sábado, 1 de agosto de 2009

Caleiro: Mídia ignorou Dilma em Washington

Por Maurício Caleiro - em 28/7/2009 - no Observatório da Imprensa

Imagine o seguinte acontecimento: dois ministros de Estado de um grande país latino-americano – um deles candidato a presidente nas próximas eleições – viajam a Washington para um fórum econômico de cúpula que reúne os assessores para Segurança Nacional dos EUA, Jim Jones, e o para Assuntos Econômicos Internacionais, Michael Froman, além de 20 representantes de algumas das maiores empresas e grupos financeiros dos dois países, como Coca-Cola, Motorola, Cargill e Citibank. O presidente norte-americano Barack Obama decide prestigiar o evento, dele tomando parte por cerca de meia hora.

À saída, não apenas o ministro-candidato anuncia o "forte apoio" de Obama à intensificação do comércio entre os dois países e ao combate mútuo ao protecionismo, mas o próprio presidente dos Estados Unidos, que a princípio não deveria se pronunciar (na verdade, sequer costuma participar de reuniões desse tipo), faz questão de dar uma declaração, na qual enfatiza a importância da relação bilateral entre os dois países.

Desnecessário dizer que, em linguagem diplomática, o "gesto espontâneo" de Obama tem significado claro: sinaliza a primazia do tal país latino-americano como parceiro regional. Como a confirmar tal significado, ato contínuo o influente Council on Foreign Relations divulga nota em que sugere olhar o tal país latino-americano "como intermediário em questões de segurança regional", pois ele "está aprendendo a equilibrar diplomacia comercial e política de modo sem precedentes".

No dia seguinte, obviamente, o assunto domina as manchetes dos grandes jornais e é explorado à exaustão pelo noticiário televisivo do país latino-americano. Nas edições imediatamente seguintes, economistas, cientistas políticos e experts em profusão debatem as implicações, imediatas e a médio prazo, do encontro de cúpula em Washington, avalizado por ninguém menos do que o presidente da (ainda) maior potência mundial.

A imprensa descompromissada
Acontece que o país latino-americano em questão é o Brasil, um lugar em que a imprensa, em sua maioria, tem simplesmente abdicado de seu papel de informar e questionar, preferindo agir como partido político. Para piorar, liderou a missão brasileira em Washington a ministra-candidata Dilma Rousseff, contra quem até fichas policiais falsas foram utilizadas na tentativa de infamá-la. Portanto, ao invés de manchetes, esquálidos parágrafos; no lugar de debates, um epifânico silêncio. A se basear na "grande imprensa" nativa, é quase como se os desdobramentos surpreendentemente positivos do Fórum de CEOs Brasil-EUA da segunda-feira, 21 de julho, não tivessem ocorrido.

Mas, além da imprensa norte-americana – que publicou dezenas de artigos e análises sobre o encontro –, boa parte da mídia internacional demonstrou-se muito mais atenta ao caso, fornecendo até detalhes do evento e estendendo a cobertura aos encontros de Dilma com o secretário do Tesouro norte-americano, Tim Geithner, com o assessor econômico de Obama, Larry Summers, e com o secretário de Comércio, Gary Locke, este ocorrido no encontro entre as Câmaras de Comércio dos dois países, pela ministra coordenado.

A imprensa latino-americana, em especial, revelou-se muito mais interesse do que os jornais brasileiros. O DiarioCritico, do México, publica uma alentada reportagem, com farta informação e direito a foto da ministra [ http://www.diariocritico.com/mexico/2009/Julio/noticias/163483/brasilenos-discuten-en-la-casa-blanca-relaciones-comerciales.html ]; o Buenos Aires Herald chega a ser mais específico, assinalando que "os CEOs recomendaram que os EUA eliminassem suas tarifas para importação do etanol, mudança que beneficiaria o Brasil, mas que enfrenta grande oposição dos plantadores de milho norte-americanos" [ http://www.buenosairesherald.com/BreakingNews/View/7128 ]. De acordo com a agência de notícias Ansa Latina, um porta-voz norte-americano teria declarado que "Washington e Brasilia nunca tiveram uma relação tão `forte´ e que isso se deve à afinidade de opiniões entre os mandatários" [ http://www.ansa.it/ansalatina/notizie/rubriche/amlat/20090722154134918823.htm ].

A declaração de Dilma Rousseff de que ambos países devem trabalhar com "ênfase especial" em áreas relacionadas a biocombustíveis e cooperação científica e tecnológica foi destacada em matéria do site Mendonza On Line, que também ouviu o secretário de Comércio Locke
[ http://www.mdzol.com/mdz/nota/145817/ ]. Ele, por sua vez, ressaltou a "sociedade" entre os dos países, em particular para incentivar investimentos privados no Haiti e em várias nações africanas. Até a imprensa de países que não estão sequer na esfera geopolítica do tema, como França e Alemanha, deram mais atenção à cúpula do que a imprensa brasileira. O site informativo francês Autorecrute salientou na cobertura que "O comércio bilateral entre Estados Unidos e Brasil aumentou para 63,4 bilhões de dólares em2008" [ http://www.autorecrute.com/actualite_automobile/automobile-barack-obama-souhaite-renforcer-les-liens-commerciaux-avec-le-bresil~00748.html ]. Pelo jeito, atingimos um ponto em que, por vezes, devido a interesses essencialmente políticos, a mídia mundial interessa-se mais por questões brasileiras do que a própria mídia nativa...

Desinteresse ostensivo
No Brasil, o desinteresse foi ostensivo, Nos jornalões, nenhuma manchete de capa. Fotos? A única que este observador deve a oportunidade de ver – autêntica, e não referente ao encontro anterior entre Obama e Dilma, em que a ministra era parte da entourage de Lula, e que foi utilizada para ilustrar diversas matérias internacionais – estava, um tanto surpreendentemente, no portal Yahoo. O Estado de S.Paulo e os menos prestigiados Diário do Comércio e Correio do Povo ainda produziram uma matéria de uma lauda cada um, escondidas longe das manchetes.

A cobertura mais ardilosa foi, uma vez mais, da Folha de S.Paulo, que se valeu de um expediente editorial que se tem tornado recorrente no jornal quando quer "esconder" uma notícia: utilizar títulos que simplesmente não permitem ao leitor correlacioná-los ao tema que tratam.


Desta vez, a titulagem não dá a mínima margem para que o leitor adivinhe que a matéria é sobre o evento de comércio binacional: "Petrobras pode assumir todos os blocos do pré-sal, diz Dilma". O texto do usualmente bem informado e eclético Sérgio Dávila é um primor de dissimulação e contradições. Vejamos:
"À tarde, enquanto o grupo se reunia na sala do assessor de Segurança Nacional obamista, James Jones, o presidente Barack Obama apareceu no local.

Segundo relatos, ele foi simpático, mas protocolar. Perguntou aos empresários as principais dificuldades nas relações bilaterais. Disse que o país era parceiro estratégico não só em questões bilaterais mas também em regionais e globais e ressaltou a intenção de aprofundar a colaboração em biocombustíveis, na ajuda à África e ao Haiti e no combate à mudança climática."

Relevemos que "assessor de Segurança Nacional obamista" e "assessor de Segurança Nacional dos EUA" – como a imprensa internacional se refere ao ocupante do cargo – sugerem coisas e posições hierárquicas consideravelmente diferentes, e que a duvidosa primeira denominação não permite, a priori, afirmar que Jones "ocupa uma das posições mais poderosas no país", como atestou, quando da nomeação de Jones, a Time Magazine [ http://www.time.com/time/politics/article/0,8599,1862911,00.html ]. A denominação oficial do cargo é National Security Adviser, e não inclui, é claro, nenhuma referência a Obama. Parece-me lícito deduzir que seu ocupante, embora naturalmente nomeado pelo presidente, serve contratualmente ao país. O que vocês acham?

Boa vontade analítica
Como mais uma demonstração de boa vontade analítica, participemos também, como faz o colunista, da brincadeira de fazer de conta que Obama "apareceu" no local. Afinal, é divertido supor que o presidente dos EUA gosta de enlouquecer sua entourage e o Serviço Secreto, improvisando seus atos a todo momento.

