sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Conspiração contra Dilma desmascarada: senadores fingiram não conhecer marido de Lina Vieira



Todos viram o publicitário Alexandre Firmino dando instruções à esposa Lina Vieira, ex-secretária da Receita Federal, em seu depoimento no Senado (vídeo acima).

Os senadores Jarbas Vasconcelos e Garibaldi Alves já se reuniram com Alexandre Firmino, no tempo que ele era secretário-executivo do Ministério da Integração Regional de FHC.

Esse cargo era o segundo posto no ministério, logo abaixo do ministro. Durante algum tempo ele foi ministro interino.

Praticamente todos os senadores que eram parlamentares ou governadores do Norte e Nordeste, durante o segundo mandato de FHC, o conheciam.

Tasso Jereissati, José Agripino Maia, Mão Santa, Heráclito Fortes, Arthur Virgílio Neto, etc.

Todos o conheciam muito bem.

E todos fizeram cara de paisagem, na sessão do Senado, como se nunca o tivessem visto antes.

Alexandre Firmino participava dos encontros e convênios da SUDAM (Superintendência de desenvolvimento da Amazônia) e SUDENE (Superintendência de desenvolvimento do Nordeste).

A SUDAM e SUDENE chegaram a ser extintas por FHC no fim do governo por excesso de corrupção. Só a SUDAM deixou um rombo de mais de 2 bilhões na época de FHC.

Jornalistas veteranos de Brasília também conheciam, e ficaram caladinhos, sem informar nada ao ouvinte ou leitor.

Foi uma conspiração inventada pela bancada de senadores demo-tucanos contra a Ministra Dilma Rousseff, para desgastar sua imagem com mentiras. Por trás estava o dedo de FHC e José Serra.

Uma vergonha termos no Brasil partidos, políticos e imprensa de oposição com tamanha falta de caráter, capaz de agir com este tipo de ardil sujo e criminoso.

Fonte: blog Os Amigos do Presidente Lula

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os Marinho se reinventam como "fiadores da harmonia"

por Luiz Carlos Azenha(viomundo)

Outro dia vi no Jornal Nacional um dos herdeiros de Roberto Marinho, com aquele ar de compungido dos todo-poderosos-mas-não-é-chique-aparentar, falando alguma platitude sobre a defesa da democracia e da liberdade de imprensa no evento de 30 anos da Associação Nacional dos Jornais (ANJ). Logo depois apareceu um Sirotski nos alertando para o perigo da combinação entre televisão, política e religião.

Não notei o primeiro nome de ambos. Não faz diferença. Pertencem, ambos, a famílias "de bem" do Brasil.

Nenhum dos dois corou ao discursar.

Marinho e democracia. Quem é que suporta vez essas duas palavras juntas? Não foi o patriarca um dos grandes açuladores do golpe de 1964? Não fez isso por escrito? Dado o golpe, não foi Marinho o maior beneficiário civil do regime que estuprou a democracia? O que fez a ANJ em defesa de Lúcio Flávio Pinto, um dos melhores repórteres do Brasil, que é atacado por oligarcas regionais que sustentam o império dos Marinho?

Não foram os Marinho que promoveram o padre Marcelo Rossi, uma versão anódina e mauricinha do catolicismo, que afasta as massas de frases e palavras perigosas como "oprimidos", "comunidades eclesiais de base" e "teologia da libertação"? Não fizeram isso por motivos políticos e econômicos usando uma concessão de TV?

Não foram os Marinho que instalaram Antonio Carlos Magalhães no Ministério das Comunicações durante o governo de José Sarney -- antes que os Marinho descobrissem que Sarney é Sarney --, promovendo a distribuição ampla, geral e irrestrita de concessões responsável pela ampliação do mandato de Sarney para cinco anos? Não foram os Marinho, portanto, fiadores desse modelo em que a política, a mídia e o Congresso se combinam para concentrar poder e, portanto, propriedade e renda?

Os Marinho se desfizeram de suas alianças regionais com José Sarney no Maranhão ou Fernando Collor de Mello, em Alagoas, ambos retransmissores dos sinais da TV Globo? Ou continuam sendo as principais fontes de sustentação política e econômica desses oligarcas?

Outro dia, lendo a resenha de um livro recém-lançado sobre Lula, me diverti com a descrição que o principal ideólogo da Globo fez do presidente brasileiro:

"Um brasileiro médio, mais ou menos crente em Deus e que se vê como o proponente de uma sociedade capitalista onde haja mais harmonia entre os pobres e ricos".

É a versão "cordial" de Lula, que promove "harmonia" entre "pobres e ricos", nessa sociedade sem classes em que os Marinho, obviamente, estão por cima.

Eles agora se reinventam como fiadores dessa "harmonia social", numa sociedade em que negros politizados são "baderneiros", em que não há racismo, em que antes de reivindicar os miseráveis devem "se educar", frequentando os museus da Fundação Roberto Marinho (financiados com dinheiro público), assistindo ao Telecurso e, para os católicos, celebrando a vida com Marcelo Rossi. Qualquer alternativa que não passe pelo bolso dos Marinho não é recomendável.

Nesse admirável mundo novo não só as classes sociais foram abolidas. Não existe imperialismo. A solução é simples: deixamos os Estados Unidos "nos ajudarem com o pré-sal" em troca deles nos armarem. Deixa eu ver se eu entendi o que querem os Marinho: os gringos ficam com parte do pré-sal e ainda nos vendem as armas para defender o pré-sal doado a eles!!! Até um americano se envergonharia de tamanha bajulação...

Ah, e nesse mundo de "harmonia", em que brasileiros e americanos "se ajudam", é preciso amar a natureza e "preservar a Amazônia". Para, quem sabe lá adiante, depois do pré-sal esgotado, convidar os americanos para "explorá-la conosco", em troca de um segundo carregamento de armas para usar nas guerras contra a Bolívia, o Paraguai e a Igreja Universal.

E ai de você se quiser alterar esse estado de coisas. Será declarado uma "ameaça à democracia". E, sem outra saída, em defesa da ordem e da civilização cristã, os Marinho serão praticamente forçados a dar outro golpe de estado. Quem mandou provocar?

Para se justificar, publicarão em O Globo:

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.

PS: A direitona sabe muito bem o que quer em 2010: manter o controle de poucos sobre a terra, a mídia e o subsolo (pré-sal e minérios). A esquerda é que parece não saber quem é o adversário.

Lina Vieira e a estratégia dos malandros

Fala abaixo é a da Lina Vieira, após dizer que não sabe o dia e a hora do suposto encontro com a ministra Dilma, nem sabia descrever o gabinete da ministra.

"Eu não mudo a verdade no grito, nem preciso de agenda para dizer a verdade. A mentira não faz parte da minha biografia."

Os trastes da direita safada brasileira estão usando frase como se fosse uma prova de uma pessoa ética.

Eu discordo.

Esta é a principal estratégia dos malandros.

Você compraria uma casa de alguém que te dissesse "eu não preciso te mostrar os documentos da casa, minha palavra basta"?

Eu JAMAIS compraria uma casa na qual o vendedor não me mostrasse todos os documentos do imóvel e dele próprio.

Uma vez fui comprar um terreno, depois de acertar o preço, dei para o vendedor uma lista de documentos para ele me entregar para concretizar o negócio.

O sujeito ficou me enrolando para entregar. Dizia que era um sujeito honesto, que não mentia, tinha biografia positiva. Dizia que sua palavra valia muito.

Lógico que não comprei o terreno. A pessoa que comprou teve MUITOS PROBLEMAS.

Comprei outro terreno de uma pessoa honesta. Esta pessoa honesta apresentou todos os documentos.

É assim que agem as pessoas honestas: mostram e provam o que dizem.

Já os malandros adoram bater no peito e não mostram nada.

A tal Lina Vieira acha que tem biografia. Nem sabia da existência dela. Por que teria que acreditar em uma pessoa desconhecida?

Se ela é correta vai mostrar o que tem para mostrar. Se não tem nada, que confesse que mentiu. Esta é a única dignidade que ela precisa ter.

Observe bem: agenda não prova nada, mas permite um INÍCIO de investigação. Até porque ela pode agora mesmo escrever o nome Dilma em uma página qualquer.

