sábado, 24 de outubro de 2009

EDUARDO GUIMARÃES: Vejam o que fizeram

Do blog Cidadania.com

Este texto, dirijo àqueles que, à diferença de pessoas como eu, semearam o que agora toda esta sociedade colhe, mas que, hipócritas, tentam fazer crer que o que acontece hoje da Rocinha a Heliópolis, da Barra da Tijuca aos Jardins, começou agora.Eu vos acuso de não terem sensibilidade social, de quererem se locupletar à custa da miséria de legiões de brasileiros que mal e porcamente sobrevivem nos guetos onde vós os segregastes, à custa dos que não têm escolas para que seus filhos tenham uma chance na vida, porque, quando governantes fazem boas escolas para o povo, dizeis que são “caras”.Eu vos acuso de exigirem dos governantes que, em vez de prisões que recuperem essa meninada perdida, mandem os infratores, ainda imberbes, para masmorras onde se tornarão profissionais do crime, feras enlouquecidas, e vos acuso de só prenderem os pobres, sobretudo os pobres e os pretos, e, mais ainda, os pobres, pretos e nordestinos.Eu vos acuso de sustentarem o tráfico de drogas deixando, por omissão, que vossos filhos e filhas, mimados e sem valores, passem pelas bordas das favelas e comprem o veneno que os levará até a agredir trabalhadoras pobres, a queimarem mendigos vivos, a desembestarem pelas ruas com as máquinas infernais que lhes foram doadas por seus papais e mamães tão amorosos.Eu vos acuso de combaterem com unhas e dentes cada mínima tentativa de direcionar uma fração irrisória de vossas fortunas para o sustento (físico e espiritual) dos miseráveis, e de fazerem isso em um dos dez países de maior concentração de renda do mundo. Eu voz acuso de pregarem o ódio racial chamando os nordestinos de “baianos” em São Paulo e de “paraíbas” no Rio, mesmo esse indivíduo não sendo da Bahia ou da Paraíba, contanto que tenha traços de negro mais acentuados. Eu vos acuso, pois, de racismo. E eu vos acuso de negarem o racismo ao escreverem livros dizendo que vós não sois racistas, pois, como sabem, são raros os negros e mestiços que admitem em vossos palácios e festas. E vos acuso, por fim, de quererem calar os que vos acusam ao monopolizarem a comunicação de massas, e de terem conseguido fazê-lo completamente por toda a história até que surgisse a internet e não pudessem mais impor censura total.Por todas essas acusações é que vos digo: vejam só o que fizeram com o Rio, com São Paulo, com Porto Alegre, com Recife, com o país todo ao negarem aos mais pobres a mais tênue esperança de vencer na vida apesar de condição social, cor da pele e região do país. Agora, colheis o que plantastes. Não reclamai, portanto.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tráfico, favelas e violência

Da Agência Carta Maior

A política de segurança adotada por sucessivos governos da cidade e do Estado comete equívocos e dialoga com público, através das mídias, de modo ainda mais equivocado. Ao não aceitar ajuda federal, o atual governador situou o problema na esfera local, dizendo que, por ora, tinha como resolvê-lo. As questões de fundo que são as verdadeiras causas de tudo isto foram, mais uma vez, para debaixo do tapete da política e da história. O artigo é de Luis Carlos Lopes.

Os últimos incidentes referentes à luta entre policiais-militares e o tráfico, ocorridos na cidade do Rio de Janeiro ganharam espaço nas grandes mídias do Brasil e de inúmeros países do chamado Primeiro Mundo. Como se sabe, o Brasil não está em guerra interna ou externa. Por aqui, não há motivo aparente, no atual contexto, para espetáculos de ações diretas, registrados e reproduzidos fartamente pelas mídias.

É estranho que um helicóptero tripulado por soldados da PM tenha sido abatido em pleno vôo, com duas mortes e dois feridos. A tragédia não foi maior porque foi possível o pouso forçado da aeronave em chamas, em campo aberto. As imagens de sua completa destruição física parecem cenas da Guerra do Iraque, da Colômbia ou do Afeganistão. Mas, não são. Tudo ocorreu em um outrora pacato bairro da Zona Norte – Vila Isabel. Este é ocupado por parcelas das classes médias da cidade, que são vizinhos de muitas comunidades faveladas e foi um dos berços do samba moderno brasileiro.

Jamais isto tinha ocorrido antes. Parece, que existiram tentativas, mas esta foi a primeira vez que se conseguiu concretizar a façanha. Acendeu-se uma lâmpada de alerta. O Rio de Janeiro é uma cidade conflagrada. Talvez, se isto tivesse acontecido antes de sua escolha para sediar as Olimpíadas de 2016, o resultado tivesse sido outro ou a vitória bem mais difícil.

A política de segurança adotada por sucessivos governos da cidade e do Estado comete equívocos e dialoga com público, através das mídias, de modo ainda mais equivocado. Ao não aceitar ajuda federal, o atual governador situou o problema na esfera local, dizendo que, por ora, tinha como resolvê-lo. As questões de fundo que são as verdadeiras causas de tudo isto foram, mais uma vez, para debaixo do tapete da política e da história.

Os problemas sócio-urbanos do Rio de Janeiro são muito graves e se arrastam desde o fim da escravidão, ou mesmo de antes. Tem-se uma cidade dividida entre uma parcela mais rica que mora no ‘asfalto’ e cerca de 600 ou mais comunidades faveladas construídas, em sua maioria, em morros, muitos deles de difícil acesso. Estas comunidades são, de há muito, usadas pelo crime como local de recrutamento e homiziamento. Obviamente, que nada disto é exclusivo à esta cidade, mas nela, esta situação ganha características especiais.

Mais do que um, em cada três cariocas, mora em uma das favelas da cidade. Diferentemente de outras, a geografia do Rio levou e continua levando os excluídos e os imigrantes para os morros e algumas regiões planas de baixo interesse imobiliário. Estas são, por vezes, distantes e periféricas. A origem destas comunidades remonta à época da escravidão. Nesta, negros fugidos – quilombolas – ou abandonados pelos seus senhores usavam os morros para morar e muitas vezes plantar e criar animais.

Quando do fim da Guerra de Canudos (1897), o Morro da Favela, nas proximidades da Central do Brasil, abrigou muitos retirantes do conflito, que vieram para a velha capital. Daí, a origem e a popularização do nome. No local, ainda existe uma impressionante favela, que parece debruçada sobre uma pedreira – o Morro da Providência – que é um dos locais de conflito na cidade. Sua antiguidade e pobreza testemunham anos e anos de descaso público.

Estas comunidades cresceram todas as vezes que houve ciclos de prosperidade no país. Parece paradoxal, mas o que ocorria e ainda ocorre é que imigrantes, vindos para trabalhar na construção civil e outras atividades urbanas, não tinham como morar nos prédios que levantavam e nos bairros onde trabalhavam. A opção era a de construir barracos, se possível, no morro mais próximo de onde labutavam.