Agora, a sério, vamos à pergunta que não quer calar: Obama teria sido "simpático, mas protocolar"? A descrição da performance do presidente norte-americano no encontro, perpetuada no próprio texto de Dávila, contradiz a afirmação que o jornalista faz na abertura do parágrafo.


Senão, vejamos: um dos homens mais poderosos do mundo adentra, alegadamente por vontade própria, uma reunião de cúpula, enche os empresários de perguntas, ressalta a intenção de aprofundar colaboração com o Brasil em nada menos do que quatro áreas estratégicas e faz ainda questão de afirmar (em público, o que a matéria omite) que o país é "parceiro estratégico não só em questões bilaterais mas também em regionais e globais" – e tudo isso é ser protocolar? O que o colunista esperava, que Obama sapecasse uns beijos na Dilma?

A Folha oferece, ainda, uma sub-retranca que, uma vez mais, repete o truque da titulagem dissimulatória, dessa vez não permitindo sequer que se deduzisse qualquer interação com entes diplomáticos brasileiros: "Empresário dos EUA condenam tarifa ao etanol".

Mesmo na blogosfera a cobertura foi decepcionante, a ponto de Luís Nassif transformar em post o comentário do internauta Clovis Campos protestando: "Nenhuma informação em lugar nenhum" [ http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/07/23/dilma-com-obama/ ]. Nos 42 comentários que se seguem ao post, nenhum link para blog sobre o tema, com a exceção óbvia dos para-oficiais (intitulados "os amigos do presidente Lula" e, falta de imaginação, "os amigos da presidente Dilma"). No restante da blogosfera, há reproduções de despachos de agências e das matérias citadas acima, mas se encontram – com o perdão do trocadilho – virtualmente ausentes textos críticos. O Blog Por Simas ao menos conseguiu difundir a lista das empresas brasileiras que tomaram parte do encontro, ausente das reportagens: "Gerdau, Vale, Embraer, Coteminas, Odebrecht, Votorantim Participações, Sucocítrico Cutrale, Camargo Côrrea, Stefanini IT Solutions e Banco Safra" [ http://porsimas.blogspot.com/2009/07/dilma-vai-ver-obama-agora-serra-e-fhc.html ].

Ciclo de omissões

É lícito lembrar, ainda, que esse ciclo de omissões ocorreu no meio de uma semana particularmente pobre de grandes assuntos, na qual, estivesse o jornalismo brasileiro funcionando em condições normais de temperatura e pressão, tais fatos diplomático-comerciais teriam tudo para ser manchete dos grandes jornais, com destaque para a tradicional fotografia dos protagonistas se cumprimentando – afinal, trata-se, no mínimo, de um momento histórico para o comércio entre os dois países.

Continua...

Leia o artigo completo aqui (blog vi o mundo)

Além de imbecis, mentirosos

por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com

O que me estimula a acreditar que a estratégia política da imprensa, do PSDB e do PFL contra o governo Lula não dará certo é um atributo dessa gente que Lula bem definiu ontem (sexta-feira), segundo notícias que infestaram jornais, telejornais, rádios, sites e blogs corporativos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou nesta sexta-feira de imbecis e ignorantes aqueles que classificam o Bolsa Família como um programa eleitoreiro ou assistencialista”, diz a Folha Online.

A mesma notícia deu conta de que a afirmação de Lula foi feita “na cerimônia de formatura de turmas do Plano Setorial de Qualificação e Inserção Profissional para o Bolsa Família, em Belo Horizonte”.

Apesar disso, o maior dos jornais impressos do mesmo grupo empresarial (Grupo Folha), em consonância com praticamente todos os outros grandes jornais e telejornais, diz, em editorial deste sábado, que o governo Lula “já demonstrou que essas contrapartidas educacionais [a tal “porta de saída” do Bolsa Família que a direita tucana cobra] não constituem sua principal preocupação

Como se não bastasse a reverberação inconseqüente e mentirosa de que o Bolsa Família não prevê contrapartidas que obriguem os beneficiários a estudarem ou a fazerem cursos profissionalizantes de forma a, mais adiante, não precisarem do programa social, outras mentiras são difundidas numa tentativa de conseguir agora, com esse discurso surrado, o que jamais foi obtido em termos de desmoralização do governo Lula.

O mesmo editorial do jornal impresso do grupo empresarial de comunicação da família Frias, num recorrente espasmo pavloviano que vitima essa corrente política, volta à mais surrada das teorias da direita contra o principal programa social do governo Lula, dizendo, de forma leviana, que “estudos já demonstraram a correlação entre transferência de renda e resultados eleitorais”

Traduzindo a insinuação: Lula só se reelegeu e se mantém popular devido ao Bolsa Família.

Sobre os tais “estudos” que provariam que o programa social é que sustentaria a popularidade de Lula e o apoio da sociedade ao seu governo, houve ligeira citação de um dado isolado que pretendeu enganar o leitor.

O braço jornalístico da oposição aludiu a estudo do pesquisador Maurício Canêdo Pinheiro, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que mostrou que “o programa Bolsa Família foi responsável por um aumento de cerca de três pontos percentuais na votação do presidente Lula no segundo turno das eleições presidenciais de 2006

Eu achava que fosse bem maior a influência do programa social na aprovação de Lula e de seu governo. Ora, se Lula venceu Geraldo Alckmin, em 2006, por 60,83% contra 39,17%, e se o peso do Bolsa Família em sua votação foi só de 3%, mesmo sem o programa social ele teria dado a surra eleitoral que deu no tucano.

O mais grave nessa afirmação estapafúrdia que infestou TODOS os grandes jornais e os telejornais, além de várias outras mídias corporativas, é que existem dados sólidos e irrefutáveis que mostram ser impossível afirmar que Lula deve sua popularidade ao Bolsa Família.

Tomemos como exemplo a última sondagem do instituto de pesquisas desse grupo empresarial de comunicação, o Datafolha, sobre a popularidade de Lula, que mostra como é absurda essa teoria de que o presidente e seu governo se apóiam eleitoralmente no Bolsa Família.

A pesquisa foi divulgada em 1º de junho último. Vejam, abaixo, como ela mostrou que é composta a popularidade presidencial.

Região do país

Sudeste – apoio de 67%.

Norte e Centro-Oeste – apoio de 71%

Sul – apoio de 59%

Nordeste – apoio de 77%

Regiões metropolitanas – apoio de 67%

Interior – apoio de 71%

Grau de instrução

Ensino fundamental – apoio de 72%

Ensino Médio – apoio de 67%

Ensino superior – apoio de 64%

Nível de renda

Até 5 salários mínimos – apoio de 71%

De 5 a 10 salários mínimos – apoio de 67%

Acima de 10 salários mínimos – apoio de 51%

Perceberam? O segmento em que Lula tem menor aprovação é entre os mais ricos, mas não entre os mais instruídos. E, ainda assim, a maioria dos mais ricos também aprova o presidente e seu governo.

Apesar dos fatos, o âncora do Jornal da Band, Bóris Casoy, mentiu descaradamente aos incautos que o assistiam na sexta-feira à noite dizendo que Lula só se mantém popular graças ao Bolsa Família.

Como se vê, esses que, a mando de José Serra e de FHC, vivem dizendo que o Bolsa Família seria “esmola”, não são apenas “imbecis”, como diz Lula. São, também, mentirosos compulsivos.

A Folha quer o fim da TV Brasil

Em editorial, a Folha de São Paulo defende o fechamento da TV Brasil para "não desperdiçar o dinheiro do contribuinte". O jornal da família Frias não vê, por outro lado, nenhum problema na existência de um oligopólio privado na televisão aberta. É como se fosse natural que apenas 6 empresas tivessem o direito de se comunicar via tv com 191 milhões de pessoas. O artigo é de Marcelo Salles.

A Folha quer o fim da TV Brasil. Em editorial publicado hoje argumenta que a audiência é baixa, que sua criação não foi um ato democrático (porque nasceu de um decreto) e que gasta, por ano, 350 milhões de reais do dinheiro do contribuinte. Por isso, encerra o texto da seguinte forma: “Os vícios de origem e o retumbante fracasso de audiência recomendam que a TV seja fechada – antes que se desperdice mais dinheiro do contribuinte” (veja a íntegra abaixo).