Eu não conheço ela, não sei do seu caráter, não sei da sua vida.

Eu sei que quem acusa os outros tem que provar, tem que pelo menos dar elementos para as pessoas se defenderem.


Mercadante prova índole mentirosa de Lina
http://chicaodoispassos.blogspot.com/2009/08/mercadante-prova-indole-mentirosa-de.html


Complementando: os jornais disseram hoje, dia 20, que a Lina disse reservadamente aos senadores da oposição que o dia do encontro foi 19 de dezembro.

Muito esquisito. Ela não fala na sessão e fala reservadamente?

Ou será que a imprensa sabe que ela foi este dia no Palácio do Planalto para outra reunião (lá trabalham centenas de pessoas) e vão tentar enfiar goela abaixo a "hipótese" de ser o encontro com a Dilma?

A imprensa gosta de mentir e enganar, temos que ficar atentos.

Que a verdade apareça, doa a quem doer.

Fonte: blog do Chicão

Diga-me com quem tu andas... Marido de secretária é marqueteiro de Agripino, do DEMo

O jornalista Luiz Antônio Magalhães deu em seu blog Entrelinhas uma boa pista do que pode ter movido a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira. Vejam só que interessante:

"O marido de Lina Vieira chama-se Alexandre Firmino. É sócio da agência de publicidade Dois.A, de Natal. Tudo isto é fato. Também é fato que a Dois.A realizou campanhas para o senador José Agripino Maia (DEM-RN). Dois e dois são quatro, mas em alguns casos podem também ser cinco".

Para quem não se lembra, Agripino Maia, vulgo Tião Gavião, é aquele sujeito que foi humilhado pela Dilma durante uma dessas CPIs da vida, quando a ministra lembrou que durante a ditadura militar ambos lutavam de lados opostos. Ela a favor da liberdade e da democracia, ele a favor dos ditadores e torturadores.

Enfim, diga-me com quem tu andas que eu direi quem tu és... Precisa dizer algo mais?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Legislando em causa própria:Vereadores aprovam proposta de Kassab para aumentar salário de prefeito, vice e secretários


Do blog Terror do Nordeste

A
Câmara Municipal de São Paulo aprovou no início da noite desta quarta-feira (19) um projeto de emenda à Lei Orgânica, de autoria do prefeito Gilberto Kassab, para elevar a R$ 22 mil o teto salarial de secretários municipais, do prefeito e da vice-prefeita, de acordo com a assessoria de imprensa da Câmara. O novo teto salarial passa a valer somente no ano que vem. Pela proposta, aprovada por 48 dos 49 vereadores que estavam no plenário (um se absteve), todos os anos uma lei definirá como será o salário do prefeito, do vice e dos secretários municipais no ano seguinte, com um teto equivalente a 90,25% dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (o que hoje representa R$ 22.111). A mesa diretora da Câmara encaminhará também uma proposta - também aprovada por todos os vereadores - para que os secretários não recebem mais jetom - bônus salarial por acúmulo de funções.

DEM EVIDENCIA QUE TRABALHA PARA OS BANQUEIROS

DEM trablhando para os banqueiros

"Os demos têm feito discurso da redução da carga tributária. Foi um grande incentivador do impostômetro, cujo painel está no alto de um prédio no centro de São Paulo.

Também, costuma liderar a reação no Congresso a cada proposta de majoração de impostos e tarifas públicas do governo.

Causa estranheza, portanto, que o DEM tenha se empenhado em barrar, no Senado, o projeto para regulamentar a cobrança de tarifas bancárias. O projeto vai além das normas ditadas pelo Conselho Monetário Nacional em 2006 e é uma antiga reivindicação das associações de defesa do consumidor.

Os bancos, que justificam os pacotes de tarifas pela necessidade de serem remunerados pelo serviço prestado, ganharam um aliado --Partido dos Democratas--que só vê extorsão quando a cobrança é do Estado".

FONTE: blog "Os amigos do Presidente Lula", em 15/08/2009.

DONDOCAS & CANSADOS

Do blog Democracia & Política

“Como era um sábado de sol em SP, as dondocas e cansados fizeram passeata em Sampa, na Av. Paulista. As dondocas exibiam chapéus, óculos escuros, nariz de palhaço: perfeito! O mote: "Fora Sarney". São os mesmos que já fizeram passeatas por conta do acidente do avião da TAM.

Volto a questionar esses tucanos de plumagem encrespada, tingida de ética e moral de fancaria: por que fora só Sarney? E o Arthur Virgílio, o Efraim de Morais, o Heráclito Fortes, o Tasso Jereissati, que comprovadamente desviaram dinheiro público?

Outro paradoxo gritante: o mesmo povo de plumagem tucana que grita fora Sarney elegeu Maluf como deputado federal mais bem votado em SP. Maluf, comprovadamente, roubou o dinheiro público de Sampa, superfaturou todas as obras, tem centenas milhões em paraísos fiscais, foi preso pela PF, mas as dondocas e cansados não foram para ruas gritar "fora Maluf".

Fica aqui provado o seguinte: O PSDB/DEM e Maluf podem roubar à vontade. Eles são contra o Lula, fazem parte da direita reacionária que torce o nariz para os pobres, são contra os programas sociais do governo Lula, que beneficiam milhões de brasileiros das camadas sociais mais pobres. Roubem, trapaceiem, façam mil maracutaias: se forem contra Lula, têm o apoio dos 8% da elite, da PIG, que odeiam o presidente Lula. Essa gente está seguindo ordens do PSDB/DEM, que quer paralisar o governo Lula usando o Senado.

Tentam impedir os partidos, no caso o maior partido, o PMDB, de continuar a apoiar o governo Lula, de aprovar projetos do governo que beneficiem o povo. Querem impedir Lula de eleger seu sucessor em 2010.

Esse é o motivo de só "fora Sarney".

Entenderam? Precisa desenhar?”

FONTE: texto de Jussara Seixas publicado em 17/08/2009 em seu blog “Por um novo Brasil”.

A Batalha de Honduras e a América Latina


Da Agencia Carta Maior

A obstinação de Micheletti foi encorajada por aqueles que vêem a crise em Honduras como uma chance de interditar o avanço da esquerda na América Latina. Um mês e meio depois de Zelaya ter sido afastado, o pequeno e desesperadamente pobre país da América Central se tornou palco de uma grande batalha que poderá desenhar a política hemisférica, inclusive a política externa de Barack Obama, para os próximos anos. A fixação em Chávez é muito útil para desviar a atenção da pobreza que corrói a região, bem como do fracasso do modelo econômico neoliberal promovido por Washington nas últimas décadas. O artigo é de Greg Grandin.

Roberto Micheletti, que tomou o poder em Honduras depois do golpe de 28 de junho, tem estado sob intensa crítica da comunidade internacional por rejeitar um compromisso negociado pelo presidente Oscar Arias, da Costa Rica, o qual permitira a Manuel Zelaya, o presidente democraticamente eleito, forçado ao exílio pelos militares, retornar como líder de um governo de reconciliação. Mas a obstinação de Micheletti foi encorajada por aqueles que vêem a crise como uma chance de interditar o avanço da esquerda na América Latina. Um mês e meio depois de Zelaya ter sido afastado, o pequeno e desesperadamente pobre país da América Central se tornou palco de uma grande batalha que poderá desenhar a política hemisférica, inclusive a política externa de Barack Obama, para os próximos anos.

Nos anos de 1980 Honduras serviu como um estágio para as operações anticomunistas de Ronald Reagan na Nicarágua, em El Salvador e na Guatemala, e como um portal para a Nova Direita Cristã derrotar a Teologia da Libertação. A cruzada anticomunista da América Central tornou-se algo como o esquadrão da morte do Código Da Vinci, agregando um bloco carnavalesco incluindo a primeira geração de neocons, torturadores latino-americanos, oligarquias regionais, cubanos anti-Castro, mercenários, ideólogos do Opus Dei e enormes púlpitos evangélicos.

