quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ex-agente da ditadura revela: Rubens Paiva foi esquartejado, e Franklin estava marcado pra morrer

por Rodrigo Vianna

Recebo a matéria (publicada no CMI - Centro de Mídia Independente) que traz a informação: o ex-agente Marival Chaves informou ao cineasta Jorge Oliveira que o deputado Rubens Paiva (foto abaixo) teve o corpo esquartejado pelos agentes da ditadura militar.

O documentário de Oliveira, que traz esse depoimento, será apresentado no Festival de Brasilia.

Confiram o texto, que traz também outras revelações de Marival Chaves - http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/11/458712.shtml.

Marival Chaves será chamado para depor no Senado Federal.

Aqui, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) informa quem era Rubens Paiva (deputado que desafiou a ditadura, era companheiro do velho Leonel Brizola, na ala mais combativa do antigo PTB) - http://tijolaco.com/?p=6059.

rubenspaiva_arquivo

(texto do CMI)

Ex-agente do Doi-Codi diz que Rubens Paiva foi esquartejado
Por O GLOBO 18/11/2009 às 16:35

A afirmação, como antecipou nesta terça-feira Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, foi feita por Marival Chaves, ex-agente do DOI-Codi, em depoimento ao cineasta Jorge Oliveira para o filme "Perdão, Mister Fiel", de 95 minutos, cujo tema principal é a morte sob tortura do operário Manoel Fiel Filho, em São Paulo.

RIO - Um documentário inédito, a ser exibido na quinta-feira à noite no Festival de Cinema de Brasília, contém uma revelação macabra feita por um ex-agente do DOI-Codi, o órgão de inteligência e repressão da ditadura militar: a de que vários de seus inimigos, que se tornaram presos políticos - e cujos nomes passaram a figurar na lista de desaparecidos do regime - tiveram os corpos esquartejados. Um deles, segundo um ex-agente, era o deputado Rubens Paiva.

A afirmação, como antecipou nesta terça-feira Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, foi feita por Marival Chaves, ex-agente do DOI-Codi, em depoimento ao cineasta Jorge Oliveira para o filme "Perdão, Mister Fiel", de 95 minutos, cujo tema principal é a morte sob tortura do operário Manoel Fiel Filho, em São Paulo.

- O que me surpreendeu foi que o sujeito contou várias atrocidades de cara limpa, com a maior tranquilidade. Ele disse que havia inclusive uma espécie de disputa entre os torturadores: a de apostar quantos pedaços iam render os corpos de cada uma das vítimas - disse Oliveira.

Oliveira: "Chaves sabe muito mais do que já contou"

Segundo o cineasta, Marival Chaves revela no filme a identidade de torturadores, inclusive a de um coronel:

- Ele conta que esse sujeito dava nos presos uma injeção de matar cavalos. E, para desaparecer com os corpos, mandava esquartejá-los.
Meu pai foi preso, torturado e morto pelo DOI-Codi do Rio, e enterrado no Rio


Ao receber essa informação, na tarde desta terça-feira, o escritor Marcelo Rubens Paiva, filho do deputado morto pela ditadura, reagiu de forma resignada, e relembrou as informações apuradas até hoje, de forma extraoficial:

- Bem, ele (o pai) pode ter sido esquartejado. Como saber? A única certeza é a de que ele foi morto dois dias depois de preso e torturado, e que sumiram com seu corpo. Meu pai foi preso, torturado e morto pelo DOI-Codi do Rio, e enterrado no Rio - disse ele.

O diretor do filme disse que chegou a Chaves através de um processo simples. Ele tinha em mãos nomes de vários oficiais do Exército que participaram da repressão. E começou a abordá-los:

- Eu fui descendo a lista hierarquicamente, um a um. Ninguém queria falar. Até que cheguei no Chaves, que, na época da repressão, era sargento do Exército, com vinte anos de serviços prestados. E ele decidiu falar. Ele me deu a impressão de que foi uma espécie de desabafo - disse o diretor.

Chaves é velho conhecido do Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro. A presidente da ONG, Cecília Coimbra, disse que Chaves era analista de informações do DOI-Codi em São Paulo, e não participava de torturas. Ela e outras pessoas do grupo já conversaram várias vezes com o ex-sargento:

- Ele embromava muito em nossos encontros. Dizia que estava sendo ameaçado de morte. Eu acho que ele só fala o que lhe permitem falar. Mas, sem dúvida, sabe muito mais do que já contou. Cabe agora ao governo intimá-lo a depor. Chaves mora em Vila Velha (ES) - disse ela.

Repressão mandou queimar arquivos, diz ex-agente

O diretor do documentário contou que, no filme, Chaves faz outras duas revelações. Uma delas é a de que, no fim do ciclo da repressão, quando o país caminhava para a retomada da democracia, ele foi convocado por seus superiores no Exército para dois serviços: primeiro, esconder e depois queimar documentos que registravam torturas e outras atrocidades.

- O governo anda exibindo na mídia uma propaganda pedindo que as pessoas que têm informações sobre aquela época que as entreguem às autoridades. Espero que, uma vez exibido o documentário, o governo se mobilize para ouvir Chaves. Se o governo quiser, chama, convoca e apura - disse Oliveira.

Outra revelação do filme, também a partir de depoimento de Chaves, é a de que o atual ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, que na época militava no grupo MR-8, seria assassinado em São Paulo:

- Acho que Franklin até hoje não sabia que estava para ser morto, num determinado dia, na capital paulista. Ele vai saber disso ao ver o filme, pois Chaves também conta detalhes dessa perseguição - disse Oliveira.

Do blog do Rodrigo Vianna, O Escrevinhador

Time Warner abandona AOL e dá fim à maior fusão do capitalismo

Chegou ao fim a maior — e talvez mais desastrosa — fusão empresarial da história do capitalismo. Em um comunicado para a imprensa, a americana Time Warner (TWZ), maior conglomerado mundial de mídia e entretimento, anunciou que vai se separar, no dia 9 de dezembro, de sua unidade de internet, a AOL (antiga America Online).

O motivo da separação, segundo o comunicado, é o foco em conteúdo que a Time Warner quer manter. No entanto, é conhecida a decepção causada pela megafusão — que ocorreu no auge da bolha da internet. Quando o plano de união entre a America Online e a Time Warner foi anunciado, em janeiro de 2000, o provedor estava avaliado em US$ 163 bilhões.

Na época, a AOL ainda era líder absoluto dos serviços de internet nos Estados Unidos, e os acionistas receberam uma ação da Time Warner para cada ação do provedor que possuíam. A combinação entre as duas empresas supostamente prenunciaria o futuro da distribuição de conteúdo via internet — mas os benefícios prometidos jamais se materializaram.

Além de nunca ter proporcionado o retorno esperado, a AOL passou a pesar sobre os balanços da Time Warner — cujos executivos gradualmente retomaram o controle do negócio. Ao longo da década, o provedor perdeu cada vez mais assinantes e receita publicitária.

Em maio deste ano, a Time Warner — que controla marcas de mídia como CNN, HBO, Warner Bros e Cartoon Network — anunciou que planejava a cisão da AOL. No ano passado, o grupo já havia promovido a separação de sua operadora de cabo, a Time Warner Cable.

Com a AOL, os resultados do maior grupo de mídia do mundo não eram auspiciosos havia tempos. No último dia 4 de novembro, a Time Warner divulgou que seu faturamento no terceiro trimestre deste ano tinha caído 6% em relação ao terceiro trimestre de 2008. O lucro operacional despencou 10%.

O fim da megafusão com a AOL é uma aposta para que o conglomerado reverta a crise. Segundo o Register, pessoas e instituições que tiverem ações da Time Warner em 27 de novembro receberão uma ação da AOL como dividendo para cada 11 ações ordinárias da Time que controlem.