Eu tenho críticas à TV Brasil, mas nenhuma delas tem a ver com a opinião da Folha. Aliás, seria bom a gente perguntar: a quem serve a Folha? No cabeçalho se diz que é um jornal a serviço do Brasil, o que soa como piada pra quem conhece minimamente a história da imprensa do país. Pra não ir muito longe, basta dizer que o jornalão emprestou veículos para a ditadura. Mas talvez isso seja uma questão de ponto de vista: estavam, diria o jornal da “ditabranda”, a serviço do Brasil contra a Comunidade Comunista, que pretendia se instalar no governo federal.

Voltando. A TV Brasil é uma tentativa de cumprir a Constituição, que determina a complementariedade entre os serviços privado, público e estatal. Hoje só existe o privado e, tenho certeza, isto tem a ver com o lixo jogado no ar todos os dias. Sim, amigos, a televisão privada brasileira é um lixo. Não presta. Raríssimos são os programas razoáveis. Na Globo, por exemplo, nada menos que metade da programação entre 12h e 24h é de novela. E de uma novela que dissemina os piores valores morais que existem.

Posso concordar que existem erros graves na TV Brasil, e o primeiro deles foi a entrega dos cargos de direção para jornalistas oriundos das corporações de mídia. Com isso o governo indicou uma conciliação, não uma mudança substancial no jeito de fazer jornalismo. Assim, não é à toa que muito do conteúdo veiculado pela TV Brasil, sobretudo nos telejornais, tem sido muito parecido com aquele das corporações privadas (ver a carta do Mário Augusto Jakobskind à Ouvidoria da emissora).

Por outro lado, não dá pra dizer que é tudo igual. Se pegarmos a programação como um todo, veremos a existência de iniciativas que jamais teriam vez no atual sistema privado de televisão. É o caso dos documentários, que dão voz e vez aos segmentos da sociedade que só aparecem na mídia corporativa como bandidos.

Por isso, o governo precisa se manter firme diante da pressão da Folha. E contra-atacar. Pra começar, coloque em pauta a mudança na lei que criminaliza as rádios comunitárias e determine que sua Polícia Federal vá se preocupar com aqueles que realmente ameaçam a sociedade. Essa babaquice de inimigo interno já fez muito mal ao país. Enquanto calam as vozes do povo, armas e drogas atravessam nossas fronteiras numa boa. O Rio está infestado delas, e boa parte da culpa é da falta de fiscalização.

No Brasil arcaico do século XXI, as emissoras privadas de televisão, todas golpistas, ainda recebem dinheiro grosso do governo (meu, seu, nosso) para veicular campanhas publicitárias de saúde pública. Em países um pouquinho mais civilizados isso não é assim, pois como as emissoras privadas são concessões públicas (decididas pelo meu, seu, nossos representantes no Congresso), trata-se de uma obrigação ceder espaço para veiculação de mensagens de interesse público, sobretudo em relação a epidemias (como, atualmente, a gripe suína). Isso a Folha não critica.

Assim como não vê problemas na existência de um oligopólio privado na televisão aberta. Justo o jornal que faz propaganda dizendo-se democrata (”quem lê a Folha fortalece a democracia”). Deveria ser processado por propaganda enganosa. A Folha não se incomoda com a SS brasileira, a Sociedade Sinistra que congrega TV Globo, RedeTV, Band, CNT, SBT e Record. É como se fosse natural que apenas 6 empresas tivessem o direito de se comunicar via tv com 191 milhões de pessoas. E, pior, é como se fosse natural que esse oligopólio se posicionasse, compacto, pela economia de mercado, pela cultura enlatada, pela política coronelista (Sarney foi “descoberto” com 30 anos de atraso), pelo imperialismo e pela exploração das riquezas e do povo brasileiro. É isso que veiculam, todos os dias, e, se discordam, desafio qualquer diretor de qualquer uma dessas empresas para um debate público, de preferência veiculado em cadeia nacional de rádio e televisão.

Eis a dupla desgraça brasileira. Um sistema de comunicação apátrida, a serviço do capitalismo internacional, e um governo – eleito pelo povo e pelos movimentos sociais organizados – que não se livra disso.

Marcelo Salles, jornalista, é coordenador da Caros Amigos no Rio de Janeiro e editor do Fazendo Media.

Editorial da Folha de S. Paulo, 31 de julho de 2009:

TV que não pega
LANÇADA EM 2007 pelo governo como se fosse uma espécie de versão brasileira da BBC, a TV Brasil já perdeu 6 dos seus 15 conselheiros originais em pouco mais de um ano e meio. Coincidentemente, a TV criada por Lula acabou de ganhar uma nova identidade visual, que, segundo comunicado da emissora, dará “uma cara moderna e atual” ao logotipo. Mas pouca gente ficou sabendo, dado o exíguo alcance do canal.

A TV Brasil integra a EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que tem Orçamento de R$ 350 milhões por ano e abarca nove rádios e duas outras emissoras, além de seu carro-chefe.

O governo queria, com a EBC, criar uma grande rede pública nacional. Após a saída de três diretores vinculados ao Ministério da Cultura, o controle ficou nas mãos da Secretaria de Comunicação, do ministro Franklin Martins. A TV que se queria pública é antes de mais nada um cabide de empregos.
O lance mais recente da novela da emissora foi o anúncio feito à Folh a pelo presidente do conselho curador, Luiz Gonzaga Belluzzo, de que entregará o cargo.

Antes dos problemas políticos, a empresa padece de irrelevância técnica. Tem alcance muito restrito pela rede aberta, funcionando basicamente para clientes de operadoras de TV por assinatura. Segundo a emissora, muitos espectadores assistem à programação por antena parabólica, o que também serve como justificativa para não divulgar dados sobre audiência.

O fato é que a TV Brasil já começou mal, através de uma medida provisória, em vez do encaminhamento por projeto de lei. Tem 15 “representantes da sociedade civil” em seu conselho, todos nomeados pelo presidente Lula. Os vícios de origem e o retumbante fracasso de audiência recomendam que a TV seja fechada -antes que se desperdice mais dinheiro do contribuinte.

Postado originalmente no site da Carta Maior, que está aqui

Altamiro Borges: tucanos, demos e o 'mensalão' da mídia

Portal Vermelho.org


Por razões econômicas e ideológicas, a mídia hegemônica adora explorar os escândalos políticos. A crise mais recente é a que atingi o Senado Federal, no qual as denuncias das graves distorções se fundem com objetivos eleitoreiros marotos - que só os ingênuos não percebem.

Por Altamiro Borges, em seu blog

Ela só não faz sensacionalismo com os seus próprios negócios sinistros. Evita falar dela mesma, de seus pobres. Entre uma e outra denúncia de corrupção, ela deveria averiguar dois casos graves que envolvem poderosas corporações midiáticas. Ambos podem confirmar a exigência de um estranho “mensalão”, no qual governos demos-tucanos compram o apoio dos veículos de comunicação.

Os demos e o Correio Braziliense

O caso mais recente ocorreu no Distrito Federal, onde o governador José Roberto Arruda garfou R$ 442,4 mil do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para comprar assinaturas da revista Veja. Mais grave ainda, o demo desembolsou quase R$ 3 milhões na compra de 7.562 assinaturas do Correio Braziliense.

O Sindicato dos Professores do Distrito Federal, um dos principais alvos dos ataques raivosos e recorrentes deste jornal, criticou o uso dos recursos públicos e a forma irregular e suspeita como foi firmado este convênio:

“O convênio foi feito sem licitação, sem um projeto pedagógico definido, sem discussão com os professores e sem transparência. Enquanto isso, as bibliotecas de nossas escolas estão em petição de miséria, sem livros e estrutura de funcionamento... Esses recursos poderiam ser utilizados para equipá-las com clássicos da nossa literatura, para dotá-las de banda larga na internet, o que garantiria a diversidade e a pluralidade das informações... É no mínimo uma contradição que o Correio, tão veemente ao atacar o Senado por causa dos atos secretos, anuncie este convênio sem dizer os valores envolvidos e sem especificar o embasamento legal para que ele ocorra”.

