas sementes germinam os mais grotescos e idiotizados personagens do exército que leva a “palavra” do fascismo às redes sociais da Internet.


Apesar dos métodos previsíveis do PiG, há alguns avanços na manipulação dos leitores que merecem atenção. O UOL, por exemplo, desde o ano passado, em função da campanha eleitoral e, certamente com o dedo de Serra ali, reformou a ferramenta que o leitor usa para opinar sobre suas matérias. O que era para ser um espaço que promove debates e proporciona a exposição da pluralidade de idéias, tornou-se algo parecido com aquelas máquinas caça-níqueis, programadas para limpar o bolso dos apostadores menos conscientes.


Seja o câncer de Lula, Enem, Copa de 2014, programas sociais ou o que for relativo ao governo trabalhista, a ferramenta usada para publicar os comentários do leitor, aparentemente insuspeita, faz predominarem as opiniões que mais interessam aos generais do PiG. Em miúdos: tudo contra o governo federal e afagos maternais aos governos estaduais do PSDB. Principalmente ao governo de São Paulo, sede do PiG.


O mecanismo fraudulento é acionado assim que a notícia é publicada e começam a surgir os primeiros “comentários de leitores”. Diferentemente da publicação em ordem cronológica habitual na Internet (o comentário mais recente aparecer no topo da pilha) a ferramenta do UOL fixa os 3 primeiros comentários no pé da matéria e as centenas de outros, seguem para outra página linkada. Ocorre que, em 99% dos casos, estes 3 primeiros comentários berram insultos à presidenta e preconceito, racismo, machismo, homofobia, xenofobia etc, pra todo lado. Os comentários parecem escolhidos a dedo (ou elaborados especialmente) para servirem como vox populi. Sendo assim, além do leitor comum e desavisado engolir a notícia já distorcida pelo jornalismo fajuto da Folha, ainda recebe uma amostra falsificada da “voz do povo” que pode induzi-lo a adotar aquela “opinião” sem pensar duas vezes. O esquema atinge, principalmente, àqueles que têm o hábito de ler as manchetes e “deduzir” o conteúdo. (A Folha, sabendo que muito leitor tem preguiça mental de ler a matéria inteira, “capricha” nas manchetes, mesmo que os textos não lhes sejam fieis.)


Se os dejetos fascistóides e seus siameses que frequentam o pé das matérias da Folha, valessem como amostragem da opinião pública brasileira Serra teria sido eleito em primeiro turno com 99% dos votos em 2010.


Mais surreal ainda é o fato de que as “frutas” nascidas e alimentadas no jornalismo do esgoto virtual do PiG, sentem-se onipresentes. Quem já não viu comentários do tipo: “essas pesquisas são fajutas, compradas pelo PT” ou “nunca respondi e não conheço ninguém que tenha respondido qualquer pesquisa” ou “aqui em São Paulo não deixamos o PT entrar”…?


Para exemplificar o efeito das fraudes do UOL em seus leitores-sementes, dei um print-screen em dois comentários que encontrei quase ao acaso e que acabaram por servir-me como gancho e ilustração para este post. Ainda tive o cuidado de cobrir os nomes dos autores – que não é meu propósito aqui expor fulano ou sicrano. Obviamente que estes dois imbecis, que convocam o golpe e o regime militar, não imaginam que são retrato fiel dos movimentos fascistas e não tem a menor idéia do que é viver sob uma ditadura. Aliás, quem apóia ditadores e golpes de estado no início, muitas vezes acaba experimentando seu pior lado no fim. A primavera árabe que o diga …


Por tudo isso, o papel da blogosfera independente e progressista é vital. É preciso incentivar cada vez mais os internautas a criarem seus próprios blogs para servirem de contraponto ao PiG – seja publicando seus próprios textos, seja repercutindo outros. Essa é uma das maneiras de proteger nossa jovem democracia.


Outro recurso da direita fascista é a contratação de “peões” para exercerem marcação cerrada em todos os espaços possíveis. Essa mão de obra mercenária recebe remuneração por cada comentário publicado. Curiosamente, seus seguidores juram de pé junto que é o PT quem contrata comentaristas profissionais! Cães raivosos que se tornaram após frequentarem o intensivão fascistóide dos blogs da Veja, Folha, Estadão e Globo, não lhes cabe a idéia de que possam existir seres pensantes com outra visão da realidade, que não a sua.


É bom nos prepararmos. Se a campanha que a direita fez em 2010 nos pareceu violenta, desleal e mentirosa, as próximas serão piores. Ao menos na web. Pois, como temos visto, não restam alternativas à oposição senão apelar para um jogo bem mais sujo. Em parceria, ou até comandados pelo PiG, usarão recursos que farão o episódio da bolinha de papel de Serra parecer uma mentirinha de crianças inocentes.


Vergonha!! Governador do Ceará explica "rolo" com empresários - #ForçaLula

Do blog da Dilma

O PiG preocupado com o Lupi. E os EUA com a Dilma


Na sessão plenária da Cúpula de Caracas, presidenta Dilma celebra
a criação da Celac e reforça a importância
da integração regional. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Pescado no blog do Saraiva

O noticiário do PiG (*) neste sábado se dedica a derrubar o Lupi.

Clique aqui para votar no Não e no Sim: o Lupi deve pedir para sair ?

O partido da Controlar, do leilão de emendas na assembléia legislativa e da concorrência do metrô parece muito preocupado com o emprego do Roberto Freire e da filha do FHC no gabinete do Heráclito Fortes – quer dizer, do Lupi.

Como diria o Mino, é o denuncismo hipócrita

E, por isso, o PiG (*) perseguiu a Dilma em Caracas com o Lupi.

E se esqueceu de entender o que acontecia em Caracas.

O Brasil afirmou sua liderança no grupo de 33 países que formam a América Latina e o Caribe.

A Presidenta disse claramente que pretendia compartilhar a prosperidade brasileira com a comunidade vizinha.

E, ao lado de Hugo Chávez – que o PiG brasileiro ainda não conseguiu derrubar – citou Celso Furtado, como o pioneiro dessa integração econômica latino-americana, como caminho para o desenvolvimento.

(Como se sabe, o pensamento neolibelês (**) brasileiro não conseguiu produzir um pensador à altura de Furtado. O Cerra, por exemplo, jamais escreveu um livro. O FHC renegou a obra. Sobra a Urubóloga, essa, sim, uma legítima contribuição do Brasil ao pensamento neolibelês mundial. Viva a Globo !)

Enquanto o PiG fica preocupado com o Lupi, os Estados Unidos, estão é preocupados com a Dilma e sua diplomacia: uma sequencia perfeita da obra do Nunca Dantes e do grande chanceler Celso Amorim.

Clique aqui para ler “Irã e Síria, Dilma diz não ao Obama”

E aqui para ler o Santayana em “Irã – por trás da Europa estão os Estados Unidos”

Os Estados Unidos não foram à reunião de Caracas.

Nem o Canadá, o México do Norte.

Quando os americanos abrirem o olho …

Não tem importância.

Breve, o Merval, o Fernando Rodrigues e o Waack explicam a eles como é que é …

Leia o Blog do Planalto:

Celac reflete importância geopolítica da América Latina e do Caribe, diz presidenta Dilma

Chefes de Estado da América Latina e do Caribe deram hoje (2) um significativo passo para fortalecer a integração dos países da região. Reunidos em Caracas, na Venezuela, criaram a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), que conta com a participação de 33 países. As exceções são os Estados Unidos e o Canadá.


Na primeira sessão plenária da 3a Cúpula de Caracas, a presidenta Dilma afirmou que a Celac é fato político e econômico de “grande envergadura”. A integração regional, reiterou, é condição para que as economias da América Latina e do Caribe enfrentem os desafios impostos pela crise internacional, mantenham suas taxas de crescimento acima das registradas pelo resto do mundo e preservem seus ciclos atuais de desenvolvimento.