De acordo com o Inquirer, antes de separação ocorrer, a Time Warner vai comprar os 5% da AOL que hoje pertencem ao Google, para ter total controle sobre a companhia. A previsão é de que o Google aceite o negócio, já que não tem mais interesse na AOL.


Do Portal Vermelho.org

Serra, Aécio, FHC e O Globo: brigam os cachorros grandes

Do Portal Vermelho.org

Por Bernardo Joffily

Ciro em BH com Aécio: estratégia contestada

O gancho de Merval é a entrevista do governador de Minas com o também presidenciável do PSB, em que Ciro cobriu Aécio de elogios, dizendo até que "a minha candidatura não é necessária mais" se o "amigo de uma vida" conseguir "se viabilizar candidato a presidente da República".

Estratégia que "não serve para nada"

Poderia parecer um evento positivo para o PSDB. Mas a coluna no Globo, cheia de fel e maus agouros, mostra que não. Se é bom para Aécio é ruim para Serra, e portanto para Merval.

O veterano jornalista global é categórico: "a estratégia do governador mineiro não serve para nada, a não ser para criar um ambiente de constrangimento dentro do seu partido". Pior, foi uma "provocação pública a seu concorrente (Serra) e ao presidente de honra do PSDB (o ex-presidente FHC), em troca de nada", sentencia Merval, na coluna Passo em falso.

Por fim, um fernando-henriquista

Finalmente um brasileiro, Merval Pereira, ergue-se em defesa de FHC. Os compatriotas do venerável e injustiçado ex-presidente, mal agradecidos, nâo enxergam as virtudes do venerável ex-presidente.

Como diz o adágio, ninguém é profeta em sua terra. Ainda no sábado passado (14), El País – diário espanhol com ambições latino-americanas – publicou uma entrevista com Fernando Henrique onde o apresenta, sem rodeios, como "o homem que pôs o Brasil para funcionar" e fala até em um "milagre Cardoso" (sic).

Foi nessa entrevista que FHC perguntou-se candidamente: "Qual é a diferença entre meu governo e o de Lula no modelo econômico?". E respondeu-se: "Muito pouca, é basicamente social-democrata, quer dizer, respeito ao mercado, sabendo que o mercado não é tudo, e políticas sociais eficazes" (veja aqui a entrevista completa, em espanhol).

O entrevistador espanhol, Manuel Calvo, engoliu sem vacilar a patranha do "homem que pôs o Brasil para funcionar". Mas os ingratos brasileiros, com essa mania de ficar comparando índices de emprego, poder de compra do salário mínimo, preços da cesta básica e do cimento, e agora até apagões, não engolem. Para não falar dos que ainda querem saber de auto-estima, "patriotismo econômico" – como disse Lula – e integração latuino-americana, inclusive com os odiosos, demoníacos, abomináveis Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa.

Em todas as pesquisas de opinião em que se pediu para comparar os governos Lula e FHC, mesmo nos momentos mais periclitantes do "Mensalão", a resposta foi uma impressionante rejeição do ex-presidente. Merval Pereira é, talvez ao lado da Velhinha de Taubaté de Luis Fernando Verissimo, o último brasileiro a sustentar as "virtudes" do governo FHC.

"Lula está fazendo tudo certo"

Mais ainda: o destemido jornalista do Globo, Globo News e CBN interpela os tucanos que não saem em defesa do seu presidente de honra.

Aécio "estaria incorrendo num erro que pode ser fatal, o mesmo em que incorreram Serra e Alckmin, os dois tucanos batidos por Lula: evitar a “contaminação” do governo FH, em vez de assumir suas virtudes e defender o programa partidário", julga Merval. "O mesmo erro Serra está cometendo novamente, na tentativa de se mostrar uma alternativa confiável para eleitores de esquerda", lamenta o colunista.

Com a autoridade inconteste de um profissional de imprensa que proclama Cuba como "a pior ditadura do mundo" e nunca, jamais votou em um torneiro mecânico que não fala línguas estrangeiras, Merval Pereira atinge o ápice de sua análise:

"Até o momento, mesmo admitindo-se que exorbita de seu poder para tentar colocar em pé a candidatura de Dilma, é o presidente Lula quem está fazendo tudo certo."

Serra, preferido "até o momento"

Merval conclui a frase com um contraponto, admitindo "ser o PSDB que tem em José Serra o candidato preferido do eleitorado até o momento". Mas o colunista do Globo deixa entrever, com insuspeita franqueza, que isso não vale grande coisa.

Na eleição presidencial de 1994, em 3 de maio, o instituto Datafolha dava 42% de intenção de voto em Lula, e 16% em Fernando Henrique. Cinco meses depois, este se elegia no primeiro turno, graças ao Plano Real, que só em 1999 revelou-se ao público como um bombom envenenado, com uma doce crostra de chocolate envolvendo o recheio de cianeto de potássio.

Merval não se ilude: "A indefinição do PSDB, e sua divisão cada vez mais clara, contrastam com a unidade governista, mesmo que a candidata oficial seja ruim de voto e não tenha traquejo político. O que alimenta o apoio de um amplo leque de partidos à sua candidatura é a crença na capacidade de Lula transformar em votos para sua candidata sua grande popularidade."

Para Merval, o PSDB "teria" que "dar alguma segurança" aos partidos que se agrupam em torno do plano Lula-Dilma. Mas ele constata desesperançado que, "até o momento", o PSDB "não tem nem candidato nem proposta alternativa". E o conselho que oferece aos tucanos, "assumir" as "virtudes" do governo FHC, seria a receita garantida para piorar uma situação que já anda de ruim para péssima.

Será que irão assim até outubro?

Um dia alguma tese de doutorado há de examinar como, nos idos do segundo semestre de 2009, os comentaristas mais argutos e sagazes da grande mídia cansaram da incompetência, covardia e oportunismo dos seus aliados do PSDB, DEM e adjacências, e, por pura coerência antilulista, passaram a falar mal da oposição e bem do governo. Merval 'Lula-está-fazendo-tudo-certo" Pereira segue as pegadas da coleguinha global Miriam Leitão, que sentenciou três semanas atrás: "O Brasil tem governo demais e oposição de menos" (veja mais aqui).

O encontro Aécio-Ciro em Belo Horizonte nesta terça-feira até valeria uma apreciação sobre o sinuoso jogo de alianças do deputado socialista. Haveria lugar então para se questionar um presidenciável do campo do governo que só tem elogios para o oposicionista Aécio, a ponto de rifar sua própria postulação presidencial. Mas ala Serra e seus publicistas, como Merval, roubam a cena com sua biliosa reação – a ponto de se indagar se não é o caso de deixar que eles mesmos liquidem a fatura.

Será que eles caminharão assim até o matadouro de 3 de outubro, alfinetando-se a cada passo e armando camas de gato uns para os outros?

É improvável. A incongruência e a incompetência, em política, têm limites, impostos pelas camadas profundas do jogo político, ditadas pelos interesses dos atores coletivos em luta. Há interesses, poderosos, desejosos de enterrar a era Lula antes tarde do que nunca. Mas, a julgar pelo aqui e agora, eles vão ter um baita trabalho para se expressarem na sucessão, em meio a tamanha briga de tão grandes cachorros demo-tucano-midiáticos.

Se o internauta quiser conferir o que escreveu mesmo Merval Pereira no Globo, reproduzo a íntegra abaixo:

Passo em falso


A insistência com que o governador Aécio Neves alardeia sua amizade pessoal e afinidade política com o deputado federal Ciro Gomes, candidato potencial do PSB à Presidência da República, e a repetição, por parte deste, da promessa de não se candidatar caso o governador de Minas venha a ser o escolhido do PSDB, é mais uma prova exemplar de como nosso sistema partidário é caótico, gerando governos eleitos sem uma mínima base parlamentar que lhes dê sustentação política efetiva.