A campanha para expulsar Zelaya e impedir sua restauração ao poder reuniu os velhos camaradas dessa batalha, inclusive figuras sombrias, como Fernando “Billy” Joya (que, nos anos 80 foi membro do Batalhão 316, uma unidade paramilitar hondurenha responsável pelo desaparecimento de centenas, e que agora trabalha como assessor de segurança de Micheletti) e os veteranos do Irã-Contras, como Otto Reich (que dirigiu o gabinete de diplomacia pública de Reagan, que malversou o dinheiro público para manipular a opinião pública a apoiar a guerra dos Contra contra a Nicarágua). Os generais hondurenhos que depuseram Zelaya receberam seu treinamento militar no auge da guerra suja, inclusive com cursos na notória Escola das Américas. E a atual crise revela uma química familiar entre as hierarquias católicas conservadoras e os Protestantes evangélicos que, com uma mão deram suporte ao grupo, e cristãos progressistas que estão sendo atacados pelas forças de segurança, pela outra.

Aliados à coalizão do golpe estão novos atores, como o venezuelano Robert Carmona Borjas, que em 2002 se envolveu na tentativa de derrubar o presidente venezuelano Hugo Chávez. De acordo com a analista de América Latina Laura Carlsen, Carmona, trabalhando junto com Reich, voltou suas atenções para Honduras depois do fracasso na tentativa deter a vitória eleitoral da esquerda na Venezuela. Começando em 2007, a Fundação Arcadia de Carmona lançou uma campanha midiática para desacreditar Zelaya, acusando seu governo de corrupção. Como escreveu Carlsen, a “natureza politizada da ofensiva anti-corrupção da Arcadia estava clara desde o começo”. Carmona, bem como Otto Reich, acusaram o presidente Zelaya de 'cumplicidade' com vários crimes. A cruzada foi similar ao modo como o Instituto Republicano Internacional ligado a grupos de “promoção da democracia” desestabilizaram o presidente haitiano Jean-Bertrand Aristide, resultando em sua derrubada em 2004.

Outro recém chegado na batalha é Lanny Davys, ex-assessor de Hillary Clinton e atual lobista, que foi contratado pelos empresários que deram suporte ao golpe para pressionar o Departamento de Estado de Clinton a reconhecer o governo Micheletti. A ala de Clinton no Partido Democrata tem vínculos profundos com neoliberais latino-americanos que presidiram as ruinosas políticas de liberalização de mercados nos anos de 1990, agora vastamente deslocadas do poder por novos membros da esquerda regional. Os consultores de pesquisas de Clinton, como Stanley Greenberg e Doug Schoen, vêm trabalhando em muitas de suas campanhas eleitorais [da América Latina], sempre do lado perdedor.

Três anos atrás a região, localizada na esfera de influência dos EUA pelo Acordo de Livre Comércio da América Central, parecia imune às mudanças que vinham ocorrendo na América do Sul, que tinham levado a esquerda ao poder na maioria dos países. Mas então, os Sandinistas voltaram ao poder na Nicarágua em 2006. Recentemente, a FMLN [Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional] ganhou a presidência em El Salvador, e a Guatemala, liderada pelo presidente de centro-esquerda Álvaro Colom, está testemunhando o ressurgimento de um pesado ativismo, a maior parte contra as corporações transnacionais que exploram minérios e biocombustíveis.

Em Honduras, Zelaya agitou o cenário ao aumentar o salário mínimo e pedir desculpas pelas execuções de crianças de rua e membros de gangues, levadas a cabo pelas forças de segurança, nos anos 90. Ele fez movimentos para reduzir a presença do exército dos EUA e se recusou a privatizar a Hondutel, a empresa estatal de telecomunicações, uma negociação que Micheletti, como presidente do Congresso, pressionou para que se realizasse. Zelaya também vetou a legislação, apoiada por Micheletti, que baniu a venda da pílula do dia seguinte. Considerando o vergonhoso apoio do presidente nicaraguense Daniel Ortega às posições anti-aborto da igreja católica, a qual resultou numa legislação que condena a trinta anos de prisão a mulher que o praticar, essa foi talvez a medida mais corajosa tomada por Zelaya. Ele também aceitou ajuda internacional, na forma de petróleo a baixo custo da Venezuela. Seria impossível superestimar o ódio que a classe dominante da América Central tem de Chávez, cuja presença é vista por trás de todos os protestos massivos e de todas as manifestações pela democratização política e econômica da região. O presidente de um conselho empresarial hondurenho disse recentemente que Chávez “tinha Honduras na sua boca. Ele era um gato com um rato na boca, que foi embora”.

A fixação em Chávez é muito útil para desviar a atenção da pobreza que corrói a região, bem como do fracasso do modelo econômico neoliberal promovido por Washington nas últimas décadas. Quarenta por cento dos centro-americanos, e mais de 50% dos hondurenhos vivem na pobreza. A obsessão por Chávez também distrai do fato de que sob a igualmente desastrosa “guerra contra as drogas” de Washington, os cartéis do crime, profundamente arraigados nas famílias das oligarquias militares e e tradicionais, levou boa parte da América Central à condição que o Gabinete para a América Latina de Washington chama de “estados cativos”.

Para a Casa Branca, Honduras está provando ser um difícil e inesperado teste de política externa. Depois de condenar o golpe, Obama entregou a gestão da crise ao Departamento de Estado. Em vez de trabalhar diretamente com a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Secretária de Estado Hillary Clinton nomeou unilateralmente Oscar Arias, quebrando compromissos e ignorando as preocupações de muitos outros governos latino-americanos de que negociações garantiriam muito mais legitimidade ao golpe. Até agora Clinton tem relutado em aplicar uma série de possíveis sanções, inclusive congelando contas bancárias daqueles que protagonizaram o golpe, para forçar Micheletti a aceitar o plano de Arias. E para aqueles que vêem Micheletti como a última linha contra o avanço de chavismo – seja em Honduras, na Guatemala, El Salvador ou em qualquer outro lugar da América Latina – o retorno de Zelaya, mesmo a tão poucos meses de término do seu mandato, é inaceitável.

No fim dos anos 70 a revolução sandinista revelou os limites da tolerância de Jimmy Carter com o nacionalismo do Terceiro Mundo. Quanto mais Carter tentava apaziguar os falcões na sua administração, mais ele era acusado de vacilar, pavimentando assim o caminho para os neoconservadores sob Reagan, para usar a América Central como amostra de sua linha dura.

Hoje, uma dinâmica similar está tomando lugar. Os republicanos se alinharam ao redor de Micheletti, enviando uma delegação congressual, liderada por Connie Mack para visitar Tegucigalpa. Em mais uma página da história da estratégia da direita na América Latina, eles acusaram Obama, associando-o com Chávez. Obama disse: “Esse é o tipo de expediente ostensivo que os Republicanos, fora da agenda doméstica, vêm adotando. A posição da Venezuela em Honduras é idêntica à do Brasil e do Chile – e, nessa questão, a da União Européia”. Mas os ataques da direita são efetivos, em larga medida porque assim auto-descritos liberais repetidamente se enfileiram na demonização não apenas de Chávez, como o fez Lanny Davis recentemente, mas também de esquerdistas como Evo Morales e Rafael Correa, no Equador.

No começo de Agosto, o Departamento de Estado pareceu estar dando suporte aos republicanos, declarando numa carta ao senador republicano Richard Lugar que “as ações provocativas” de Zelaya “desencadearam os eventos que levaram ao seu afastamento”. Essa declaração, bem como os mornos esforços para pressionar Micheletti, são um mau presságio quanto à disposição da administração Obama em resistir à pressão da direita.

O próprio Obama continua a enviar sinais confusos. Numa cúpula de presidentes do México, Canadá e EUA em Guadalajara, em agosto, ele reclamou que “os críticos que dizem que os EUA não intervieram suficientemente em Honduras são os mesmos que dizem que sempre interviemos e que os Yankees precisam sair da América Latina. Não se pode ter ambas as coisas”. Contudo, ninguém na América Latina está pedindo uma intervenção unilateral dos EUA, mas, antes, que Washington trabalhe multilateralmente com a OEA. Ao nomear Oscar Arias, os Estados Unidos efetivamente sobrepujaram a OEA. Assim como Obama fez essas observações, os presidentes da América do Sul, que se encontraram em Quito, no Equador, reafirmaram sua condenação do gole e disseram que não vão reconhecer qualquer presidente eleito sob o atual regime – um passo que o Departamento de Estado de Clinton se recusou a dar.