“A Celac é a expressão da capacidade que nós tivemos de olhar para nós mesmos e perceber a importância estratégica e geopolítica desta região. O Brasil tem hoje uma economia sólida, diversificada e competitiva, mas nós não queremos olhar só para dentro do Brasil ou para a Europa e os países desenvolvidos. É chegada a hora de construir a nossa prosperidade em conjunto com todos os países da região.”


A Celac nasce da união da Cúpula da América Latina e do Caribe (Calc), voltada para a cooperação entre os países, com o Grupo do Rio, que teve forte atuação política desde os anos 1980. Segundo o Itamaraty, surge para contemplar a nova realidade internacional. Nesta, latino-americanos e caribenhos contribuem para resolver a crise que afeta com seriedade os países ricos. Além disso, a nova organização pode estimular a cooperação e fortalecer a integração regional.


Na sua contundente defesa da integração regional, Dilma Rousseff argumentou que são reais os temores de uma recessão global. E, na contramão do que vive hoje a Zona do Euro, “onde velhos modelos foram colocados em xeque pela especulação financeira”, os países da América Latina e do Caribe devem, segundo ela, perseguir a integração.


“Sabemos que a integração não é um processo de curto prazo ou um caminho de facilidades, mas é uma construção contínua e paciente, com respeito à pluralidade. Há que se respeitar a soberania e a independência das nações. Juntos seremos mais fortes. Juntos podemos crescer de forma solidária e mutuamente benéfica.”


Aos 33 chefes de Estado presentes à Cúpula de Caracas, a presidenta Dilma ressaltou o caráter pacífico da região.


“Nós também somos uma zona de paz, livre de armas de destruição em massa, que cultiva a via do entendimento e do consenso, e que não se deixa tentar por soluções impositivas de um país pelo outro. Aprendemos a lidar com nossas diferenças pelo caminho do diálogo.”


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

Também do Blog CONVERSA AFIADA.

Muro que separa EUA do México será estendido para dentro do mar

Da BBC BRASIL, mas sugado do blog Esquerdopata

O governo dos Estados Unidos está construindo uma prolongação do muro localizado na fronteira com o México que entra quase cem metros dentro do mar.

Os trabalhos de ampliação ocorrem nas praias de Tijuana (México) e San Diego (Califórnia, EUA), o ponto mais ocidental da fronteira entre os dois países.

O projeto Surf Fence ("cerca do surfe", em inglês) pretende dificultar a entrada de imigrantes sem documentos nos EUA vindos do México. Mais de 20 mil agentes do serviço americano de Alfândega e Controle de Fronteiras (CBP, sigla em inglês) vigiam a zona de fronteira com o território mexicano.
Com o projeto Surf Fence, os EUA pretendem substituir uma cerca já existente que chega até a costa, mas que, segundo as autoridades, pode ser ultrapassada nos períodos de maré baixa.

Nos últimos anos, a CBP fortificou mais de 1.000 quilômetros da fronteira entre os EUA e o México, afirma a repórter da BBC Mundo em Los Angeles, Valeria Perasso.

"Sem a cerca, a travessia ilegal até os Estados Unidos seria insustentável, e precisamos de uma infraestrutura física, além de oficiais nesta zona", disse à BBC Michael Hance, oficial de operações da Patrulha de Fronteira.

No lugar dos sarrafos de metal corroído que existem atualmente, a CBP gastará US$ 4,3 milhões para erguer uma cerca de 365 metros de extensão, dos quais mais de 90 metros estarão dentro do mar.

A fronteira entre Tijuana e San Diego possui algum tipo de separação há mais de 20 anos. A primeira cerca, com três metros de altura e feita de metal soldado, foi erguida em 1993, cobrindo os primeiros 22 quilômetros de fronteira desde o Oceano Pacífico.

Em 1996, o Congresso aprovou uma lei que levou à construção de uma segunda cerca, paralela à original.

MATERIAL CONTRA ESCALADAS

De acordo com a correspondente da BBC Mundo, o muro que será erguido agora, metálico e ondulante, foi projetado para resistir ao impacto das águas, que danificaram as estruturas anteriores.

Quando for concluída, em março do próximo ano, a cerca terá 2,5 metros de altura a mais que sua antecessora. Além disso, ela será reforçada com um material que dificultará a escalada dos imigrantes não documentados.

Apesar dos esforços, o número de prisões por tentativas de ingressar ilegalmente nos EUA está em franca diminuição. No ano passado foram registradas apenas um décimo das 630 mil detenções feitas, por exemplo, em 1986, de acordo com dados oficiais.

Leia mais em: O Esquerdopata
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O papel didático dos líderes



por Brizola Neto no blog Tijolaço.com

Peço perdão por escrever na primeira pessoa, mas é necessário.

Em 2005, quando estive na Venezuela, tinha – e o confesso – uma certa reserva em relação a Hugo Chávez.

Embora o considerasse um líder popular de grande valor, não conhecia suas qualidades intelectuais e, com preconceito, achava que não eram grandes.

Mas,coincidentemente, eu estava vendo televisão no dia da Independência. Intrigou-me o insólito, para quem acompanha os nossos desfiles aqui, de ver soldados do Exército vestidos com uniformes de quase dois séculos, executando grandes coreografias das batalhas que levaram à independência do país, com cargas, recuos e uma representação dos revezes e vitórias daqueles combates.

Pouco mais tarde, assisti também Chávez falar na cerimônia do das “actas de la independencia” , onde se registraram as decisões de livrar o país do jugo espanhol.

Falou por quase duas horas. E, confesso, nunca tive a oportunidade de aprender tanto sobre a relação das guerras napoleônicas, no início do século 19, na Europa e os movimentos de libertação na América Latina – e olhem que a nossa, em 1822, tem também nelas a sua raiz.

A fala era simples, mas com momentos de arroubos e metáforas.

Naquela ocasião, um mês depois da morte de Brizola, fiquei pensando: porque certos líderes falam tanto, de maneira tão original e tão presos a contar a história de seus países e vidas?

Muitas vezes penso nisso, quando vejo a objetividade marqueteira que tomou conta de nosso discurso político, o desaprendizado de nossa história, a pobreza intelectual fantasiada em termos pedantes ou sofisticados que tomou conta da vida pública – e nisso não estão apenas os partidos e os governos, mas a imprensa, a intelectualidade, os “profissionais” e o “politicamente correto”.

Sábados chuvosos são propícios a dores nas juntas e a reflexões aparentemente descabidas como esta.

Mas, como nos sobra algum tempo, achei que devia reproduzir o vídeo acima, que reproduz o diálogo entre Hugo Chávez e Cristina Kirchner, num encontro entre ambos esta semana, durante a cúpula da América Latina e do Caribe, em Caracas, capital venezuelana.

Faria Duda Mendonça e Nizan Guanaes, os nossos papas da marquetagem política ter uma síncope ver dois presidentes conversando assim, diante das câmaras de televisão.

Mas é, para quem tem capacidade para ouvir algo diferente do som oco da política, uma aula, não só de história, mas também do papel didático que os líderes populares devem ter: o de ajudar seu povo a compreender sua história, a entender-se com parte de uma grande marcha humana e a eles, líderes, não como indivíduos apenas, mas como personagens de um processo social que cruza o tempo, ora evidente e agitado, ora subterâneo e silencioso.

Se puder, assista. O castelhano é, com um pouco de esforço, compreensível. Uma ou outra referência histórica que nos falte é insignificante. O sentido geral da liberdade e da afirmação dos povos está ali, nítido, evidente, sonoro. A simplicidade que marca os grandes, também.

No próximo post a gente devaneia menos e volta à objetividade…perdoem.