Relações promíscuas com o poder

O professor Venício de Lima, um atento crítico das relações promíscuas entre os barões da mídia e os poderes públicos, foi um dos primeiros a denunciar este acordo. Ele lembra que, em março passado, o jornal Correio Braziliense, “principal jornal do Distrito Federal, dedicou duas páginas (uma delas a capa) do seu caderno ‘Cidades’ a ampla matéria na qual encampava publicamente a posição de porta-voz do governo contrária à anunciada greve dos professores da rede pública de ensino”. Com os títulos “greve sem causa” e “crime de lesa-futuro”, o jornal compôs a tropa de choque do demo José Roberto Arruda contra a reivindicação de reajuste salarial dos docentes.

“O leitor certamente terá notado, à época, que contrariamente às regras elementares e básicas do jornalismo, a longa matéria opinativa do Correio Braziliense, além de defender um dos lados, isto é, não ser isenta, omitia inteiramente o ‘outro lado’ envolvido na disputa: os professores não foram ouvidos, simplesmente não aparecem na matéria para explicar e defender sua posição”.

De forma curiosa, quatro meses depois, em 22 de junho, o governo retribuiu com a compra de 7.562 assinaturas do jornal, que chegarão às 199 escolas da rede pública. Para Venício de Lima, esta suspeita aquisição representa 16% da tiragem média do jornal e retira R$ 2,9 milhões do Fundeb.

“Em tempos de crise da mídia impressa (salvo dos jornais populares e gratuitos), que coloca em risco a própria sobrevivência no mercado de alguns jornalões, não seria ético e salutar que jornais como o Correio Braziliense – além de zelar pela credibilidade fazendo jornalismo de notícias e não de matérias opinativas – praticassem, para si mesmos, aquilo que corretamente têm exigido de outras esferas do poder? Ou o critério da transparência na destinação do dinheiro público não se aplica quando beneficia a própria grande mídia?”, questiona Venício de Lima.

Serra e as relações perigosas com a Abril

Antes desta estranha negociata, outro caso bem suspeito já tinha vindo a púbico através dos sítios alternativos da internet e não da “grande mídia”. Em abril passado, o Ministério Público acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL) e abriu inquérito civil para apurar as irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

O valor desta obscura transação foi de R$ 3,7 milhões e confirmou as perigosas relações entre o tucano José Serra e a Grupo Civita, que também publica a revista Veja, o principal palanque de oposição ao governo Lula.

A compra das 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da Nova Escola. Mas este não é o único caso de privilégio a este ao grupo direitista. O governo José Serra apresentou recentemente proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas em edições encalhadas do Guia do Estudante, outra publicação da Editora Abril.

Como observa do deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo, tendo até mesmo publicações adotadas como material didático. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado apenas o segundo semestre de 2008”.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Recessão acaba e PiG fica a ver navios

Bira Dantas: Rindo da mídia golpista



Fonte: blog TUDO EM CIMA

As Organizações Serra, na falta de fatos, inventam besteiras!

postado no Blog FBI - FESTIVAL DE BESTEIRA DA IMPRENSA

Sexta-feira, 31 de Julho de 2009










Não foi o que acabaram de fazer, inventando que o presidente Lula abandonou o senador José Sarney, presidente do Senado?

Quais são os fatos que fundamentam essa afirmação ou juízo? Nenhum

Na falta de fatos, que tal entrevistar senadores que querem tirar o Sarney para colocar o Marconi Perillo, tucano-democrata, na presidência e, com isso, tentar reduzir a governabilidade do Governo Lula, nos próximos 18 meses?

Ou não é isso que querem esses senadores e as Organizações Serra?

Porque se querem a "moralização do Senado", que tal martelar em cima de todos que participaram da farra aética, a começar do baluarte do moralismo, o réu confesso Senador Artur Virgílio?

Como dizíamos, no título do post, as Organizações Serra, na falta de fatos, inventam besteiras...

Duas matérias do G1, de hoje, que fundamentam que não estou falando besteira:

Lula está começando a abandonar Sarney, diz Virgílio

O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), afirmou nesta sexta-feira (31) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a abandonar a defesa do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). A afirmação do tucano tem como base as declarações do presidente Lula de que a crise no Senado não é problema dele e que não elegeu Sarney para o cargo.

***

Declarações de Lula liberam senadores do PT de apoio a Sarney, diz Cristovam

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) comemorou nesta sexta-feira (31) as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a crise do Senado não é dele e de que não foi ele quem elegeu José Sarney (PMDB-AP). Para Cristovam, a afirmação de Lula libera os senadores do PT para defenderem publicamente a saída de Sarney da presidência da Casa.

***

Artur Virgílio "afirmou", Cristovam Buarque "comemorou" e, num passe de mágica, está inventado o fato de que Lula abandonou o Sarney!

Passos seguintes: repercussão amanhã e domingo, com direito a Jornal Nacional, das Dez, da Meia-noite, Fantástico e o escambau, no dia de hoje.

Com isso, o esperto Artur tira, ainda mais, o foco dos seus crimes morais e joga tudo para cima do Sarney.

Se tivéssemos uma imprensa predominantemente séria, o senador Artur Virgílio estaria sendo cassado a essas horas.

Fato que, tardiamente, ocorrerá graças aos eleitores do Amazonas que, certamente, darão a ele a mesma votação que teve nas eleições de 2006, para o Governo do Estado.

Como publicado hoje no Blog do Zé Dirceu:

"(Artur) Virgílio não é acusado só de ter nomeado um funcionário fantasma que estudava na Europa.

Ele nomeou toda a família desse servidor, além de seu professor de jiu-jitsu;

recebeu US$ 10 mil dólares de origem ilegal, até agora não comprovada, do ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia;

e gastou R$ 700 mil, dinheiro público, com o tratamento de um integrante de sua família"


Clique aqui e leia o que publicou o Blog Vi o mundo, do Azenha, sobre os crimes morais do senador Artur Virgílio.

DERROTA DA DIREITA RAIVOSA

Procuradoria-Geral rejeita ação do DEM contra cotas raciais da UnB

Em parecer encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República (PGR) manifestou-se pela rejeição da ação ajuizada pelo DEM, que questiona o sistema de cotas raciais instituído pela Universidade de Brasília (UnB).

Segundo o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, a própria Constituição Federal consagrou expressamente as políticas de ação afirmativa "em favor de segmentos sociais em situação de maior vulnerabilidade". Gurgel ressaltou ainda que o racismo continua marcante nas relações sociais brasileiras. A exclusão do negro na sociedade justificaria as medidas que o favorecem.

"Tratar as pessoas como iguais pressupõe muitas vezes favorecer, através de políticas públicas àquelas em situação de maior vulnerabilidade social", afirmou Gurgel. "Esse argumento não tem em vista o passado, como o da justiça compensatória, mas sim a construção de um futuro mais equitativo", acrescentou.

No parecer, Gurgel citou que 35 instituições públicas de ensino superior no Brasil adotam políticas de ação afirmativa para negros, sendo que 32 delas prevêem mecanismo de cotas e outras três adotam sistema de pontuação adicional para negros. Tais políticas no ensino superior, para o procurador, "quebram estereótipos negativos que definem a pessoa negra como predestinada a exercer papéis subalternos na sociedade".

O procurador-geral ainda ressaltou que a eventual concessão do pedido do DEM pelo STF "atingiria um amplo universo de estudantes negros, em sua maioria carentes, privando-os do acesso à universidade", além de gerar graves efeitos sobre as políticas de ação afirmativa promovidas por outras universidades.

Na ação ajuizada no último dia 21, os advogados do DEM alegaram que o sistema de cotas raciais da UnB viola diversos preceitos fundamentais fixados pela Constituição de 1988, como a dignidade da pessoa humana, o preconceito de cor e a discriminação, supostamente afetando o próprio combate ao racismo.

Blog do Oni Presente

Lula governa para todos

Saiu no Blog do Júlio Falcão, aqui

Brasília - O Diário Oficial da União de hoje (31) publica o decreto presidencial que reajusta o valor do benefício do Bolsa Família em 9,68%.

O valor básico do benefício passa para R$ 68, contra R$ 62 do último reajuste, e o benefício variável – pago de acordo com o número de crianças – passa de R$ 20 para R$ 22. O benefício vinculado aos adolescentes, que era de R$ 30, passa para R$ 33 por adolescente, até o limite de R$ 66 por família. No primeiro caso, o reajuste foi de 9,68% e nos demais, de 10%.

