sábado, 17 de março de 2012

Brasil vira exemplo de luta anticorrupção

Do Crônicas do Motta

Huguette (esq.) e Dilma: elogios ao Brasil    (José Cruz/ABr)
O Brasil é apresentado por certos setores da imprensa, da política e da sociedade como o paraíso da corrupção. Falam como se a prática fosse não só acobertada, mas até estimulada pelo governo - sempre o federal, claro; os outros, principalmente os de oposição, parecem ser a quintessência da moralidade.
Claro que isso faz parte do jogo do poder, e é verdade também que a corrupção, pelo menos no âmbito da União, tem sido combatida de maneira dura, com instrumentos que foram criados ainda no primeiro governo Lula, e tem diminuído: basta ver o número de servidores públicos que foram afastados nesses últimos tempos.
Pois bem, na quarta-feira a presidente Dilma Rousseff recebeu a presidente do Conselho de Administração da ONG Transparência Internacional, Huguette Labelle. A entidade é a mesma que já fez severas críticas ao Brasil. Desta vez, porém, o discurso mudou. "Se continuar nessa trilha que começou, o Brasil poderá demonstrar que um país pode fazer muito em pouco tempo", disse Huguette na entrevista que deu à Deutesch Welle Brasil.
Ela se referia à Lei de Acesso à Informação, que entrará em vigor no dia 16 de maio e cujo texto regulamenta o acesso a dados do governo, pela imprensa e pelos cidadãos, e determina o fim do sigilo eterno de documentos oficiais. Segundo ela, o Brasil poderá servir de exemplo para países da região e exportar o modelo de transparência que vem adotando.
A seguir está a íntegra da sua entrevista. Seria bom que esses Catões todos espalhados por aí dessem uma lida nela para que reduzissem a dose de cinismo que acompanha suas alocuções:

DW Brasil: Na opinião da Transparência Internacional, qual é a posição que o Brasil ocupa hoje na luta contra a corrupção?
Huguette Labelle: No passado recente, uma série de ações foi tomada. Tem havido uma forte liderança, o que é sempre importante: comprometimento e ações para dar efeito aos comprometimentos. A agenda legislativa é bem importante. Parte do trabalho, que vem sendo feito pela Controladoria Geral da União na transparência de dados como gastos e receitas do governo, aconteceu num momento oportuno em que muitos países poderão aprender com o Brasil. Uma série de outras ações está sendo colocada em prática neste momento, mas claro que a agenda nunca está concluída, haverá sempre muito trabalho na implementação, por exemplo, da Lei de Acesso à Informação. Eu acho que todos os países têm muito que fazer pela transparência e luta contra corrupção no nível municipal, por exemplo. Muitos países têm muito que fazer a respeito do sistema judiciário, e eu sei que isso faz parte do plano do Brasil. Então eu acho que o Brasil, se continuar nessa trilha que começou, poderá demonstrar que um país pode fazer muito em pouco tempo, numa agenda de tolerância zero diante da corrupção.
DW Brasil: Em novembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff assinou a nova lei, aprovada pelo Congresso, sobre o acesso à informação. É uma lei bastante ampla e envolve o Executivo, Judiciário e o Legislativo nas três esferas (municipal, estadual e nacional). Qual sua opinião sobre a aplicabilidade dessa lei num país como o Brasil?
Huguette: O fato de ela ser aplicada a todos esses setores é muito importante. Então esse é um passo muito positivo. Também significa que a implementação é mais complexa. Eu acredito que, sim: o fato de a lei ter que ser implementada em pouco tempo é muito desafiador, mas, ao mesmo tempo, é importante para que as pessoas possam ver que sim, agora temos uma lei, mas também temos ações e podemos alcançar o acesso a informações. Mas isso também vai significar que o governo terá que aprender com essa implementação. Eu acredito que é uma importante atitude ser capaz de rever periodicamente quais são os problemas e como as coisas podem melhorar. Mas o fato de a lei ser aplicada para todas essas áreas também será um fator para que outros países tenham a possibilidade de observar, porque em muitos países [leis como essas] são muito limitadas.
DW Brasil: Muitos analistas dizem que o Brasil não tem a "cultura da transparência". A senhora acredita que é verdade que a cultura pode ter papel fundamental na dificuldade de implementação da Lei de Acesso à Informação?
Huguette: Para mim, trata-se mais de uma questão de prática do que de cultura. A prática antes era a do segredo, enquanto que hoje o que se vê mais e mais é que as pessoas estão consultando amplamente os novos programas, novas políticas, novas leis. Então o que era um segredo até que estivesse pronto não é mais. Acho que já é um grande passo, ao menos na maioria dos países. Eu acredito que, para haver uma mudança cultural, os líderes e funcionários dos governos precisam entender que a informação não é deles, é do povo. E no momento que você pensa na informação dessa maneira, seu cérebro se transforma e olha para essa questão de uma maneira bem diferente: que é o direito das pessoas de terem acesso a informação, a informação é deles. Claro que há a questão da privacidade ou de sigilo para investigações em andamento. Mas isso deve ser limitado e deve ser claro. A maior parte da informação precisa ser disponibilizada online para todos ver que não há o que esconder. Esses são os dois principais aspectos: nada a esconder e a informação do povo. Quando se inicia com esses dois princípios poderosos, há a possibilidade de criar um novo ambiente no governo.
DW Brasil: Muitos ministros do governo Dilma Rousseff saíram dos cargos ou pediram demissão após uma série de denúncias de corrupção. O que isso significa para a Transparência Internacional?
Huguette: Se há evidência de má gestão ou corrupção, fraude, então o líder precisa agir. Não pode virar as costas, porque é aí que a impunidade permanece. Então se são 20 pessoas, são 20 pessoas. Se forem 100 pessoas, que sejam 100 pessoas. Eu acho que, primeiramente, é uma questão de não tolerar impunidade, de assegurar que a contravenção não será tolerada. Também serve como um inibidor muito forte, porque se pessoas num departamento do governo sabem ou sentem que um executivo de alto escalão fez algo errado e isso foi tolerado, essas pessoas pensam: porque não eu também? Cria-se um ambiente em que a infração é aceita. Não são, portanto, os números que importam, mas sim assegurar que, se há indícios de fraude e corrupção, as pessoas serão removidas, investigadas. Caso nada fique comprovado, então elas voltam para seus postos. Mas se já se chegou a essa medida [de afastar ministros] é porque há sinais suficientes.
DW Brasil: O Brasil se prepara para receber importantes eventos esportivos. Nesse processo, há vários aspectos ligados à transparência que preocupam especialistas. Esta semana, por exemplo, Ricardo Teixeira afastou-se Confederação Brasileira de Futebol e do Comitê Organizador da Copa de 2014. Avalia como positivo esse fato?
Huguette: Qualquer coisa que puder ser feita para construir transparência e integridade nos jogos vai ser vital. Vital para o bem dos jovens atletas que acreditam que dedicar-se ao esporte ainda é uma boa maneira de conduzir a vida. Mas é importante, também, prevenir a corrupção.

sexta-feira, 16 de março de 2012

IMPRENSA GOLPISTA FAZ OPERAÇÃO CASADA EM SACOS DE LIXO

Via Cloaca News




















 
 
 
A propósito da postagem A tiragem turbinada de Veja, assinada pelo Prof. DiAfonso e publicada no Blog do Nassif, registramos o flagrante enviado pelo nosso leitor Luiz Antonio Ferreira, capturado na “livraria de auto-ajuda” do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre. 
Cena semelhante também foi registrada em São Paulo, pelas lentes do Wadilson Oliveira. Clique aqui para ver.