Hoje, quase não existem mais barracos. A madeira ficou cara. O tijolo e o cimento são abundantes e relativamente mais baratos do que no passado. As habitações são, quase sempre, construídas em tijolos. Como nem sempre há dinheiro para o reboco externo, muitas favelas, vistas de longe, parecem jogos infantis avermelhados e amontoados. A alvenaria externa é mais facilmente encontrável nas favelas mais antigas e nas mais “ricas”, onde se concentram trabalhadores empregados com carteira assinada ou biscateiros bem-sucedidos. É lógico, que numa mesma favela é possível encontrar as duas situações, bem como se podem ver ainda barracos, agora, construídos com resto do lixo urbano.

O mundo favelado é altamente complexo e não cabe neste pequeno artigo. Nele existe uma estrutura social com imensas diferenças internas. A maioria dos seus habitantes são trabalhadores ou desempregados. Um pequeno percentual dedica-se às atividades criminosas. O preconceito do “asfalto” é antigo, até porque grande parte dos seus moradores e negra, quase negra, de origem nordestina, mineira e vindos de outros bolsões da miséria brasileira. Para as classes médias mais reacionárias, favela é lugar de marginal, de gente que não presta. Esta mesma gente não tem qualquer cerimônia em explorar o trabalho dos que lá vivem.

Entre os governos de Carlos Lacerda e de Chagas Freitas prevaleceu a idéia de que a solução para a questão favelada era a remoção para conjuntos habitacionais construídos pelo governo na periferia do Rio de Janeiro. Pouco a pouco, a proposta de remover perdeu terreno pela a da urbanizar. Aliás, o atual prefeito levantou a mesma questão da remoção, sem nada ainda ter feito de concreto nesta direção. Também, junto com o atual governador do Estado foi feita a polêmica proposta de algumas favelas serem ‘separadas’ por muros do resto da cidade. Os atuais PACs têm projetos engajados em algumas obras de urbanização básica dos mesmos locais.

Os casos de remoção conhecidos nada mudaram para os favelados, liberando terrenos valiosos para a especulação. Os mesmo problemas que existiam na origem foram remontados nos conjuntos habitacionais, rapidamente favelizados. Os projetos municipais urbanizadores, tal como o chamado Favela-Bairro, mudaram muito pouco a realidade destas comunidades. A questão central é que em nenhum destes projetos desenvolvidos ou propostos até hoje houve a preocupação com a distribuição de renda entre os habitantes. O problema do desemprego continuou a ser gravíssimo, afetando, com muita força, os jovens.

Existem milhares e milhares de jovens favelados sem emprego, escolas decentes, comida em casa, saneamento básico, tratamento médico necessário. Os que conseguem trabalho ganham mal e não raro não têm seus direitos respeitados. Neste quadro, fica fácil ao tráfico e a outras atividades criminosas fazer o recrutamento constante. A cada preso ou morto há uma fila de substitutos, de gente capaz e disposta a arriscar a vida para alguns momentos fugidios de glória e de ascensão. A política de matar, torturar e prender em massa nada muda. Ao contrário, cria heróis e mártires, estimulando novas adesões. Por isto, é difícil crer que se deseje, de fato, acabar com o problema.

De todas as favelas cariocas, em torno de dezoito, teriam bolsões mais nítidos do tráfico. O Rio não é Mendellin, na Colômbia. Por aqui, não existem cartéis e nem máfias muito organizadas. A droga vendida no Rio, como se sabe, ou vem do Nordeste (maconha), do Paraguai, da Bolívia, da Colômbia e do Peru. Logo, ela atravessa, certamente por terra, alguns milhares de quilômetros, até estar disponível em um ponto de revenda local. Como passa desapercebida, é um ‘mistério’ a resolver. Parte destes carregamentos sai do Rio para a Europa e EUA. Logo, a cidade é também um entreposto.

Em parte das favelas, onde não existe tráfico ou ele foi banido, funcionam as famosas milícias – nova versão do crime social local, com a clara participação de pessoas de algum modo ligadas às forças repressivas. Quase em todas comunidades existem pequenos grupos de pessoas que se dedicam a vários tipos de atividades criminosas. É difícil que o número de criminosos em uma favela seja superior a um por cento de seus moradores. O número de desempregados ou de subempregados pode chegar a mais da metade do conjunto da comunidade.

Os grupos de traficantes mais comuns são pequenos bandos de, em torno, vinte pessoas, desarticulados e por vezes inimigos entre si que adotam siglas de organizações que só existem atualmente no universo nebuloso das mídias, sem muito respaldo no real. No Rio, felizmente, não há nada como o PCC paulista. É verdade, que uns atiram nos outros e/ou tentam tomar o território dos rivais. O capo, normalmente é alguém mais velho, com várias passagens policiais e com ligações com o crime mais ou menos organizado existente dentro dos presídios. Os soldados do tráfico são jovens, por vezes bem jovens, que têm uma esperança de vida média de dois anos nesta atividade para lá de perigosa.

As armas de guerra que conseguem por efeito da corrupção e do dinheiro acumulado pela venda de drogas, são as mais usadas nas lutas entre as facções. Muitas delas foram produzidas nos EUA, na Inglaterra, em Israel e em países do Leste europeu. Outras, sobretudo munições, se originam também em aquisições feitas no contrabando e as que são oficialmente compradas pelas forças armadas e policiais brasileiras. Sabe-se, que com dinheiro e contatos, não é difícil comprar um fuzil-metralhadora moderno, bem como a munição necessária. O problema está em se imaginar como circulam estes artefatos no mundo contemporâneo. Certamente, há muitos interesses em jogo.

O episódio do helicóptero chama a atenção, porque jamais algo similar havia acontecido. Normalmente, os traficantes atiram na polícia somente quando estão encurralados, que é o que deve ter acontecido. Eles preferem guardar suas balas para seus iguais e para garantir seus reinados nas comunidades onde atuam. Eles evitam um confronto maior com as polícias, porque sabem que serão, no passo seguinte, perseguidos até o destino final.

A atual política de ocupações policiais permanentes de algumas favelas, três até o momento, funciona bem nos locais tomados pela polícia. Mas, tem como efeito colateral estimular os bandos a buscar a quem invadir outras criando guerras, como a que se viu no Morro dos Macacos em Vila Isabel.

Trata-se de uma situação complexa que precisa ser analisada a fundo e que sejam tomadas medidas que tenham efetivo poder de desmontar as bombas relógio sociais da atual fase da modernidade. Uma política de emprego, de divisão de renda, de escolarização real e não formal para todos, de respeito aos direitos humanos e, sobretudo, o exemplo de honestidade pública do poder poderiam fazer a diferença. A exclusão semeia a violência e o caos, levando à uma realidade sem saída.

Vídeo:Os Vendilhões da Pátria

Pochmann: Reforma Agrária é estratégica para desenvolvimento

Do Portal do Vermelho.org

Em tempos de ataques da mídia e dos setores mais conservadores do parlamento ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, afirma que repartir a propriedade da terra assumiu valor de soberania nacional e defesa do meio ambiente.

Nonato de Vasconcelos (AGU)
O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu a reforma agrária como elemento central na configuração de um novo padrão econômico de soberania nacional. O economista participou do seminário Incra 40 anos: Reforma Agrária, Direito e Justiça, na última sexta-feira (16), em Recife (PE).