Maitê Proença e a desigualdade social do Brasil que começa e termina na Previdência

Direitos que destroem um país
No blog Com Texto Livre
O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo, mas muitas vezes não sabemos porque isso acontece. A atriz Maitê Proença, que participou do vídeo contra a hidrelétrica de Belo Monte, pode nos ajudar a entender como funciona o motor da desigualdade, mantida pelo estado e confirmada pela Justiça.
A atriz tem uma pensão vitalícia de 13 mil reais por ser filha de funcionário público e solteira. Está na lei, e ela tem direito ao dinheiro de contribuinte, informa o site Pragmatismo Político. A atriz participa de novelas da Rede Globo e apresenta um programa em canal fechado da mesma rede e, possivelmente, recebe um rendimento mensal de dar inveja a 99% dos brasileiros. Mesmo assim, é sustentada pelo Estado.
Maitê é um exemplo de como se constrói a desigualdade no Brasil. A previdência dos servidores públicos vai pagar este ano 53 bilhões de reais para 958 mil. Já o INSS vai pagar 43 bilhões de reais para 24 milhões de cidadãos. Isso é um escândalo. Bem que os atores da Globo poderiam fazer um vídeo contra esse absurdo.
A SPPrev, autarquia vinculada à Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo, tentou suspender o benefício em 2009, com base em um trecho de um livro de Maitê dizendo que tinha vivido em relação estável por 12 anos. A declaração deveria ser suficiente para excluí-la da categoria “solteira”, no entendimento da SPPrev. Numa decisão em meados do ano passado, a Justiça brasileira suspendeu a decisão da autarquia e concedeu o direito à pensão para a Srta. Proença. A lei complementar de 1978 garante o direito à pensão paras as filhas solteiras de servidores públicos, desde que não se casem nunca; em se unindo em matrimônio, perdem a pensão. Não há outra palavra exceto “absurdo” para qualificar a aplicação dessa lei, mais ainda no caso específico. (texto integral).
No Educação Política

Folha condenada a pagar indenização por dano moral

Via blog Com Texto Livre

A decisão é da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou recurso da Empresa Folha da Manhã S/A, condenada a pagar indenização por dano moral ao jornalista Marcelo Fagá (morto em 2003). Com isso, a Segunda Seção manteve o entendimento que já prevalecia no STJ – cuja revisão, ante as peculiaridades do caso, era defendida por parte dos ministros.
A questão começou quando o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem envolvendo o nome do jornalista em supostas irregularidades ocorridas no período em que trabalhou na assessoria de imprensa da prefeitura de São Paulo, durante o governo Celso Pitta.
Na matéria, publicada em março de 1999, o jornalista teve o salário revelado e seu nome figurou numa lista intitulada “Os homens de Pitta”. Além disso, apareceu em textos que falavam sobre “máfia da propina”, “uso da máquina” e “cota de Nicéa Pitta” (referência a cargos preenchidos por indicação da mulher do então prefeito).
Em primeira instância, a ação foi julgada improcedente, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) reformou a sentença, determinando a indenização por danos morais no valor de 200 salários mínimos, com juros de mora contados desde a data do fato.
Sem defesa
Segundo o TJSP, o jornal não se limitou a descrever os fatos noticiados, passando a adjetivar os envolvidos e manipulando, com as técnicas de imprensa, o pensamento de seus leitores. Inclusive teceu conclusão com o veredicto condenatório, sem dar ao jornalista nenhuma oportunidade de defesa. O tribunal estadual também levou em consideração a ausência de qualquer prova quanto ao envolvimento do jornalista nas acusações noticiadas.
A Empresa Folha da Manhã, que edita o jornal, não contestou o dever de indenizar nem o valor fixado, tendo feito, inclusive, o depósito em juízo. A empresa recorreu ao STJ apenas contra o termo inicial dos juros moratórios, alegando que, de acordo com o artigo 407 do Código Civil, "os juros de mora devem ser contados a partir do momento em que se tornou líquida a obrigação da requerente em indenizar, ou seja, no momento em que foi proferida a sentença".
A relatora do caso, ministra Isabel Gallotti, votou no sentido de que a fluência dos juros moratórios deveria começar na data do trânsito em julgado da condenação. Segundo ela, a questão do termo inicial dos juros de mora no pagamento de indenização por dano moral deveria ser reexaminada, tendo em vista as peculiaridades desse tipo de indenização. A relatora foi acompanhada pelos ministros Antonio Carlos Ferreira, Marco Buzzi e Raul Araújo.
Porém, o ministro Sidnei Beneti iniciou a divergência, no que foi acompanhado pela ministra Nancy Andrighi e pelos ministros Luis Felipe Salomão, Paulo de Tarso Sanseverino e Villas Bôas Cueva. Assim, a relatora ficou vencida.
Segurança jurídica
Para o ministro Sidnei Beneti, o acórdão do TJSP está em conformidade com o entendimento do STJ, no sentido de que os juros moratórios incidem desde a data do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual (Súmula 54/STJ).
“Assim, diante de súmula deste Tribunal, a própria segurança jurídica, pela qual clama toda a sociedade brasileira, vem antes em prol da manutenção da orientação há tanto tempo firmada do que de sua alteração”, acrescentou.
A ministra Isabel Gallotti, ao apresentar ratificação de voto após o início da divergência, esclareceu que não estava contradizendo a Súmula 54. Especificamente no caso de dano moral puro, que não tem base de cálculo, ela aplicava por analogia a Súmula 362, segundo a qual “a correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”.
A relatora afirmou, ainda, que o magistrado, ao fixar o valor da indenização por dano moral, leva em consideração o tempo decorrido entre a data do evento danoso e o dia do arbitramento da indenização pecuniária. Por essas razões, considerou que a data fixada no acórdão proferido pelo tribunal paulista é que deveria ser o termo inicial dos juros de mora.
No STJ

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Inclusão e ilusão na classe A

Da Carta Capital

por André Siqueira

Um fato interessante, e pouco observado, no Brasil dos últimos tempos é a movimentação interna na classe A, sem dúvida a categoria mais confusa, e cheia de nuances, dentro da barafunda que é o nosso sistema de estratificação social. Segundo o IBGE, basta afirmar ter renda superior a 5 mil reais mensais por pessoa para uma família se considerar no topo da escala. E eis aí, talvez, o maior fenômeno de inclusão deste País: para fins estatísticos, o dono de uma empreiteira figura na tabela ao lado de seus engenheiros, como se guardassem a mais tênue semelhança de proventos ou de hábitos.

O orgulho que se segue ao ingresso na classe A acompanha a necessidade de apropriar-se de valores e sentimentos dos novos colegas de riqueza, que Mino Carta define muito apropriadamente como os “herdeiros da Casa Grande”. É justamente essa heterogênea fatia da população, verdadeira pirâmide dentro da pirâmide, a que tem acesso garantido a alguns serviços que consideram “básicos” desde o fim da escravidão: empregadas domésticas, babás, passeadores de cachorro, manobristas e equivalentes.

Compram carros de luxo, mas lutam contra o aumento do salário-mínimo e o ganho real nas datas-base de categorias trabalhistas. Foto: Clayton de Souza/AE

Daí as pressões crescentes contra cada aumento do salário-mínimo e pedido de ganho real nas datas-base de categorias trabalhistas que acompanham há décadas o desnível entre lucratividade e produtividade, com larga vantagem para a primeira. É para agradá-los que a mídia adota o discurso de que a “inflação dos serviços” traz de volta a ameaça de descontrole de preços. O encarecimento de certas atividades é um fenômeno inexorável, na verdade um reparo histórico.

Em qualquer país desenvolvido, certos serviços domésticos são prerrogativas de uma elite pequena. Não há tanta gente assim, lá fora, capaz de remunerar apropriadamente, por exemplo, o sacrifício de uma mãe que abre mão de cuidar dos próprios filhos, num sábado à tarde, para vigiar os da patroa, que quer mais tranquilidade durante uma festa de aniversário. Até porque não há tantas mulheres dispostas a vender seu tempo dessa maneira.

Há não muito tempo, uma colunista da Folha de S. Paulo sugeria aos indignados com a corrupção acrescentassem à causa a elevada carga tributária. Afinal, alegava a porta-voz da turma do Cansei (provavelmente os responsáveis pela marcha de 200 gatos pingados que “invadiram” a Avenida Paulista no último feriado e ganharam preciosos minutos de cobertura na Globo), nossas grávidas se vêem obrigadas a viajar até Miami para comprar, por preços mais justos, o enxoval de seus futuros rebentos…

Até os veículos mais insuspeitos volta e meia recaem no discurso das facilidades, tão caro à elite brasileira. O Valor Econômico, hoje um dos melhores jornais do País, trouxe no último dia 25 uma reportagem intitulada “Armadilhas da febre de Miami”, com dicas preciosas aos interessados em se aproveitar de uma nação em crise.