O baixo nível da TV no Brasil

Extraído no blog O Terror do Nordeste



Por Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú-SE
A situação é extremamente preocupante: no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo nível de programação.
Sem nenhum controle ético por parte da sociedade, os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir gratuitamente) fazem a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor amoroso para com Deus.
Na telinha, tudo é permitido, tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo!
Na telinha, a vida é pra gente bonita, sarada, corpo legal…
A vida é sucesso, é romance com final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e constrói como bem quer e entende!
Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha, inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o sexo sem amor, somente pra fabricar um filho…
Na telinha tem o Gugu, que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê…
Na telinha tem os debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória…
Na telinha tem ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a desvalorizar a família…
Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a ilusão da Fama…
Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a criar, temos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social…
E a telinha destruindo valores e criando ilusão…
E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas:
(1) assiste quem quer e quem gosta,
(2) a programação é espelho da vida real,
(3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial…
Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…
Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…).
Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil!
Que tipo de heróis, que guerreiros!
E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!
Como o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que chegamos!
Uma semana de convivência e a orgia corria solta…
Os palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia…
A grande preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranqüilamente dá-se as mãos para invocar Jesus…
Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no comportamento público e privado das pessoas…
Um jesusinho de encomenda, a gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele na vida e exige de nós conversão contínua!
Um jesusinho tão bonzinho quanto falsificado…
Quanta gente deve ter ficado emocionada com os “heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”
Até quando a televisão vai assim?
Até quando os brasileiros ficaremos calados?
Pior ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura?
Isso mesmo: censura!
Os pais devem ter a responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem, que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar, analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação e, se preciso, censurar este ou aquele programa.
Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem!
Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que quer, ninguém amadurece se não conhece limites; ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores sólidos…
E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o coração, mancha a consciência e deturpa a razão!
Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave que tem provocado danos seríssimos na sociedade
.
Quem dera que de um modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas diante dos meios de comunicação.

quinta-feira, 15 de março de 2012

PSDB é bola de ferro que prende país pelos pés

Pescado no blog O Carcará

“São Paulo tem um pensamento conservador muito consolidado (…). Se optar pela renovação, no entanto, irradiará rapidamente essa tendência para o país. O Brasil poderia mais, não fosse a âncora conservadora do PSDB de São Paulo. Tem uma bola de ferro no nosso pé que ainda segura muito o país”, diz Haddad.

HaddadEstreante nas lides eleitorais, o pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, entra na disputa com as vantagens e desvantagens de ser um nome novo. A vantagem óbvia é não apenas o apoio, mas o comprometimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com sua candidatura – Lula articulou intensamente para que o PT paulistano o assumisse como candidato e será fundamental no processo eleitoral. Isso, o ex-ministro reconhece, é o mais importante. “Lula é (…) uma personalidade que tem a força e a frequência de um cometa, aparece a cada 70 anos”.Haddad tem também o apoio da presidenta Dilma Rousseff, e muito menos a perder do que o possível candidato do PSDB à prefeitura, José Serra. “A perda dessa eleição, no caso do nosso adversário, seria uma derrota dura”, afirmou Haddad, em entrevista exclusiva à Carta Maior.
As desvantagens de sua candidatura são óbvias: um nome desconhecido, para ser apresentado ao eleitorado da maior metrópole da América Latina, precisa contar com os meios de comunicação de massa – e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) subtraiu essa oportunidade do PT, ao punir o partido com a proibição de veicular o horário de propaganda partidária. O PT foi condenado por usar o programa partidário para propaganda eleitoral no ano passado. Os demais partidos terão horário no primeiro semestre; Haddad ficará de fora até o início oficial do horário de propaganda eleitoral gratuita, que começa apenas em agosto.
A outra dificuldade também é a amarração de apoios à sua candidatura. Haddad garante que o único interesse do ex-presidente Lula no apoio à coligação com o PSD foi a filiação de Henrique Meirelles. “Se o Meirelles tivesse ido para o PMDB, o Lula iria atrás”, afirmou. “A hipótese de uma chapa com dois ministros de seu governo o agradava”. Na avaliação do candidato, mais importante do que o apoio do PSD é manter o PT unido em torno de sua candidatura e fechar com os tradicionais aliados petistas – o PSB, o PDT e o PCdoB. A pesquisa eleitoral feita pelo Datafolha, divulgada no início do mês, que o colocou como lanterninha das pesquisas, dificultou as coisas. “As pesquisas foram mais importantes no jogo de barganhas do que propriamente no ânimo das pessoas envolvidas com a minha candidatura”, afirmou. “Aumentou o preço?”, pergunta a repórter. “Não é isso”, responde Haddad, rapidamente. Apenas os partidos postergaram as conversas, deixaram o acordo para depois, diz ele. “Mas nem sempre os apoios levam à vitória”, relativiza.
O pré-candidato petista não subestima o trabalho que terá para tentar romper a hegemonia do PSDB na capital paulista. “São Paulo tem um pensamento conservador muito consolidado (…) que sempre dá peso muito forte para qualquer plataforma do establishment”, analisa. Se optar pela renovação, no entanto, irradiará rapidamente essa tendência para o país. O Brasil poderia mais, não fosse a âncora conservadora do PSDB de São Paulo. “Tem uma bola de ferro no nosso pé que ainda segura muito o país”, concluiu.
Por: Eliseu, compilado no Carta Maior