Ele afirmou que o programa de reforma agrária é um antídoto contra a desnacionalização da propriedade da terra no Brasil, que está ameaçada pela imposição econômica das grandes corporações multinacionais, que, segundo ele, governam a economia no mundo.

Pochmann explicou que o faturamento dos 500 maiores grupos econômicos representa metade de tudo o que é produzido no planeta, sob hegemonia do poder privado. “Nós estamos em um contexto onde não há mais países que tem empresas, mas empresas que tem países. As 50 maiores corporações do mundo têm um faturamento que equivale ao PIB [Produto Interno Bruto] de 120 países”, apontou.

Em relação ao capital estrangeiro atuando sobre o poder político, o presidente do Ipea exemplificou: “é um contexto parecido com aquela pequena cidade de cinco mil habitantes que, de repente, vê lá instalada uma siderurgia, que contrata mais de três mil pessoas e até viabiliza o orçamento da prefeitura, mas ao fim e ao cabo vamos questionar se quem manda na cidade é mesmo o prefeito democraticamente eleito ou o presidente da siderurgia”.

Soberania e meio ambiente

Para Pochmann, a mudança na estrutura fundiária é fundamental para o projeto de soberania nacional, porque é uma decisão sobre o poder econômico das corporações no país. Ele denunciou um processo de internacionalização da propriedade da terra no Brasil, que ganha corpo no cenário de crescente escassez de terras férteis, água doce e minerais.

Além disso, Pochmann avaliou a reforma agrária como estratégica para a defesa do meio ambiente. “A reforma agrária ganha outra dimensão, que é a defesa da sustentabilidade do planeta. A produção definida exclusivamente pelo poder econômico será cada vez mais insustentável. Portanto, a alteração fundiária ganha dimensões adicionais, não apenas o princípio da justiça, econômico e da política, mas, sobretudo, da estratégia de soberania de uma nação e da sustentabilidade ambiental”, destacou.

Ainda segundo Pochmann, que também é professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a história do Brasil foi marcada pelas sociedades agrária e urbano-industrial até o fim do século passado sem que fosse alterada sua estrutura agrária. Ele condenou o processo de concentração de terras e afirmou ser preciso reocupar o campo. “A reforma agrária está no contexto de um novo padrão econômico que defendemos para o país. O campo sofreu uma trajetória de esvaziamento que aumentou a pobreza e a exclusão nas cidades”, finalizou.

Da redação, com assessoria de imprensa

Discutindo a metáfora

por Luiz Carlos Azenha

Nem parece que vivemos no Brasil, um país com problemas gravíssimos que demandam algum tipo de composição política para resolvê-los. Até recentemente, não fazer nada servia à elite econômica do país. Não fazer nada implicava em administrar as demandas sociais de forma a fazer o menor número possível de concessões à grande maioria dos brasileiros.

Lula não rompeu com essa lógica, embora tenha alargado as bases para as quais se espalharam os benefícios do dinheiro público. O presidente da República foi absorvido pela elite brasileira dentro de parâmetros bem definidos: mude, para que a gente mantenha nossos privilégios. Esses privilégios se perpetuam na confluência de interesses entre os donos de terra, de meios de comunicação e de mandatos federais, no Congresso.

A Globo fala mal de Sarney, aliado de Lula, mas não desfaz os negócios que tem com Sarney no Maranhão. A Globo fala mal de Collor, aliado de Lula, mas não desfaz os negócios que tem com a família Collor em Alagoas. São disputas políticas que não implicam em um rompimento do acordão das elites que tem permitido a elas manter seus privilégios no Brasil por tanto tempo.

A agenda de Lula deixou intocados esses privilégios. Não houve mudanças institucionais profundas como as que aconteceram na Venezuela, no Equador e na Bolívia, que levaram a uma recomposição social, política e econômica. É por isso que o presidente falou recentemente na necessidade de votar uma consolidação das leis sociais. O quadro de aumento do salário mínimo e de expansão dos programas sociais, para usar apenas dois exemplos, pode ser revertido com uma simples canetada pelo próximo ocupante do Planalto, se ele quiser.

A falsa polêmica sobre as declarações de Lula de que, se necessário, Jesus faria acordo com Judas em nome da governabilidade, não deixa de ser reveladora da estreiteza de nosso debate político. Querendo marcar pontos junto à opinião pública, opositores distorcem as declarações para dizer que Lula "fala com Cristo", cometeu algum tipo de heresia ou foi infeliz na metáfora.

Politicamente, Lula falou uma verdade incômoda para todos os progressistas e todos os candidatos à presidência da República que se apresentam como progressistas. Não dá para governar o Brasil sem alianças que impliquem na rendição prévia aos interesses da elite brasileira que descrevi acima. Os limites da mudança são dados antes mesmo de cada eleição presidencial.

E a sociedade brasileira, cada vez mais conectada e informada, tem pressa. Vivemos uma profunda crise social, da qual os meios não se dão conta por estarem unicamente interessados em noticiar para e em defesa da elite política e econômica. A crise sai nos jornais via noticiário policial: explosões de violência nos morros do Rio, confrontos nos trens de subúrbio cariocas, enfrentamentos entre moradores e a polícia em Heliópolis e outros bairros de São Paulo. A questão social sempre foi e continua sendo tratada essencialmente como um problema de polícia, no Brasil. A simples existência das polícias "militares" é uma demonstração clara disso.

Um aspecto pouco analisado da recente entrevista do presidente Lula diz respeito ao fato dela ter sido dada logo depois do fechamento da aliança PT-PMDB. Lula escolheu a Folha de S. Paulo, um jornal que tem entrada junto ao empresariado paulista. Em minha modestíssima opinião, o recado dele aos empresariado paulista foi claro:

Sou um realista político e jamais endossarei rupturas. É melhor mudar com Dilma do que embarcar em "aventuras". Vocês sabem muito bem que nem de esquerda eu sou.

À direita a oposição entendeu e tentou usar algumas opiniões e metáforas presidenciais para desqualificar o conteúdo da mensagem. À esquerda a mensagem de Lula foi entendida e causou desconforto por Lula ter prometido, indiretamente, que Dilma será mais do mesmo: um reformismo cauteloso que manterá intocados os interesses essenciais da elite brasileira.

Politicamente, a manobra de Lula é muito inteligente. Ele ocupa o centro político, incorpora a "moderação" diante dos "radicais" à esquerda e à direita. O único problema é saber se as demandas sociais, que se multiplicam junto com as tecnologias de informação, cabem dentro do velho molde de uma aliança entre o PTB e o PSD em pleno século 21.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Honduras: "Governo golpista tortura todos na embaixada do Brasil; isso tem de parar"

Do blog do Azenha(Vi o mundo)

O embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), Ruy Casaes, acusou o governo de Honduras de praticar ''tortura'' contra todos aqueles que estão na embaixada brasileira na capital, Tegucigalpa.

por Bruno Garcez, da BBC Brasil

'O regime de fato está progressivamente sofisticando as suas técnicas de tortura contra todos aqueles que se encontram na embaixada'', afirmou Casaes nesta quarta-feira, durante uma reunião da OEA para debater o impasse político no país, iniciado com a deposição do presidente eleito, Manuel Zelaya, em 28 de junho.

