sábado, 26 de junho de 2010

O modo Serra de perseguir jornalistas

Do Blog do Miro

Reproduzo artigo de Luis Nassif, publicado em seu blog:

Para entender a reação grosseira de José Serra à pergunta de Heródoto Barbeiro, é preciso retomar 2005. Naquele ano formou-se a frente jornalística destinada a depurar as redações de qualquer voz discordante em relação à nova linha acertada. entre jornais, mais a Veja. José Serra esteve à frente dessas articulações.

Naquele ano, ele tentou por várias vezes emplacar um programa de Reinaldo Azevedo na TV Cultura. Desistiu depois de resistências gerais. Mas pressionou por diversas vezes o Roda Viva para incluir o blogueiro entre os entrevistadores.

Ao assumir o governo de São Paulo, deixou claro sua ojeriza a Heródoto, a quem acusava de ser petista. Provavelmente por pressão dele, o Paulo Markun afastou Heródoto da ancoragem do Jornal da Cultura. Foi uma medida incompreensível para quem não acompanhava os bastidores já que, até então, os únicos jornalistas da Cultura com premiações permanentes nas eleições do portal Comunique-se (que congrega mais de 100 mil jornalistas de todo o país) eram Heródoto e eu, além do próprio Markun. Heródoto, aliás, uma unanimidade como âncora de rádio e de TV.

Markun liquidou com o modelo histórico do Jornal. Ante uma avalanche de reclamações, Heródoto voltou à ancoragem — mas dentro de um formato anódino em que praticamente foi anulado. Entre os que acompanham sua carreira, só paranoicos da ultradireita ousariam tachá-lo de petista.

Quanto à resposta do Serra à questão do pedágio, revela a dificuldade em casar discursos. Defende genericamente queda na carga tributária. Mas a argumentação em favor dos pedágios mostra claramente a opção pelo aumento da carga.

Quando diz que “aprimorou” os pedágios, os pontos que levanta são a obrigatoriedade das concessionárias investirem nas próprias estradas e de pagarem pelas concessões para investimentos em estradas vicinais.

Trata-se de uma forma óbvia de aumento brutal disfarçado de tributos. Os bilhões que as concessionárias pagaram ao Estado foram incluídos no preço dos pedágios, é óbvio. Os recursos para estradas, antes, saíam, do IPVA e do orçamento estadual. Agora, além de pagar o ICMS e o IPVA, o contribuinte paulista paga adicionalmente os pedágios. E essa conta salgada não entra no cálculo da carga tributária paulista. Na resposta de Serra é como se o dinheiro tivesse saído do lucro das empresas.

E não se trata de nenhum aprimoramento: esse modelo de concessão (a chamada concessão onerosa) sempre foi empregado nas concessões paulistas, desde os tempos de Mário Covas. Mantém tudo como está e diz que "aprimorou" a mudança. Se aprimorou alguma coisa, foi a cobrança.

Estilo Maluf

Serra incorporou também um estilo bastante empregado por Paulo Maluf nas entrevistas. Quando questionado sobre um ponto, cobra do entrevistador detalhes do tema perguntado. Entrevistador têm as perguntas; presume-se que os entrevistados, a resposta. Devolver a pergunta ao entrevistador, exigindo dele conhecimentos detalhados do tema é malandragem típica do estilo Maluf — que Serra vem empregando continuamente nas suas entrevistas. Depois de tentar desarmar a pergunta com essa jogada, sofisma-se à vontade. Ou, como no caso do pedágio, mente.

Por exemplo, insistiu que na rodovia Ayrton Senna o pedágio caiu pela metade. Mas não informou que a cobrança dobrou: antes, cobrava-se numa direção única; depois da mudança, passou-se a cobrar na ida e na volta.

Do site Caminhoneiro: “Os valores irão variar entre R$ 2,30 e R$ 1,70. Mas os motoristas terão que pagar em quatro praças, enquanto antes paravam para pagar em apenas duas. O valor será o mesmo, mas o tempo perdido será maior”.

Quanta Ladeira cantando "A Globo tá demais" no Carnaval de Recife

porque 'A Globo tá demais'



Do Blog Oni Presente

Se morder, o bicho pega...



Sobre o general Stanley McChrystal e a Blackwater

Jeremy Scahill, The Nation

Blackwater, empresa de soldados mercenários, está evidentemente muito mais firmemente plantada no chão que o general Gen. Stanley McChrystal. Enquanto McChrystal beberica Bud Light Lime, assistindo ao filme “À toda velocidade” [1] e avalia as ofertas de emprego, no setor privado, que tem sobre a mesa, os soldados-cruzados privados mercenários de Erik Prince [2] lá estão, correndo pelo Afeganistão e outros teatros de guerras não declaradas em que os EUA andam metidos, guiados pela CIA. E com as bênçãos, sim, do Comandante-em-Chefe.