quarta-feira, 14 de março de 2012

Depois de julgar, juiz parte para cima do réu

Pescado no blog DoLaDoDelá

Frente às críticas que vem sofrendo no Pará e em todo o país pela maneira como condenou o jornalista Lúcio Flávio Pinto a pagar indenização por danos morais ao latifundiário Cecílio do Rego Almeida, o juiz Amilcar Guimarães, titular da 1ª Vara Cível de Belém, passou a fazer ataques pessoais públicos pela internet. Em sua página na rede social Facebook, o magistrado tem ofendido repetidamente o réu que julgou. 
Em uma das mensagens que escreveu, o juiz o chamou de "pateta", "canalha" e lembrou que, em ocasião anterior, ele recebeu "bons e merecidos sopapos no meio da fuça". Nesta quinta-feira, 8 de março, voltou à carga chamando de "carpideira" quem se ofendeu com seus posts das últimas semanas.
Procurado pela Repórter Brasil, Lúcio Flávio descartou entrar com uma ação por danos morais contra o magistrado por não acreditar na isenção dos tribunais do Estado. Ele defende que a condenação que sofreu foi política e diz que não tem esperança de obter qualquer sentença favorável na Justiça local, qualquer que seja o contexto.
O jornalista foi condenado pelo juiz Amilcar em 22 de junho de 2005 a pagar R$ 8 mil como indenização por danos morais por ter chamado o fundador da empreiteira C.R. Almeida, Cecílio do Rego Almeida, de "pirata fundiário". O repórter utilizou o termo para denunciar a tentativa de grilagem de cerca de 4,7 milhões de hectares de terras públicas no Pará, uma área maior do que países como Dinamarca, Holanda e Bélgica, e do que estados como Rio de Janeiro e Espírito Santo. O alerta feito pelo jornalista de que o empresário estaria utilizando documentos falsos para tentar se apropriar de terras do Estado do Pará e da União, incluindo parte de territórios indígenas, revelou-se correto. Em novembro de 2011, a Justiça Federal cancelou o registro do que, na decisão, o juiz da 9ª Vara Federal em Altamira (PA), Hugo da Gama Filho, classificou como "o maior latifúndio do Brasil". Cecílio faleceu em 2008 e são seus filhos que devem se beneficiar da indenização. 
Em sua defesa, Lúcio Flávio apontou irregularidades graves na maneira como o processo contra ele foi conduzido. O juiz Amilcar teve a oportunidade de julgar o caso ao assumir interinamente a 4ª Vara por apenas três dias - que, na prática, viraram dois dias por ele ter sido nomeado com atraso devido à publicação incorreta da portaria que oficializou a substituição provisória. Nestes dois dias em que esteve no cargo, Amilcar solicitou o processo específico que corria contra o jornalista, um documento de mais de 400 páginas, e decidiu rapidamente pela condenação. "Ele pediu só um processo, o meu. E era um processo que não poderia ser julgado porque estava sob efeito suspensivo", diz Lúcio Flávio. "Além disso, apesar de ter datado a sentença como tendo sido promulgada na sexta-feira, ele só efetivamente devolveu o documento apenas na terça-feira. Tenho certidões do cartório e do departamento de informática do Tribunal de Justiça do Pará documentando isso". 
Amilcar confirma que pediu especificamente o processo que corria contra Lúcio Flávio. "Pedi porque tinha interesse pessoal em tratar da questão da liberdade de imprensa. Eu queria expor uma tese sobre o limite da liberdade de imprensa", afirma o magistrado. "Minha revolta é por ele achar que os motivos foram outros, que agi assim porque o Rego Almeida é um milionário e ele um jornalista batalhador. Eu não tinha outros interesses, apenas escrever sobre isso. É preciso um limite. As pessoas têm direito à crítica, ele mesmo pode me criticar, criticar meu trabalho, minhas decisões, mas não pode ofender. Essa responsabilidade de estabelecer o limite não deveria ser do judiciário, mas da sociedade. Quem deveria regulamentar isso deveria ser o Congresso Nacional", afirma.
Ofensa pessoal
Questionado sobre o fato de, ao atacar o jornalista no Facebook, estar incorrendo no mesmo crime pelo qual condenou Lúcio Flávio, o magistrado admite que errou. "Ele vem me chamando de corrupto, achei que deveria me defender. Sei que um erro não justifica o outro, mas perto das insinuações que sofri por parte dele, chamá-lo de pateta é quase como chamá-lo de Madre Teresa de Calcutá. Somos duas pessoas extremamente grosseiras e mal educadas. Eu reagi mal e reconheço que não é certo", afirma o juiz, que diz, no entanto, que não se arrepende do que escreveu. Ele descarta a possibilidade de sofrer uma ação por parte do jornalista. "Ele não ousaria. Ele já me ofendeu muito mais".
Lúcio Flávio nega que tenha chamado ou insinuado que Amilcar recebeu dinheiro para condená-lo, e também diz que jamais fez qualquer menção à corrupção, como afirmou o magistrado. Ele insiste, isso sim, que a maneira como o processo foi conduzido foi irregular. "Fiz uma representação contra essa fraude que ele praticou. A representação foi aceita pela corregedora, que votou pelo procedimento administrativo e disciplinar. Nenhum juiz substituto que vai ficar por três dias sentencia no último dia um processo de 400 páginas que deveria estar suspenso. Eu disse que ele foi venal, que fraudou a sentença. E isso está documentado", afirma Lúcio Flávio.
O jornalista diz que desistiu de recorrer da sentença a que foi condenado por não ver mais legitimidade no Tribunal de Justiça do Pará. Em vez de tentar novos recursos, ele aceitou a decisão e fez uma campanha para arrecadar os R$ 8 mil que teria que destinar a família do magnata falecido. "Já tem dinheiro suficiente para pagar. No dia que for, vou levar todo mundo que ajudou", afirma. Entre os motivos que levaram Lúcio Flávio a desistir de recorrer da condenação está o fato de que, como jornalista, já fez denúncias envolvendo magistrados de desembargadores do Tribunal de Justiça do Pará. "Esse juiz é apenas a ponta de um tumor. Tenho denunciado todas as sujeiras e o Tribunal não quer que o Jornal Pessoal continue a circular, porque o jornal denuncia mesmo. As denuncias são seríssimas", reitera.
"Espero que a opinião publica nacional perceba que pela primeira vez um juiz personificou quase todos os males do sistema judiciário. Ele representa a Justiça mas declara publicamente que não confia na justiça, ele acha que as diferenças podem ser resolvidas na violência, acha que a pena máxima para um juiz é a aposentadoria, ele desrespeita a parte que julgou, ele não consegue separar seu interesse pessoal do público, ele não respeita o exercício do seu ofício", afirma, referindo-se às manifestações do juiz no Facebook. Além de ter dito que os "sopapos" recebidos por Lúcio Flávio foram merecidos, Amílcar chegou a dizer que espera que o jornalista faça uma representação ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para poder ganhar a aposentadoria compulsória.
De acordo com CNJ, se condenado em um processo administrativo disciplinar, a punição máxima a que Amílcar poderia ser submetido seria a aposentadoria, garantida sem nenhum desconto de rendimentos.
Decoro, ética e redes sociais
O juiz Amilcar tem utilizado o Facebook não apenas para criticar o jornalista, mas também para escrever mensagens pessoais e brincadeiras. Entre um ataque e outro, escreveu, por exemplo, "‎quando sua mulher fica grávida, todos alisam a barriga dela e dizem parabéns. Mas ninguém apalpa seu saco e diz bom trabalho". Ele utiliza o espaço para se comunicar com amigos e publicar fotos. "Gostaria de deixar claro que aquele espaço é onde um homem se expressa. Não é o juiz. Não sou juiz, juiz é o Estado do Pará. Sou só um funcionário que é pago para exercer essa função. Sou só um homem com vicissitudes, fraquezas morais também", ressalta Amilcar. "Aquele espaço é da minha irreverência, eu faço piadas, bullying, é uma coisa minha. E foi o espaço que encontrei para responder a uma agressão", completa.
O Código de Ética da Magistratura, de 2008, prevê que "ao magistrado impõe-se primar pelo respeito à Constituição da República e às leis do País, buscando o fortalecimento das instituições e a plena realização dos valores democráticos". O texto diz ainda que o magistrado "deve manter atitude aberta e paciente para receber argumentos ou críticas lançados de forma cortês e respeitosa, podendo confirmar ou retificar posições anteriormente assumidas nos processos em que atua" e "deve comportar-se na vida privada de modo a dignificar a função, cônscio de que o exercício da atividade jurisdicional impõe restrições e exigências pessoais distintas das acometidas aos cidadãos em geral".
Para o Juiz de Direito José Henrique Rodrigues Torres, presidente do Conselho Executivo da Associação Juízes para Democracia (AJD), Amilcar tem todo o direito de se manifestar publicamente, seja para criticar o próprio sistema judiciário, seja para se defender das críticas que vem recebendo. "A questão é que neste caso existe uma linha muito delicada entre liberdade de expressão e excesso. Se houve um ataque de ordem pessoal, cabe ao ofendido reagir quanto a isso. As manifestações dos juízes têm que ser respeitadas, a liberdade de expressão fica acima de tudo, mas neste caso, há trechos que atingem a honra, como o que utiliza a palavra canalha", diz José Henrique.
"É preciso tomar muito cuidado ao se debater o controle do comportamento ético dos juízes para que não se atinja a liberdade de expressão. As decisões judiciais devem ser respeitadas e aceitas democraticamente, mas isso não significa que nós cidadãos ou juízes tenhamos que ficar resignados perante decisões que contrariam nossos princípios. É preciso respeitar a liberdade de expressão e de pensamento", explica, para ressaltar.
"Se há excessos pessoais de ofensa, estamos no campo do excesso, e aí não é um direito. Tenho a liberdade de exercer minha expressão de pensamento, mas não posso ofender. Um magistrado, como qualquer outro cidadão, deve manter e guardar os limites de respeito aos direitos dos outros. Qualquer um que vá se colocar em uma rede pública deve ter o cuidado de não invadir a esfera dos direitos dos outros".