O fracasso em restaurar o poder de Zelaya enviará uma clara mensagem aos conservadores latino-americanos de que Washington tolerará golpes, uma vez que esses tenham sido propiciados com o pretexto democrático. Como observou recentemente o historiador Miguel Tinker num ensaio publicado em Common Dreams eles já entendem que Honduras pode ser um ponto de virada. Um homem de negócios conservador venceu a presidência no Panamá. Em junho, na Argentina, o partido de centro-esquerda peronista de Cristina Fernández sofreu uma derrota relativa e perdeu o controle do Congresso. E pesquisas mostram que as próximas eleições presidenciais no Chile e no Brasil possivelmente implicarão perdas maiores para a esquerda.

Enquanto isso, Zelaya está convocando apoiadores dos arredores para pressionarem pelo seu retorno. Em Honduras, os protestos continuam e a contagem de corpos dispara. Ao menos 11 apoiadores de Zelaya foram assassinados desde o golpe. O último, Martín Florencio Rivera, foi apunhalado até a morte depois de ter deixado o velório de uma outra vítima. Micheletti, por sua vez, está recolhido em Tegucigalpa, apostando que pode alavancar, por fim, o apoio internacional, até que a agenda da eleição presidencial em novembro seja regularizada. O curso futuro da política latino-americana pode estar em jogo.

Greg Grandin é professor de história na New York Univesity e um dos grandes especialistas em história latino-americana dos Estados Unidos. É autor do recentemente publicado Empire's Workshop: Latin America, The United States, and the Rise of the New Imperialism(Metropolitan).

Artigo publicado originalmente no The Nation, em 12 de agosto de 2009

Tradução: Katarina Peixoto

Fotos: www.movimientos.org

Explicação da Datafraude

por Eduardo Guimarães (Cidadania.com)

Confesso que, apesar de ter antecipado aqui, três semanas antes da pesquisa Datafolha publicada no último domingo, que ela mostraria o que efetivamente mostrou (prejuízo de imagem a Dilma e Lula devido ao apoio deles a Sarney), fiquei surpreso com a pesquisa Band/Vox Populi sobre a sucessão presidencial divulgada ontem no principal telejornal da emissora paulista.

Quando minha fonte na Folha de São Paulo me revelou do acordo entre políticos de oposição, institutos de pesquisa de opinião e órgãos de imprensa para fraudar sondagens do eleitorado, não achei que isso se devia a uma forte queda de Serra e a disparada de Dilma na preferência popular. Achava apenas que queriam “matar” Dilma enquanto ainda estava “fraca” e Serra, “forte”.

Mas, de fato, se notarmos o nível de partidarização em que mergulharam TODOS os grandes órgãos de imprensa, que compraram e endossaram sem pestanejar uma versão nebulosa de uma acusação à ministra-chefe da Casa Civil na qual quem acusa não se lembra do dia nem da hora do suposto encontro que teria tido com ela, mas se lembra até da roupa que a ministra teria usado nessa reunião fantasiosa, bem como de outros detalhes mínimos, a explicação para essa fúria midiático-oposicionista fica evidente.

Sim, é desespero de causa. Para influir na vontade da maioria, pisam no acelerador de uma tática que vem fracassando contra o patrono da candidatura Dilma uma vez após outra desde 2004. Só gente desesperada agiria assim.

Também me surpreendeu o nível de ousadia da pesquisa Datafraude. Achei que “trabalhariam” dentro da “margem de erro”. Contudo, a comparação dos números do instituto de pesquisa da Folha e do Vox Populi revela uma fraude que, em termos estatísticos, pode ser considerada gigantesca.

Vejam, abaixo, comparação dos números das duas pesquisas feita pelo caro Rodrigo Vianna em seu blog:

DATAFOLHA

1) Serra 37% 2) Dilma 16% 3) Ciro 15% 4) Heloisa Helena 12%

VOX POPULI

1) Serra 30% 2) Dilma 21% 3) Ciro 17% 4) Heloisa Helena 12%

Notem, por exemplo, como Heloísa Helena tem o mesmo percentual e Ciro Gomes quase o mesmo em duas pesquisas totalmente antagônicas.

Mais importante ainda, mais esclarecedor ainda é a censura dos grandes meios de comunicação – e até dos grandes portais de internet – à pesquisa Vox Populi. Esse instituto é respeitadíssimo desde sempre. Não me lembro de ter sido censurado antes. Logo que descobrirem que não conseguirão esconder os números – até porque foram veiculados na televisão –, passarão a desqualificar o instituto.

O estafe serrista na mídia tentará ocultar a pesquisa o máximo possível. Em vez de a própria Folha de São Paulo, em nome da credibilidade de seu instituto, vir a público tecer considerações e questionamentos ao Vox Populi, omite de sua edição desta quarta-feira a pesquisa contraditória, apesar de suas edições serem fechadas à meia noite, o que lhe daria tempo de sobra para noticiar o que a tevê Bandeirantes noticiou às 20 horas de ontem.

A esta altura, não há dúvida de que a mídia decidiu censurar a pesquisa Vox Populi. Pode-se dizer isso devido à censura dos grandes portais de internet. Em termos da rede mundial de computadores, já se passaram meses desde a divulgação da pesquisa desafiadora.

Aliás, a Band censurou um dado que um leitor do blog de Luis Nassif bem ressaltou e que poucos se deram conta: a rejeição de José Serra é a maior entre todos os candidatos. E se a rejeição de Dilma é maior entre as mulheres, a de Serra é maior entre os homens.

Agora você dirá: “Eduardo, você se precipitou ao dizer que Lula erra ao não reagir ao assédio difamatório da imprensa a Dilma. Ele sabe o que faz, pois sabe que a população já notou que estão fazendo com sua candidata o que sempre fizeram com ele”.

Pode ser, mas isso não muda o fato de que estar sendo violado o mais basilar princípio jurídico, o de o ônus da prova caber a quem acusa, é uma ameaça a todos os cidadãos, inclusive àqueles que aplaudem essa barbaridade que estão praticando contra a ministra.

A oposição está abrindo as portas do inferno. Uma sociedade que pratica tais barbaridades, também se torna bárbara, e em uma sociedade bárbara ninguém está seguro. É por isso que continuo cobrando reação do chefe da Nação, em defesa do Estado Democrático de Direito, que está sendo virtualmente estuprado para beneficiar uma mera candidatura política.

Recorde de visitação do Cidadania

Fazia um bom tempo que eu não analisava os controles de visitação do blog. Fiz isso hoje e tomei um susto. Praticamente dobrou a visitação. Nos últimos 30 dias (que inclui o período de férias), contabilizei mais de 270 mil page loads.

Não faço idéia de onde vieram tantos leitores novos, mas saúdo a todos.

Não use drogas

Dos leitores:

O PIG noticiou...

Estou rindo até agora:

"Pesquisa Datafolha publicada pela Folha de S.Paulo no último domingo mostra cenário semelhante ao da pesquisa Vox Populi."

http://noticias.uol.com.br/politica/2009/08/19/ult5773u2126.jhtm

Semelhante??????????????

Marcio | São Paulo | Advogado

Nassif e o último suspiro de Serra

Clique aqui para ler

O coração da fraude

Para mim, está na ausência de sondagem na Bahia, no Rio Grande do Sul e em Pernambuco na pesquisa Datafolha


Os jornalões e a "nova lei Rouanet"

Os jornalões e a "nova lei Rouanet"

por Maurício Caleiro, no Observatório da Imprensa

Embora a "grande imprensa" venha, de modo geral, apresentando um comportamento bem menos figadal do que o adotado por ocasião da discussão do projeto da Ancinav, a cobertura, pelos jornais Folha de S.Paulo e O Globo, das discussões em torno da renovação da lei de incentivo à cultura está permeada por omissões, manipulações editoriais e estratégias discursivas que impedem uma apreensão mais abrangente do processo ora em curso – e dos interesses em jogo.