Com os principais executivos e representantes da Blackwater já indiciados por crimes federais, e a empresa posta à venda, dizem os boatos que Prince prepara-se para voar rumo a um país que não mantém tratado de extradição com os EUA.

Ao mesmo tempo em que o presidente Obama demite McChrystal, depois de comentários atribuídos ao general e a um círculo muito próximo de seus assessores, em artigo já considerado maldito, publicado pela revista Rolling Stone, a empresa Blackwater é premiada com novos contratos. Isso, apesar de longa folha corrida de conduta imprópria (para dizer o mínimo; há denúncias de assassinatos e tortura, de contrabando de armas, de conspiração e obstrução da justiça, dentre outras).

Dado o alegado envolvimento de McChrystal na tortura de prisioneiros no Camp Nama no Iraque, o papel destacado que teve no acobertamento do assassinato de Pat Tillman e outros atos obscuros que envolveram os altos escalões do Joint Special Operations durante o governo Bush-Cheney, McChrystal jamais poderia ter sido nomeado para o comando no Afeganistão. Ao nomeá-lo, Obama mandou recado claro sobre o tipo de política que desejava para o Afeganistão – qualquer política que favorecesse as forças de intervenção direta, transparência-zero, identificação-zero, habituadas a operar na clandestinidade e longe de qualquer fiscalização.

De fato, na matéria publicada por Rolling Stone, McChrystal parece admitir que sua muito comentada promessa de fazer diminuir o número de mortes de civis não passou de cortina de fumaça. Segundo Rolling Stone: “Melhor você sair e dar conta de quatro ou cinco alvos essa noite” – diz McChrystal a um fuzileiro que encontra parado à entrada do quartel-general. E em seguida acrescenta: “Embora amanhã, por causa disso, eu tenha de esfolá-lo.”

O presidente Obama acertou ao demitir McChrystal (tecnicamente, aceitou o pedido de demissão) – e melhor seria se já o tivesse demitido há muito tempo. Mas o fato de que McChrystal tenha sido demitido por causa da matéria em Rolling Stone, não pelo modo como conduzia a guerra no Afeganistão, diz muito sobre o que pensa da guerra e sobre a política da guerra o governo Obama (e, isso, sem falar que Petraeus, recém nomeado para o lugar de McChrystal, é general de Dick Cheney).

Comparem-se, então, os tratamentos que o governo Obama dá a McChrystal e à empresa Blackwater.

Em janeiro, dois ‘operadores’ da empresa Blackwater foram acusados de assassinato em investigações iniciadas depois de um tiroteio no Afeganistão, em maio de 2008. Em março, o senador Carl Levin, presidente da Comissão do Senado para as Forças Armadas, encaminhou pedido ao Departamento de Defesa, para que investigasse o uso, pela Blackwater, de uma empresa-laranja, Paravant, para obter contratos no Afeganistão. Dia 11/6, o procurador federal deu entrada a imensa documentação, como parte da apelação, em processo do ano passado, depois de a empresa ter sido absolvida por juiz federal, em acusação contra ‘operadores’ da Blackwater, identificados como autores dos tiros, no tiroteio da praça Nisour. Morreram 17 iraquianos civis inocentes e outros 20 ficaram feridos. Para resumir, os procuradores pedem a anulação do primeiro processo e o reinício de novo processo contra a Blackwater. Depois, em abril, cinco dos principais assessores de Erik Prince foram acusados, por júri federal, por formação de quadrilha, comércio de armas e obstrução da ação da Justiça. Dentre outros acusados, lá estavam o braço direito e sócio de Prince, co-fundador da empresa e ex-presidente Gary Jackson, os ex-vice-presidentes William Matthews e Ana Bundy, e o advogado-chefe de Prince, Andrew Howell. Ex-empregados da empresa Blackwater testemunharam, sob juramento, e fizeram denúncias gravíssimas que envolveram assassinato, contrabando de armas, prostituição, destruição de provas e documentos e mais uma longa lista de acusações.

Como se sabe, nada disso causou qualquer grave inquietação à Casa Branca.