Ciro foi de diversos partidos, inclusive da Arena no tempo da ditadura, mas teve sucesso político no PSDB, pelo qual chegou a ser ministro da Fazenda na transição do governo Itamar Franco para o primeiro governo de Fernando Henrique.


Esse período serviu também para que se tornasse adversário ferrenho tanto do ex-presidente quanto de José Serra, a quem, pela gana que tem, deve atribuir uma atuação decisiva para que não tenha continuado ministro da Fazenda.


A atuação de Aécio na tentativa de distender o ambiente político no pós-Lula tem sentido, mas ficou evidente que é uma tarefa quase impossível costurar alianças políticas com adversários figadais nesse período que antecede a eleição.


Ele já tentara uma aliança em Minas com o então prefeito petista de Belo Horizonte Fernando Pimentel para emplacar um candidato comum, Márcio Lacerda (PSB), e esbarrou na negativa do PT nacional.


Ao vetar a aliança na sua instância mais alta, depois que ela fora aprovada pelos diretórios regional e estadual, o PT mostrou que sua visão política é pragmática até certo ponto.


Aceita fazer acordos “até com o diabo”, mas não quer fortalecer uma eventual candidatura tucana à Presidência da República.


Aécio teve que se contentar com um apoio “informal” ao seu secretário, que acabou sendo eleito. Mas não ficou nada da aliança com o PT no estado.


Tanto que Pimentel é um dos coordenadores da candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência e deve ser o candidato petista ao governo de Minas, com a tarefa de derrotar o governador Aécio, que pretende lançar seu super-secretário Antonio Anastasia.


Para aumentar as diferenças, a candidata oficial pretende ressaltar na campanha suas origens mineiras, embora tenha feito toda sua vida política e profissional no Rio Grande do Sul. Para não perder o controle político de Minas, caso não venha a ser candidato a presidente, Aécio terá que derrotar o petismo, que é forte no estado.


Mas, voltando à relação Ciro/ Aécio: é difícil acreditar que o PSB aceitaria sair da base petista para apoiar Aécio à Presidência, mesmo que Ciro assim o quisesse. Mais difícil ainda é aceitar que Ciro, desistindo do Planalto por Aécio, não se candidatará ao governo de SP, como quer Lula. E, candidatandose, não fará campanha agressiva contra Serra, que, nesse caso, seria candidato à reeleição.


Não é nem o caso de analisar as chances de vitória de Ciro em São Paulo, que são quase nulas em qualquer caso. Simplesmente os ataques de Ciro a Serra inviabilizariam o seu apoio a nível nacional a Aécio.


Portanto, essa estratégia do governador mineiro não serve para nada, a não ser para criar um ambiente de constrangimento dentro do seu partido.


A ideia central da candidatura de Aécio é a de que ele é mais agregador do que Serra, e que sua candidatura seria “mais ampla”, para usar as palavras do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que, de tão inábeis, podem ser tentativa pouco sutil de sinalizar a Serra que abra caminho para Aécio.


Mas, como vender essa imagem se ele não consegue conciliar em seu próprio partido? A busca de apoios em partidos que fazem parte da coligação governista, mas que são claramente peixes fora d’água, como PP e PTB, faz parte de um movimento correto para demonstrar sua suposta maior capacidade de agregar apoios.


Mas fazer provocação pública a seu concorrente e ao presidente de honra do PSDB, FH, em troca de nada, não parece uma estratégia adequada num momento capital como a definição da candidatura oposicionista.


É claro que deve haver alguma razão recôndita para que Aécio, um político experiente, tenha dado esse passo aparentemente em falso, quando encaminhava bem sua justa tentativa de ser escolhido pelo partido.


Talvez ele e seus assessores considerem que assim possa ser visto como um candidato desligado da história do PSDB, e que, por isso, não será apanhado na armadilha que o PT está armando, de comparar os governos de FH e de Lula.


Estaria incorrendo num erro que pode ser fatal, o mesmo em que incorreram Serra e Alckmin, os dois tucanos batidos por Lula: evitar a “contaminação” do governo FH, em vez de assumir suas virtudes e defender o programa partidário.


O mesmo erro Serra está cometendo novamente, na tentativa de se mostrar uma alternativa confiável para eleitores de esquerda que eventualmente possam estar insatisfeitos com a escolha de Dilma.


Até o momento, mesmo admitindo-se que exorbita de seu poder para tentar colocar em pé a candidatura de Dilma, é o presidente Lula quem está fazendo tudo certo, apesar de ser o PSDB que tem em José Serra o candidato preferido do eleitorado até o momento.


A indefinição do PSDB, e sua divisão cada vez mais clara, contrastam com a unidade governista, mesmo que a candidata oficial seja ruim de voto e não tenha traquejo político.


O que alimenta o apoio de um amplo leque de partidos à sua candidatura é a crença na capacidade de Lula transformar em votos para sua candidata sua grande popularidade.


O PT, com sua gana de poder e seu programa esquerdista reafirmado, deveria ser um empecilho a esse apoio por parte de partidos que confiam em Lula, mas não no PT.


Mas o PSDB teria que lhes dar alguma segurança. Até o momento, não tem nem candidato nem proposta alternativa.


A propósito de informação de que o PSDB gastou R$ 160 milhões na campanha presidencial de 2006, dada na coluna de sábado, “Plutocracia”, recebi o seguinte esclarecimento do vicepresidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira: “A campanha do PSDB de 2006 custou cerca de R$ 83 milhões, e este número está na página do TSE. A confusão que leva ao erro pode ser a solicitação do TSE, que pediu ao PSDB para registrar, como doação do partido ao candidato, a parcela desses recursos que, segundo o TSE, deveriam estar explicitados como despesas específicas do candidato e não da campanha.


Assim, se trata de dupla contagem, pois o PSDB só arrecadou e só fez dispêndio na conta do Comitê financeiro”.

Álvaro Linera: "Esquerda tem novos desafios na América Latina"

Da Agência Carta Maior

"Precisamos de uma Internacional de Movimentos Sociais"

Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, cobra mais iniciativa dos movimentos sociais latino-americanos, pede visão “continentalizada” da esquerda no continente. "Antes, a esquerda tinha um olhar sobre o continente em termos da conspiração revolucionária. Nunca em termos de economia, de comércio, de criar um mercado comum, uma defesa comum. É uma série de desafios sobre os quais ela nunca tinha refletido, que tem a ver com o exercício de governo, com sua maturidade de reflexão", diz Linera.

ÁLVARO GARCÍA LINERA não é um vice qualquer. Além de acumular o posto de presidente do Congresso boliviano, ele é um dos principais responsáveis pelas articulações políticas do governo de Evo Morales e talvez o mais destacado teórico do processo pelo qual passa a Bolívia atualmente. Sua larga bagagem política e intelectual, além de o credenciar a receber títulos como o “vice-presidente mais atuante do continente” ou o “intelectual mais importante da América Latina na atualidade”, também o capacita para dar largas e aprofundadas respostas, fazendo com que nossa entrevista não chegasse nem à metade das perguntas preparadas.

Em meio à atribulada agenda de um vice-presidente e candidato à reeleição em campanha, Álvaro García concedeu ao Brasil de Fato duas rápidas horas de uma conversa pouco factual e mais analítica sobre o processo político que vive a América Latina, em geral, e a Bolívia, em particular.

Brasil de Fato – Um olhar sobre a história política latinoamericana indica que, de certa forma, ela se move por ondas. O senhor acha que essa ascensão recente de governos oriundos de organizações com trajetórias de esquerda configura uma nova onda?