Leia também:
Imposto pago não é dinheiro roubado

Acreditem ou não, as tais armadilhas do título são as leis tributárias dos EUA. E a genial recomendação é que os brasileiros endinheirados e interessados em arrematar uma “pechincha imobiliária” na Flórida abram empresas em paraísos fiscais e façam por meio delas as aquisições. Assim, prossegue a reportagem, evitam-se os impostos de transmissão de propriedade que, em caso de morte do comprador, podem chegar a 47%.

Quem acha que o Fisco brasileiro “persegue” os ricos precisa saber que, em países com mais longa tradição republicana e democrática, a tributação de propriedades é utilizada, assim como os impostos sobre heranças e grandes fortunas, para evitar a acumulação excessiva de riqueza nas mãos de umas poucas famílias, como ocorre por estas bandas.

Enquanto isso, permitimos a veiculação de propagandas de estratagemas que permitem aos ricos escapar ao pagamento de impostos tanto no Brasil quanto no exterior. Há quem chame esse tipo de estratagema de engenharia tributária. Mais um eufemismo para o jeitinho brasileiro, no pior dos sentidos.

Chomsky fala sobre Israel no programa Roda Viva




por em 14/04/2010

Colocando os pingos nos "ii": quem são os vilões deste mundo? Precisamente os que fazem a maior, mais bonita e bem acabada Propaganda a respeito. Eles - os monstruosos vilões - como EUA e Israel - não precisam "ser" basta-lhes "parecer ser".
Alguém já se perguntou por que cargas d'água os EUA querem desarmar todo o mundo - menos eles?
De quem receberam o direito de polícia do mundo, afinal?

Chávez responde a capacho dos Mesquita

Via blog Com texto Livre

Lourival Sant'Anna, do Estado de São Paulo, tenta defender a mídia golpista venezuelana colocando a culpa do golpe de 2002 na figura do presidente Chávez. Toma uma bela invertida na resposta de Chávez!



By: Esquerdopata

Emir Sader: Os fracassos de Heloísa Helena e de Marina

Pescado no blog Limpinho & Cheiroso

Cuspiram no prato que comeram e dançaram.
Emir Sader, via Carta Maior

Heloísa Helena e Marina Silva, duas candidaturas que poderiam levar à construção de forças alternativas no campo da esquerda, fracassaram. Não pela votação que tiveram, mas justamente pela forma como as obtiveram, não puderam acumular forças para poder construir uma força própria. Erros similares levaram a desfechos semelhantes.

Se lançaram como se fossem representantes de projetos alternativos, diante do que caracterizavam como abandono desse caminho por parte do PT e do governo Lula ou, no caso, especificamente da Marina, de não contemplar as questões ecológicas. Ambas tiveram em comum, seja no primeiro turno, como no segundo, a definição de uma equidistância entre Lula e Alckmin, no caso de HH, entre Dilma e Serra, no caso da Marina.

Foi um elemento fundamental para que conquistassem as graças da direita – da velha mídia, em particular – e liquidassem qualquer possibilidade de construir uma alternativa no campo da esquerda. Era uma postura oportunista, no caso de HH, alegando que Lula era uma continuação direta de FHC; no caso da Marina, de que já não valeriam os termos de direita e esquerda.

O fracasso não esteve na votação – expressiva, nos dois casos –, mas na incapacidade de dar continuidade à campanha com construção de forças minimamente coerentes. Para isso, contribuiu o estilo individualista de ambas, mas o obstáculo político fundamental foi outro, embora os dois tenham vinculações entre si: foi o oportunismo de não distinguir a direita como inimigo fundamental.

Imaginem o erro que significou acreditar que Lula e Alckmin eram iguais? Que havia que votar em branco, nulo ou abster-se? Imaginem o Brasil, na crise de 2008, dirigido por Alckmin e seu neoliberalismo?

Imaginem o erro de acreditar que eram iguais Dilma e Serra? E, ao contrário de se diferenciar e denunciar Serra pelas posições obscurantistas sobre o aborto, ficar calada e ainda receber todo o caudal de votos advindos daí, que permitiu a Marina subir de 10 a 20 milhões de votos?

Não decifraram o enigma Lula e foram engolidas por ele. O sucesso efêmero das aparições privilegiadas na Globo as condenou a se inviabilizar como líderes de esquerda. Muito rapidamente desapareceram da mídia, conforme deixaram de ser funcionais para chegar ao segundo turno, juntando votos contra os candidatos do PT. E, pior, o caudal de votos que tinham arrecadado, em condições especiais, evaporou. Plínio de Arruda Sampaio, a melhor figura do PSOL, teve 1% de votos. Ninguém ousa imaginar que Marina hoje teria uma mínima fração dos votos que teve.

Ambas desapareceram do cenário político. Ambas brigaram com os partidos pelos quais tinham sido candidatas. Nenhuma delas se transformou em líder política nacional. Nenhuma força alternativa no campo da esquerda foi construída pelas suas candidaturas.

Haveria um campo na esquerda para uma força mais radical do que o PT, mas isso suporia definir-se como uma força no campo da esquerda, aliando-se com o governo quando ha coincidência de posições e criticando-o, quando ha divergências.

O projeto político do PSOL fracassou, assim como o projeto de construção de uma plataforma ecológica transversal – que nem no papel foi construída por Marina –, reduzindo-as a fenômenos eleitorais efêmeros. O campo político está constituído, é uma realidade incontornável, em que a direita e a esquerda ocupam seus eixos fundamentais. Quem quiser se intervir nele, tem de tomar esses elementos como constitutivos da luta política hoje.

Pode situar-se no campo da esquerda ou, se buscar subterfúgios, pode terminar somando-se ao campo da direita ou ficar reduzido à intranscendência.

Sob vaias e gritos de “assassino”, Bolsonaro é expulso da UFF!


Via blog osentendidos.com

Bispo justifica pedofilia: “Tem criança que provoca.”


“Se ficares distraído, provocam-te”. Refere-se assim a meninos de 13 anos. O bispo Bernardo Álvarez encerra nesta justificativa a origem de um crime: os abusos sexuais contra menores.

Em uma entrevista concedida ao diário La Opinión, de Tenerife, o bispo desenvolve a ideia até contestar à jornalista que, previamente, lhe tinha assinalado que “a diferença entre uma relação homossexual e um abuso está clara”. Por persistirem as dúvidas, a entrevistadora recorda ao bispo que “um abuso é uma relação não consentida”. A resposta do prelado não deixa lugar para as dúvidas:

“Pode ter menores que sim o consintam e, de fato, há. Há adolescentes de 13 anos que são menores e estão perfeitamente de acordo e, além disso, desejando-o. Inclusive, se ficares distraído, provocam-te.” Na mesma conversa, o prelado apresenta, sem nuances, todos os preconceitos da Igreja Católica contra os homossexuais. “É algo que prejudica as pessoas e a sociedade”, critica o bispo.

“Não é politicamente correto dizer que é uma doença, uma carência, uma deformação da natureza própria do ser humano”, descarrega Bernardo Álvarez, após se proteger em uma frase feita: “As pessoas são sempre dignas do maior respeito.”

Ainda assim, o titular da diocese de Tenerife chega a assegurar que, em ocasiões, a homossexualidade se pratica “como vício”. “Eu não digo que se reprima, mas entre não o reprimir e o promover há uma margem”, acrescenta. O porta-voz do prelado assinalou ao jornal espanhol Público que “em nenhum caso pretendeu justificar nem compreender um fenômeno rejeitável”.