MILITÂNCIA DEMO-TUCANA ARRUÍNA IMAGEM DA OPOSIÇÃO

Pescado no blog Brasil's News

Eles são jornalistas de grande visibilidade na mídia, são empresários, são aposentados, são estudantes, são madames desocupadas, são profissionais liberais e são, até, trabalhadores de classe social mais “baixa”, ainda que, neste segmento, existam poucos militantes do PSDB e do DEM.
Seja no mundo físico ou no virtual, os militantes desses partidos, em maioria, adotam discurso que pode ser o verdadeiro responsável por uma débâcle da oposição ao governo federal que se aprofundou após a derrota de José Serra para Dilma Rousseff, a despeito de que tal processo de desmoralização oposicionista venha se aprofundando desde 2006, quando a centro-direita demo-tucana perdeu a segunda eleição presidencial consecutiva para a centro-esquerda petista.
Entre o povão mesmo, restam cada vez menos simpatizantes da oposição conservadora ao governo petista. A centro-direita vai se mantendo viva – ainda que cada vez mais debilitada – graças a meia dúzia de impérios de comunicação que ainda conseguem fazer a cabeça de setores de classe média alta que mantêm alguma ascendência sobre setores populares das regiões Sul e Sudeste.
A ideia-força de que o PSDB e o DEM são partidos identificados com a elite branca dessas regiões, porém, não deveria vingar se dependesse do discurso desses partidos e dos seus candidatos nas três últimas eleições presidenciais. Tanto José Serra (2002 e 2010) quanto Geraldo Alckmin (2006) se apresentaram com discursos progressistas.
Na campanha eleitoral de 2010, Serra bem que tentou se inserir no coração da população mais humilde, entre essa classe C emergente que já é maioria do eleitorado brasileiro e que foi a responsável pelas três vitórias consecutivas do PT em eleições presidenciais. Mas enquanto ele fazia força para se mostrar progressista, o discurso da militância demo-tucana o desmentia.
Todos sabem que os eleitores do PSDB e do DEM mais afeitos à política – e que, portanto, falam do assunto amiúde –  são declaradamente contra todas as políticas públicas que incluíram milhões na sociedade de consumo de massas que o PT construiu de 2003 para cá.
Senão, vejamos:
– A maioria esmagadora da população brasileira, que é afrodescendente, apóia as cotas étnicas em universidades, e a militância demo-tucana esbofeteia esse setor chamando de “racista” política pública que deve produzir, nos próximos anos, a primeira leva considerável de médicos negros na história da República.
– Enquanto Serra e Alckmin – bem como seus partidos – trataram, durante a década passada, de garantir que não acabariam com o Bolsa Família, a militância demo-tucana, na internet ou no mundo físico, ataca com força a política pública, que ainda chama de “bolsa-esmola” para “vagabundos”.
– Por mais que o PSDB e o DEM garantam que não reeditariam a privataria tucana, a militância desses partidos, tanto nas ruas quanto na imprensa, tece loas às privatizações, cometendo o desatino de atribuir a elas o êxito atual do país quando se sabe que a grande maioria dos brasileiros nutre profunda rejeição a tudo que foi privatizado, pois telefonia, energia elétrica etc. são hoje um inferno que tortura o consumidor.
– Por mais que a oposição negue que é um grupo político que representa exclusivamente o Sul e o Sudeste, sua militância nessas regiões adota um discurso racista e xenófobo, do que é exemplo a turba que atacou duramente os nordestinos nas redes sociais na noite da vitória de Dilma sobre Serra, em 2010, por considerar que foram os responsáveis pela derrota tucana.
– Por mais que demos e tucanos garantam que querem manter a inclusão das classes populares no mercado de consumo, vemos jornalistas de oposição ao governo petista e militantes desse grupo político nas redes sociais e até no mundo físico tecendo diatribes contra as políticas que permitiram aos pobres terem carros, tevês de plasma etc.
– Enquanto as massas deliram com o prazer e o conforto inédito de poderem se deslocar pelo país de avião, a militância demo-tucana está sempre reclamando de que, “agora, os aeroportos parecem rodoviárias nordestinas”…
Preciso dizer mais?
O que ainda sustenta a oposição, além da mídia, são grupos religiosos radicais que políticos demo-tucanos seduzem ao criminalizarem o aborto e ao caricaturarem os homossexuais. E, mesmo assim, são só alguns setores das igrejas evangélicas e da católica que se deixam seduzir pela direita apesar de serem beneficiários das políticas da centro-esquerda.
Falta à oposição (tanto à de direita quanto à de esquerda) e à mídia uma compreensão exata do fenômeno que levou a centro-esquerda ao poder. Nesse aspecto, comentário de um leitor, em post recente deste blog, explica o que esses grupos político-ideológicos, regionais e sociais não conseguem captar:
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Eduardo, boa tarde.
Posso citar como exemplo minha história de vida, nada trágica, mas também nada fácil. Fui morador do Bairro dos Pimentas, periferia de Guarulhos, de 1978 até 2002, quando me casei.
Por sinal, o último ano de FHC como presidente. Minha esposa, na época, era moradora da Brasilândia, periferia de São Paulo. Passou por momentos muito difíceis com sua família, chegando a morar em cortiço.
Casamo-nos no final do ano de 2002 e iniciamos vida nova em 2003, primeiro ano do governo Lula.
Em resumo: devido às políticas adotadas pelo governo, pude ter acesso a condições melhores para formar a minha família.
Duas delas foram crédito imobiliário farto, que me possibilitou a compra de apartamento em bairro de classe média em condições bastante favoráveis e o sonho do meu pai que consegui realizar ingressando na universidade através do PROUNI, via ENEM.
Hoje, estou no terceiro de Administração na FECAP, uma das melhores do país na área. Por conta da faculdade, já consegui uma ótima promoção no meu trabalho.
Em Guarulhos, cidade onde morava, o PT chegou ao poder em 2000 com Elói Pietá, com voto em peso do povo da periferia. E essa região, sempre desassistida, passou a receber investimentos maciços, com a construção de escolas, CEUs, hospitais e Terminais de Passageiros, fora outras benfeitorias.
Por tudo isso, não tenho motivo nenhum, pelo menos por enquanto, de deixar de votar no PT em favor do PSDB. Não sou louco de pôr em risco todas essas conquistas.
Abraços
Marcos Marques de Sousa Trindade
Enviado em 12/03/2012 às 15:41
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Marcos não é um militante, é um cidadão comum da nova classe C. Politizado, antenado, horroriza-se com o que vê a militância demo-tucana verter na internet, no trabalho, na vizinhança…
Enquanto os políticos do PSDB e do DEM e a mídia esforçam-se para apresentar Serra como um progressista que quer “ampliar” conquistas sociais, a militância desses partidos desmascara o tucano dizendo o que tenta negar reiteradamente, que ele e os partidos que o apoiam reverteriam a mobilidade social que os governos petistas inauguraram no Brasil.
Em outra escala e por outro viés, mas de forma análoga, a militância da oposição à esquerda, da qual o PSOL é o expoente máximo, também trata de fazer propaganda negativa do partido e de seus congêneres ao negar avanços que todos sentem. Apesar de prometer o paraíso para a nova classe média, a esquerda oposicionista erra ao tentar vender que não houve avanços.
Sempre fui um crítico desses partidos mais à esquerda, mas revi minha posição porque sei que abrigam políticos respeitáveis como o deputado do PSOL Jean Wyllys, um progressista que fez corar muito petista ao detectar o oportunismo das marchas demo-tucanas “contra a corrupção” e ao acusar a malandragem que gerou aquele movimento.
Para o bem do Brasil, PSOL, PSTU e PCO precisam se atualizar e enxergar quanto este povo ganhou com o PT no poder. E, a partir daí, precisam produzir um projeto viável que não produzem por falta de quadros com conhecimento da dinâmica política, econômica e social do país.
A oposição ao governo Dilma vai se desidratando devido a um fenômeno que há anos sintetizo com uma frase: ninguém precisa bater na direita porque ela se espanca sozinha a cada vez que abre a boca com sinceridade. E, como se sabe, a característica das militâncias é, justamente, a sinceridade.