O debate para renovação da lei começou oficialmente em 2003, foi pontualmente retomado depois disso e ganhou força no ano passado, durante o Fórum Nacional de Financiamento da Cultura, entrando para a ordem do dia a partir da divulgação, há um mês, de documento, produzido no âmbito do Ministério da Cultura, que resume e hierarquiza as propostas anteriormente debatidas. Desde então, PDF com as diretrizes do projeto está disponível para consulta pública no site do órgão.

Os maiores problemas identificados são a concentração dos projetos em poucas empresas produtoras (3% dos captadores obtiveram 50% do volume de verba arrecadada desde a vigência da lei), a desigualdade regional (Sul e Sudeste ficaram com 86% do total de verba captada entre 2002 e 2007), o baixo investimento privado (apenas 10% do custo dos projetos; o restante é coberto por dinheiro público) e, sobretudo, a "censura privada" (80% dos projetos julgados aptos a captar recursos não encontram diretor de marketing que os patrocine – com dinheiro público, convém notar). O fato de o ingresso mínimo para o Cirque du Soleil – que, acredite, captou recursos pela lei – ter custado $300,00 chamou a atenção para a necessidade de instituir alguma forma de retribuição social ou controle de preço de ingressos; já o montante arrecadado através da lei por órgãos governamentais (nos âmbitos federal, estadual e municipal) e da oposição (por exemplo, o Instituto Fernando Henrique Cardoso) evidenciou a necessidade de coibir seu uso político.

As principais propostas

Apresentadas aqui de forma extremamente resumida, as principais propostas do projeto são:

1. Fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura (FNC), aumentando seu volume de recursos e o montante de investimento público direto empregado em produção cultural no país (que em 2007 foi da ordem de 19%);

2. Diversificação das modalidades de financiamento de projetos, que passariam a incluir linhas de crédito e as chamadas PPCs (Parcerias Público-Privadas);

3. Ampliação da participação decisória dos setores artístico-culturais para além do âmbito do FNC (ou seja, incidindo sobre capital oriundo de renúncia fiscal);

4. Co-parcerias com estados e municípios;

5. Criação de diversas faixas de cotas de patrocínio via isenção tributária, somadas às de 30% e 100% vigentes;

6. Promoção da exportação da cultura;

7. Criação de loteria para gerar fundos para o setor e do "Vale-Cultura" – benefício nos moldes dos tíquetes-refeição, no valor individual de R$50,00 mensais.

Temores e preferências
Se você, leitor(a), for depender dos jornalões para encontrar todas as informações acima reduzidas e se inteirar do projeto, será quase impossível que logre fazê-lo. Alguns dos problemas identificados e, principalmente, algumas das propostas simplesmente não são mencionados. Em seu lugar, duas questões praticamente monopolizam a atenção: a discussão – geralmente em forma de questionamento raivoso – das desigualdades regionais na distribuição de recursos da lei e, sobretudo, os alertas contra a "ameaça de dirigismo". Arisca, rebarbativa, insidiosa como o comunismo durante o macartismo, ela é presença recorrente na cobertura do caso pelos dois maiores jornais do país.

O diário paulista, que vinha apresentando uma cobertura mais ou menos equilibrada – embora incompleta – da renovação da lei, em matérias assinadas ora por Larissa Guimarães, ora pela repórter Silvana Arantes, teve o primeiro ataque de pânico causado pela alegada ameaça no editorial intitulado "Nova Lei Rouanet". O texto, embora criticamente comedido, apresenta, em nada menos do que cinco dos nove parágrafos, alertas contra o "dirigismo", o "arbítrio estatal", a "indicação de representantes chapa-branca", a "brecha tentadora do aparalhamento estatal da cultura". Quanto à pífia atuação do setor privado da economia durante a vigência da lei, nenhuma palavra.

Mas foi na cobertura de evento promovido pela Folha de S.Paulo em que o ministro Juca Ferreira, o secretário paulista da Cultura, João Sayad, e mais três convidados debateram a nova lei, que os temores e as preferências dos dois jornalões tornaram-se mais evidentes.

A pecha de autoritário
O Globo, imparcial como de costume, descreve o ambiente: "Com o auditório da Folha lotado, principalmente com a presença de atores e produtores culturais que não concordam com as mudanças propostas, consideradas `autoritárias´, foram freqüentes as manifestações tanto contra, com vaias, gritos e até palavrões, como a favor do ministro, com aplausos."

O aspecto contraditório da descrição (uma maioria que aplaude o que é contra?), sua adjetivação unilateral e inexata (autoritarismo está entre as menos recorrentes – e mais improcedentes – acusações contra um projeto exaustivamente discutido) e seus truques discursivos (como enumerar três modalidades de manifestação do público quando reage a Sayad, contra apenas uma quando se dirige a Ferreira) poderiam até passar em branco, se o leitor não dispusesse de outras fontes – inclusive a Folha – para se informar sobre outras e coincidentes versões do que ocorrera de fato no evento.

Já o diário paulista abre a matéria em que cobre o debate – atribuída a anônima "reportagem local" – com uma jornalisticamente injustificada frase do ministro, que teria declarado ter feito "ioga" durante o aparte de um dos debatedores para conseguir ficar calado. Segundo a Folha, com tal gesto o ministro "desautorizou" o interlocutor. Essa abertura atípica e só aparentemente despropositada tem objetivo insidioso, que perpassa toda a matéria e, como veremos, se torna explícita ao final: colar a pecha de autoritário em Juca Ferreira.

Frase de impacto
Tratamento bem diverso o jornal dispensa ao seu ex-colunista João Sayad, que seguiu à risca o figurino tucano-paulista no evento, apoiando com destemor o dirigismo privado ao afirmar que "para mim está bom" que o destino sobre dinheiro público seja determinado por empresas. Na reação bairrista às assimetrias regionais na distribuição de recursos da lei, apontadas por Ferreira, utilizou uma argumentação tão curiosa quanto insustentável:

"Parece-me mistificação colocar o problema de um ponto de vista conflitivo que me lembra minha época de estudante de economia, quando a gente tinha aquelas teorias de que o Nordeste é pobre e São Paulo é rico."

A Folha não chega a desmentir tais teorias malucas, apartadas da realidade, nem a corroborar a supremacia econômica do Nordeste sobre São Paulo, mas registra que a resposta do ministro ("Qualquer brasileiro tem direito de acesso à cultura. Todos os brasileiros, inclusive os do Piauí") recebeu aplausos, porém sem o grito de "Bravo!" da "platéia" – exclusividade de Sayad.

Ao final, a matéria anônima viola o princípio da equidade jornalística, pois ouve apenas uma opinião a favor da lei – a da atriz Maria Alice "Tapa na Pantera" Vergueiro – e duas contrárias – a do "ator e produtor" Odilon Wagner (que também é consultor em comunicação para políticos, tendo atuado nas campanhas de FHC e José Serra – informações que a Folha omite) e a da atriz Beatriz Segall, cujo depoimento encerra a matéria com uma frase de impacto contra o ministro: "Como ele pode propor transparência se ele mesmo não aceita o diálogo e não aceita as críticas?"

Ligada à família, não à Globo
Seria interessante que outros órgãos da imprensa – talvez menos interessados em posicionar estrategicamente depoimentos a fim de causar espécie – entrevistassem a intérprete de Odete Roitman para esclarecer o que exatamente ela quis dizer com tal afirmação, já que poucas leis foram tão exaustivamente debatidas no país. Mesmo a mais tendenciosa descrição do evento atesta que diálogo é o que não faltou ali e, com todas as restrições que se possa e deva fazer à atuação do ministro, seria desonesto não reconhecer que é raro um dirigente demonstrar a capacidade de assimilar críticas – e, o que é mais importante, de efetivamente aplicá-las na correção dos aspectos falhos por elas apontados – exibida nos últimos meses por Juca Ferreira no que tange à reforma da legislação de fomento.

Porém a matéria que anuncia um novo patamar de conflito entre instituições ligadas a grupos de mídia e o projeto de reforma que contraria seus interesses intitula-se "Fundação Roberto Marinho contesta MinC" e foi publicada, em 15/04, com destaque, no caderno Ilustrada. Assinada pela supracitada Silvana Arantes, a matéria não viola frontalmente as normas do bom jornalismo (embora fique devendo a checagem de afirmações categóricas do entrevistado quanto a dados facilmente obtíveis, como veremos).