Zelaya está refugiado na representação brasileira na capital desde o regresso a Honduras, em 21 de setembro.

O representante do Brasil afirmou que soldados e policiais a serviço da administração interina estão fazendo uso de refletores ultrapotentes, de cornetas e de ruídos imitando animais, para prejudicar o sono das mais de 60 pessoas que estão alojadas na embaixada, juntamente com Zelaya.

Casaes pediu ainda ''o fim da situação de tortura à qual estão submetidos os cidadãos brasileiros e hondurenhos" dentro da embaixada.

O embaixador citou o artigo de número 2 da Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura que determina que ''anular a personalidade da vítima ou diminuir sua capacidade física ou mental, mesmo sem causar dor física ou angústia psíquica, também constitui tortura”.

Endosso

Militares e policiais hondurenhos montaram um bloqueio na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa alguns dias após Zelaya ter regressado clandestinamente a Honduras, em 21 de setembro, e ter buscado abrigo na representação brasileira.

A posição do embaixador Casaes foi endossada por outros representantes da OEA. O embaixador da Bolívia junto à entidade, José Pinelo, pediu uma resolução condenando o cerco à representação brasileira.

A resolução foi discutida no encontro desta quarta-feira na OEA e aprovada ao final da sessão de debates.

Em um documento, o Conselho Permanente da OEA disse “denunciar e condenar energicamente as ações hostis por parte do regime de fato contra a embaixada do Brasil em Tegucigalpa”.

O comunicado afirma ainda que as autoridades de Hondures estão “assediando os ocupantes (da embaixada) com ações que os afetam psicologicamente e que violam os seus direitos humanos”.

O Conselho da OEA conclama o governo interino, em seu comunicado, a cessar tais ações imediatamente, em respeito à Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

Negociações

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, manifestou preocupação com o que chamou de ''estancamento'' das negociações entre representantes do governo interino e do presidente deposto.

''Nos primeiros dias (de negociações) foi alcançado um acordo na maior parte dos temas e, inclusive, na semana passada, se vislumbrava um possível entendimento em torno de um texto sobre o tema mais controvertido, o retorno do presidente Zelaya'', afirmou Insulza.

Mas o secretário-geral da OEA acrescentou que ''uma das partes apresentou uma proposta que inclui um tema não incluído no Acordo de San José, que pretende forçar uma legitimação do ocorrido em 28 de junho de 2009".

A delegação designada pelo governo interino para as negociações qualificou as declarações de Insulza como uma ''intervenção inoportuna'', feita ''no momento menos indicado''.

Estados Unidos

Nesta terça-feira, o Departamento de Estado americano emitiu um comunicado no qual aconselha seus cidadãos a evitar ''todas as viagens não-essenciais a Honduras'', por conta da situação política no país.

“O Departamento de Estado recomenda aos cidadãos americanos que residem ou pretendem visitar Honduras que tenham extrema cautela quando viajarem para o país’’, diz o comunicado.

O governo americano também impôs limitações às viagens dentro de Honduras por parte de funcionários da Embaixada do país em Tegucigalpa.

O Departamento de Estado advertiu ainda que as constantes manifestações contra e a favor do governo, que até o momento têm sido pacíficas, em sua maioria, podem se tornar violentas ''com ou sem aviso'', e que tais protestos deverão se tornar mais frequentes com a proximidade das eleições presidenciais hondurenhas, previstas para 29 de novembro.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Debate sobre mídia reúne Kucinski, Nassif e Venício Lima

Da Agência Carta Maior

"A mídia hegemônica e a liberdade de expressão" será o tema do debate que reunirá, nesta quinta-feira (22), em São Paulo, os professores Bernardo Kucinski e Venício Lima, e o jornalista Luis Nassif. Na ocasião, será lançado o livro "Diálogos da Perplexidade - Reflexões Críticas sobre a Mídia", de Venício Lima e Kucinski. Entre os temas abordados no livro, estão o funcionamento das redações dentro e fora do país, a crítica ao modelo autoritário enraizado e já aceito pela sociedade brasileira, o futuro e as mudanças que vêm ocorrendo nos jornais impressos.

O Portal Vermelho promove, quinta-feira (22), o debate “A mídia hegemônica e liberdade de expressão", com a presença dos professores Venício Lima e Bernardo Kucinski e do jornalista Luis Nassif. Após o debate, ocorrerá o lançamento do livro “Diálogos da Perplexidade — Reflexões Críticas sobre a Mídia”, de Venício Lima e Kucinski. A publicação da Editora Perseu Abramo expõe o melhor do pensamento desses dois respeitados profissionais da comunicação, que têm muito a dizer sobre temas recorrentes no jornalismo praticado hoje.

O debate acontecerá na Rua Rego Freitas, 192, 6º andar (São Paulo) e tem vagas limitadas. Por isso, é preciso fazer previamente a inscrição para participar do evento. Pode ser pelo e-mail comunicacao@pcdob.org.br ou ou pelo telefone (11) 3054-1800 (com Danielle).

Sobre o livro
Dividido em quatro capítulos, o livro mostra conversas com conteúdo leve e agradável de se ler, nas quais os debatedores concordam e divergem, embora apresentem sempre características comuns. Algumas delas são a defesa da liberdade do indivíduo e constatações apoiadas em fatos que correspondem à história - e não em previsões apocalípticas ou gratuitas. A apresentação da obra é assinada por Muniz Sodré, importante e ativo intelectual brasileiro.

Entre os temas abordados em Diálogos da Perplexidade estão o funcionamento das redações dentro e fora do país, uma crítica reforçada em relação ao modelo autoritário enraizado e já aceito pela sociedade brasileira, o futuro e as mudanças que vêm ocorrendo nos jornais impressos, a transformação dos fatos em espetáculo pela mídia e até as eleições de Obama.

O livro discorre sobre temas bastante discutidos, sem cair em lugar-comum. Um exemplo disso é quando Kucinski e Venício viram do avesso conceitos como o de liberdade de expressão e ideologia, mergulham no debate acerca do diploma para jornalistas e esmiúçam o conceito de Estado, assim como o papel do sindicato dos jornalistas no Brasil.

Com a leitura desse livro os leitores também terão acesso a constatações sobre a revolução da internet — que, segundo eles, inclui a disseminação do jornalismo popular, o surgimento da interação entre emissor e receptor, além do desaparecimento do culto ao formador de opinião tradicional. Para fechar, um ensaio de Kucinski sobre políticas públicas até chegar ao fechamento da Radiobrás. Lima também assina um texto construído a partir da polêmica questão que envolve liberdade de imprensa e liberdade de empresa.

Guerra e política

Steve Coll, New Yorker

No verão, o comitê militar dos Taliban afegãos distribuiu “Um livro de Regras” em pashtun, aos seus combatentes. Os 11 capítulos do livro parecem inspirados no Manual de Campo 3-24 dos EUA [Field Manual FM 3-24: Counterinsurgency, EUA, 2006. Na íntegra aqui, em inglês], o manual de campo do exército dos EUA publicado em 2006 e muito divulgado.