Álvaro García Linera – Creio que este é um ciclo muito novo e inovador sem comparação nos últimos 100 anos da história política latino-americana. A única coisa comum no século 20 foram as ditaduras militares. Fora disso, a esquerda teve presença descompassada na região. Processo parecido foi a onda de luta armada, mas não era presença vitoriosa de esquerda; era combativa, resistente, por parte da ala mais radicalizada. A vitória em Cuba trouxe uma leva guerrilheira, que nos anos de 1960 estava em todo o continente. Quando a esquerda armada triunfa na Nicarágua, o continente já tinha outros ritmos, outras rotas. Então, pela primeira vez em 100 anos há uma sintonia territorial da esquerda, com governos progressistas e revolucionários. A direita já tinha essa habilidade de “continentalizar” suas ações.

Veja a entrevista completa aqui

Fauna da ‘Serrolândia’

por Eduardo Guimarães, no blog Cidadania.com

No Sudeste sul-americano há um pretenso “país” de fantasia que, na verdade, não passa de uma província brasileira, ainda que seja a mais abastada. A população autóctone, porém, dócil ao desígnios da aristocracia dirigente, vive com a sanidade mental ameaçada por uma “fauna” midiática na qual daremos uma espiada.

Para que se possa entender o que se passa nessa terra em transe, há uma piada local dos paulistas que diz que em São Paulo traficantes usam a droga que vendem, prostitutas chegam ao orgasmo com seus clientes e pobres votam nos candidatos dos ricos.

Por isso, porque gostei tanto de escrever um primeiro texto sobre a fauna da “Serrolândia” é que decidi catalogar algumas das barbaridades que esses espécimes da cadeia alimentar paulista praticam contra a lógica e contra a paciência das pessoas.

Vamos, assim, a outro exemplar dessa intrigante fauna serrolandense o qual também é blogueiro, só que não da Veja, mas de outro veículo oligopolista da comunicação de massas, do maior deles, da Globo.

Hoje, por exemplo, Ricardo Noblat escreve seu putilionézimo post atacando o filme sobre a vida de Lula. Ele quer desmoralizar a obra, mas não sabe como. Então vai dizer alguma coisa e não diz, achando que deixa insinuações no ar.

Basta tentar formular tais insinuações, porém, e elas perdem o sentido. Quem quiser, repita para si mesmo a premissa sobre cada insinuação e veja se tal premissa faz sentido. Farei minha parte a seguir, mas quero sugerir que cada um tente sozinho.

Abaixo, pois, uma tentativa do blogueiro da Globo de atacar a biografia do presidente Lula, só que da forma mais difícil, ou seja, sem argumentos, apelando para a subjetividade contra um dos mais importantes líderes políticos do mundo.

E, claro, continuo comentando depois do drama retórico que vocês lerão a seguir.

Lula, o filho perfeito do Brasil

Por Ricardo Noblat

Um Lula sem nenhum defeito é o que emerge do filho "Lula, O Filho do Brasil", a mais cara produção do cinema nacional, que abriu ontem à noite o Festival de Cinema de Brasília.

O Lula da tela tirou nove em português quando era menino, morador de uma área miserável da periferia de São Paulo. Ainda menino, evitou que o pai batesse na mãe ao adverti-lo: "Homem não bate em mulher".

Líder sindical, quase não agrediu o português ao discursar para a peãozada do ABC paulista. Foi um fumante compulsivo, mas em compensação bebeu pouco.

Testemunhou à distância a chacina de um pequeno empresário praticada por companheiros dele do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Ficou chocado com ela e reclamou.

Foi um namorador moderado. Uma vez viúvo, cortejou e se casou com dona Marisa.

Como líder político não foi de direita nem de esquerda. Preocupou-se apenas em melhorar a vida dos seus companheiros.

O filme acaba quando ele sai da prisão para ir ao enterro da mãe. Dali, salta para a festa da posse de Lula na presidência da República.

O PT se perdeu no meio do salto. Nem foi referido antes porque não existia nem depois porque não era o caso.

Quem sabe não fará uma ponta no filme "Lula, o Filho do Brasil - Parte 2"?

A história é contada de forma linear e sem dar margem a diferentes interpretações.

Só cabe uma: Lula enfrentou e venceu, orientado pela mãe, todos os desafios que a vida oferece a um brasileiro nascido na miséria.

Admirável, pois, sua saga.

Em resumo: o filme foi feito sob medida para reforçar o mito Lula. Atinge seu objetivo com louvor.

É razoável imaginar que com isso ajudará de alguma forma a candidatura de Dima Rousseff à presidência da República. Ajudaria qualquer candidatura apoiada por Lula.

Darei um exemplo do que propus que fizessem – formular claramente as insinuações do texto que acabam de ler.

Diz Noblat: “A história [da vida de Lula] é contada de forma linear e sem dar margem a diferentes interpretações”. Ora, mas que margem de interpretação o homem quer sobre uma história de um garoto pobre que acaba se tornando um dos maiores líderes políticos do mundo? Isso não aconteceu? Há dúvidas?

Críticas que não passam de insinuações ou que não resistem à contestação do criticado é tudo que essa gente tem contra Lula depois de sete anos de seu governo. Essa fauna parajornalística não sobreviverá dez minutos fora da “Serrolândia”, no ano que vem. Podem escrever aí.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Fátima Oliveira: Para entender Dilma

Do blog viomundo

Será Filoctetes a chave para entender a ministra Dilma?
É possível que Lula tenha tido um lampejo profético

FÁTIMA OLIVEIRA, n'O Tempo

Médica - fatimaoliveira@ig.com.br

A ministra Dilma Rousseff exibiu o mais cristalino estilo Maria Moura ao falar sobre o incidente elétrico (blecaute) de Itaberá. Um brilho só! Foi curta e finalizadora: "Uma coisa é blecaute. Ninguém pode prometer que não haverá interrupção. O que nós prometemos é que não haverá mais racionamento neste país". No popular: blecaute é interrupção passageira e racionamento é barbeiragem!

Todavia, foi mais educada do que aluna do Sacre Coeur. Não indagou por que o Serra não acionou o sistema anti-blecaute, de sua total responsabilidade. O que deu em Dilma para usar tanta educação desnecessariamente? São Paulo não ter ilhado o blecaute pode se revelar um tiro no pé do Serra. É só manejar bem. As hostes tucanas montaram o seu "Incidente em Antares", onde sobram mortos insepultos.

Instigada, decidi ler sobre a ministra, que ainda não ganhou o meu voto, buscando luzes sobre a personalidade que a conforma e entender por que ela foi ungida presidenciável petista por Lula, coisa que não dei conta até hoje, a despeito de um mundaréu de senões na seara petista e na base aliada. Talvez Sófocles explique.

Considerando a performance altiva e firme da ministra no incidente Itaberá, estou sendo convencida, aos poucos e aos trancos e barrancos, de que é possível que Lula tenha tido um lampejo profético. A história dirá. Um dos achados, que apreciei muito: "Além da literatura, Dilma adora artes plásticas. A ponto de dizer: ‘Só tenho uma tristeza na vida: não tenho o menor talento. Já tentei pintar, mas talento você tem ou não. E eu não tenho’". Não tem talento, mas tem sensibilidade. Copenhague dirá.

Não sei, apenas intuo. Talvez a chave para auscultar a presidenciável esteja em Filoctetes, filho do rei Peante, um dos argonautas, arqueiro grego, um dos pretendentes de Helena de Troia e personagem da "Ilíada" e de "Odisseia" que no caminho para a guerra foi picado no pé por uma cobra. A ferida infectada exalava um odor pútrido e doía muito, provocando gritos, que eram insuportáveis para seus companheiros, os aqueus, que o abandonaram na ilha de Lemnos, no Egeu Setentrional.