A partir do dia 1º de setembro, 11 milhões de famílias atendidas pelo programa poderão sacar os valores já alterados. O reajuste corresponde ao aumento de preço dos alimentos que ocorreu nos últimos meses e foi feito com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor.

O Decreto 6.917 publicado hoje revoga os decretos 6.491, de junho de 2008, e 6.824, de abril deste ano e passa a vigorar a partir de hoje (31).

O Bolsa Família atende às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza, caracterizadas pela renda familiar mensal per capita entre R$ 70 e R$ 140,00. Os valores anteriores variavam entre R$ 60 e R$ 120, respectivamente.
Fonte: Agência Brasil

Município do Tocantins lidera ranking de soja e de pobreza

Aditivado por projeto controverso que enriquece fazendeiros e transnacionais, Campos Lindos (TO) é líder estadual de produção de soja. Os problemas são os fatos, que não escondem os problemas socioambientais vinculados à atividade.

Postado originalmente no Site BRASIL DE FATO
por Maurício Hashizume
Reporter Brasil

A propaganda do agronegócio associa a expansão acelerada da soja à prosperidade. Os problemas são os fatos, que não escondem os problemas socioambientais vinculados à atividade. Uma dessas chagas atende pelo nome de Projeto Agrícola Campos Lindos, no Nordeste do Tocantins, a 491 km da capital Palmas (TO). O empreendimento, que este ano completou uma década e exporta milhares de toneladas do grão todos os anos, é resultado de dois contestados processos de "titulação" pública, não teve licença ambiental para se instalar, foi palco de trabalho escravo e desalojou famílias tradicionais que hoje padecem com índices vergonhosos de pobreza.

A Repórter Brasil preparou duas reportagens especiais que recuperam o processo de gênese do lucrativo negócio numa das áreas mais privilegiadas do Cerrado e revelam as consequências nada reluzentes para o "povo comum" da região. Este capítulo inicial trata da formação do Projeto Agrícola Campos Lindos - marcado pela aguda intervenção do ex-governador Siqueira Campos (PSDB), pelo beneficiamento privado dos "amigos do rei" e pela postura polêmica de órgãos públicos que deveriam zelar pelo interesse coletivo. Ainda esta semana, o segundo capítulo esmiuçará as marcas da indigência no cotidiano e o grau de violação de direitos fundamentais em Campos Lindos (TO).

Veja a matéria completa aqui

Porta-vozes nativos do golpe em Honduras

por Altamiro Borges, no blog do Miro

A mídia hegemônica brasileira tem adotado um comportamento esquizofrênico na cobertura do golpe militar de Honduras. Diante da deposição do presidente democraticamente eleito do país, Manuel Zelaya, ela até criticou os métodos truculentos utilizados e condenados pela comunidade mundial. Nas primeiras semanas do trágico atentado à democracia neste sofrido país da América Central, os jornalões e emissoras de televisão até se referiram aos golpistas como “golpistas”, o que poderia indicar certo apego da mídia hegemônica à democracia.

Com o passar do tempo, porém, ela suavizou as críticas ao golpe. O governo ilegal passou a ser chamado de “interino”. Os ataques ao presidente deposto, à vítima, aumentaram. Já os protestos diários contra os golpistas, inclusive a recente greve geral organizada pelas três centrais sindicais do país, desapareceram dos jornais e telejornais. A violência dos “gorilas”, que já resultou várias mortes, também foi ofuscada. Já as minguadas marchas da “elite racista” favoráveis aos militares estão estampadas nas capas dos jornalões e nas telinhas da TV. É como se a mídia hegemônica torcesse pelo sucesso do golpe de Estado, mas sem poder confessar o seu crime.

Colunistas escancaram o instinto golpista

O apoio mais desavergonhado ao golpe fica por conta dos colunistas bem pagos destes veículos. Eles escancaram o instinto golpista dos seus patrões e são até mais realistas do que o rei. Alguns são deprimentes, como a dupla de fascistóides da revista Veja, que desde o início defende de forma apaixonada os “gorilas” de Honduras. Outros ainda não são tão desgastados e risíveis. É o caso de Igor Gielow, articulista da Folha de S.Paulo, que na sua coluna de opinião desta semana afirmou que os culpados pelo golpe em Honduras são... Hugo Chávez e a diplomacia brasileira.

O “complexo” colunista chega a relativizar o fato de que houve um golpe militar em Honduras. Afinal, alega, “os ‘golpistas’, como são chamados os que estão no poder em tese até a realização de novas eleições, têm respaldo da Justiça e do Legislativo”. Ele também elogia os EUA, “que começam a desembarcar da manada por Zelaya. Se isso ocorrer, o Itamaraty perderá o argumento do consenso”. Para o advogado dos golpistas, “a cooptação de Zelaya por Chávez” é que gerou o impasse e a diplomacia brasileira contribuiu neste desfecho ao fazer “vista grossa ao chavismo”.

Os “amigos” de Augusto Nunes

Outro colunista que forja argumentos para defender os “gorilas de Honduras” é Augusto Nunes, que recentemente deixou a diretoria-executiva do Jornal do Brasil para trabalhar no setor digital da Veja. No seu blog, ele deixa explícito que apóia os golpistas por discordar dos que defendem o retorno do presidente deposto. Direitista convicto, ele mente e ataca de forma grotesca todos os movimentos sociais e partidos de esquerda que se opõem ao golpe em Honduras:

“A UNE, fábrica de carteirinhas que dão direito à meia-entrada, é monitorada por militantes do PCdoB, que prega a instauração da ditadura do proletariado... ‘Em nome da democracia’, que sempre menosprezou por ser coisa de burguês, a UNE exige a volta de Zelaya à presidência de Honduras. O MST faz de conta que luta pela reforma agrária para declarar guerra ao sistema capitalista... ‘Em nome da liberdade’ que sempre menosprezou por ser coisa de reacionário, a sigla fora-da-lei exige a volta de Zelaya ao emprego que perdeu... O PT está sob o controle de remanescentes dos grupos extremistas que embarcaram na luta armada contra o regime militar... Hoje no PT, os nostálgicos dos anos de chumbo também exigem a volta de Zelaya. “Em nome da democracia”, claro. A soma dessas más companhias não permite afirmar que o novo chefe de governo de Honduras é o homem certo. Mas é mais que suficiente para convencer até um bebê de colo de que Manuel Zelaya é o homem errado”.

Noutro texto hidrófobo, ele critica o governo Lula por liderar a reação latino-americana ao golpe. Para o porta-voz nativo dos “gorilas” hondurenhos, o presidente é “amigo” dos esquerdistas. “Ele solta a voz em palanques na Venezuela como cabo eleitoral do farsante Hugo Chávez, que vai progressivamente exterminando a imprensa independente e os governos de oposição. Promove a guerreiros da selva os narcoterroristas das Farc. Faz concessões pusilânimes para manter nas alcovas do palácio o paraguaio Fernando Lugo, um laureado reprodutor de batina. Aumenta a ração de alpiste do pintassilgo amestrado Celso Amorim para que o Itamaraty afague a Coréia atômica... Finge enxergar uma Cuba livre na ilha reduzida pelos irmãos Castro a filme de época sobre a Guerra Fria, produzido, dirigido e protagonizado por napoleões de hospício. Para Lula, todo regime liberticida, visto de perto, é democrático. Só não há democracia em Honduras”.

Haja reacionarismo. Com colunistas deste tipo, os barões da mídia podem até fingir neutralidade diante do violento golpe em Honduras. Basta dar alguns trocados e um pouco de status! O escritor Victor Hugo costumava se dirigir a estas figuras deprimentes de forma apropriada: "Calma, calma, você vai ganhar o seu osso".

Curso inédito de jornalismo do MST formará 60 alunos ao ano

Portal Vermelho.org

A Universidade Federal do Ceará (UFC) vai oferecer, a partir de janeiro, o primeiro curso de jornalismo no Brasil voltado para militantes e assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ideia é fortalecer o mundo rural como território de vida em todas as suas dimensões — econômicas, sociais, ambientais, políticas, culturais e éticas.