PGR vai conferir que lições o "professor" Cachoeira ensinava a Demóstenes

Extraído do blog Com Texto Livre

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, analisará as gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal entre parlamentares goianos e o "professor" Carlinhos Cachoeira (o senador Demóstenes Torres do DEMo tratava seu amigo como "professor").
Gurgel quer saber, por exemplo, que lições o professor-bicheiro Cachoeira (preso na operação Monte Carlo) ensinava a Demóstenes.
Se ambos conversavam, cerca de duas vezes por dia, sobre receitas de arroz com pequi para fazer na cozinha importada ganha de presente dado por Cachoeira, não haverá problemas. Porém, Gurgel está atrás de "pratos" mais picantes, relacionados com as atividades ilícitas que levaram Cachoeira à prisão de Mossoro (RN).
Além de Demóstenes, outros parlamentares goianos também trocaram telefonemas com Cachoeira:
"A coisa não diz respeito apenas ao senador Demóstenes. Há outros parlamentares do estado de Goiás. São pessoas que estão sujeitas à jurisdição da Procuradoria Geral da República, mas isso realmente tem que analisar. Eu não vi nada e é muita coisa. Vou examinar" - disse Gurgel.

terça-feira, 13 de março de 2012

James Petras: A guerra da tríplice aliança contra a Síria

Extráido no Vermelho.org

Há uma clara e esmagadora evidência de que o levantamento para o derrube do presidente Assad, da Síria, é uma violenta tomada de poder conduzida por combatentes apoiados no estrangeiro que mataram e feriram milhares de soldados, polícias e civis partidários do governo sírio, bem como a sua oposição pacífica.

por James Petras [*]


A indignação expressa por políticos no Ocidente, em estados do golfo e na imprensa ocidental acerca da “matança de pacíficos cidadãos sírios a protestarem contra a injustiça” é cinicamente concebida para encobrir informações documentadas da tomada violenta de bairros, aldeias e cidades por bandos armados, brandindo metralhadoras e colocando bombas nas estradas.

O assalto à Síria é apoiado por fundos, armas e treino estrangeiro. Devido à falta de apoio interno, contudo, para ter êxito, será necessária uma direta intervenção militar estrangeira. Por esta razão foi montada uma enorme campanha de propaganda e de diplomacia para demonizar o legítimo governo sírio.

O objetivo é impor um regime fantoche e fortalecer o controle imperial do Ocidente no Médio Oriente. No curto prazo, isto destina-se a isolar o Irã como preparativo para um ataque militar de Israel e dos EUA e, no longo prazo, eliminar outro regime laico independente amigo da China e da Rússia.

A fim de mobilizar apoio mundial a esta tomada de poder financiada pelo Ocidente, Israel e Estados do Golfo, vários truques de propaganda tem sido utilizados para justificar mais uma flagrante violação da soberania de um país após a destruição, com êxito, dos governos laicos do Iraque e da Líbia.

O contexto mais amplo: Agressão em série

A atual campanha ocidental contra o regime independente de Assad na Síria faz parte de uma série de ataques contra movimentos pró democracia e regimes independentes que vão desde a África do Norte até o Golfo Pérsico.

A resposta imperial-militarista ao movimento egípcio para a democracia que derrubou a ditadura Mubarak foi apoiar a tomada de poder pela junta militar e a campanha assassina para prender, torturas e assassinar mais de 10 mil manifestantes pró democracia no Egito.

Confrontado com movimentos democráticos de massa semelhantes no mundo árabe, ditadores autocrático do Golfo apoiados pelo Ocidente esmagaram seus respectivos levantamentos no Barein, Iêmen e Arábia Saudita.

Os assaltos estenderam-se ao governo laico da Líbia onde potências da Otan lançaram um bombardeio maciço por ar e mar a fim de apoiar bandos armados de mercenários, destruindo assim a economia e a sociedade civil da Líbia. O desencadeamento de gangster-mercenários armados levou à devastação da vida urbana na Líbia, assim como das regiões rurais.