"Filoctetes", de Sófocles, consta de 1.471 versos que abordam "três figuras que encarnam questões morais, sociais e educativas - Filoctetes, Ulísses e Neoptólemo; o confronto entre os dois primeiros para aliciar para a sua esfera de influência o terceiro". Versa sobre "a tragédia do homem solitário que a ingratidão, a deslealdade e a injustiça lançaram numa ilha deserta e a sua perda de ternura em dez anos de solidão", demonstrando "o confronto entre três personalidades díspares, regidas por diferentes códigos morais".

"Filoctetes" é a única das conhecidas tragédias gregas sem personagens femininos. Outras singularidades de "Filoctetes": ao ser exibida pela primeira vez, ganhou o concurso de tragédias nas Dionísicas Urbanas de Atenas (ano 409) - famosa festa religiosa em homenagem ao deus Dionísio, que durava seis dias e marcava a chegada da primavera. Sófocles estava com 87 anos nessa época.

A psiquiatra Vera Stringuini, amiga da ministra, declarou: "A Dilma se apaixonou por ‘Filoctetes’, de Sófocles". A ministra disse que "A peça é uma obra-prima" e que "Filoctetes era um chato de galochas. Reclamava o tempo inteiro que a perna estava ferida. Largá-lo na ilha é uma solução dentro de uma ética que não é a judaico-cristã. A ética grega não é boazinha, não tem culpados". Em tempo: dez anos depois, Filoctetes foi um dos raros heróis que retornaram sem problemas após a queda de Troia.

A DESINFORMAÇÃO DOLOSA SOBRE DESPERDÍCIO DE GÁS PELA PETROBRAS

Gás natural, a desinformação continua: carta ao Jornal do Brasil

"Sobre o artigo “Gás Natural: o desperdício continua”, de (15/11) do JB, a Petrobras esclarece que entre 1999 e 2008, período no qual a produção de petróleo e gás da Companhia cresceu mais de 60% – de aproximadamente 1,3 milhão para 2,15 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boepd) – o volume de gás queimado, em boepd, reduziu-se de 2,9% para 1,7%. Ou seja, a empresa diminuiu a queima de gás enquanto aumentava a produção de petróleo, o que representa um importante aumento do aproveitamento do gás. O volume de gás queimado hoje é da ordem de 6 milhões de metros cúbicos por dia e está dentro dos padrões aceitos internacionalmente.

Nos últimos anos a Petrobras tem investido na malha de gasodutos para intensificar o transporte do gás. Ao contrário do que foi publicado o gasoduto Urucu-Coari-Manaus tem 661 km de extensão, e não 383 km. Além disso, estão em andamento obras para instalação de 2.437 km de dutos em outras regiões. Esses investimentos demonstram o quanto a empresa considera o gás natural um produto estratégico para os seus negócios, cada vez mais valorizado no mercado doméstico e internacional.

Especificamente sobre o gás associado produzido por suas plataformas, sua redução é um objetivo permanente da empresa, que tem o maior interesse em aproveitar ao máximo o gás associado. A meta do Plano de Negócios é aproveitar 92% do gás produzido até o final de 2010. Finalmente, é importante frisar que não existe produção de petróleo sem queima de gás, que ocorre, em primeiro lugar, por questão de segurança."

FONTE: publicado hoje (16/11) no blog "Fatos e Dados" da Petrobras.

Competência tucana na berlinda















O desabamento de três vigas no Rodoanel que está sendo construído em São Paulo atinge os tucanos naquilo que eles consideravam seu diferencial em relação ao governo Lula: a competência na gestão pública.Para combater a estratosférica popularidade do presidente Lula, o PSDB tem batido na tecla da eficiência gerencial.Sem poder bater de frente, os tucanos começaram a adotar o mote: “Nós sabemos fazer melhor”.
O apagão da terça-feira passada reforçou no PSDB a tendência a criticar a gestão petista e realçar as qualidades tucanas.Mas esqueceram de combinar com as empreiteiras que estão construindo o Rodoanel, vitrine mais vistosa da gestão tucana em São Paulo.Resultado: três vigas vieram abaixo, obrigando a uma correção na auto-imagem do PSDB.
Se é que o partido admite fazer alguma autocrítica.Felizmente, não houve vítimas, além da imagem do governo Serra.Mas não é a primeira ocorrência no governo paulista.
Em março, mais de 500 mil livros didáticos tiveram que ser substituídos, porque um mapa da América do Sul identificava dois Paraguais e nenhum Equador.A secretária de Educação caiu – e não se falou mais no assunto.Em maio, novo episódio envolvendo a Secretaria de Educação. O novo secretário, Paulo Renato de Souza, mandou recolher uma coletânea de poesias distribuída a alunos da terceira série (até nove anos) das escolas públicas.O material falava de sexo e drogas.O secretário de Educação não caiu – e não se falou mais no assunto.Tudo isto vai, evidentemente, ser usado como munição na campanha presidencial de 2010.
Em dezembro, os dois partidos estarão presentes na TV e no rádio, com seus programas nacionais e inserções durante a programação.Ao criticar severamente as deficiências de gestão do governo Lula, tentando atingir a candidatura de Dilma Rousseff, tucanos abrem o flanco para receber críticas quanto à gestão do partido nos estados que governam.Pau que dá em Chico dá em Francisco.
Daí eu complemento:
Lúcia não se lembrou do “buracão do metrô de janeiro deste ano.Também não se lembrou do que está abaixo:
Serra esta provando do seu veneno:
Atraso em obras faltas de recursos, de planejamento...Atraso em obras, falta de recursos, de planejamento... é o que dá obras programadas com fins eleitorais, sem previsão orçamentária, iniciadas sem ter recursos internos para construí-las e sem que os empréstimos internacionais estejam garantidos.Obras do governo José Serra (PSDB), jeito tucano de governar. Vejam nos jornais de hoje. Eles, como sempre, até suavizam nos títulos. Poupam o nome do governador, falam que SP atrasa pagamentos e reduz ritmo de obras em estradas, mas você lê e descobre que são nada menos que 1.200 nessa situação - obras com ritmo de implantação reduzido ou paralisado.Segundo o Sindicato da Construção Pesada (SINICESP), entre os programas prejudicados por essa falta de dinheiro está o Pró-Vicinais, a recuperação de 12 mil km de estradas no interior do Estado - iniciado em dezembro de 2007 - e que é a menina dos olhos, vitrine da campanha presidenciável de Serra para o Planalto em 2010.O atraso no pagamento é de três meses e soma cerca de R$ 500 milhões revela o presidente do sindicato, Marlus Renato Dall'Stella. Mas o Estado diz que é dois meses e metade desse dinheiro - R$ 250 milhões.
O que penso. Apenas eu penso!

Do blog do Saraiva

A velha mídia e sua batalha inglória

Da Agênia Carta Maior

A Folha de São Paulo publicou editorial neste domingo criticando "práticas desleais na internet" que estariam "colocando em risco as bases que permitem o exercício do jornalismo no país". A Folha, no caso, se apresenta como porta-voz deste jornalismo independente. Para o jornalista Luis Nassif, o editorial aponta o objetivo final do processo que explica o comportamento da mídia a partir de 2005: "a politização descabida, as tentativas sucessivas de golpes políticos, os assassinatos de reputação de políticos, juízes, jornalistas".

O jornalista Luis Nassif comenta neste domingo em seu blog o editorial publicado na Folha de São Paulo, que critica "práticas desleais na internet" que, supostamente, estariam "colocando em risco as bases que permitem o exercício do jornalismo independente no país". A Folha, no caso, se apresenta como porta-voz do "jornalismo independente". Uma piada, diz Nassif, que questiona:

"Qual o direito de conhecer a verdade que a Folha propõe? A ficha falsa de Dilma? Os arreglos com Daniel Dantas? A série sistemática e diária de matérias falsas, manipuladas, a deslealdade reiterada contra seus próprios jornalistas que não seguiram a cartilha?"