Clique aqui para ler “Líder católico confessa pedofilia com dezenas de crianças e diz que Igreja sabia”

ÁFRICA: Misteriosa rede empresarial chinesa avança sobre recursos naturais


Postado no Publica - AGÊNCIA DE REPORTAGEM E JORNALISMO INVESTIGATIVO

Conglomerado chinês na África não cumpre promessas de investimento em infraestrutura e se envolve em negociações obscuras com governos repressivos. Difícil é descobrir onde começa a empresa privada e onde termina o Estado chinês

Por Beth Morrissey, Ojha Himanshu, Rena Laura Murray e Patrick Martin-Menard, para o Center for Public Integrity*

Durante séculos, investidores estrangeiros devassaram a África à procura dos lucros oferecidos pelas abundantes reservas de petróleo e de minerais preciosos. Muitos deixaram rastros de corrupção e não cumpriram promessas de compartilhar a riqueza com os africanos.

É por causa deste passado que um conglomerado tem chamando a atenção da opinião pública do continente, ocupando as manchetes de jornais em diferentes países da África.

A companhia China-Sonangol é parte de uma rede global de empresas que realiza desde extração de petróleo em Angola, exploração de do ouro no Zimbábue, construção de condomínios de luxo em Singapura e empreendimentos imobiliários em Manhattan.

Os altos executivos deste conglomerado reúnem-se quando querem com chefes de Estado africano, e já são vistos como ameaça pelas tradicionais petroleiras multinacionais e por gigantes da mineração que atuam no continente.

É por isso mesmo que os empreendimentos da China Sonangol têm atraído curiosidade, até mesmo do Departamento de Estado dos EUA, como mostraram documentos do WikiLeaks.

A China Sonangol parece ser inovadora e bem relacionada. Mas a companhia está sob investigação devido às promessas não cumpridas de realizar investimentos públicos e pelo envolvimento em negócios obscuros com líderes africanos como Robert Mugabe, no Zimbábue, e Eduardo dos Santos, em Angola.

Há também questões sobre a atuação da companhia na Guiné: uma investigação da ONU ligou a China Sonangol ao massacre de mais de 150 manifestantes em 2009, durante o regime militar encabeçado pelo capitão Moussa Dadis Camara.

A nova cara da disputa por recursos naturais

Repórteres do Stabile Center for Investigative, na Universidade de Columbia, passaram 11 meses investigando a complexa rede de holdings e de empreendimentos conectados à China Sonangol, além dos executivos chineses e de Hong Kong que estão por trás dela.

Descobriram uma rede transnacional que une mais de 60 empresas, incorporadas em Singapura, Hong Kong e em paraísos fiscais como Bermuda, Ilhas Virgens Britânicas e as Ilhas Cayman.

“Esta é a nova cara da competição por recursos naturais”, disse Judith Poultney, pesquisadora da Global Witness, organização internacional que monitora a corrupção. A ONG está de olho na China Sonangol e em outras companhias de extração mineral na África.

“As elites africanas estão usando estruturas complexas offshore para garantir uma fatia nos negócios junto com empresários asiáticos”, diz Poultney. “Como na antiga disputa pela África na época colonial, quem sai perdendo é o cidadão comum africano”.

Conheça a China Sonangol

A China Sonangol parece ser a face pública de um gigantesco empreendimento privado.

Registrada em Hong Kong como Fundo Internacional da China (FIC), saiu da obscuridade para se tornar líder no mercado de extração dos recursos minerais africanos, prometendo mais de 18 bilhões de dólares de investimentos em vários países do continente nos últimos seis anos.

Através da China Sonangol e de outras empresas afiliadas, o Fundo Internacional da China adquiriu ações de uma dúzia de campos de petróleo, além de uma mina de diamantes em Angola. E detém uma parte substancial de outras empresas com concessão para explorar o minério de ferro e os depósitos de bauxita na República da Guiné.

Em poucos anos, o FIC transformou sua atuação em Angola em um novo modelo de negócios para todo o continente africano. O ponto de partida são as parcerias com as autoridades angolanas e o uso dos bancos estatais e de empresas chinesas.

O FIC chinês convenceu governos de outras nações a dar como garantia seus recursos naturais em troca de promessas de investimento em infraestrutura. Assim, o financiamento de estradas e ferrovias viria em troca do acesso às minas e aos campos de petróleo em regiões politicamente instáveis e minados pela corrupção – como costumam ser os países africanos ricos em recursos naturais.

Foi assim que o Fundo e as suas empresas afiliadas conseguiram os direitos de exploração dos mais ricos recursos minerais da África.

Promessa feita, promessa descumprida

Só que, em muitos casos, a infraestrutura prometida jamais se concretizou: os lucros dessas transações foram investidos em locais fora do alcance da lei africana e do escrutínio dos seus cidadãos.

A primeira incursão do Fundo Internacional da China na África foi em 2005. A base para o acordo entre companhia e governo foi um empréstimo no valor de 2,9 bilhões de dólares que seria usado para construir infraestrutura em Angola, recém saída de 30 anos de guerra civil.

A empresa tinha apenas um ano de idade e nenhuma experiência em obras de infraestrutura mas se comprometeu a realizar três projetos ferroviários, construir um novo aeroporto internacional e concluir mais de 200.000 unidades de moradia social.

Logo surgiram problemas. Em 27 de junho de 2007, a embaixadora dos EUA em Angola, Cynthia Efird, informou a Washington que o FIC teria cometido “erros de cálculo dos custos operacionais” e estaria “falida”, segundo um documento diplomático do WikiLeaks.

Efird descreveu que o FIC havia subcontratado uma estatal chinesa para reparar a estrada de ferro Luanda-Malange, mas os trabalhadores pararam de trabalhar no mesmo ano por falta de pagamento.

Um ano mais tarde, o embaixador Dan Mozena, que sucedeu Efird, escreveu que “as obras das três ferrovias estavam paradas [em 2007] e o projeto do aeroporto internacional não chegou a sair do papel”.

Na mesma comunicação, datada de 13 de julho de 2008, o embaixador informou que as obras ferroviárias foram retomadas depois, mas sem o financiamento do FIC, e sim de outra fonte, também chinesa.

O aeroporto, que estava projetado para ser o maior da África, permanece inacabado. O repórter angolano Rafael Marques de Morais que a obra não foi muito além dos alicerces.

Estrutura corporativa complexa

O FIC e a empresa China Sonangol fazem parte de um conglomerado que incorporou empresas de pelo menos sete países.

No topo desta rede está uma empresa de Hong Kong, a New Bright International, formada em julho de 2003.

Três meses depois, a empresa Beiya International Development foi formada: 70% dela pretence à New Bright e 30% ao grupo Beiya Industrial Group, uma empresa de construção de ferrovias com base na cidade de Harbin, na China. A Beiya, depois chamada de Dayuan International Development Corporation, detém 99% do FIC.

Quem procurar saber quem é a pessoa que representa o FIC vai deparar com a chinesa Lo Fong Hung, que dirige oficialmente mais de 60 empresas ligadas ao FIC no mundo todo.

Antes de entrar no Fundo, ela aparentemente tinha pouca experiência no mundo empresarial.

Em Hong Kong, costumava dizer aos amigos que já fora intérprete de Deng Xiaoping, o líder do Partido Comunista chinês que abriu a economia do país para os mercados.

Em 2004, ela apareceu em um programa de TV ao lado do presidente venezuelano Hugo Chavez, que se referiu a ela como filha de um general chinês.

Seu marido, Wang Xiangfei, já foi diretor da China Everbright Holdings Company Limited, parte de um conglomerado de investimento estatal chinês, o China Everbright Group.

O representante do FIC na África, Sam Pa, já foi diretor de uma empresa de Hong Kong que comercializava equipamentos com a China.

No final dos anos 90 e começo dos anos 2000, ele enfrentou diversas batalhas legais por causa de dívidas.

Sua esposa, Veronica Fung, está listada como dona de 70% da New Bright International, que por sua vez detém a maioria das ações do FIC. Além disso, ela dirige 23 outras empresas afiliadas ao FIC.

Fachada para o governo chinês?

As diversas conexões dos executivos do FIC e as constantes reuniões de alto escalão com governantes africanos sugerem que a empresa seria uma testa-de-ferro para o governo chinês.