As potências da Otan eliminaram o regime laico do coronel Kadafi, que foi assassinado e mutilado pelos seus mercenários. A Otan supervisionou a mutilação, aprisionamento, tortura e eliminação de dezenas de milhares de apoiadores civis de Kadafi, assim como funcionários do governo. A Otan apoiou o regime fantoche quando ele iniciou um massacre sangrento de cidadãos líbios descendentes de africanos sub-saharianos bem como imigrantes africanos sub-saharianos – grupos que se beneficiaram de generosos programas sociais de Kadafi.

A política imperial de arruinar e dominar a Líbia serve como “modelo” para a Síria: Criar as condições para um levantamento em massa conduzido por fundamentalistas muçulmanos, financiados e treinados por mercenários ocidentais e de estados do golfo.

A estrada sangrenta de Damasco para Teerã

Segundo o Departamento de Estado, “A estrada para Teerã passa através de Damasco”: O objectivo estratégico da Otan é destruir o principal aliado do Irã no Médio Oriente; para as monarquias absolutistas do Golfo o objetivo é substituir uma republica laica por uma ditadura vassalo-teocrática; para o governo turco o objetivo é promover um regime cordato aos ditames da versão de Ancara do capitalismo islâmico; para a al-Qaida e os seus aliados fundamentalistas Salafi e Wahabi, um regime teocrático sunita, limpo de sírios laicos, alevis e cristãos servirá como trampolim para projetar poder no mundo islâmico; e para Israel uma Síria dividida e ensopada em sangue assegurará a sua hegemonia regional.

Não foi sem uma antevisão profética que o senador estadunidense Joseph Lieberman, um uber-sionista, dias após o ataque da “al-Qaida” de 11 de Setembro de 2001, pediu: “Primeiro devemos atacar o Irã, Iraque e Síria” antes mesmo de considerar os autores reais do feito.

As forças anti-sírias armadas refletem uma variedade de perspectivas políticas conflitantes unidas apenas pelo seu ódio comum ao regime nacionalista independente e laico que tem governado a complexa e multi-étnica sociedade síria desde há décadas. A guerra contra a Síria é a plataforma de lançamento de uma nova ressurgência do militarismo ocidental a estender-se desde a África do Norte até o Golfo Pérsico, sustentado por uma campanha de propaganda sistemática que proclama a missão democrática, humanitária e “civilizadora” da Otan em prol do povo sírio.

A estrada para Damasco está pavimentada com mentiras

Uma análise objetiva da composição política e social dos combatentes armados na Síria refuta qualquer afirmação de que o levantamento é feito em busca da democracia para o povo daquele país. Combatentes fundamentalistas autoritários formam a espinha dorsal do levantamento. Os Estados do Golfo que financiam estes bandidos brutais são eles próprios monarquias absolutistas. O Ocidente, depois de ter impingido um brutal regime gangster sobre o povo da Líbia, não pode apregoar “intervenção humanitária”.

Os grupos armados infiltram cidades e utilizam centros populosos como escudos a partir dos quis lançam seus ataques à forças do governo. No processo eles expulsam milhares de cidadãos dos seus lares, lojas e escritórios os quais utilizam como postos avançados. A destruição do bairro de Baba Amr em Homs é um caso clássico de gangs armadas a utilizarem civis como escudos e como matéria de propaganda na demonização do governo.

Estes mercenários armados não têm credibilidade nacional junto à massa do povo sírio. Uma das suas principais centrais de propaganda está localizada no coração de Londres, o chamado “Syrian Human Rights Observatory” onde, em coordenação estreita com a inteligência britânica, despejam chocantes estórias de atrocidades para estimular sentimentos a favor de uma intervenção da Otan. Os reis e emires dos Estados do Golfo financiam estes combatentes. A Turquia proporciona bases militares e controla o fluxo transfronteiriço de armas e os movimentos dos líderes do chamado “Free Syrian Army”.

Os EUA, França e Inglaterra proporcionam as armas, o treino e a cobertura diplomática, jihadistas-fundamentalistas estrangeiros, incluindo combatentes da al-Qaida da Líbia, Iraque e Afeganistão, entraram no conflito. Isto não é “guerra civil”. Isto é um conflito internacional contrapondo uma perversa tríplice aliança de imperialistas da Otan, déspotas de Estados do Golfo e fundamentalistas muçulmanos contra um regime nacionalista independente e laico. A origem estrangeira das armas, maquinaria de propaganda e combatentes mercenários revela o sinistro caráter imperial e “multi-nacional” do conflito.

Em última análise o violento levantamento contra o estado sírio representa uma sistemática campanha imperialista para derrubar um aliado do Irã, Rússia e China, mesmo ao custo de destruir a economia e a sociedade civil síria, de fragmentar o país e desencadear duradouras guerras sectárias de extermínio contra os Alevi e minorias cristãs, bem como apoiantes laicos do governo.

As matanças e a fuga em massa de refugiados não é o resultado de violência gratuita cometida por um estado sírio sedento de sangue. As milícias apoiadas pelo ocidente capturaram bairros pela força das armas, destruíram oleodutos, sabotaram transportes e bombardearam edifícios do governo. No decorrer dos seus ataques eles interromperam serviços básicos críticos para o povo sírio incluindo educação, acesso a cuidados médicos, segurança, água, eletricidade e transporte.

Assim, eles arcam com a maior parte da responsabilidade por este “desastre humanitário” (do qual seus aliados imperiais e responsáveis da ONU culpam as forças armadas e de segurança sírias). As forças de segurança sírias estão combatendo para preservar a independência nacional de um estado laico, ao passo que a oposição armada comete violências por conta dos mestres estrangeiros que lhes pagam – em Washington, Riad, Telavive, Ancara e Londres.

Conclusões

O referendo do regime Assad no mês passado atraiu milhões de eleitores sírios em desafio às ameaças imperialistas ocidentais e aos apelos terroristas a um boicote. Isto indica claramente que uma maioria de sírios prefere uma solução pacífica, negociada, e rejeita a violência mercenária. O Syrian National Council apoiado pelo ocidente e o “Free Syrian Army” armado pelos turcos e Estados do Golfo rejeitaram categoricamente apelos russos e chineses para um diálogo aberto e negociações, os quais foram aceites pelo regime Assad.

A Otan e as ditaduras dos Estados do Golfo estão pressionando seus apaniguados a tentarem uma “mudança de regime” violenta, uma política que já provocou a morte de milhares de sírios. As sanções econômicas estadunidenses e europeias são concebidas para arruinar a economia síria, na expectativa de que a privação aguda conduzirá uma população empobrecida para os braços dos seus violentos apaniguados. Numa repetição do cenário líbio, a Otan propõe “libertar” o povo sírio através da destruição da sua economia, sociedade civil e estado laico.

Uma vitória militar ocidental na Síria simplesmente alimentará a fúria crescente do militarismo. Encorajará o Ocidente, Riad e Israel a provocarem uma nova guerra civil no Líbano. Depois de demolir a Síria, o eixo Washington-UE-Riad-Telavive mover-se-á para uma confrontação muito mais sangrenta com o Irã.