Segundo a coordenadora de pós-graduação do curso de comunicação social da UFC, Márcia Vidal Nunes, o curso de jornalismo para o MST já foi aprovado pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) do Ministério do Desenvolvimento Agrário. O Pronera conduz a política de educação no campo do governo e vem sendo desenvolvida desde 1998 em áreas de reforma agrária.

Além de jornalismo, os assentados do MST já contam com cursos de educação para jovens e adultos a partir dos 15 anos, com conteúdo programático do 1º ao 4º ano do ensino fundamental, e de escolarização, que compreende o nível médio.

No nível superior, são ofertados cursos de pedagogia da terra e a pós-graduação de residência agrária, com participação de graduados de ciências agrárias e de engenharia de pesca, além de técnicos ligados aos movimentos sociais. O objetivo é qualificar profissionais para a atuação nos programas de assistência técnica, social e ambiental do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

De acordo com Márcia Vidal, serão ofertadas 60 vagas por ano, com prioridade aos militantes do movimento. O curso de jornalismo do MST terá duração de quatro anos, e o acesso será feito por meio de vestibular. As aulas serão ministradas pelos professores do curso de comunicação social da UFC.

Além das disciplinas comuns ao curso de jornalismo, haverá matérias específicas direcionadas à questão agrária. Parte das aulas será na universidade e outra parte nas comunidades de assentados do MST.

Da Redação, com informações do Jornal do Commercio



Sarney, bode expiatório

Pedro Benedito Maciel Neto

O Senado está em maus lençois (expressão que no site www.dicinárioinformal.com.br significa “Situação de dificuldade, passada por uma pessoa, em conseqüência de fatos ou ações que tenha praticado”,) pois em razão dos atos praticados pelo próprio Senado - atos de responsabilidade de cada um dos senadores sem exceção - estão em busca de um bode expiatório.

Parece que o bode escolhido pelo Senado (entendo-se por “Senado” todos os senadores, seus burocratas e toda a cultura patrimonialista que eles representam) é o Presidente José Sarney. Afastar Sarney é menosprezar a inteligência da sociedade. Será ele o único culpado pela farra reinante no Senado? Evidentemente que não. Tivessem decoro (ou vergonha na cara como diziam os antigos) todos os Senadores renunciariam à vida pública, todos.

Nunca é demais lembrar que patrimonialismo é a característica de um Estado que não possui distinções entre os limites do público e os limites do privado, e que foi comum em praticamente todos os absolutismos e mantêm-se em sociedades atrasadas e sem clara noção do que é interesse público.

E como o termo sugere, o Estado e seus instrumentos acabam se tornando um patrimônio de seu governante, porque no passado o monarca gastava as rendas pessoais e as rendas obtidas pelo governo de forma indistinta, ora para assuntos que interessassem apenas à seu uso pessoal (compra de roupas, por exemplo), ora para assuntos de governo (como a construção de uma estrada).

A quem afirme que essa prática se instaurou na Europa através dos germanos que invadiram Roma. Os romanos tinham por característica a república, forma onde os interesses pessoais ficavam subjugados aos da república, já os bárbaros vindos da Germânia, que aos poucos foram dando forma ao Império decadente, tinham o patrimonialismo como característica, onde o reino e suas riquezas eram transmitidas hereditariamente, de forma que os sucessores usufruiam dos benefícios do cargo, sem pudor em gastar o tesouro do reino em benefício próprio ou de uma minoria, sem prévia autorização de um senado.

É mais ou menos o que ocorre no Senado, falta de pudor, por isso vale a pena falar um pouco sobre o significado da expressão “bode expiatório”.

Bem, em sentido figurado, um "bode expiatório" é alguém que é escolhido arbitrariamente para levar (sozinho) a culpa de uma calamidade, crime ou qualquer evento negativo (que geralmente não tenha cometido).

A busca do bode expiatório é um ato irracional de determinar que uma pessoa ou um grupo de pessoas, ou até mesmo algo, seja responsável de um ou mais problemas. É uma busca covarde, mesquinha e mediocre.

Eleger o Presidente José Sarney como bode expiatório é um importante instrumento de propaganda, e um clássico exemplo são os judeus durante o período nazista na Alemanha, que eram apontados como culpados pelo colapso politico e pelos problemas econômicos daquele pais, dentre outras “culpas” que a propaganda oficial lhes impunha.

Quando Senadores, homens que representam seus estados e um dos Poderes da República, buscam transferir a uma pessoa apenas as responsabilidades que são de todos, inclusive da sociedade, estão equiparando-se e validando práticas nazistas.

Ao longo da História os grupos usados como bode expiatórios foram muitos, variando de acordo com o local e o período. Os negros, os imigrantes, os comunistas, os capitalistas, os "nordestinos no Brasil", as "bruxas", as mulheres, os pobres, os judeus, os leprosos, os homossexuais, os deficientes físicos e/ou mentais, os ciganos, etc, de acordo com a conveniência e oportunidade, mas hoje é intolerável o uso de bodes expiatórios, o que o Senado deve fazer é auditar com independência e dar publicidade à auditoria realizada, para que a sociedade, através da imprensa responsável, possa conhecer e expressar-se, além de julgar livremente.

O Senado deve enviar ao Ministério Público Federal o resultado da auditoria para que todos aqueles que praticam ou praticaram atos ilegais, imorais, secretos e ineficientes, ou seja, todos que descumpriram o artigo 37 da CF respondam por isso, observado o devido processo legal e o amplo direito de defesa.

É verdade que na teologia cristã, a história do bode expiatório no Levítico é interpretado como uma prefiguração simbólica do auto-sacrifício de Jesus, que chama a si os pecados da Humanidade, tendo sido expulso da cidade sob ordem dos sacerdotes, mas Sarney não é Jesus e o Senado não é a humanidade e talvez, como defendeu brilhantemente o Vereador Thiago Ferrari, não mereça ser salvo.


Pedro Benedito Maciel Neto, 45, advogado e professor universitário, autor, dentre outros de “Reflexões sobre o Estudo do Direito”, ed. Komedi (2007).

Blog vi o mundo aqui

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dilma:Brasil está maduro para "eleger presidenta


Após café da manhã com a presidente do Chile, Michele Bachelet, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou nesta quinta-feira (30) que os brasileiros já têm maturidade política para eleger uma mulher para o Palácio do Planalto. A petista é uma potencial candidata à sucessão presidencial em 2010.

"Não vejo porque o Brasil não tenha [maturidade] para eleger uma presidenta. Pode ter metalúrgico, negro e pode ter uma presidenta. O Brasil está maduro politicamente para perceber que sua multiplicidade pode ser representada de várias formas", disse Dilma em um hotel de São Paulo onde se reuniu com a presidente do Chile.

Bachelet, Dilma, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros, participam nesta quinta-feira (30) do encontro empresarial Brasil-Chile na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

No evento, Dilma também afirmou que as mulheres enfrentam uma série de preconceitos na classe política e crê que "em dez anos talvez isso não tenha importância, porque haverá experiências de mulheres em vários cargos, vários níveis".

A ministra disse ainda que a eleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com quem se reuniu na semana passada, seria comparável a de uma mulher "porque abre um precedente para que outros negros postulem a presidência ou outros cargos".

Perguntada sobre se existe um paralelo entre ser "a mãe do Chile", como Bachelet tem sido chamada em seu país, e a mãe do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), conforme diz Lula, Dilma afirmou: "a imagem da mãe é de proteção, cuidado: cuidado para o povo e para dirigir sua casa". Uol.

Postado no blog Terror do Nordeste que está aqui

A contraofensiva

www.desacato.info, 29/07/2009

A coordenação da contraofensiva oligarco-imperial na América Latina

Por: Jair de Souza, Brasil

O golpe de estado militar em Honduras é um claro indicador da contraofensiva oligarco-imperialista na América Latina, depois de uma década de avanços vigorosos das forças populares em nosso continente. No entanto, este golpe não foi uma ação isolada dos militares pró-estadunidenses e das oligarquias hondurenhas. Tratou-se, mais concretamente, de apenas um lance dentro de uma série de outras iniciativas perfeitamente concatenadas e coordenadas tanto a nível regional como mundial. Vejamos isto com um pouco mais de detalhes.