Abaixo o editorial da Folha e, depois, o comentário de Nassif:

O editorial: "Direito à informação"

Práticas desleais na internet colocam em risco as bases que permitem o exercício do jornalismo independente no país

DEMOCRACIAS tradicionais aprenderam a defender-se de duas fontes de poder que ameaçam o direito à informação.

Contra a tendência de todo governo de manipular fatos a seu favor, desenvolveram-se mecanismos de controle civil -caso dos veículos de comunicação com independência, financeira e editorial, em relação ao Estado. Contra o risco de que interesses empresariais cruzados ou monopólios bloqueiem o acesso a certas informações, criaram-se dispositivos para limitar o poder de grupos econômicos na mídia.

Essas salvaguardas tradicionais se veem desafiadas pelo avanço da internet e da convergência tecnológica nas comunicações -paradoxalmente, pois esse mesmo processo abre um campo novo ao jornalismo.

Apesar da revolução tecnológica e do advento de plataformas cooperativas, a produção de conteúdo informativo de interesse público continua, majoritariamente, a cargo de organizações empresariais especializadas. O acesso sistemático a informações exclusivas, relevantes, bem apuradas e editadas sempre implica a atuação de grandes equipes de profissionais dedicados apenas a isso. Essas equipes precisam ser remuneradas -ou o elo se rompe.

Quando um serviço de internet que visa ao lucro toma, sem pagar por isso, informações produzidas por empresas jornalísticas, as edita e as difunde a seu modo, não só fere as leis que resguardam os direitos autorais. Solapa os pilares financeiros que têm sustentado o jornalismo profissional independente.

Quando um país como o Brasil admite um oligopólio irrestrito na banda larga -a via para a qual converge a transmissão de múltiplos conteúdos, como os de TVs, revistas e jornais-, alimenta um Leviatã capaz de bloquear ou dificultar a passagem de dados e atores que não lhe sejam convenientes. A tendência a discriminar concorrentes se acentua no caso brasileiro, pois os mandarins da banda larga são, eles próprios, produtores de algum conteúdo jornalístico.

Quando autoridades se eximem de aplicar a portais de notícias o limite constitucional de 30% de participação de capital estrangeiro, abonam um grave desequilíbrio nas regras de competição. Veículos nacionais, que respeitam a lei, têm de concorrer com conglomerados estrangeiros que acessam fontes colossais e baratas de capital. Tal permissividade ameaça o espírito da norma, comum nas grandes democracias do planeta, de proteger a cultura nacional.

Contra esse triplo assédio, produtores de conteúdo jornalístico e de entretenimento no Brasil começam a protestar.

Exigem a aplicação, na internet, das leis que protegem o direito autoral. Pressionam as autoridades para que, como ocorre nos EUA, regulamentem a banda larga de modo a impedir as práticas discriminatórias e ampliar a competição. Requerem ao Ministério Público ação decisiva para que empresas produtoras de jornalismo e entretenimento na internet se ajustem à exigência, expressa no artigo 222 da Carta, de que 70% do controle do capital esteja com brasileiros.

A Folha se associa ao movimento não apenas no intuito de defender as balizas empresariais do jornalismo independente, apartidário e crítico que postula e pratica. Empunha a bandeira porque está em jogo o direito do cidadão de conhecer a verdade, de não ser ludibriado por governos ou grupos econômicos que ficaram poderosos demais.


Comentário de Nassif

Chega-se, finalmente, ao objetivo final do processo que explica o comportamento da mídia a partir de 2005, a politização descabida, as tentativas sucessivas de golpes políticos, os assassinatos de reputação de políticos, juízes, jornalistas. E para quê? Para se chegar ao embate final com pouquíssimos aliados. Esse acanalhamento do exercício do jornalismo fez com que a credibilidade da mídia atingisse o ponto mais baixo da história, viabilizasse outras alternativas no mercado de opinião.

Agora, qual a bandeira legitimadora para suas pretensões? A de que a mídia é a garantidora da liberdade de informação? Piada.

Esse mesmo álibi canhestro foi utilizado por Roberto Civita para tentar me convencer a aceitar o acordo com a Veja no final do ano passado. A revista passou todo o ano utilizando o jornalismo de esgoto para os ataques mais sórdidos, abjetos, não respeitando sequer família. E vinha o enviado especial dele trazendo o recado de que deveria aceitar o acordo em nome da liberdade de imprensa.

Conto apenas o meu caso. Como o meu, teve inúmeros. Em 2005, em entrevista ao Vermelho cunhei a expressão “o suicídio da mídia”, para descrever essa caminhada irreversível em direção ao fundo do poço. Agora, a mídia se posiciona para a grande batalha contra os portais e os grupos externos. Quem acredita nela?

Qual o direito de conhecer a verdade que a Folha propõe? A ficha falsa de Dilma? Os arreglos com Daniel Dantas? A série sistemática e diária de matérias falsas, manipuladas, a deslealdade reiterada contra seus próprios jornalistas que não seguiram a cartilha?

O futuro chegou e bandeiras que, antes, poderiam ser legítimas, ou estão rotas, puídas, desmoralizadas. Haverá uma grande batalha futura, contra os supergrupos que irão entrar no mercado. Mas dela não participará mais a velha mídia, que ficará restrito ao mundo fictício que ela próprio criou.

domingo, 15 de novembro de 2009

Médicos do povo para o povo

por Emir Sader

Há 10 anos que se estão formando as primeiras gerações de médicos de origem pobre na América Latina. Não estão sendo formados pelas excelentes universidades publicas latinoamericanas, que têm os melhores cursos tradicionais de medicina do continente. Nem falar das universidades privadas.

Eles estão sendo formados pelas Escolas Latinoamericanas de Medicina, projeto iniciado há 10 anos em Cuba e que agora já conta com uma Escola similar na Venezuela e tem projeto de ampliar-se para países como Bolívia e Equador. São selecionados estudantes por cotas de movimentos sociais –originários do movimento camponês, do movimento negro, do movimento sindical, do movimento indígena e de outros movimentos sociais -, se tornam alunos do melhor curso de medicina social do mundo e retornam a seus países para praticar os conhecimentos adquiridos não na medicina privada, mas na medicina social, pública, nos lugares que os nossos países mais precisam, sem contar normalmente com os médicos formados nas universidades tradicionais.

Cuba transformou uma antiga instalação militar – a Academia Naval Granma – em uma universidade médica latinoamericana, para que milhares de jovens privados de estudar medicina nos seus países, possam ter acesso a esse curso em Cuba e retornem a seus países para atender necessidades que não são contempladas pela medicina tradicional.

Além da melhor medicina social que se pode dispor hoje no mundo, os alunos recebem formação histórica sobre o nosso continente, respeitando-se as convicções – políticas, religiosas – de cada aluno. “Médicos dispostos a trabalharem onde for preciso, nos mais remotos cantos do mundo, onde outros não estão dispostos a ir. Esse é o médico que vai ser formar nesta Escola” – dizia Fidel na inauguração da Escola.

A primeira turma se formou em 2005. Formar um médico nos EUA custa não menos de 300 mil dólares. Cuba está formando atualmente mais de 12 mil médicos para países do Terceiro Mundo, em uma contribuição inestimável para os povos desses países. Mesmo passando dificuldades econômicas nas duas ultimas décadas, Cuba não diminuiu nenhuma vaga na Escola Latinoamericana de Medicina – como, aliás, nenhuma vaga nas escolas cubanas, nem nenhum leito em hospital.