A horrenda destruição do Iraque, seguida pelo colapso da Líbia do pós guerra, proporciona um terrível modelo do que está reservado para o povo da Síria. Um colapso precipitado dos seus padrões de vida, a fragmentação do seu país, limpeza étnica, dominação de gangs sectárias e fundamentalistas e insegurança total quanto à vida e propriedade.

Assim como a “esquerda” e “progressistas” declararam o brutal ataque à Líbia ser a “luta revolucionária de democratas insurgentes” e a seguir afastou-se, lavando as mãos da sangrenta consequência de violência étnica contra líbios negros, eles agora repetem os mesmos apelos à intervenção militar contra a Síria.

Os mesmo liberais, progressistas, socialistas e marxistas que estão a apelar ao Ocidente para intervir na “crise humanitária” da Síria a partir dos seus cafés e gabinetes em Manhattan e Paris, perderão todo interesse na orgia sangrenta dos seus mercenários vitoriosos depois de Damasco, Alepo e outras cidades sírias terem sido bombardeadas pela Otan até à submissão.

Ver também:

USAF Strategic Studies Group: Special Operations Forces Are "Already on the Ground," Training the "Free Syrian Army" , "Global Intelligence Files" da WikiLeaks, Email-ID 1671459 de 07/Dez/2011

Síria: até onde o mundo se deixará enganar?

SANA News Agency

Um “Plano Kosovo” para a Síria

[*] O seu livro mais recente é The Arab Revolt and the Imperialist Counterattack (Clarity Press:Atlanta2012) 2ª edição.  O artigo original, em inglês, pode ser lido em: “The Bloody Road to Damascus: The Triple Alliance’s War on a Sovereign State”.

Fonte: Redecastorphoto

segunda-feira, 12 de março de 2012

Governo Marconi Perillo fraudando o PAC

Não é só as relações com o bicheiro Carlinhos Cachoeira que assombra o governador Marconi Perillo (PSDB/GO)

A SANEAGO, empresa de saneamento do governo de Goiás, recebeu verba federal de R$ 14,4 milhões para fazer uma obra do PAC: o fornecimento de bombas para melhoria do abastecimento de água no entorno de Brasília.

O governo tucano de Marconi Perillo fez a licitação com forte cheiro de direcionamento. Eliminou três de quatro concorrentes, antes mesmo de abrir os envelopes com os preços. Os eliminados não são empresas aventureiras. São multinacionais, de longa tradição, o que só faz aumentar o cheiro de maracutaia.

A única empresa não eliminada (obviamente a vencedora) apresentou uma proposta no valor de R$ 19,6 milhões.

Porém uma das quatro eliminadas, cuja proposta sequer foi aberta, ofereceu os serviços por R$ 8,9 milhões. Consequentemente, há R$ 10,7 milhões superfaturados pelo governo Perillo a favor da vencedora.
O caso foi parar na justiça, que suspendeu a concorrência por hora.
Para piorar, o representante da empresa eliminada Sulzer, afirma que ficou sabendo com antecedência do jogo de "cartas marcadas" na licitação, e publicou um anúncio cifrado nos classificados do jornal Folha de São Paulo antecipando qual seria o resultado da licitação. (com informações da Folha tucana)

Parabéns, Recife! Parabéns, Olinda! [2012]

Sanguessugado no blog Terra Brasilis

A editoria-geral do Terra Brasilis tem o prazer de brindar o 477º aniversário de Recife e Olinda. A todos que amam essas duas maravilhosas cidades disponibilizo algumas fotos do meu acervo pessoal.








Uma bela composição para celebrar o canto e o encanto dessas mulheres-irmãs que me seduzem e me arrastam pelos labirintos de sua rica história. Cumpadi LULA do bairro de Tejipió e Cumpadi Carlinhos do Amparo, essa é para vocês... Essa é para todos nós, recifeolindenses:

Dilma: "Vamos defender a indústria brasileira"!

Dilma: "Vamos defender a indústria brasileira" - por Luis Nassif, do Vermelho

Quem imaginava uma presidente emocionalmente abalada, depois de chorar em público pela saída de um assessor, pode desistir. A Dilma Rousseff que entrou no salão do Palácio Alvorada para tomar café vinha lépida, feliz, rejuvenescida e entusiasmada pela visita a Hannover, Alemanha, para participar da Feira de Tecnologia.


Lá, conferiu os stands alemães, quase todos apenas com filiais de empresas coreanas.
Depois, os brasileiros, com sistemas criativos, inovadores. “Todo mundo tinha coisa bem legalzinha”, conta a mineira Dilma, Entusiasmou-se com o sistema de controle de voo da Embraer, com a apresentação de Marcos Stefanini, de uma empresa brasileira de TI, que mostrou o grande diferencial brasileiro: jeitinho, criatividade.

Foram 90 minutos de entrevista, interrompida por um telefonema de Lula que mostrou ter recuperado a voz.

A seguir, os trechos principais da entrevista. Nela, diz que a preocupação número um do governo, daqui para diante, será com o tsunami monetário e os riscos que traz para a indústria brasileira. “As condições do mercado mudaram”, avisa ela. E analisa também as marolas em torno da suposta crise da base política.

Como os países ricos estão tratando a crise

É importante analisar como os países ricos tratam a crise. Comecemos pelos Estados Unidos. O governo Barack Obama assumiu que queria política de crescimento imediato e correção de rumos fiscais no médio prazo. O problema foi a derrota no Congresso que o obrigou a optar pelo "quantitative easy" (programa de expansão monetária). Empurraram a crise com a barriga, aumentaram a quantidade de dinheiro nos bancos, mas não rolaram as dívidas das famílias, o que poderia ter destravado o mercado interno. Só agora nas eleições, depois de quatro anos de crise, começam a rolar as dividas das famílias.

O "quantatitve easy" é um mix de política macro, com taxas de juros lá embaixo, expansão monetária acelerada e segurar o lado fiscal. É evidente que por trás dela há a intenção de desvalorizar o dólar e melhorar o emprego interno.

O governo Obama foi levado a isso politicamente.

No caso da Europa, não: optaram por isso. O último relatório do BIS (o banco central dos bancos centrais) mostra que a estratégia visa dois objetivos principais: impede a crise bancária e ganha tempo para dois mecanismos: desvalorizar o euro e jogar a conta sobre países emergentes que têm câmbio flutuante. Mas, por outro lado, pode estar criando uma enorme bolha monetária.

Não há unanimidade no governo alemão com respeito ao tamanho da liquidez. Para eles foi importante para evitar um Lehman Brothers alemão, mas só isso. Não existe unanimidade na Alemanha sem sobre isso nem em relação à Grécia.

Por trás da expansão da bolhas, há um medo da inflação, pelo histórico alemão com a hiperinflação. Medo que nós compartilhamos.

A arbitragem com países de câmbio flutuante

No filme "Muito Grande para Falir", na cena final o Secretário do Tesouro Paulson pergunta a Ben Bernanke se estava satisfeito com o fato dos grandes bancos terem absorvido os empréstimos para rolar dívidas. Bernanke, quieto, responde: não tenho certeza se eles vão emprestar. De fato, não emprestaram: uma parte ficou depositada no próprio FED, outra parte foi devolvida.