Nos termos do guia dos Taliban, os homens-bomba devem “tomar todo o cuidado e as necessárias medidas para evitar a morte de civis.” Os comandantes devem assegurar “a segurança da vida e das propriedades dos civis.” Além disso, para tranqüilidade dos pais e mães afegãos, os guerrilheiros Taliban devem evitar contato social com jovens imberbes e, sobretudo, devem evitar “mantê-los nos acampamentos e campos.”

O manual seria engraçado, se a feroz insurgência Taliban não fosse tão efetiva. O presidente do Afeganistão, o sempre autorreferente Hamid Karzai, bem teria o que aprender do manual dos Taliban; e se fosse capaz de corresponder à metade da sede de justiça e segurança de seus concidadãos de modo tão infalível quanto fazem seus inimigos, o presidente Barack Obama não continuaria a insistir nessa sua “boa guerra”, a mesma que, na campanha para a Casa Branca, prometeu vencer.

A deterioração do Afeganistão não é culpa de um só homem e com certeza não é culpa de Karzai. Depois da derrubada do regime dos Taliban, Karzai foi como um símbolo de unidade nacional em nação esfacelada – por vários anos, foi o único líder afegão que gozava da confiança, ao mesmo tempo, das milícias tadjiques do norte, das tribos pashtun do sul e dos ricos doadores de ajuda humanitária internacional. As dimensões da vitória que obteve nas eleições de 2004 fizeram prova de sua sólida posição e de sua representatividade.

Gradualmente, porém, Karzai pareceu sucumbir à febre da corrupção palaciana. Foi derrotado por uma mistura infeliz de ego e passividade; não conseguiu administrar a presença dos EUA em seu país, nem usar os fracassos dos EUA a seu favor, reconstruindo-se, ele mesmo, como nacionalista confiável. Durante anos, o governo Bush aceitou as limitações de Karzai e nada fez para criar condições que gerassem qualquer alternativa plausível. Em 2008, ao aproximarem-se novas eleições, conselheiros de Bush, pelo menos, farejaram que algo não ia bem; alguns consideraram a possibilidade de derrubar Karzai. Ao final, porém, Bush optou por uma política de neutralidade, que o governo que o sucedeu, de Barack Obama, endossou.

Não há meio suave para julgar o modo como Karzai jogou seu jogo: ele ou seus apoiadores fraudaram vergonhosamente as eleições de 20/8, dia em que vários milhões de afegãos arriscaram a vida contra as ameaças dos Taliban e acorreram às urnas. Recentemente, depois de semanas de equívocos, o chefe da missão da ONU em Kabul, Kai Eide, norueguês, admitiu que a eleições foram exercício de “fraude disseminada” (pouco antes, a ONU demitira o representante norte-americano de Eide, Peter Galbraith, por ter sido excessivamente enfático ao expor a mesma conclusão). As estimativas da ONU sobre comparecimento de eleitores às urnas mostram que praticamente todas as fraudes aconteceram em áreas eleitorais controladas por Karzai, onde os números foram escandalosamente alterados. Na província de Helmand, ao sul, por exemplo, a ONU estima q ue os asseclas de Karzai podem ter fabricado mais de 70 mil votos falsos; em Kandahar, 120 mil; em Paktika, 160 mil. De junho a agosto, morreram cerca de 200 soldados da coalizão, em operações militares conduzidas, em boa parte, para garantir a segurança das eleições.

O que se vê como a traição de Karzai choca; mas será erro grave superenfatizar seus fracassos, assim como foi erro superenfatizar seus sucessos iniciais. Os interesses dos EUA no Afeganistão – desarticular a Al-Qaeda na fronteira Paquistão-Afeganistão e tentar implantar uma área livre da ameaça da revolução dos Taliban – não se devem confundir com a busca de um presidente não-corrupto para Kabul, onde só muito raramente se viram governantes confiáveis.

Agora, um segundo turno de eleições parece provável. Pode ajudar a acalmar o país, mas pode também piorar as coisas. De qualquer modo, as eleições ainda não são catástrofe consumada. Há dois anos, no Quênia, Mwai Kibaki foi acusado de fraudar sua reeleição à presidência, e o país explodiu em manifestações de rua e ataques de milícias. Em junho, a suspeita de fraude nas eleições iranianas foi a fagulha que incendiou a população com ambições revolucionárias. No Afeganistão, no que pese a fraude possivelmente decisiva, a oposição mal consegue jogar pedras. Abdullah Abdullah, o candidato ‘assaltado’ promove, no máximo, conferências de imprensa no jardim de sua casa.

Desnecessário lembrar que os afegãos estão fartos de violência. A moderação de Abdullah parece sinalizar um desejo mais amplo, de muitos políticos e líderes tribais, de evitar que o país, outra vez, mergulhe no caos. Esse é o tipo de brecha que a política exterior dos EUA jamais teve sensibilidade para detectar desde a queda dos Taliban, no final de 2001: uma oportunidade, por pequena que seja, de fugir ao recurso aos senhores-da-guerra e homens considerados ‘necessários’, em favor de movimentos de mais ampla e profunda participação popular, que favoreça alguma reforma da política afegã e a reconciliação nacional.

Mais do que decidir sobre o número de soldados, o governo Obama tem ainda de construir alguma estratégia política ambiciosa para o Afeganistão, que se beneficie da disposição dos líderes da oposição para negociar, mesmo com esse já maculado presidente Karzai, sobre inúmeras importantes questões nacionais. Dentre essas, um modo de evitar futuras fraudes eleitorais; se os governadores provinciais devem ser eleitos ou nomeados pelo presidente; como assegurar o equilíbrio entre os diferentes grupos étnicos, à medida que aumentam os contingentes do Exército nacional e das forças policiais; como (e se) fortalecer os partidos políticos; se a Constituição de 2004 deve ser revista, para dar mais poderes ao Parlamento; como fortalecer o governo local; como investigar e levar a julgamento os funcionários do governo comprometidos com o t ráfico de drogas e a corrupção; e como levar os guerrilheiros Taliban a trocar a revolução pela via violenta, pela política constitucional.

Especificar os temas a serem negociados não é que mais importa. O que realmente conta é construir um projeto para continuadas negociações a serem conduzidas pelos afegãos, formais e informais, apoiadas por dinheiro, atenção e especialistas internacionais. Alguns desses projetos, como o estabelecimento de centros de reabilitação local para os combatentes Taliban que desertem, dentre outros, exigem investimentos urgentes e ininterruptos, ao longo de meses.

Nada garante que esse trabalho político seja bem-sucedido, como nada garante nada, de fato, no Afeganistão. Karzai resistirá a qualquer movimento que vise a reduzir seu poder ou sua autoridade; esforços que se apliquem para pacificar os grupos do norte, como os que estão alinhados com Abdullah, complicarão o trabalho para pacificar os Taliban, enraizados no sul e no leste. Seja como for, esse trabalho político é essencial. – Campanhas de contrainsurgência raramente são bem-sucedidas, a menos que o trabalho dos militares esteja intimimamente associado a negociações políticas.