Mas em 27 de janeiro de 2009, o embaixador americano em Angola afirmou que o enviado chinês para o país, Bolum Zhang, teria dito que o Fundo era uma companhia “privada”.

De acordo com o documento diplomático do WikiLeaks, Zhang também afirmara que o FIC “tinha problemas de gestão e pouca liderança em Angola, apesar da sua proximidade com a presidência angolana”.

Em outubro de 2009, o ministro chinês de Relações Exteriores declarou em um comunicado sobre o FIC que “o governo chinês não tem nada a ver com os seus negócios e não tem conhecimento de questões específicas”.

Procurado pela reportagem, o diretor do Fundo, Wang Xiangfei, não quis responder perguntas específicas sobre a empresa. “Outros países e empresas competidoras estão falando bobagens sobre o FIC porque Angola optou por negociar com a China”.

A reportagem procurou em diversas ocasiões diretores do Fundo e seus advogados para entrevistas, sem sucesso.

Mas descobriu coisas estranhas: de acordo com documentos judiciais, o representante da empresa na África, Sam Pa, usou diversos nomes diferentes como Sam King e Ghiu Ka Leung.

A conexão em Angola

A companhia China Sonangol foi formada em 2004 em Hong Kong: 70% pertencia à empresa-mãe (o FIC) e 30% à Sonangol. Entre seus diretores estão Lo Fong Hung, Veronica Fung e o CEO da Sonangol, Manuel Vicente.

Entre 2005 e 2008, a China Sonangol vendeu pelo menos 15 milhões de barris de petróleo por ano para uma subsidiária da petroleira estatal chinesa, Sinopec, de acordo com documentos de Hong Kong.

Mas a China Sonangol teria “errado” ao calcular o preço do petróleo e perdido 20 dólares por barril com o negócio, segundo um documentos diplomático do WikiLeals enviado em 2007 pelo embaixador americano em Angola, Efird.

Mas obteve outro tipo de benefício: documentos imobiliários em Hong Kong relativos à China Sonangol mostram que esse contrato foi usado como garantia para obter um empréstimo de 2 bilhões de dólares de um consórcio financeiro.

Os documentos também mostram que em 2006 a Banco da China fez empréstimos para o FIC e outra empresa afiliada, cuja garantia foram os mesmos contratos de petróleo da China Sonangol.

Além disso, uma hipoteca de 2006 registrada em Hong Kong pela China Sonangol descreve a seguinte negociação: a Sonangol Sinopec International (SSI), uma joint venture com uma subsidiária de uma petroleira estatal chinês, recebeu em 2004 a concessão para a exploração de um campo de petróleo na costa angolana que antes pertencia à americana Shell.

A SSI ficou famosa dois anos atrás, quando deu um lance recorde num leilão por dois poços de petróleo em Angola.

De acordo com a revista Businessweek, a SSI ofereceu um lance de 2,2 bilhões de dólares, superando a Exxonmobile e a BP por centenas de milhões de dólares.

Um mapa feito em junho de 2011 sobre as reservas de petróleo mostram que, juntas, a SSI e a China Sonangol compraram os direitos de explorar oito campos em Angola.

Segundo a Economist, apenas em março, a China Sonangol comprou entre 10% e 15% das ações em quatro concessões diferentes para exploração de petróleo.

Expandindo na África – e apoiando regimes violentos

Mas a conexão angolana foi só a porta de entrada – facilitando a subsequente inserção do FIC na República da Guiné e depois em Madagascar e no Zimbábue.

Em 2008, militares dissidentes derrubaram o governo da República da Guiné. O novo regime estava diplomaticamente isolado e desesperado por dinheiro.

Mahmoud Thiam, então ministro de Mineração, conta que o FIC abordou a junta militar em março de 2009 apresentando-se como um “amigo especial” que traria um apoio financeiro de suma importância.

Thiam estava cético. Mas, duas semanas depois, o FIC enviou o CEO da Sonangol, Manuel Vicente, à capital guineana, para conversar com ele.

Em 10 de outubro daquele ano, o ministro assinou um acordo formal – chamado por ele de “contrato do século” – que envolvia entre 7 a 9 bilhões de dólares, como revelou em uma coletiva de imprensa.

O contrato em si não especificava nenhuma quantia particular; mas concedia ao FIC direitos de exploração de minério de três grandes áreas em troca da realização de projetos de infraestrutura escolhidos pelo governo.

O potencial do negócio chegava a bilhões de dólares, já que a Guiné tem as maiores reservas de bauxita do mundo, além de reservas inexploradas de minério de ferro.

A cerimônia de assinatura aconteceu 12 dias depois de um dos eventos mais sangrentos na história da Guiné.

Em 28 de setembro de 2009, militares guineanos abriram fogo contra um protesto pacífico em protesto ao regime militar, deixando mais de 150 mortos e mais de 1200 feridos. Centenas de mulheres foram estupradas.

Em resposta, a comunidade internacional impôs sanções.

Segundo Thiam, o Fundo chinês era o único investidor estrangeiro disposto a negociar com o país.

“Havia algo seriamente errado”, disse Abdoulaye Yero Baldé, atual vice-presidente do Banco Central Guineano, então um político de oposição. “O governo tinha acabado de estuprar mulheres e matar civis inocentes, e todos investidores tinham ido embora. Mesmo assim este grupo ficou e assinou um novo contrato. É difícil saber que tipo de benefício essa negociação traria para a República da Guiné”.

Madagascar e Zimbábue

No final de 2010, Thiam voou diversas vezes para Madagascar com representantes do FIC para negociar com o governo que tomou o poder depois de um golpe em março de 2009.

Ele era amigo do ministro de Mineração de Madagascar e o FIC estava interessado no campo de petróleo de Tsimoro, com reservas estimadas de quase um bilhão de barris.

Em janeiro deste ano o ministro das Finanças anunciou a criação da Madagascar Development Corporation. Registrada em Cingapura, a joint venture entre o governo e o FIC foi criada para explorar de petróleo a minas.

Quando a China Sonangol e o FIC chegaram ao Zimbábue, seguiram o modelo de negócios oferecido em Angola e na República da Guiné: primeiro, prometeram ajuda na “renovação da infraestrutura do país”.

Como em qualquer lugar na África onde o Fundo e a China Sonangol firmaram negócios similares, poucos detalhes sobre o acordo do Zimbábue foram divulgados.

De acordo com uma estação de rádio estatal, o negócio supostamente incluiria investimentos em refinarias de ouro e platina, exploração de petróleo e gás, refinamento de combustíveis e financiamento de unidades habitacionais. É incerto o quanto foi prometido e o que o FIC terá de retorno.

Outra companhia, Sino Zim Development, tem concessões nos controversos campos Marange do Zimbábue, onde, de acordo com a Global Witness, “a elite política e militar do Zanu-PF tenta se apossar da riqueza do país em diamantes através de uma combinação de violência patrocinada pelo Estado e do uso legalmente questionável de joint ventures escusas”.

A Sino Zim Development foi registrada como uma joint venture em junho de 2009 em Cingapura.

Seus diretores incluem Lo Fong Hung – o mesmo do FIC – e o zimbabuano chamado Masima Ignatius Kamba.

Documentos de registro em Cingapura informam que a Sino-Zim é totalmente controlada por duas companhias registradas nas Ilhas Virgens Britânicas.

Outra companhia também chamada Sino-Zim Development foi registrada no Zimbábue. Lo e Veronica Fung estão entre seus diretores.

Um endereço em Wall Street

Recentemente apareceram fissuras na estrutura corporativa do FIC.

No ano passado um de seus diretores, Wu Yang, acionou diversas companhias exigindo acesso aos livros-caixa.

Em 2004, a Beiya Industrial Group de Harbin, na China, transferiu suas ações para Wu.

Em uma audiência em março, os advogados do FIC disseram que ele não poderia ver os livros-caixa porque ele era apenas um representante da companhia e não o dono real das ações.

Na República da Guiné, onde um novo governo eleito democraticamente está no poder há menos de um ano, o futuro do FIC parece incerto.

No mês passado, segundo a Reuters, o atual ministro de Minas teria dito que o contrato com o fundo seria revogado.