Nela, Arantes reporta que a fundação "encaminhou ao Ministério da Cultura um questionamento, amparado em argumentos jurídicos, à mudança da Lei Rouanet" e entrevista Hugo Barreto, secretário-geral da entidade. Este sustenta que a fundação, que contabiliza 33 projetos e R$ 81 milhões arrecadados através da lei, "é ligada à família Marinho, e não às empresas Globo", como se o dinheiro dos Marinho tivesse vindo de fonte outra. Eles, segundo o texto, "doam anualmente R$ 20 milhões `já tributados´ à fundação, que `opera com recursos de terceiros´".

"Dialética do impasse"
É lícito perguntar se, num meio artístico-cultural tão pobre do ponto de vista econômico como o brasileiro, uma fundação milionária, que goza de generoso espaço na corporação televisiva de maior audiência, deve mesmo ter tal acesso a dinheiro público, ao invés de ser obrigada a captar recursos no mercado – o que seria, inclusive, uma atitude condizente com a ideologia apregoada pelo grupo de mídia em questão.

A exemplo de Sayad, Barreto também questiona as diferenças regionais na distribuição dos recursos da Lei Rouanet, atribuindo-as a "reflexo de uma condição macroeconômica, não indício de distorção específica da lei" e afirmando que elas também ocorrem na gestão de verbas do próprio MinC – e aqui, a repórter, embora ouça o outro lado, tomando depoimento do ministro Ferreira, não se preocupa em checar nem os dados macroeconômicos nem os do Ministério (se o fizesse, constataria que ambos apresentam assimetrias consideravelmente menos pronunciadas do que as verificadas na captação de recursos pela "lei Rouanet"). Com a omissão desses dados, a matéria transforma-se num jogo de acusações e respostas, com o representante da Fundação Roberto Marinho no ataque e o ministro na defesa.

Mas, para Barreto, é o Ministério que, ao ressaltar as desigualdades regionais, "cria essa dialética do impasse, do conflito". Assim, o funcionário da Fundação Roberto Marinho acaba por emular, em relação à "nova lei Rouanet", a postura do diretor-executivo de jornalismo da – adivinhe – Rede Globo, Ali Kamel, em relação às cotas raciais, como se evidenciar o problema equivalesse a criá-lo.

Dando voltas em círculos
Após, valendo-se avant la lettre de pareceres jurídicos, a Fundação Roberto Marinho questionar diretamente o Ministério da Cultura, abdicando do diálogo aberto e dos mecanismos de consulta pública disponíveis aos demais cidadãos, em relação aos quais tenta se colocar em outro patamar; evidenciando, com o gesto distintivo e exclusivista e com os termos de sua demanda, o peso e a ideologia da organização de mídia que, a despeito das negativas de fachada, lhe dá suporte; e, talvez mais importante, tendo suas demandas repercutidas com destaque pelo outro grande órgão diário da imprensa, que se presta a co-desempenhar a função de interrogador quanto às suas demandas, está aberto o caminho para uma nova campanha conservadora, voltada para a manutenção de privilégios e do stauts quo.

Infelizmente, a união entre grupos de mídia para defender interesses em comum, que se esboça uma vez mais no atual estágio de discussão da nova "lei Rouanet", não encontra resistência equivalente nos indivíduos e setores mais progressistas da sociedade, que ainda não se deram conta de que uma política de comunicação realmente democrática – com o fim do monopólio da mídia por poucas famílias, da perseguição às rádios "piratas", das tentativas de se restringir a livre-manifestação na internet – não se coaduna com leis de incentivo que, embora utilizando dinheiro público, permitem que funcionários de empresas privadas determinem o que vai e o que não vai ser filmado (e publicado e encenado e musicado) no país.

A luta por uma política avançada de comunicações engloba necessariamente a produção cultural e passa pela superação do estágio de adoção do neoliberalismo como ideologia orientadora das políticas oficiais – algo que a proposta do MinC não logra, apenas insinua. Do contrário, ficaremos todos, tanto na esfera comunicacional quanto na artística, dando voltas em círculos, submetidos ao poder da "grande mídia" e do mercado financeiro.

*Maurício Caleiro é jornalista, cineasta, doutorando em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense.

Publicado no Observatório da Imprensa, em 21/4/2009

Fonte: blog vi o mundo

domingo, 16 de agosto de 2009

Eduardo Guimarães: Datafraude

por Eduardo Guimarães, no Cidadania.com

Declaro publicamente que tenho fortes motivos para acreditar que a pesquisa Datafolha divulgada neste domingo é uma completa fraude.

Antes de falar da pesquisa, porém, quero lembrar que seu resultado não deveria surpreender ninguém. Afinal, no dia 24 de julho (portanto, há mais de três semanas, quando nem os boatos sobre ela haviam começado) antecipei aqui neste blog o que o jornal paulista viria a fazer.

Eu disse, naquela oportunidade, que fonte que tenho no jornal Folha de São Paulo me informara de que Globo, Folha, Estadão, Veja, Serra e FHC estavam mantendo entendimentos (inclusive com outros institutos de pesquisa além do Datafolha) para fabricar pesquisas que sugerissem que o apoio de Lula e de Dilma a Sarney lhes provocara perda de popularidade.

A pesquisa Datafolha publicada neste domingo, além de falsear números, omite e distorce informações que ela mesma contém.

Em primeiro lugar, o Datafolha fabricou, dentro da “margem de erro”, uma queda de popularidade de Lula. Notem como a “análise” do diretor do Datafolha sobre a popularidade presidencial procura tirar o foco dessa “queda”. Ele diz que não houve queda, mas houve – estatisticamente.

Lula caiu de 69% para 67% numa pesquisa com margem de erro de 2%. A idéia é mostrar que a “queda” ocorreu para reforçar a teoria anti-Sarney que embasa a sondagem manipulada. Porém, resguardando-se contra possíveis diferenças em outras pesquisas, a análise do diretor do Datafolha sobre o fato busca minimizá-lo.

Ora, se o bombardeio sobre o mensalão, que durou quase dois anos, não fez Lula perder popularidade, Sarney faria?

Antes de prosseguir, quero lembrar que a falsificação de pesquisas não é novidade no Brasil. Houve outro momento em que a mídia e a oposição não queriam se conformar com a popularidade de Lula e partiram para a fraude estatística.

Foi no final de 2005. Pesquisas Datafolha e Ibope mostraram, no fim de novembro e começo de dezembro, queda pronunciada da aprovação de Lula. Em janeiro, cerca de um mês depois, sai uma pesquisa CNT-Sensus mostrando disparada da aprovação de Lula num período de festas em que nada aconteceu que justificasse tal disparada.

Agora o caso de Dilma. Além da manipulação de enfoque sobre os números, na forma de o jornal dizer na primeira página que “a pré-candidata petista, ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), deixou de subir” sem dizer que Serra continua caindo, ainda que dentro da margem de erro, há uma omissão flagrante.

Por que a Folha não fez simulações sobre o segundo turno? A causa dessa omissão fica clara quando, no principal cenário da pesquisa, somam-se os votos de Ciro, Dilma e Heloisa Helena, que chegam a 43% contra 37% de Serra.

Claro que o tucano se beneficiaria de parte dos votos de Ciro e de Heloísa Helena num segundo turno entre ele e Dilma, mas, como ocorreu em 2006, sabe-se que o eleitorado da psolista e do ex-ministro, inimigo figadal de Serra, cairiam muito mais no colo de Dilma, o que explica a falta desse cenário na pesquisa.

Ah, sim, há também o fato de que a íntegra da pesquisa Datafolha ainda não foi publicada no site do instituto. Outro fato estranho e que não costuma ocorrer.

Outro fato crucial a notar: conforme anunciei há quase um mês, segundo meu informante na Folha de São Paulo estava sendo feito um acordo com o Ibope e com o instituto Sensus. Daí, para a pesquisa Datafolha sair como saiu, conclui-se que esse acordo deve ter sido fechado.