Desde a formação da primeira turma, em 2005, graduaram-se médicos de 45 países e de cerca de 84 povos originários. Formaram-se 1496 médicos em 2005, 1419 em 2006, 1545 em 2007, 1500 em 2008, 1296 em 2009. Os três países que tiveram mais médicos formados na Escola são Honduras, com 569, Guatemala, com 556 e Haiti, com 543. Atualmente mais de 2 mil alunos estudam na Escola. A procedência social deles é em sua maioria operários e camponeses. As religiões predominantes são a católica e a evangélica.

A Escola em Cuba – em uma cidade contigua a Havana – é integrada por 28 edificações numa área de mais de um milhão de metros quadrados, onde os estudantes recebem o curso pré-medico e os dois primeiros anos do curso de medicina, de ciências básicas. Depois os alunos recebem o “ciclo clínico” nas 13 universidades médicas existentes em Cuba. O corpo geral de professores é de mais de 12 mil.

O Brasil também já conta com cinco gerações de médicos, formados na melhor medicina social, sem que possam exercer a profissão, propiciada pela generosidade de Cuba. Os Colégios Médicos tem conseguido bloquear esse beneficio extraordinário para o povo brasileiro, alegando que o currículo em que se formara, não corresponde exatamente ao das universidades brasileiras – uma forma corporativa de defender seus privilégios.

As nossas universidades públicas costumam ter as vagas ocupadas por alunos que se preparam muito melhor que a grande maioria, por dispor de recursos econômicos que lhes possibilitam ter formação muito superior às dos outros. Assim, em geral tem origem na classe média alta e na burguesia, que desfrutam da melhor formação que as universidades públicas possuem, gratuitamente, sem que a isso corresponda a contrapartida de exercer medicina social, nas regiões em que o país mais necessita.

Essas instituições corporativas não devem se preocupar, as centenas de médicos formados na Escola Latinoamericana de Medicina não abrirão consultórios nos Jardins de São Paulo, na zona sul do Rio ou em outras regiões ricas das capitais brasileiras. Eles irão fazer a medicina social que o Brasil precisa, atendendo a demandas que não são atendidas pelos médicos formados nas melhores universidades públicas brasileiras, mas que derivam seus conhecimentos para atender a clientelas privadas, em condições de pagar consultas e tratamentos caros.

As negociações para o reconhecimento dos diplomas dos jovens médicos solidários formados em Cuba estão em desenvolvimento, com apoio do governo brasileiro, mas ainda não chegaram a uma solução que permita o aporte dessas primeiras gerações de médicos brasileiros de origem popular.

Da Agência Carta Maior

Perguntas e respostas

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O acidente no rodoanel paulista mostra que o tão decantado modelo de gestão tucano é composto por 90% de marketing - os 10% restantes ficam a critério do freguês.O governo José Serra só não é um desastre completo porque a força de São Paulo não permite que isso ocorra. E, a um ano e pouco das eleições presidenciais, já dá para, com base em tudo o que o Serra fez - ou, no seu caso, deixou de fazer - levantar algumas dúvidas que atormentam o eleitor que se esforça por não se deixar levar pelos títulos das matérias dos jornalões.São dez questões bem simples, mas nem por isso sem importância:Câmbio: Serra vive criticando a apreciação do real em relação ao dólar. Mas não diz o que deve ser feito - a menos que pretenda impor um câmbio artificial ao país, como no governo FHC. Afinal, quem não se lembra do R$ 1 = US$ 1, que quebrou milhares de empresas?Política econômica: os tucanos dizem que tudo o que Lula fez foi seguir a cartilha do PSDB, mas ao mesmo tempo criticam a condução macroeconômica do governo atual. Vivem, portanto, numa contradição.Gastos do governo: segundo o bê-á-bá tucano-pefelista, o quadro do funcionalismo público federal é inchado, ineficiente e partidarizado. Só que a grande maioria dos servidores foi contratado via concurso, para áreas carentes como educação e saúde. O que fazer? Desmontar uma estrutura absolutamente necessária em virtude das carências sociais do país? Programas sociais: no início, o Bolsa Família foi até chamado de Bolsa Esmola. Com o tempo, as críticas se reduziram, mas é claro como o sol do meio-dia que os governos tucanos desprezam, até quanto podem, as demandas da população miserável. Serra nunca foi claro sobre se daria continuidade aos programas sociais de Lula, principalmente o Bolsa Família. Mas é bom lembrar que existem muitos outros menos badalados, como o Luz Para Todos, que são sucesso absoluto.Movimentos sociais/sindicais: claro que serão criminalizados. MST vai virar sinônimo de terrorismo. Privatização: bem, resta pouca coisa rentável. Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal são as jóias da coroa. E alvos preferenciais. Há ainda muito da infra-estrutura de transportes, como aeroportos, portos, rodovias e hidrovias dando sopa. Mas os tucanos são excelentes nisso e saberão achar muito mais.Relações externas/diplomacia: no governo Lula, o Brasil deixou de ser um quintal dos Estados Unidos. O país abriu o leque das relações comerciais, foi atrás de mercados variados, aceitou disputar o protagonismo em importantes fóruns internacionais, como a OMC. Sua diplomacia, antes uma massa amorfa e indistinta, passou a ser respeitada. Voltaremos à era FHC, em que a posição preferida do país era ficar de joelhos aos "irmãos" americanos?Carga fiscal: o mundo perfeito dos tucanos-pefelistas é aquele em que apenas os pobres pagam impostos. Mas apesar de todo o cinismo dessa posição, eles sabem muito bem que o Estado não vive sem tributos. Serra que o diga. Ele é um mestre da coleta. Adora encher os cofres paulistas. Portanto, o discurso de que o Brasil é campeão em tributação não passa de conversa mole, engana trouxa, bobagem para ganhar votos. Não existe um só governo que viva sem taxar seus cidadãos. A conta que importa é aquela que mostra que o imposto deu ou não um retorno satisfatório à sociedade. E nesse ponto o Brasil tem avançado muito.Juros: Outro tema que Serra se diz um especialista. Mas ele parece esquecer que foi no governo do amigo FHC, a quem serviu muito bem, que os juros estiveram na estratosfera. O que o prezado governador não explica é como o Executivo pode interferir numa incumbência do Banco Central - a menos que ele também queira presidir a autoridade monetária.Democracia: O Brasil vive um extraordinário período democrático - imprensa absolutamente livre, instituições funcionando na plenitude, eleições a cada dois anos, pluralismo político, liberdade religiosa... Parece que o país finalmente encontrou o seu caminho. Entre os chamados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o grupo de emergentes que está a um passo do Primeiro Mundo, é o que mais se aproxima do modelo civilizatório ocidental, institucionalizado desde o fim do século 18 e plenamente aceito como o único capaz de levar a felicidade aos seus cidadãos. Alguém que não é capaz de ler uma crítica, a mais amena possível, nos jornais, sem pedir a cabeça do pobre autor ao patrão, não parece ser a pessoa indicada para levar avante o processo de consolidação da democracia brasileira. Não é mesmo, José Serra?

Do blog Crônicas do Motta

Collor: A Globo ajudou (em 1989)

Haroldo Ceravolo Sereza
Do UOL Notícias
Em Brasília

"Ajudou, sem dúvida nenhuma ajudou. Ajudou bastante." Dessa forma, o hoje senador pelo PTB-AL e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello iniciou a resposta à pergunta se a relação com a Rede Globo o ajudou nas eleições de 1989. "Ajudou, sobretudo, a evitar armadilhas, algo que estivesse se tentando montar contra a minha candidatura", completou.

Há 20 anos, no dia 15 de novembro de 1989, ocorreu o primeiro turno das primeiras eleições presidenciais no Brasil após o fim da ditadura militar (1964-1985).