Por outro lado, em Angola, o presidente da China Sonangol, Manuel Vicente, é o nome mais forte para ser o próximo presidente.

No meio destas dúvidas, a China Sonangol alcançou o coração do mercado americano.

No final do século passado, o número 23 da rua Wall Street em Nova York era o endereço mais famoso do mundo das finanças nos Estados Unidos: ali ficava o quartel-general da primeira empresa bilionária do mundo, JP Morgan & Co.

Hoje, a China Sonangol está tentando transformar o prédio em um shopping luxuoso.

Através de uma companhia do estado do Delaware, CS Wall Street, a China Sonangol comprou o prédio em 2008.

O espaço comercial está sendo oferecido a empresas varejistas de elite.

Em fevereiro deste ano, prováveis compradores encontraram-se em coquetéis para conhecerem o prédio. Em julho, a Cushman & Wakefield Inc, uma empresa líder do ramo imobiliário, foi escolhida para procurar os novos inquilinos.

Mas três anos depois da China Sonangol comprar o imóvel, o prédio continua vazio.

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Reportagem feita por Estudantes da Stabile Center for Investigative Reporting, da Escola de Pós-Graduação da Universidade de Columbia de Jornalismo

Clique aqui para ler a reportagem original, em inglês

Dilma conversa com Cristina Kirchner e Evo Morales em Caracas

Via Agência Brasil

Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Em busca do desenvolvimento regional com inclusão social e medidas sustentáveis, a presidenta Dilma Rousseff está em Caracas para reuniões multilaterais e bilaterais. Dilma se reúne na manhã de hoje (2) com os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e da Bolívia, Evo Morales. À tarde, ela participa da abertura da 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina e do Caribe (Calc) e 1ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Com Morales, Dilma deve ampliar as parcerias em várias áreas. Apenas nesta semana, Brasil e Bolívia iniciaram um processo conjunto de combate ao narcotráfico por terra e água nas regiões fronteiriças que atingem as regiões de Corumbá, Puerto Suárez, Cáceres, San Matías, Guajará-Mirim, Guayaramerín, Epitaciolandia e Cobija. Bolivianos, brasileiros e italianos também fizeram um acordo para o controle de incêndios na área da região amazônica.

Para as reuniões da Calc e Celac, representantes de 33 países estarão presentes. A Celac quer buscar o fortalecimento regional, excluindo os Estados Unidos, o Canadá e a Europa. A iniciativa marca o bicentenário da independência de vários países da América Latina e tem como inspiração Símon Bolívar, o libertador das colônias espanholas.

Em 1824, Bolívar fez uma convocação para a integração dos países da região, em um congresso no Panamá. Em dezembro de 2008, líderes de vários países, inclusive o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apoiaram a criação da Celac. Na década de 1980, foi criado um grupo para buscar a pacificação dos conflitos armados na América Latina, que se transformou depois no Grupo do Rio – que precedeu a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e a Celac.

O novo organismo, a Celac, será formado por 33 países: Antigua e Barbuda, Argentina, Bahamas, Barbados, Belice, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Dominica, Equador, El Salvador, Guatemala, Granada, Guiana, Haiti, Honduras e Jamaica. Também integram o grupo México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, San Cristóbal & Nieves, San Vicente e Granadinas, Santa Lucia, Suriname, Trinidad & Tobago, Uruguai e a Venezuela – anfitriã deste encontro.

*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa//Edição: Graça Adjuto

Justiça prorroga prisão de João Faustino, o amigão de Serra

Lido e sugado no blog Limpinho e Cheiroso
João Faustino (foto), suplente do senador Agripino Maia e amigão do candidato derrotadíssimo José Serra, além de outros nove investigados na Operação Sinal Fechado, deve permanecer preso pelo menos até sábado, dia 3. O ex-deputado, ex-senador, membro da Executiva Nacional do PSDB, ex-secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e ex-subchefe da Casa Civil do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), teve pedido de liberdade negado três vezes por juíza


A Justiça do Rio Grande do Norte decidiu prorrogar por mais cinco dias a prisão temporária do suplente do senador José Agripino (DEM/RN), João Faustino (PSDB), e de outras nove pessoas investigadas na Operação Sinal Fechado, acusadas de fraudar convênios e licitações no estado. O prazo da custódia desses dez suspeitos terminava na segunda-feira, dia 28/11, mas o Ministério Público Estadual solicitou que eles permanecessem presos pelo menos até sábado, dia 3, para aprofundar as apurações.

O pedido foi aceito pela juíza da 6ª Vara Criminal Vara Criminal, Emanuella Cristina Pereira Fernandes, que também determinou a conversão da prisão temporária em preventiva do empresário paulista Carlos Alberto Zafred Marcelino, considerado foragido pela Justiça. Ele é o único dos 14 investigados que ainda não foi preso.

Além de Faustino, também tiveram a prisão prorrogada José Gilmar de Carvalho Lopes, Carlos Theodorico de Carvalho Bezerra, Caio Biagio Zuliani, Edson Cézar Cavalcante Silva, Flávio Ganem Rillo, Marco Aurélio Doninelli Fernandes, Nilton José de Meira, Marcus Vinícius Saldanha Procópio, Fabiano Lindemberg Santos Romeiro. Os empresários George Anderson Olímpio da Silveira, Marcus Vinícius Furtado da Cunha e Alcides Fernandes Barbosa, acusados de liderar a quadrilha, já cumprem prisão preventiva. Eles estão presos desde quinta-feira, dia 24.

Os promotores que cuidam da investigação sobre o esquema de corrupção no Detran/RN argumentaram que nem todos os presos foram interrogados até agora e que ainda não tiveram tempo hábil para analisar os documentos apreendidos. Com apenas uma das duas fraudes apontadas, o grupo criminoso pretendia faturar R$1 bilhão ao longo de 20 anos de exploração de uma concessão pública. Segundo as investigações, empresários, lobistas e agentes públicos fraudaram desde o projeto de lei até a concorrência que resultou na concessão do serviço de inspeção veicular a um consórcio de empresas. Em outra ponta, o mesmo grupo lucrou com a cobrança indevida de taxas de registro de veículos financiados.

Quando vencer o novo prazo da prisão temporária, no sábado, dia 3, os investigados poderão ser soltos ou ter a prisão convertida em preventiva, conforme parecer do Ministério Público a ser analisado pela Justiça.

Tucano em apuros
O ex-deputado João Faustino chegou a passar dois dias internado num hospital da capital potiguar. Faustino, que exerceu mandato de senador em 2010, foi levado para a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital São Lucas, no sábado, dia 26/11, após reclamar de dores no peito. Liberado pelos médicos, ele já voltou ao quartel do Comando Geral da Polícia Militar, onde segue preso.

Na quarta-feira, dia 30/11, a Justiça negou, pela terceira vez, o pedido de relaxamento de prisão feito pela defesa do ex-parlamentar. João Faustino, de 69 anos, alegou que precisava ser solto por causa de seus problemas de saúde e da idade avançada. Mas a juíza Emanuella Cristina Pereira negou o pedido, argumentando que ele estava recebendo os devidos cuidados médicos e que os motivos de sua prisão temporária seguiam inalterados.

Cobrança de propina
O tucano, que chegou a exercer o mandato de senador ano passado como suplente de Garibaldi Alves Filho (PMDB/RN), é apontado como um “lobista” pelos investigadores. O atual suplente de José Agripino é acusado de receber, em troca de favores, pagamentos mensais de R$10 mil do empresário George Olímpio e do advogado Marcus Procópio, seu genro. João Faustino, ainda de acordo com a acusação, recebeu promessa de participação em lucros futuros do Consórcio Inspar.

O suplente é um velho conhecido dos tucanos. Foi secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e subchefe da Casa Civil do então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), por dois anos e meio. Exerceu três mandatos de deputado federal. Concorreu sem sucesso ao governo do Rio Grande do Norte em 1986.