Desde que a URSS invadiu o Afeganistão em 1979, todos os esforços empreendidos por potências estrangeiras para influir no desenrolar dos eventos sempre foram minados por algo que os analistas de inteligência chamam de “resposta de espelho”: a tendência, entre os políticos de um país, de avaliar o ‘outro lado’ pelo prisma de sua própria política e de sua própria linguagem. O Politburo, por exemplo, envolveu-se em debates fortes sobre o processo pelo qual o Afeganistão deveria ser levado a cumprir as várias etapas do desenvolvimento revolucionário como pensado na e pela teoria marxista-leninista.

Hoje, nas reuniões do gabinete de guerra de Obama, quande se discutem o que se consideram ‘escolhas’ dos EUA, o discurso dos norte-americanos raramente chama os líderes afegãos pelo nome; e raramente se consideram as específicas condições reinantes em cada uma das várias províncias do Afeganistão. Em vez disso, abundam as analogias históricas e conceitos abstratos construídos nos textos e cursos de economia política — discussões e mais discussões sobre “legitimidade” e “governança” – como se os Taliban fossem examinandos de algum curso de pós-graduação em “Direitos Humanos”.

Obama e seus assesores bem fariam se consultassem o “Livro das Regras” de seu próprio Partido Democrata, sobretudo a introdução, escrita por um pacífico cidadão de Massachusetts: “A política é sempre local.”. No caso do Afeganistão, a regra seguinte encaixa à perfeição: “No plano local, todos os sucessos e todos os fracassos são efeitos da política.”

O artigo original, em inglês, pode ser lido em:

http://www.newyorker.com/talk/comment/2009/10/26/091026taco_talk_coll

Do blog do Azenha, Vi o mundo

CPI do MST: Quem são os inimigos do povo


A lista dos 185 deputados que assinaram o requerimento da CPI do Campo (a investigação que a direita quer impor ao MST) é instrutiva sobre o tamanho da direita na Câmara dos Deputados e demonstra quais são os partidos que, contra o povo, defendem os velhos privilégios da elite e os interesses dos setores mais conservadores da classe dominante.

Um levantamento publicado por este portal revela que 117 daqueles deputados estão no campo da oposição e 68 são da base do governo, entre eles o PMDB, o PDT e o PR; são parlamentares da bancada ruralista, representantes do agronegócio e do latifúndio que resistem contra qualquer projeto de reforma agrária e usam todos os recursos para criminalizar a luta dos trabalhadores rurais por um pedaço de terra.

O embate que se trava na Câmara dos Deputados é instrutivo porque joga por terra os argumentos conservadores de que estaria superada a polarização entre direita e esquerda. Este engano é desmascarado quando, no embate contra os trabalhadores, os campos ficam mais nítidos, acentuando a resistência conservadora contra qualquer mudança que prejudique os privilégios dominantes. Deste ponto de vista a lista dos signatários da CPI do MST não deixa dúvidas. O porcentual dos deputados que assinaram aquele documento pode ser encarado como um indicador do caráter mais ou menos conservador, e direitista, de cada partido.

Os campeões são o PPS com 100% de sua bancada de 13 deputados, o PSDB (99% de seus 56 deputados) e o DEM (88% dos 56 parlamentares que tem). Partidos como PP, PR, PSC, PTB e PV tem entre 13% e 39% de suas bancadas entre os deputados que querem criminalizar o MST. São acompanhados por um conjunto de pequenos partidos (PHS, PTC, PRB), que oscilam entre 13% e 50% de suas bancadas. Estão na rabeira dessa lista de defensores do latifúndio o PDT (com 10% da bancada) e o PMDB (com 9%).

Os anos de predomínio neoliberal no Brasil definiram uma nova direita, formada por forças que participaram da luta contra a ditadura militar de 1964 e que, depois, abandonaram o campo progressista para dar um ar de suposta modernidade ao campo conservador.

Hoje estas forças estão principalmente no PSDB e no PPS, partidos em torno do qual se articula a direita que se apresenta mascarada de nova, aliada a velhos oligarcas que deram as cartas durante a ditadura militar de 1964, e que hoje estão no DEM.

Este pólo polariza em torno de si um conjunto de parlamentares de outras legendas, mas em percentuais significativamente inferiores à maciça adesão das bancadas nucleares do PSDB, PPS e DEM à resistência contra a reforma agrária. E é significativo que sua força de atração sobre a bancada de partidos grandes, como o PDT e o PMDB (maior partido na Câmara) é muito pequena, não passando de 10% de seus membros.

Além desta radiografia do espectro político, a análise do posicionamento das bancadas em relação à luta pela reforma agrária permite entrever mais duas coisas. Primeiro, a força que a direita tem no Congresso brasileiro, que não é pequena; depois, a complexidade desse quadro político em que a direita consegue atrair parte minoritária dos mandatários de partidos do centro do leque político, sinalizando que a outra parte, majoritária, pode se alinhar com projetos mais progressistas e favoráveis ao povo brasileiro. Editorial do Portal Vermelho.

Kassab mete as mãos no leite e margarina das crianças














Do blog Terror do Nordeste

O mesmo sabor todos os dias. Cerca de 78 mil crianças matriculadas em creches municipais recebem, há dois meses, leite achocolatado no café da manhã e no lanche da tarde. O cardápio não pode ser variado porque o departamento de merenda da prefeitura deixou de entregar leite puro. A única mistura disponível já contém chocolate.


A mudança atrapalha todo o cardápio, já que as merendeiras preparam vitamina, purê, bolos e outros alimentos à base de leite. "As crianças não aguentam mais ver achocolatado. Tem algumas que nem querem mais tomar, e a gente cansa até do cheiro. Trabalho há 31 anos em creche e nunca vi faltar leite", afirma Terezinha Sommarida, da creche Lar do Alvorecer Cristão (zona oeste de SP).

E os problemas de abastecimento não param por aí: não tem margarina para passar no pão. No lugar, a prefeitura manda geleia de morango. "As crianças não estão acostumadas. Pode ser gostoso, mas elas preferem pão com margarina, como têm em casa", diz a cozinheira Zilda Helena de Souza, da creche Jardim da Conquista, na zona leste.

A falta dos produtos não é prejudicial somente ou paladar das crianças, mas também ao caixa das entidades conveniadas, que precisam complementar o estoque. O problema só não ocorre nas unidades onde a merenda é de responsabilidade de empresas terceirizadas --há 44 mil crianças que são atendidas por esse modelo na capital.

Mas representantes do sindicato das entidades sociais que administram creches dizem que o que ocorre não é novidade. A presidente, Maria Gusmão Pereira, afirma que "sempre falta alguma coisa" na lista da prefeitura. "Quando chega macarrão, falta molho. Quando chega molho, não tem macarrão. É difícil. As conveniadas precisam se virar para compor o cardápio.

A justificativa da prefeitura, segundo o sindicato, é a burocracia pública. "A desculpa é sempre o processo de compra, que exige licitação. Mas as crianças não podem esperar", diz Maria Gusmão.