Resta o Vox Populi. Sondagens recentes do instituto demonstram dados surpreendentes sobre a candidatura Dilma, como ela ter ultrapassado Serra em vários Estados importantes, como Rio Grande do Sul e Bahia.

Independentemente das pesquisas, porém, o governo Lula e o PT parecem não ter se dado conta ainda do jogo que está em andamento. A grande operação infla Serra que vem ocorrendo parece não estar sendo notada.

A campanha publicitária avassaladora da lei de Serra sobre o cigarro, as manifestações claramente orquestradas pela derrubada de Sarney que levaram “estudantes” a se manifestarem contra ele em várias partes do país, mais um factóide surgido do nada contra Dilma...

Lula e o PT estão dormindo. E, desse jeito, logo os golpistas não terão mais que fajutar pesquisas.

Fico estupefato ao constatar a lentidão de Lula nessa questão das pesquisas. Uma sondagem nacional de algum outro instituto deveria ter sido publicada antes da pesquisa Datafolha, de forma a inibir a fraude, pois esta terá efeitos publicitários.

Mas pior mesmo é a inexplicável recusa de Lula e do PT de denunciarem publicamente a aliança entre Serra, Frias, Civita, Marinho e Mesquita.

Se o presidente e seu partido tivessem juízo, já teriam vindo a público dizer à sociedade para reparar como a mídia não cobre o governo Serra, como não denuncia nenhum dos escândalos que aguardam investigação contra ele na Assembléia Legislativa paulista e que o Serra candidato não aparece numa imprensa que não pára de bater em Dilma.

Se Lula, seu governo e seu partido, bem como seus aliados, carimbarem nos veículos específicos que eles atuam a mando de Serra, a cada golpe que praticarem esse golpe será recebido com desconfiança pelo público.

Sob acusações de favorecimento a Serra, as pessoas começariam a notar a invisibilidade dele na mídia, perceberiam que ele só aparece vinculado a notícias positivas como a da campanha sobre o cigarro. Mas Lula, seu governo, seu partido e aliados estão petrificados de medo.

Claro que ainda é prematuro, a 14 meses da eleição, dizer que a campanha serrista está indo tão bem assim. Ele está caindo sem parar. Sua queda certamente não foi apenas de um ponto percentual. Certamente foi manipulada dentro da margem de erro.

Todavia, se levarmos em conta que nem estamos ainda em ano eleitoral, dá para se ter uma idéia do que vem por aí e de quanto a covardia de Lula, de seu governo, de seu partido e de seus aliados poderá custar ao país.

Para ler o que o Eduardo Guimarães considera será o próximo passo da fraude, clique aqui

Créditos: blog viomundo

Médici e Nixon planejaram derrubar Allende e Fidel

O presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon (1913-1994) e o general de turno na ditadura brasileira, Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) conspiraram juntos na Casa Branca em dezembro de 1971 pela derrubada do socialismo em Cuba e no Chile de Allende. O relato do encontro está num arquivo secreto da Casa Branca agora desclassificado. O comportamento de Garrastazu adapta-se perfeitamente ao qualificativo: capacho do imperialismo americano.


Por Bernardo Joffily

# médici

#

A reunião ocorreu no Salão Oval da Casa Branca, às 10h de 9 de dezembro de 1971. Do lado brasileiro, só Médici estava presente, deixando o Itamaraty de fora. Sem falar inglês, precisou da ajuda do general Vernon Walters. Agente da CIA (em breve seria nomeado seu vice-diretor), Walters fora adido militar americano no Brasil durante o golpe de 1964, falava bem o português e transitava facilmente nos círculos da direita militar brasileira.

Médici, sabujo, bajulador e servil

O relato Top Secret da conversa está agora – em inglês – no site americano The National Security Archive. Segundo o arquivo, Nixon perguntou a Médici se o exército chileno seria capaz de derrubar Allende. Médici disse que "achava que sim" e deixou claro "que o Brasil estava trabalhando para este fim".

Na parte pública dessa visita de Garrastazu a Washington, ficou famosa uma frase de Nixon: “Para onde o Brasil se inclinar, a América do Sul se inclinará". Agora, a transcrição das atas do encontro reservado no Salão Oval da Casa Branca deixa explícito qual era o sentido verdadeiro do comentário.

Vistos quase quatro décadas mais tarde, os arquivos evidenciam o quanto mudou o Brasil e a América Latina. Naquela época, como fica claro na conversação, era uma reserva direta dos EUA, merecendo integralmente o rótulo de quintal do imperialismo americano.

Ainda hoje há no vizinho do Norte quem assim pense, colaborando com os golpistas hondurenhos ou planejando bases militares na Colômbia. Mas é difícil acreditar que haja espaço para uma repetição do comportamento sabujo, bajulador e servil exibido pelo general Emílio Garrastazu Médici conforme a transcrição. O relato torna-se ainda mais repugnante quando se recorda que dentro do Brasil vivia-se em plena escalada das torturas e assassinatos de opositores da ditadura.

Conspiração para derrubar Fidel

Conforme o documento, Nixon começa por esclarecer que os movimentos de seu governo em relação à União Soviética e à china "absolutamente não significam" que "também haverá mudança em nossa política para com Cuba". O relatório descreve:

"O presidente [Nixon] repetiu que não haveria mudança em nossa atitude para com Cuba enquanto Castro estivesse no comando e continuasse a tentar exportar a subversão. O preidente Médici disse que estava muito contente de ouvir isso e que isso coincidia exatamente com a posição brasileira."

Depois de discutirem maneiras de barrar o reingresso de Cuba na OEA (Organização dos Estados Americanos) – uma posição que veio abaixo em 2009 –, Nixon e Médici concordam em estabelecer "meios de comunicar-se diretamente, fora dos canais diplomáticos normais". O ditador brasileiro indicou como seu canal privado de contato o chanceler Gibson Barbosa. Em seguida, voltou ao tema cubano.

"O presidente Médici disse então que havia grande número de exilados cubanos nas Américas em geral; ele acreditava que existiam então um milhão de cubanos nos Estados Unidos. Esses homens alegavam que tinham forças e condições de derrubar o regime de Castro. Surge a pergunta: deveríamos ajudá-los ou não? O presidente [Nixon] ponderou a questão e disse achar que devíamos, desde que não os levássemos a fazer algo que não pudéssemos apoiar, e desde que a nossa mão não aparecesse. O presidente Médici concordou, dizendo que em nenhuma circunstância uma assistência que déssemos deveria ser visível. Caso houvesse alguma coisa em que o Brasil pudesse ajudar, seria de se apreciar que obtivéssemos essas opiniões através do canal privado."

O "trabalho" da ditadura brasileira no Chile

A conversa trata também das relações do Brasil com o Peru, a Bolívia, as ditaduras do Paraguai e da Argentina (esta, uma relação "de general para general", segundo Garrastazu). Entra em pauta então a questão do Chile, que vivia então a experiência do governo Salvador Allende, eleito no ano anterior por uma coligação socialista-comunista. Veja o trecho:

"O presidente [Nixon] perguntou então ao presidente Médici sua opinião sobre como se desenvolveria a situação no Chile. O presidente Médici disse que Allende seria derrubado pelas mesmíssimas razões pelas quais [o presidente brasileiro João] Goulart fora derrubado no Brasil. O presidente [Nixon] então operguntou se o presidente Médici pensava que as forças armadas chilenas seriam capazes de derrubar Allende. O presidente Médici respondeu que acreditava que eram, agregando que o Brasil estava intercambiando muitos oficiais com os chilenos, e deixou claro que o Brasil estava trabalhando para este fim. O presidente [Nixon] disse que era muito importante que o Brasil e os Estados Unidos trabalhassem muito intimamente nesse campo. Se os brasileiros sentirem que há algo que possamos fazer para sermos úteis nessa área, gostaríamos que o presidente Médici nos fizesse saber. Caso fosse preciso dinheiro, ou outra ajuda discreta, estaríamos dispostos a fornecê-la Isso deveria ser conduzido com a mais elevada reserva. Mas deveríamos tentar, evitar novos Allendes e Castros e tentar, onde possível, reverter essas tendências. O presidente Médici disse que estava contente em ver que as posições brasileiras e americanas eram tão próximas".