Clique aqui para ler “João Faustino, o amigo de Serra, é um homem de sorte”, por Renato Rovai

Clique aqui para ler “Quem afinal é João Faustino Ferreira Neto?”, por Luiz Carlos Azenha

Jornalistas vencem o 1º round


LinkDo Crônicas do Motta

Eis que finalmente surge uma boa notícia neste fim de ano miserável que os jornalistas vivem, em meio às poderosas bicadas desse vil passaralho, que destroem o pouco que ainda resta de dignidade da profissão: o Senado aprovou, em primeiro turno, a PEC 33/2009, do senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), que restitui a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista.
Ainda será preciso aprovar o projeto em segundo turno. A matéria segue na ordem do dia do plenário até que um novo acordo entre lideranças partidárias permita sua votação.
A PEC 33/2009 inclui no texto constitucional o artigo 220-A para estabelecer que o exercício da profissão de jornalista seja "privativo do portador de diploma de curso superior de comunicação social, com habilitação em jornalismo, expedido por curso reconhecido pelo Ministério da Educação".
A proposta prevê, no entanto, a possibilidade de atuação da figura do colaborador, sem vínculo empregatício com as empresas, para os não graduados, e também daqueles que conseguiram o registro profissional sem possuir diploma, antes da edição da lei.
A medida tenta neutralizar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de junho de 2009, que revogou a exigência do diploma para jornalistas. Os ministros consideraram que o decreto-lei 972 de 1969, que exige o documento, é incompatível com a Constituição, que garante a liberdade de expressão e de comunicação. A exigência do diploma, de acordo com esse ponto de vista, seria um resquício da ditadura militar, criada somente para afastar dos meios de comunicação intelectuais, políticos e artistas que se opunham ao regime - que piada!
A PEC passou por 65 votos a 7. O relator da matéria no Senado, Inácio Arruda (PCdoB-CE,) argumentou que o projeto resgata a dignidade profissional dos jornalistas, ao fixar na própria Constituição que a atividade será privativa de portadores de diploma de curso superior.
Além disso, por se tratar de uma profissão que desempenha função social, o jornalismo precisa de formação teórica, cultural e técnica adequada, além de amplo conhecimento da realidade. "A exigência do diploma de jornalismo não criará nenhum embaraço para a liberdade de expressão ou do pensamento. Sinceramente, o que cria esse embaraço é o monopólio exercido na mídia brasileira. É outra coisa que o Congresso tem obrigação de examinar. Tem matéria sobre monopólio de uso da mídia Eu quero ver a opinião de senadores sobre o monopólio da comunicação. Não tem nada a ver com a profissão de jornalista", argumentou Inácio Arruda, ao rebater as críticas de senadores contrários ao projeto de que a exigência do diploma feria a liberdade de expressão.
Entre os que votaram contra estava o notório Fernando Collor (PTB-AL). Segundo ele, a PEC impede a "total liberdade da expressão" da sociedade. Collor também criticou os cursos de jornalismo, que estariam formando "analfabetos funcionais" profissionais que não conhecem a língua portuguesa nem cumprem as regras básicas do jornalismo, como apurar bem uma notícia. "Eles não aprendem na universidade aquilo que, nós, outros jornalistas, que não tivemos de passar por esses bancos universitários para exerceremos livremente a nossa profissão, aprendemos no dia a dia e na labuta das redações",afirmou o senador, que entre seu currículo de "jornalista" consta a ameaça de agressão física a vários "colegas".
Outro argumento contrário foi de que o projeto seria inconstitucional, uma vez que o Supremo Tribunal Federal já se posicionou pela não necessidade do diploma para a profissão. Para o líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), a expectativa dos detentores de diploma de jornalismo de, por meio de Emenda Constitucional, mudar a decisão do Supremo será frustrada. "O Supremo Tribunal Federal, há mais de uma década, vem dizendo que emendas à Constituição também podem ser declaradas inconstitucionais. E o Supremo, obviamente, vai considerar inconstitucional esta matéria. Porque o que o tribunal decidiu, em relação a profissões, é que tem que ser preservado o direito fundamental de exercer a profissão, de exercê-la livremente, de ter direito à manifestação. Foi isso que decidiu o Supremo e é isso que vai decidir o Supremo de novo", enfatizou o parlamentar, que ficou conhecido por sua aversão à política de cotas raciais.
Para o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, a expressiva votação a favor da PEC foi emblemática. “Representou o desejo do Senado de corrigir um erro histórico do STF contra a categoria profissional dos jornalistas”, disse.
Na Câmara, também tramita matéria (PEC 386/2009) de mesmo teor, apresentada pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Em campanha pela aprovação do projeto, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) classificou a decisão do STF como "obscurantista". (Com informações da Agência Senado)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Lúcia Rodrigues: Reuniões na USP podem ter sido espionadas

Documento revela ‘arapongagem’ na USP

Monitoramento foi um dos assuntos debatidos na audiência pública na AL

por Lúcia Rodrigues, em Caros Amigos

Audiencia-USP-2

Documento que chegou às mãos do deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL-SP) durante a audiência pública que aconteceu nesta segunda-feira, 28, na Assembleia Legislativa, sobre a presença da PM no campus da USP, aponta que reuniões do Sindicato dos Trabalhadores da USP, o Sintusp, e da Associação dos Docentes da USP, a Adusp, teriam sido monitoradas. Não foi revelado quem estaria no comando desse monitoramento.

Para o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, que representou os trabalhadores da USP na audiência, o monitoramento das atividades sindicais é um fato gravíssimo. Ele acredita que há a possibilidades de que escutas tenham sido instaladas nas sedes das entidades. “Vamos ter de começar a fazer nossas reuniões fora do Sindicato”, desabafa.

Transcrições

O documento não foi apresentado à imprensa, o deputado Gianazzi afirmou que pretende verificar a veracidade das informações. Há, segundo a denúncia, transcrições das falas de dirigentes do Sintusp e da Adusp e representantes do Fórum das Seis, entidade que reúne os sindicatos e as associações de docentes das três universidades públicas paulistas, Unicamp, Unesp e USP.

Para o vice-presidente da Adusp, César Minto, é preciso analisar a denúncia. “Precisamos saber de onde partiu e o que isso significa.” Ele informa que vai remeter o caso ao departamento jurídico da entidade. De acordo com o dirigente, o nível de autoritarismo presenciado na USP é preocupante. “Não há diálogo. A reitoria não responde nem mesmo aos ofícios que são encaminhados”, critica o docente, que também leciona na Faculdade de Educação.

Sem moral

“É um desprezo repetido e reiterado”, alfineta o diretor do Diretório Central dos Estudante, Tiago Aguiar, ao se referir à postura de Rodas. A entidade defende a saída do reitor do cargo. “Ele não tem autoridade moral para dirigir a USP”, afirma o estudante ao comentar o fato de a PM ter sido chamada por Rodas para reprimir os estudantes que ocupavam a reitoria da universidade.

Rafael Alves, um dos 73 alunos presos durante a invasão da PM à reitoria, também defende a saída do reitor. Ele destacou a forma repressiva como a reitoria da USP tem se comportado em relação aos ativistas que atuam na universidade. “São mais de 50 processos contra estudantes e funcionários. E provavelmente os 73 (detidos) também serão processados.”

Policial

Uma dirigente do Sintusp também denunciou que o chefe da Guarda Universitária, o investigador de polícia Ronaldo Penna, seria um dos donos de uma das empresas terceirizadas que presta serviços à Universidade.

O reitor João Grandino Rodas não compareceu à audiência. A assessoria da USP alegou incompatibilidade de agenda. Gianazzi pretende aprovar a convocação do reitor da USP para prestar esclarecimentos nas comissões de Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente. Para isso, precisará convencer os deputados da base governista a dar o aval para a convocação.

Se as convocações forem aprovadas, Rodas será obrigado a comparecer à Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre acusações, por exemplo, de improbidade administrativa. João Grandino Rodas foi indicado pelo então governador de São Paulo, José Serra. Ele foi o segundo colocado de uma lista tríplice contrariando o que é de praxe – que o primeiro colocado da lista encaminhada ao governador seja o nome chancelado.