Prejuízo à saúde

Segundo o pediatra Ary Lopes Cardoso, responsável pela unidade de nutrologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, a falta de leite puro pode prejudicar o desenvolvimento dos alunos. "A bebida é fonte fundamental de cálcio na infância. Se na creche tiram o leite, as crianças diminuem também a ingestão de fósforo e magnésio", afirma. Na bebida láctea com chocolate, a quantidade desses nutrientes é reduzida.

Cardoso ressalta que a margarina também é recomendada, porque contém ácidos graxos. "Ela é importante para as membranas do cérebro e da retina, e contribui para o desenvolvimento do conhecimento e a visão."

‘Moralistas’ do Jornal da Gazeta defendem vereadores cassados'


Do blog Cidadania.com

Quem tem algum resquício de massa cinzenta pulsando dentro do crânio – e um mínimo de senso de Justiça – certamente sentiu engulhos ao assistir o Jornal da Gazeta de segunda-feira.

Mesmo aquele telejornal sendo famoso pelo partidarismo, conseguiu me surpreender durante os comentários que a âncora Maria Lydia Flandoli e o comentarista político Mauro Chaves (Estadão) fizeram da cassação dos mandatos de 13 vereadores da base de apoio de Gilberto Kassab na Câmara Municipal de São Paulo.

Os vereadores paulistanos foram cassados porque receberam doação ilegal da Associação Imobiliária Brasileira (AIB).

O que me escandalizou foi Maria Lýdia e Chaves, pasmem!, defenderem os cassados, minimizando o crime eleitoral deles. Justo esses dois, que tanto moralismo têm vertido na questão de Sarney por acusações como a de ele ter conseguido um emprego para o namorado da neta no Senado.

Ficaram lá, aqueles dois caras-de-pau, desmanchando-se de dó dos vereadores, dizendo que a pena teria sido “desproporcional” e insinuando que a Justiça Eleitoral deveria, isso sim, ter ido para cima de Lula e de Dilma Rousseff por “usarem a máquina do Estado para se promoverem eleitoralmente”.

Fui entender por que tanta preocupação com a vereança malandra do PSDB e do PFL ao acessar o R7, único grande portal de internet que não escondeu que Kassab também corre o risco de perder o mandato por também ter recebido dinheiro da AIB, ainda mais em um momento no qual até governadores de Estado estão sofrendo essa pena.

A preocupação com o mandato de Kassab é tanta que os dois pseudo jornalistas de José Serra nem ousaram tirar uma casquinha de Marta Suplicy, o boneco de Judas da mídia, pois ela também recebeu dinheiro daquela associação e pode ficar inelegível.

Para os dois fantoches do tucanismo pefelento abrirem mão de atacar Marta também contribuiu o fato de Geraldo Alckmin, a grande aposta da direita paulista para manter o governo do Estado de São Paulo nas mãos do PSDB e do PFL, também ter recebido doação ilegal da AIB.

Tomara que a Justiça Eleitoral faça como fez com os governadores recentemente cassados e retome o mandato de Kassab e torne Alckmin e Marta inelegíveis. Mesmo que as doações da AIB tivessem ficado dentro da lei, já seria um escândalo esses políticos receberem dinheiro de uma entidade que tantos interesses deve ter a defender numa cidade como São Paulo.

A penalização desses políticos graúdos é vital para que todos os outros comecem a levar a sério as leis que regulam as doações eleitorais. E que reflitam que não podem receber dinheiro de quem tanto podem ajudar quando se elegem.

Como o PSDB se tornou sucursal da mídia

Segundo matéria da Folha, a Casa Civil informa que na hora da tal reunião com Lina Vieira ela, Dilma, estava com o presidente da República e não participou de reunião alguma. Lina diz, em depoimento no Senado, que não houve reunião em 9 de outubro porque estava em São Paulo. Ambas – casa Civil e Lina (no Senado) informam que houve reunião na Casa Civil para tratar do tal encontro dos CEOs.
E, depois de pesar todos os elementos, o ponderado senador Arthur Virgílio encerra o samba do crioulo doido com uma frase lapidar:
“Devido ao surgimento de novas e irrefutáveis provas é imprescindível a presença da ex-secretária”, disse o líder do partido, Arthur Virgílio (AM).
Desde que a agenda política passou a ser comandada pelas manchetes do circuito Folha-Veja-Globo, a oposição só afunda. Criou-se um mundo virtual totalmente dissociado da realidade, auto-referenciado, sem auto-crítica, com esse nível de “provas novas e irrefutáveis”.
Esse fenômeno ainda há de ser estudado e, no futuro, considerado o maior engano já produzido por uma liderança política no país: José Serra, o homem que terceirizou a estratégia política para os jornais.
O que esteve por trás dessa imprudência é o seguinte.
No mano-a-mano, a oposição perde a batalha da comunicação para Lula. Decide, então, curvar-se a essa realidade, deixar de lado o “feeling” político próprio – por não confiar nele – e terceirizar a estratégia comunicação para quem presumivelmente entende e comanda o processo: a mídia. Assim, a parte mais sensível de uma campanha política, a formação da imagem foi substituída pelo exercício fácil de atender às demandas da mídia e deixar o trabalho por sua conta e risco.
Antes, os estrategistas políticos eram pessoas como Tancredo Neves, Tales Ramalho, Ulisses. Na era Serra foram substituídos pelo Ali Kamel (!), Merval (!), o Otavinho (!), o Roberto Civita (!), as colunistas políticas – que diariamente mandam orientações à oposição sobre como proceder, dão broncas quando acham que a oposição está desanimando, passam pito, ordenam isso e aquilo. E as lideranças aceitam de cabeça baixa, entram em todas as geladas que esse processo desembestado gera, criam até CPI da Petrobras e, depois que a empresa lança uma monumental campanha midiática, ficam órfãos, sem saber porque a mídia se desinteressou pelo tema, depois de obrigá-los a entrar na fria.
À falta de conteúdo político, de capacidade de compreensão do processo político, da incapacidade de discutir propostas ou modelos de país (porque exige ir além dos slogans e porque não faz parte da lógica midiática), esse pessoal adotou a agenda neocon – um modismo norte-americano que, no caso brasileiro, vinha pronto e embalado (criado pelo brilhantismo de Olavo de Carvalho e repetido por meia dúzia de papagaios). Um discurso restrito, de pouca ressonância, tornou-se hegemônico na mídia, não por convicção, mas por visão torta de mercado.
Não era mais a política comandando o discurso – como ocorreu com o PMDB de Ulisses, com o próprio Collor, com o mercadismo de FHC. Eram as criaturas de FHC, misturando slogans de mercado com slogans neocons e condicionando o discurso de um candidato a presidente da República, tendo como “timing” político e midiático apenas o escândalo do dia seguinte. Serra criou um exército de lobisomens (neoliberais + neocons + criadores de factóides) e passou a ser comandado por eles.
Como a mídia, seguramente, não estava à altura do desafio – e nem poderia estar, porque a lógica dos jornais é outra – criou-se essa mixórdia visceral, um debate circular em torno de Honduras, FARCs, cotas raciais, Venezuela, erros de português do Lula, Honduras, Bolsa Familia, Foro de São Paulo, FARCs, Moralez, erros de português do Lla, Hinduras, Cuba, Fidel… Meu Deus! Essa temátiuca só existe na cabeça deles e de leitores influenciáveis (e sem nenhuma relevância). Não há um ambiente minimamente esclarecido – sejam entre empresários, intelectuais – que tenha saco para entrar nesse jogo.
A oposição torna-se, então, massa de manobra da mídia. E, como se tornou partido político, a grande imprensa passou a fazer a única coisa que acha que sabe: fabricar escândalos, o tal priapismo midiático que os levou a um besteirol, em cima de factóides, poucas vezes visto na história da imprensa brasileira.
Serra conseguiu transformar um partido que já representou esperanças de mudança no país em sucursal da mídia. Não de um New York Times, mas da mídia brasileira.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Jornalismo porco: Folha vai além do desapego à verdade factual


A partidarização da mídia brasileira vai além do desapego à verdade factual. Temos jornalistas que, em nome de contemplar "os dois lados", simplesmente se deixam usar para fazer propaganda política.