Imediatamente após o desfecho do golpe, os países membros da ALBA (Aliança Bolivariana para a América) reagiram diplomaticamente com muita energia nos diversos foros internacionais existentes (OEA, CICA, UNASUR, ONU, etc.), fato que forçou a aprovação de condenas e sanções unânimes ao golpe de estado em todas estas instâncias. Nem mesmo os EUA e os governos dos países a eles subordinados (Colômbia, Peru, México, Costa Rica, Panamá) encontraram condições de avalizar formalmente a ruptura inconstitucional ocorrida em Honduras.

Mas, recuperado o fôlego, o império se pôs a agir. A primeira providência foi tratar de ganhar tempo, até que se pudesse alcançar uma correlação de forças mais favorável aos golpistas. Para tal propósito, a chefa da diplomacia imperial (Hillary Clinton) apelou aos serviços de um vassalo tradicional (o presidente da Costa Rica, Oscar Arias), que já havia prestado ao império serviços semelhantes na década de 1990 e, por isso, foi galardonado com o Prêmio Nobel da Paz. Num primeiro momento, o presidente legítimo Manuel Zelaya se deixou envolver nesta trama e perdeu vários dias em negociações estéreis com os golpistas, até dar-se conta dos verdadeiros propósitos dos promotores das “negociações”.

Ao mesmo tempo, a encarregada de assuntos latinoamericanos da chancelaria do estado neo-nazista de Israel, Dorit Shavit, lançou a acusação de que a agrupação de resistência libanesa Hisbolah estava operando bases terroristas em território venezuelano. Imaginem só: uma organização política que está enfrentando-se no Líbano com a quarta maior potência militar do planeta, estando em condições materiais infinitamente inferiores às do estado nazi-sionista, e mesmo assim encontra forças, recursos, homens e disposição para desenvolver operações em países localizados a muitos milhares de quilômetros de onde estão lutando por sua sobrevivência!

Mas, pensando bem, quem precisa saber que isto seria algo irracional, ilógico, inviável e irrealizável? O importante é repetir a mentira o máximo de vezes possível até que a mesma fique assentada na mente dos milhões de pessoas do mundo que só têm acesso às informações através dos meios de informações corporativos associados nesta empreitada (a esmagadora maioria dos meios de comunicação de propriedade privada em todo o planeta). Era uma medida para desviar o foco de atenção do golpe em Honduras e criar condições para os passos seguintes.

Bem, Honduras não é o único nem o principal alvo desta contraofensiva. Então, volta à cena o computador do assassinado líder das FARC, Raúl Reyes. O governo narco-paramilitar do presidente Álvaro Uribe da Colômbia divulga um vídeo no qual aparece um dos comandantes das FARC (Mono Jojoy) fazendo revelações que comprovariam que as FARC contribuíram com recursos financeiros para a campanha presidencial de Rafael Correa, no Equador (outro desafeto das oligarquias e do imperialismo).

Logo as FARC, totalmente acossadas pelas forças militares e paramilitares colombianas, assim como pelas forças estadunidenses (militares e mercenárias) estacionadas em território colombiano! As FARC que não têm condições de realizar uma simples comunicação telefônica sem ser detectada pelos sofisticados radares estadunidenses são capazes de fazer vultosas transferências de recursos sem deixar marcas. Mas, aí está o vídeo, por fim!

De acordo com o conceituado jornalista colombiano Jorge Enrique Botero, o vídeo em questão não passa de uma burda montagem. Ou seja, diante de centenas de pessoas, Mono Jojoy diz algo assim: “O governo narcoparamilitar de Uribe quer criar desavenças com os governos progressistas dos países vizinhos e, para isso, está divulgando acusações como esta que vou ler: /´As FARC contribuíram com muitos milhões de dólares para a campanha presidencial de Rafael Correa, no Equador´./ Isto é mais uma manobra deste governo narcoparamilitar para tentar justificar sua política de agressão aos países vizinhos e de subordinação ao imperialismo estadunidense”.

O governo de Uribe corta a introdução e a conclusão, e o que temos? A prova de que as FARC deram dinheiro para a campanha de Correa. Simples e claro, não? Agora é só fazer com que esta parte do vídeo seja exibida milhares de vezes por todas as televisões amigas, neste continente e no mundo. Que melhor justificativa para a decisão de Álvaro Uribe de autorizar a instalação de mais quatro bases militares dos Estados Unidos na Colômbia, bem juntinho das fronteiras com Equador e Venezuela?

Calma, que ainda falta muito. De repente, o governo narcoparamilitar da Colômbia captura armas de fabricação sueca em acampamentos guerrilheiros das FARC. A Suécia já vendeu armas a Venezuela. Conclusão lógica: A Venezuela forneceu as armas para os guerrilheiros das FARC. Ah, os guerrilheiros também usam armas fabricadas por Israel.

Além disto, eles possuem inúmeras armas fabricadas pelos Estados Unidos. Vamos aplicar a mesma lógica: Israel e os Estados Unidos apoiam a guerrilha colombiana e fornecem armas para suas ações. Parado aí! Israel e Estados Unidos são países amigos de Uribe. As armas só podem ter sido compradas no mercado paralelo. Já as suecas, só podem ter sido fornecidas pela Venezuela, já que o governo da Venezuela não é aliado de Álvaro Uribe. Perfeito o raciocínio, concordam? Mais uma justificativa para a instalação das bases dos Estados Unidos.

As autoridades estadunidenses acusam o governo da Venezuela de não cooperar na luta contra o narcotráfico. Os Estados Unidos são os maiores consumidores de drogas estupefacentes do mundo e a Colômbia a maior produtora. Mas o problema é a Venezuela. Nos últimos meses, as forças de segurança venezuelanas prenderam em seu território mais de uma dezena de grandes capos das máfias de narcóticos colombianas e os entregou às autoridades da Colômbia.

Milhares de toneladas de cocaína fabricada na Colômbia foram apreendidas pela Venezuela. Mas, estranhamente, nos Estados Unidos as grandes quadrilhas que distribuem as drogas por todo seu imenso território nunca sofrem golpes importantes. Na Colômbia, apesar do tal Plano Colômbia, a produção de estupefacentes só tem crescido. Porém, a culpa, já sabemos, é da Venezuela, ou melhor, de Hugo Chávez. A verdade é que estes detalhes não são importantes. Os meios de comunicação estão aí para deixar claro que o culpado é Hugo Chávez, e isto basta.

Tratamos de expor as manobras mais exploradas recentemente nesta contraofensiva do império contra as forças populares da América Latina. Muitas outras aparecerão, à medida da necessidade de seus mentores. Devemos ficar preparados.

Postado também no blog vi o mundo que está aqui

Contar os mortos, disseminar o pânico

GRIPE SUÍNA
Contar os mortos, disseminar o pânico
Luiz Antonio Magalhães

Sim, há uma nova gripe circulando no país, especialmente nas regiões Sul e Sudeste, como de resto em praticamente todo o mundo. É fato. Algumas pessoas vão morrer da moléstia, como de resto morre gente vítima das outras gripes existentes. Também é fato. O que tem sido visto na grande imprensa brasileira nos últimos dias, porém, é praticamente um crime contra o bom senso e a inteligência do distinto público. A cobertura da chamada gripe suína (o nome correto é Influenza A H1N1) se tornou uma verdadeira aberração, provoca pânico na população e certamente vai se mostrar exagerada em menos de dois ou três meses, quando os números da tal "terrível pandemia" começarem a murchar. Como a mídia não tem autocrítica, porém, logo surgirá outro assunto para a irresponsabilidade dos responsáveis pelas manchetes e escaladas dos telejornais.

Não é preciso ser gênio para perceber que a cobertura dos últimos dias e semanas, focada na contagem do número de mortos que a maléfica gripe já provocou no país, não tem nenhuma outra utilidade senão a de disseminar o pânico. O ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, em sua coluna dominical (26/7) reproduzida ao final deste texto, classificou a cobertura da Folha - e em especial uma reportagem publicada no domingo anterior (19/7), intitulada "Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses" - como "um dos mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde que assumi o cargo, em abril de 2008".