Numa longa entrevista ao UOL Notícias em Brasília, Collor tratou de vários dos tópicos mais difíceis da sua campanha de 1989 à Presidência, pelo PRN (Partido da Reconstrução Nacional).

Além da relação com a Globo, falou sobre as pesquisas e as conversas que teve antes de lançar-se candidato, inclusive com Silvio Santos, dos problemas que teve no governo de Alagoas, da decisão de pôr no ar o depoimento de Miriam Cordeiro na reta final da campanha, da edição do polêmico debate do segundo turno entre ele e Lula e do papel do tesoureiro Paulo César Farias, o PC, em sua campanha.

Em 1992, após uma série de denúncias de corrupção envolvendo seu governo e apontadas na CPI do PC, o Congresso aprovou o impeachment de Collor. Entre os que votaram pelo impeachment na Câmara estava o então deputado Cleto Falcão, um dos articuladores da candidatura de Collor - famoso por um brinde em Pequim que festejou o governador de Alagoas como futuro presidente do Brasil.

Collor afirmou também, na entrevista, que, na véspera do segundo turno, ao saber de uma pesquisa que o colocava apenas um ponto à frente de Lula, achou que perderia a eleição.

"Dr. Roberto [Marinho, 1904-2003, empresário, dono da Globo] era muito jornalista na sua essência", disse Collor. "Em algumas conversas, ele chegou a mim e disse, meu filho, acho que você está muito irritado, você não deve usar certos termos, isso está indo contra você", contou. Collor, no entanto, não quis repetir os termos que Marinho recomendou que ele deixasse de usar.

Na campanha de 1989, Collor ganhou projeção com a imagem de um candidato que combateria a corrupção e os altos salários do funcionalismo. Pare desta imagem foi construída ainda à frente do governo de Alagoas, quando Collor anunciou uma série de reformas acompanhadas por uma economista chamada Zélia Cardoso de Mello, indicada pelo ministro da Fazenda de José Sarney (PMDB), Dílson Funaro, segundo Collor. Zélia seria a ministra da Economia de Collor, responsável pela implantação do Plano Collor, para tentar controlar a inflação, e pelo "confisco da poupança" e de outras aplicações financeiras em 1990.

Collor diz como surgiu a imagem de 'caçador de marajás' e diz que não estudava seus gestos e palavras

*

Além da relação com a Globo, Collor diz que sua candidatura foi vista como "simpática" por outros grupos de comunicação. "O que eu percebia é que havia um receio dos meios de comunicação mais importantes é que um eventual governo comunista" pudesse ter um efeito negativo sobre os meios de comunicação.

Na sua avaliação, esses grandes complexos de comunicação estavam à procura de um candidato - e o encontraram em Mario Covas (PSDB). Mas mesmo Covas era tido por alguns deles como "ligado aos comunistas", diz Collor, devido a posições que defendeu quando liderava a bancada do PMDB na Constituinte de 1988.

A saída para o tucano teria sido fazer o famoso discurso defendendo que o Brasil precisava passar por um "choque de capitalismo". "Quando fez o famoso discurso do choque de capitalismo, no Senado Federal, esse pronunciamento foi feito de um modo pré-determinado", para que os jornais televisivos entrassem ao vivo. As chamadas nas TVs coincidiam, acha Collor, "com o parágrafo mais pontiagudo do pronunciamento".

"Apesar disso, o candidato Mario Covas não conseguiu passar essa mensagem para o eleitorado e não decolou." Depois de Mario Covas, acha Collor, houve uma tentativa com Ulysses Guimarães (PMDB). "Minha candidatura foi de alguma maneira tida como simpática porque não havia outra alternativa."

Collor foi chamado, numa capa da revista "Veja", de "Caçador de Marajás". A "Veja", depois, seria um dos veículos de comunicação que publicariam uma série de denúncias, apuradas por uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que levariam ao impeachment de Collor em 1992.

Segundo Collor, a palavra "marajá" veio de um "popular", num comício à noite no sertão. Ao referir-se a funcionários públicos que tinham "supersalários", ele teria gritado: "Não Fernando, é tudo marajá". "E aquela palavra me soou como uma palavra mágica."

O rol de "palavras mágicas" de Collor seria completado pela referência aos "descamisados" e "pés-descalços". Estas duas expressões já era usadas pelos peronistas argentinos para referir-se às parcelas mais pobres da população e foram recuperadas por Collor.

Ele, no entanto, afirma que essas palavras não eram estudadas. "Na minha campanha não houve marqueteiro", diz. Mas como, se Collor virou uma espécie de sinônimo de candidato construído pelo marketing? Com pausas entre cada uma das palavras, como se as estivesse medindo, ele responde: "Talvez por terem entendido que meus gestos e as minhas palavras fossem coisas estudadas, o que na realidade nunca foram."

Collor avalia que foi o candidato que melhor usou a mídia eletrônica. Na sua opinião, Lula fica, nesse quesito, com o segundo lugar. "Lula tinha uma música que era fantástica", lembra. "Dormia e acordava cantando a música do Lula."

Para Collor, os apoios que recebeu de grandes setores do PFL e do PMDB foram fundamentais para que, mesmo à frente de um pequeno partido, pudesse chegar à Presidência.

Segundo turno

Durante a entrevista, Collor defendeu que Brizola seria mais difícil de bater que Lula - em especial porque Brizola tinha mais penetração no empresariado. Por outro lado, "era notória a indisposição que havia entre o governador [do Rio] Brizola e Roberto Marinho".

Com relação ao uso de Miriam Cordeiro, ex-companheira de Lula que deu depoimento no horário eleitoral dizendo que o petista a pedira para fazer um aborto na década de 1970, Collor classificou de lamentável o episódio e chamou-o de "percalço de campanha".

Afirmou que ainda não faria novamente: "Nem teria feito na época": "O candidato é o que menos sabe do que vai no programa gratuito", disse. "Se alguém tiver de ser responsabilizado serei eu como candidato. O que eu digo é que eu não tomei conhecimento. Em última analise, tudo que de ruim acontece numa campanha é o candidato. Tudo que de bom acontece numa campanha, aí é a equipe.

Ouvido pelo UOL Notícias, o responsável pela campanha de Collor na TV, o publicitário Chico Santa Rita, afirmou que Collor participou da decisão de por o vídeo no ar.

Ainda sobre o segundo turno, Collor disse acreditar que a edição do segundo debate entre ele e Lula é fiel ao que aconteceu. "No primeiro debate eu não fui bem. E isso ficou explícito na edição que fizeram", para em seguida comparar a edição de debates à de partidas de futebol: é preciso refletir o resultado do jogo, argumenta. Depois da enorme polêmica em 1989, a Globo hoje tem a política de não mais editar debates.

Do blog viomundo

Fernandão, o garanhão, tomou vergonha na cara

Curioso é que o PIG só agora é que veio a se interessar pelo caso.Até as luzes do Palácio do Planalto sabiam que esse caso nebuloso aconteceu há mais de 20 anos.Dona Ruth Cardoso deve estar tremendo no túmulo.

FHC decide reconhecer oficialmente filho que teve há 18 anos com jornalista da Rede Globo


Folha Online

Reportagem da colunista Mônica Bergamo, publicada na edição de hoje da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL), informa que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reconhecerá oficialmente Tomas Dutra Schmidt como filho.

Tomas, que hoje tem 18 anos, nasceu da relação amorosa que FHC teve com a jornalista Mirian Dutra, da TV Globo.

De acordo com a reportagem, FHC consultou advogados e viajou na semana passada para a Madri --onde vive a jornalista-- para cuidar do reconhecimento do filho.

A reportagem da Folha informa que FHC negou a informação e disse que estava na cidade para a reunião do Clube de Madri. Procurada pela Folha, Mirian disse que quem deveria falar do assunto seria ele e a família dele.

Do blog Terror do Nordeste