Por Luiz Carlos Azenha, no blog Vi o Mundo


O caso envolvendo Lina Vieira é apenas a demonstração mais recente disso. A ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, usou uma entrevista à Folha de S.Paulo para propagar a versão de um encontro com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O ônus da prova cabia a ela, Lina. Ao depor no Congresso, Lina Vieira não forneceu provas factuais ou testemunhais sobre o que disse na entrevista.

Ou seja, a mídia transformou um factóide em um fato. Fez isso em nome dos partidos de oposição, numa clara estratégia para avançar os interesses partidários.

O factóide ganhou novo fôlego com o surgimento repentino da agenda de Lina Vieira. O encontro, segundo anotação na agenda, teria sido no dia 9 de outubro de 2008 (essa é, pelo menos, a versão da revista Veja). Não é a data anunciada anteriormente por Lina Vieira a senadores da oposição.

Quem é que fez a acusação sem apresentar provas, que se "esqueceu" da agenda e que aparentemente mudou de versão? Lina Vieira. A mídia, no entanto, continua assumindo como verdadeiras as declarações dela. Continua fazendo claramente o jogo dos partidos de oposição.

O fato é que não há novidade no encontro entre Dilma e Lina no dia 9 de outubro. O encontro, um de muitos entre as duas, havia sido admitido anteriormente no depoimento oficial de Lina ao Congresso.

Está lá, no questionamento feito a Lina pelo senador Aloizio Mercadante.

Lina diz claramente que naquele encontro tratou com Dilma de um fórum de empresários realizado em São Paulo.

Mas a mídia faz de conta que não viu.

Olhem só esse texto da Folha Online:


19/10/2009 - 15h00
Após aparecimento de agenda, oposição vai convidar Lina para falar de encontro com Dilma

GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília

Atualizado às 15h13.

A oposição vai protocolar esta semana na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado requerimento com o convite para que a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira preste depoimento à comissão.

Os oposicionistas querem que a ex-secretária confirme se achou a agenda em que teria anotado o dia em que diz ter se encontrado com a ministra Dilma Rousseff —no qual a ministra teria pedido para a Receita agilizar investigações sobre familiares do senador José Sarney (PMDB-AP).

"Estamos tentado fazer com que a maioria aceite que ela venha como convidada, a fim de que possam confrontá-la e estabelecer o contraditório com o que ela possa dizer agora de posse da sua agenda", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Na opinião do tucano, a ministra mentiu ao negar ter se encontrado com a ex-secretária para pedir o fim das investigações sobre familiares de Sarney.

"Está ficando como uma marca registrada do governo a mentira como arma para blindagem da sua popularidade. Não é a primeira vez que isso ocorre envolvendo a ministra Dilma. Mentira é arma utilizada pelo governo para encobertar determinadas irregularidades", afirmou Dias.

Segundo a oposição, a agenda com anotação do encontro que diz ter tido com a ministra reabre o caso sobre a suposta ação do governo para "agilizar" as investigações sobre a família Sarney.

Na agenda que Lina diz ter encontrado, há menção a uma audiência com Dilma na página de 9 de outubro de 2008. Nessa data, há de fato registro no Planalto da entrada de Lina.

Em 19 de agosto, dez dias depois de ter feito a acusação em entrevista à Folha, Lina depôs no Senado. Ela confirmou sua versão e deu mais detalhes. Tanto a ministra como Lula negaram as acusações e desafiaram a ex-secretária a apresentar provas da data exata do encontro.


*****

"Nessa data, há de fato registro no Planalto da entrada de Lina", diz a Folha. O que a Folha não diz é que não se trata de novidade. Quando Lina depôs ao Congresso o senador Mercadante mencionou vários encontros de Dilma e Lina, com as devidas datas.

Diz a Folha: "Segundo a ex-secretária, o encontro foi chamado por Dilma e teve um só tema: um pedido para ‘agilizar’ a investigação do fisco nos negócios da família de Sarney, aliado do governo Lula e hoje presidente do Senado."

Mas a Folha não diz que no encontro de 9 de outubro, conforme descrito pela própria Lina no depoimento ao Senado, ela afirma que tratou com a ministra de um único assunto: um fórum de empresários.

Será que a Folha não assistiu ao depoimento de Lina? Não teve acesso à transcrição?

É inacreditável que o jornal continue bancando um factóide reciclado, sem qualquer compromisso com a verdade factual, sem questionar as múltiplas versões apresentadas por Lina e, acima de tudo, desprezando a inteligência de seus próprios leitores. A Folha se tornou um jornal vergonhoso.

Transcrevo o trecho do depoimento:


Aloizio Mercadante: Quantas audiências a sra. teve com a ministra Dilma Rousseff?

Lina Vieira: Acredito que, em reuniões, particular apenas esta. Em outras reuniões eu acredito no máximo três.

Mercadante: Quanto?

Lina: No máximo três.

Mercadante: No máximo três... Bom, o que eu tenho aqui é no dia 14 de agosto a sra. teve uma audiência, no dia 9 de outubro a sra. teve uma audiência, tratando do Forum dos CEOs que se realizaria no dia 10 de outubro. No dia 22 de janeiro a sra. teve uma audiência com a presença da ministra Dilma. No dia 16 de fevereiro a sra. teve uma audiência com a ministra Dilma, no dia 6 de maio a sra. teve uma audiência com a ministra Dilma, no dia 19 de maio a sra. teve audiência com a ministra Dilma, para citar algumas, é muito mais do que duas ou três. Parece que a memória da sra. não é tão rigorosa quanto as informações que eu tenho.

Lina: Não, não. Pode até constar da agenda, mas eu tive um encontro em São Paulo no dia 9 de outubro, no dia 10, eu viajei no dia 9, para essa reunião de CEOs, foi em São Paulo essa reunião. Depois eu tive um encontro para tratar da... da... do... Minha Casa, Minha Vida.

Mercadante: 22 de janeiro.

Lina: Minha Casa Minha vida, eu não lembro a data, não estou com a minha agenda oficial aqui. E uma outra de construção dessa, nós tivemos duas reuniões aí para construção de que assuntos seriam abordados.

Mercadante: Só essas três?

Lina: Que eu me lembre, assim, no máximo três reuniões.