Carlos Eduardo se limitou a escrever sobre a Folha, mas as suas observações valem para praticamente todos os grandes jornais e telejornais. Todos os dias o público vai sendo informado do número de mortos em decorrência da nova gripe, porém sem qualquer referência estatística ou base comparativa que permita a compreensão do fenômeno em curso. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já explicou, inclusive no programa televisivo deste Observatório, que a taxa de letalidade da gripe suína é a mesma da gripe comum - cerca de 0,6% dos infectados acabam morrendo. (Para ser preciso, usando os dados da OMS divulgados na segunda-feira, 27/7, são 87 mil infectados nas Américas para 707 mortes. A taxa de letalidade fica em 0,8%, mas deve ser muito mais baixa porque os países pararam de fazer testes para descobrir os infectados, que devem superar em muito os 87 mil).

Do ponto de vista da imprensa, porém, este é um dado que não deve ser de maneira alguma alardeado - afinal, notícia ruim é o que vende jornal e aumenta audiência na televisão. As estatísticas também mostram que morre muito mais gente de diarréia e verminose por semana no Brasil do que, desde o início do ano (quase oito meses!) de gripe suína. Aliás, só no inverno passado (junho/julho) foram 4,5 mil mortos da gripe "normal" contra os tais 45 da gripe suína neste ano.

Recordar é viver

O pior de tudo é que a mídia insiste em não aprender com os erros passados. Ao contrário, gosta de repetir os mesmos equívocos, mesmo que eles possam vir a cobrar seu preço em perda de credibilidade. A cobertura da nova doença, por exemplo, faz lembrar um pouco a do tal do Ebola, o vírus que dizimaria meia África e deixaria um rastro de desgraça pelo mundo afora. Na época (edição de 9 de agosto de 2000), a revista Veja publicou reportagem cujos títulos e lides eram os seguintes:

Truque assassino

Descoberto mecanismo de infecção do vírus Ebola, que mata nove entre dez contaminados

O Ebola é um pesadelo. Capaz de liquidar suas vítimas em poucos dias, é o mais violento de todos os vírus. De cada dez pessoas contaminadas, nove morrem. Isso ocorre porque o microrganismo ataca veias e artérias de todo o corpo, provocando hemorragia generalizada. Certos órgãos, como o fígado e os rins, simplesmente se desfazem e o sangue jorra em tal profusão que sai pelos olhos e poros. Na semana passada, cientistas americanos anunciaram o primeiro passo para combater esse assassino cruel: a descoberta da proteína usada pelo Ebola para destruir as células, causando o rompimento dos vasos sanguíneos. Entender o mecanismo de infecção torna possível o desenvolvimento de recursos para controlá-lo. "Remédios exigem maior prazo de pesquisa, mas uma vacina pode ser desenvolvida com rapidez", disse a VEJA Gary Nabel, coordenador da pesquisa no Instituto Nacional de Saúde, responsável pelos estudos com o vírus, nos Estados Unidos.

Bem, a África continua por lá e os africanos também. Mundo afora, parece que não foi muita gente que morreu contaminada pelo "pesadelo" da Veja, que mataria nove de cada dez contaminados. É evidente que a taxa de letalidade não poderia ser tão alta, é óbvio que a "reportagem" era uma aula de sensacionalismo barato.

Sensacionalismo ou motivação política

A reportagem da Folha, cuja irresponsabilidade foi apontada pelo ombudsman do jornal, é apenas um exemplo entre tantos outros que poderiam ser colhidos ao acaso em todos os grandes veículos de comunicação do país. Resta então analisar por que a mídia brasileira realiza uma cobertura tão equivocada da gripe suína. Vamos lá:

Qualquer estudante de primeiro ano de jornalismo ou qualquer jovem esperto, sem diploma, que entrar em uma redação percebe, em questão de minutos, o verdadeiro fascínio que as más notícias exercem sobre os jornalistas. Notícia ruim, tragédia das realmente pesadas, vende muito mais do que fatos positivos. A menos, é claro, que a boa notícia seja algum novo milagre de Fátima, a cura definitiva do câncer ou vitória da seleção em Copa do Mundo. O fato é que jornalistas gostam de notícias ruins porque elas vendem, portanto os ajudam a levar para casa o leitinho das crianças (em alguns casos, o "leitinho" é para os adultos mesmo). Enfim, a vida é dura e nada como uma boa manchete trágica para chamar atenção do público.

Por outro lado, já circula na internet, em blogs pró e contra o atual governo, a versão de que a cobertura da imprensa no caso da gripe suína visa desestabilizar o até aqui muito bem avaliado trabalho do ministro Temporão e, por tabela, tirar mais uns pontinhos da altíssima popularidade do presidente Lula. Sim, é a clássica teoria conspiratória: a mídia contra o governo, usando as armas disponíveis, mesmo que elas signifiquem botar no papel ou na telinha da televisão algo que pouco tem a ver com a realidade. Para os partidários desta teoria, o caso da gripe seria ainda mais estratégico, pois o candidato preferido da oposição ao cargo de Lula, o governador paulista José Serra (PSDB), foi ministro da Saúde, e a "desconstrução" da competência do atual ministro cairia como uma luva para a candidatura tucano-demista em 2010. Quem advoga esta tese lembra as "crises artificiais" criadas pela mídia, como a aérea, que no entanto pouco ou nada afetaram a popularidade do governo Lula.

É claro que ainda é cedo para dar um veredicto final sobre a cobertura da imprensa da gripe suína, mas já é possível sustentar a hipótese de a fome (de audiência e vendas) estar colada à vontade de comer (prejudicar um governo em relação ao qual a grande imprensa sempre foi francamente hostil). Os fatos, porém, acabam se impondo e são sempre mais fortes do que as versões construídas pela mídia, como prova o caso do "sequestro da caderneta de poupança", tão ventilado nas folhas e que se mostrou frágil como um castelo de cartas. Portanto, nada como um dia após o outro para que um quadro mais preciso das reais motivações da mídia nesta cobertura acabe aparecendo. O distinto público, para desalento de certos mancheteiros, é mais esperto do que se imagina...

Artigo original aqui: www.observatoriodaimprensa.com.br

Créditos: blog vi o mundo

quarta-feira, 29 de julho de 2009

PMDB declara guerra aos tucanos

Virgílio: na linha de tiro

Portal Vermelho.org

Os senadores do PMDB, capitaneados pelo líder Renan Calheiros (AL) e Wellington Salgado (G), declararam guerra aos tucanos. Diante das representações no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), os peemedebistas avisaram que vão dar o troco. Calheiros diz que irá representar contra o líder tucano Arthur Virgílio que manteve um funcionário que morava no exterior recebendo salário em seu gabinete.

Outra representação, segundo o jornal Correio Braziliense, seria por causa das despesas médicas de R$ 723 mil da mãe do senador amazonense, pagas pelo Senado. Como viúva do ex-senador Arthur Virgílio, pai do líder, ela tinha direito ao ressarcimento de no máximo R$ 30 mil.

"O PSDB acaba de arranjar um jeito de se livrar do Arthur porque ele vai ser processado no conselho. As acusações são mais graves do que as que existem contra Sarney. O PMDB não é partido de frouxo", disse Wellington Salgado ao jornal Folha de S.Paulo.

“Também pesa contra Virgílio a denúncia de ter pego, em 2003, US$ 10 mil emprestados do ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, quando teve problemas com o cartão de crédito em uma viagem particular a Paris”, diz o jornal da brasiliense.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmou não temer represálias do PMDB. “Se o líder Renan Calheiros promover retaliações, ele estará equivocado. Ameaças não valem nada, não ameaçamos ninguém e não aceitamos isso”, disse Guerra. “O líder Arthur Virgílio faz questão de que os fatos que dizem respeito a ele sejam apurados no Conselho de Ética”, afirmou.

Por telefone, Calheiros teria dito a Guerra que considera o líder do PSDB um “réu confesso” por admitir a situação irregular de seu funcionário e ter emprestado US$ 10 mil de Agaciel.

O comentário no PMDB, segundo o que foi divulgado, era que estava oficializada a guerra política com os tucanos. “Se Sarney perder o mandato, senadores tucanos também terão o mesmo destino”, avisam os peemedebistas.


De Brasília com informações de Agências