Médici ajudou a manipular eleição uruguaia

Outro documento secreto, relatando um encontro com o primeiro ministro britânico, Edward Heath, 11 dias mais tarde, mostra o entusiasmo de Nixon com o anticomunismo de Garrastazu. Veja esta transcrição do que ele disse, quando Heath perguntou-lhe sobre Cuba:

"O homem Castro é um radical. Radical demais até para Allende e os peruanos. Nossa posição é sustentada pelo Brasil, que é, afinal, a chave para o futuro. Os brasileiros ajudaram a manipular ["rig"] a eleição uruguaia. O Chile é outro caso – a esquerda está em dificuldades. Há forças que estão trabalhando e que nós não estamos desencorajando."


Na eleição presidencial uruguaia de novembro daquele ano, a Frente de Esquerda concorrera pela primeira vez. A coalizão de esquerda, hoje na presidência e favorita na eleição de outubro, obteve 18% dos votos na contagem oficial; ela era a principal preocupação tanto da Casa Branca como da ditadura brasileira.

Apelo a Lula: abra os arquivos da ditadura


Peter Kornbluh, diretor dos projetos sobre Chile e Brasil do The National Security Archive, considera que "os arquivos do Brasil são o elo perdido" e "um capítulo oculto da intervenção conjunta para derrubar o governo do Chile". Kornbluh fez um apelo para que o presidente Lula abra os arquivos dos militares. "A história completa da intervenção na América do Sul nos anos 1970 não pode ser contada sem acesso aos documentos brasileiros", afirmou.

Um relatório da CIA, citando fontes brasileiras, registra que Nixon e Médici concordaram em colaborar para contrarrestar a "tendência à expansão marxista/esquerdista" na América latina. Nixon prometeu "ajudar o Brasil quando e como fosse possível".

Esse relatório observa que o conteúdo do acordo secreto causou constrangimentos em alguns altos oficiais brasileiros. O general Vicente Dale Coutinho, comandante do 4º Exército, afirmou, segundo o texto da CIA, que "os EUA obviamente querem que o Brasil faça o 'trabalho sujo' na América do Sul".

O site The National Security Archive fornece numerosos outros originais mantidos em segredo pela Casa Branca, na medida em que vão sendo desclassificados e têm sua divulgação permitida. Alguns deles, inclusive sobre as relações com o Brasil, são liberados com tarjas pretas cobrindo os trechos que ainda são considerados "sensíveis".

Clique aqui para visitar.

Veja abaixo o fac simile do documento agiora desclassificado

Confecon Faça a sua parte!

Do blog do Eduardo Guimarães(Cidadania.com)

É imoral, inconstitucional e altamente danoso ao país o que vêm fazendo os meios de comunicação eletrônicos, com especial destaque para as tevês. Esses meios funcionam sob concessões públicas. Os concessionários não podem usá-las como se a eles pertencessem.

Vemos, por exemplo, a briga das tevês Globo e Record. As emissoras se engalfinharam em uma guerra pela audiência de baixo nível e quem paga o pato é o telespectador. É um desrespeito o que vêm fazendo as duas emissoras.

A Globo, para variar, usa sua concessão pública para atacar seus inimigos políticos. Manipula o debate, aumenta o volume da voz dos políticos seus aliados e diminui o dos inimigos destes. E, agora, em guerra pela audiência, faz uma reportagem desproporcional sobre uma notícia velha contra a emissora rival.

A Record, por sua vez, responde às denúncias velhas (que, no entanto, precisam ser respondidas, ainda que no fórum adequado) com acusações ainda mais velhas contra sua acusadora, por mais pertinentes que sejam.

Não é o que importa. O contexto em que essas informações afloram é totalmente inadequado. O tom é de briga de rua, de barraco. Agride o telespectador.

Claro que, como eu disse aqui recentemente, a briga entre as emissoras acaba beneficiando o público por revelar os podres de uma e da outra. Todavia, há que ter em mente que o denuncismo não é o objetivo das concessões públicas de rádio e tevê.

Há uma flagrante apropriação de espaços públicos como as ondas de rádio e tevê por grupos privados que atuam como se suas concessões desses espaços tivessem sido doações, que jamais foram ou poderiam ser num regime democrático.

Se as concessões que dão esse poder descomunal à Globo e à Record, entre outras, fossem fiscalizadas de alguma forma, certamente que a manipulação política facciosa e o uso com outros fins particulares delas teriam fim, pois tais concessões seriam revogadas.

A faixa de onda por onde transitam Globo e Record não é do governo ou da oposição, é de todos nós. Não tenho que engolir a propaganda política de um grupo específico, não tenho que engolir as conclusões deste ou daquele concessionário sem o devido contraponto, quando o assunto é política. E o mesmo vale para quem pensa o oposto do que penso.

Traduzindo, para evitar aquela acusação recorrente e de má fé de que esta seria pregação de uma tevê “chapa-branca”: não quero chapa branca nem preta nem azul nem cor-de-rosa; quero uma tevê sem chapa; quero ouvir o que dizem os governistas e os oposicionistas; quero confrontar argumentos sem que a tevê tente me induzir a conclusões num assunto em que não há certo ou errado definidos.

Não tenho que ver assuntos serem fabricados para favorecerem interesses políticos, ideológicos, comerciais, religiosos ou de qualquer outra natureza privada. Os meios de comunicação se valem da ambigüidade da legislação sobre utilização de concessões públicas, que não trata adequadamente da questão.

O país tem que discutir o assunto da comunicação profundamente. E o Fórum para tanto já existe, está em preparação, mas tem sofrido duros golpes.

A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) está programada para os primeiros dias de dezembro e não há propaganda oficial do evento por quem o convocou, ou seja, pelo governo federal.

As entidades corporativas das grandes concessionárias de rádio e tevê já boicotam a Confecon não só retirando-se das discussões, mas censurando sua divulgação e impedindo os debates sobre o assunto, como se fossem donas das concessões que detêm.

Assim fica difícil. Chega a dar desânimo. Mas, como desanimar não é opção, informo a vocês que darei minha cota de contribuição participando das discussões que ocorrerão no ABC paulista nos dias 27 e 28 deste mês.

Não será fácil. São dois dias úteis de trabalho remunerado que terei que utilizar. Mas é meu dever participar, como é de vocês também. De todos nós.

Abaixo, portanto, reproduzo o convite que recebi para participar dos trabalhos preparatórios para a Confecon que estão ocorrendo timidamente, ainda, no Estado de São Paulo, sobretudo por força dos bloqueios impostos pelos governos do Estado e da capital paulista.

*

Sr. Eduardo Guimarães, boa tarde!

O Grande ABC, por meio das Secretarias de Comunicação das sete prefeituras que compõem a região – Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra - realizará nos dias 27 e 28 de agosto a I Conferência Regional de Comunicação - O Grande ABC e os meios para a construção de Direitos e de Cidadania na Era Digital.

O encontro regional atende ao Decreto Presidencial de 16 de abril de 2009 que convoca a 1ª Conferência Nacional de Comunicação – CONFECOM.

O Grande ABC pretende definir propostas e eleger delegados a serem encaminhados à CONFECOM, que acontece de 1 a 3 de dezembro em Brasília.

A Conferência Regional de Comunicação, que tem o apoio do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, terá o seguinte formato:

  • Dia 27 Mesa de Abertura (das 9h às 12h)

Mesa I – Tema: ‘A Democracia e os Meios de Comunicação’

(das 13h30 às 15h30)

Mesa II – Tema ‘Cidadania e Comunicação’

(das 16h às 17h30)

  • Dia 28 Conclusão dos Trabalhos

(das 8h às 13h)

Local: Espaço Office do Mauá Plaza Shopping, em Mauá

(Av. Governador Mario Covas Jr. Nº 1 – Centro – Mauá – SP).

Diante do exposto, gostaríamos de convidar Vossa Senhoria para participar da Mesa I do encontro e destacar que vossa presença traria contribuição relevante para o debate regional.

Agradecemos antecipadamente a atenção e aguardamos o retorno sobre a possibilidade de participação no evento.

Atenciosamente,

Rosemeire Cristina Silva

Consórcio Grande ABC – Comunicação

Fone: 11 (...)

www.consorcioabc.org.br