No caso da Europa, são um trilhão de euros emprestados a 1% ao ano, que em breve entrarão na ciranda financeira. Irão investir em títulos da Itália e Espanha, aumentando sua exposição?
Não: virão fazer arbitragem aqui e em outros países. Tem uma enorme bolha a caminho.
O problema é que essa desvalorização cambial artificial é a forma de protecionismo mais feroz que se tem. Há um discurso dos países centrais, de que são defensores do livre comércio.
Mas praticam o protecionismo mais feroz que se tem. E essa desvalorização artificial da moeda não está regulada pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Então não venham reclamar de algumas medidas absolutamente defensivas que o Brasil toma.

Hoje em dia, via tsunami monetária, está em curso no mundo a prática das desvalorizações competitivas, o que se chama de "empobreça seu vizinho".

É uma situação esquizofrênica na Europa, que não consegue uma solução de crescimento.

Muitos países estão com graus de desemprego do ponto de vista política incompatível com sistemas democráticos abertos. A dívida grega não é financiável, assim como a de Portugal. Como conviver com nível de desemprego que chega a atingir 45% dos jovens? Destrói o tecido social, tira das pessoas a esperança.

A estratégia brasileira

No Brasil, vamos ter que perceber duas coisas: primeiro, as condições do mercado internacional mudaram. Estamos vivendo situação diferenciada. Não se pode perder a consciência do tsunami monetário. Tem que fazer avaliação sobre as estratégias a serem tomadas, e não se faz de forma abrupta e apaixonada. Com muita cautela, frieza, tranquilidade, iremos acompanhar o desenrolar da situação e tomar as medidas cabíveis.

Não tenho como adiantar as medidas cabíveis, mas para o governo brasileiro esta é a questão principal.

Se perguntar hoje qual é o maior cuidado do governo, respondo: é acompanhar como o Brasil
se defende dessas políticas que são abertamente protecionistas praticadas pelos governos desenvolvidos.

A necessidade do investimento no Brasil

A própria China está promovendo uma transição do modelo de exportações para o mercado interno. Não vão parar de importar, mas irão se situar de forma diferente no mundo.

Por todas as manifestações que lemos: acho que os chineses se sentiram muito fragilizados diante da crise dos seus maiores mercados. Não podem mais confiar só no mercado externo.

Wen Jiabao disse que o modelo era desequilibrado, insustentável (usa quatro adjetivos): eminentemente desequilibrado: levará a impasses que terão que ser resolvidos.

A China caiu na armadilha do sobre investimento elevado, o que cria rigidez econômica muito forte. Agora, tentam fazer a versão.

No Brasil, anda estamos na fase de acelerar investimento. Em breve pretendo fazer uma reunião pessoal com os maiores empresários do país sobre a questão do investimento, Uma parte da decisão depende da expectativa, do que Delfim gosta de chamar de "espírito animal". O Brasil oferece todas as condições.

Em todos os lugares que vamos são as mesmas avaliações dos empresários internacionais. No último dia na Alemanha tivermos reunião com Angela Merkel na ABDI (o equivalente à nossa Confederação Nacional da Indústria).

A reunião foi para que nos falassem como pretender investir no Brasil. Havia uma porção de setores, quase uma rodada de negócios. E todos eles vinham, diziam que tinham empresa tal, na área tal, e todo interesse em investir no Brasil. Hoje em dia a maior parte da população alemã é de aposentados e crianças. E o Brasil tem o bônus demográfico. Eles olham para isso, para nosso mercado, para a estabilidade macroeconômica e política, para nossa tradição de respeitar contratos.

Revertendo a queda na indústria

Aqui não temos dúvida de que a economia mundial caminha para recessão com excesso de liquidez. A China reduzirá crescimento para 7,5% com a clara intenção de reverter o modelo para dentro. Outros grandes países vão perseguir esse fortalecimento do mercado interno, com, a possível exceção da Índia, que tem um déficit externo muito complicado.

Temos que ter consciência disso.

A situação atual não é a mesma de 2011. Nós tínhamos absorvido a expansão monetária dos Estados Unidos que de uma forma ou outra foi encaixada. Agora é absolutamente diferente, é recessão com uma gigantesca expansão monetária acumulada e uma tendência a uma volta aos mercados domésticos.

Vamos ter uma política clara em relação ao Brasil, da qual o melhor exemplo é a revisão do acordo automotivo com o México. Foi feito em 2002, em outra conjuntura, na qual cabia o acordo. E está em vigor até agora, em condições não adequadas ao Brasil.

O Brasil vai institucionalmente tomar medidas para garantir que nosso mercado interno não seja canibalizado. Tem queda na indústria, mas dá para reverter. Não daria se deixássemos continuar por dois, três anos. Agora dá e vamos fazer o possível e o impossível para defender a indústria nacional.

O papel da redução dos juros pelo BC

A redução dos juros, pelo Banco Central, não é só para esquentar a economia brasileira. Cumprimento o BC porque a intenção maior é equilibrar a taxa interna com a internacional. Hoje em dia esse diferencial é responsável pela maior arbitragem que existe no mundo.
Iremos fazer isso sem comprometer a luta contra a inflação.

O fantasmas das falsas crises políticas

Existe uma forma quase fantasmagórica de cobrir a política. A imprensa vem falando em crise com a base aliada. Não existe crise. Os conflitos - que sempre existirão - tem a ver com os processos pelos quais exercemos o nosso presidencialismo. Tem que ser de coalisão, mas não deixa de ser presidencialismo.

No caso do Brasil, alcançamos grande maturidade nas relações executivo-legislativo e executivo-judiciário. Podemos nos vangloriar de ter certa estabilidade.

Por aqui seria inconcebível uma relação Executivo-Congresso do tipo democrata-republicano As diferentes opiniões que se estruturam dentro da sociedade brasileira não permitiriam isso.

Temos tradição de sermos obrigados, como políticos que somos, a olhar o interesse de todos: o que nos EUA às vezes me parece que não é o caso.

Ninguém aqui pode durante muito tempo só defender seus interesses específicos sem que haja reação da parte da sociedade.

É sempre bom que tanto Executivo quanto Legislativo e Judiciários saibam que essa é exigência de postura de todos: presidentes, ministros, deputados, senadores e juízes. Esse é aspecto importante da nossa democracia e explica também porque, mesmo tendo eleições bastante atritadas, em alguns casos até duras, logo depois da eleiçao há como uma pacificação geral

Ai do presidente que não falar em nome de todos os brasileiros e brasileiras. Em outros países do mundo não se vê isso

Ao lado da coalisão há questão do interesse de todos, balanço do presidencialismo que fala em nome de todos e coalisão que são interesses partidários. É normal que se reivindique e se debata. É intrínseco a esse processo

E partidos não podem arcar com ônus de inviabilizar acordos: são partes do acordo. Quando votam contra governo, são pontos muito específicos. Não tem desvio, conduta inadequada: que eles façam assim é da regra do jogo, que façamos de outro é da regra do jogo

Fonte: Blog do Nassif

Link:

 http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=177731&id_secao=2