Nas últimas duas semanas, a empresa Blackwater assinou contratos no valor de mais de 200 milhões de dólares com o governo Obama. Um deles é contrato com o Departamento de Estado dos EUA para prestação de serviços de segurança no Afeganistão; outro, de 100 milhões, para proteção a operações e ‘operadores’ da CIA no Afeganistão e em outras zonas globais quentes. A empresa Blackwater tem gasto milhões em salários de lobbyists – ativos, sobretudo junto ao Partido Democrata. No primeiro trimestre de 2010, a empresa gastou mais de meio milhão só para contratar os serviços de Stuart Eizenstat, lobbyist muito bem relacionado no Partido Democrata, que serviu aos governos Clinton e Carter. Eizenstat é presidente do setor internacional do poderoso escritório Covington & Burling de advocacia e lobbying.

“Blackwater passou por mudanças profundas” – disse um funcionário do Departamento de Estado, não identificado, ao The Washington Post. “Estão obrigados a provar aos governos que são empresa responsável. Atenderam todos os requisitos legais e, claro, têm direito de participar das concorrências, como qualquer empresa. É empresa que presta bons serviços, muitas vezes em locais muito perigosos. Ninguém pode esquecer isso.”

Tampouco se pode esquecer que, como McChrystal, Erik Prince também foi tema de matéria de capa de outra revista de prestígio. Em janeiro, a revista Vanity Fair deu capa e fez longo ‘perfil’ de Prince [3]. Mas no artigo, Prince e seus associados não se puseram a falar como idiotas do comandante-em-chefe, nem do vice-presidente. Mas Prince, sim, fala bastante claramente, com detalhes de operações secretas dos EUA; e fala sobre a existência de uma equipe treinada de assassinos na CIA – organizados e treinados pelo próprio Prince – que obteve vários sucessos em vários países, dentre os quais a Alemanha, aliado-chave dos EUA.

Sabe-se lá se, algum dia, sabe-se lá, caso algum repórter surpreenda Prince e seus asseclas envolvidos em bebedeiras, e proferindo desaforos contra a Casa Branca e o Comandante-em-chefe, então, talvez, alguma coisa, algum dia, mude. Sabe-se lá se, caso algum dos bandidos da Blackwater algum dia disser “ai, ele mordeu meu pau!”, ao falar do vice-presidente, ou enunciasse estupidezes contra o infeliz Richard Holbrooke ou chamasse de “palhaço” o conselheiro de Segurança Nacional, talvez, sabe-se lá, o governo Obama decida “aceitar o pedido de demissão” dos homens da Blackwater.

Não há dúvida de que, nos termos do Código de Conduta dos Militares dos EUA, McChrystal foi demitido por justa causa e liberado de seus muitos deveres. Mas, no frigir dos ovos, foram as palavras de McChrystal – não seus atos – que o fizeram naufragar. A nave dos crimes e assassinatos da Blackwater, pelo visto, continuará a navegar a plena vela, até que alguma frase, não os seus tiros, atinja o homem errado.

Atualizando

Acabo de voltar de entrevista com a Deputada Jan Schakowsky, principal deputada da oposição à Blackwater na House [Câmara de Deputados]. Membro da Comissão de Inteligência da Câmara de Deputados, a deputada Schakowsky não confirmou detalhes dos serviços que a Blackwater presta à CIA, mas, ao saber dos novos contratos, e que a empresa foi outra vez recontratada pela CIA, ela disse: “É escandaloso. O que mais a Blackwater terá de fazer para ser impedida de participar de concorrências? Por mais que alguns façam bom trabalho, há muitos empregados da empresa que comprovadamente não têm condições para trabalhar armados, em zona de combate. Não importa o que façam, em ações de segurança ou em segurança estática, não podemos continuar a usar mercenários da Blackwater. A CIA já não poderia manter contatos com essa empresa, por mais que mudem o nome e o logotipo .”

E Schakowsky acrescentou: “Se a razão para usar os serviços da Blackwater é que o governo não tem capacidade ou não conhece outra empresa de melhor reputação para fazer esses serviços, então, sim, aí está um sério problema a ser enfrentado.”

NOTAS

[1] São referências à matéria publicada em Rolling Stones, apresentada como causa da demissão de McChrystal: em Paris, o general tomava essa bebida e assistiu àquele filme. Ver “The Runaway General”.
[2] Fundador da empresa Blackwater. Em fevereiro de 2009, imediatamente depois de a empresa mudar de nome (passou a chamar-se XE), Prince anunciou que deixava a presidência da empresa, embora sem se desligar completamente. Prince é ex-fuzileiro da Marinha dos EUA e “fundamentalista de direita, várias vezes bilionário, cristão fundamentalista de poderosa família Republicana de Michigan. Dos principais doadores de campanha dos Republicanos, participou dos bastidores da campanha de George H.W. Bush à presidência e, em 1992, fez campanha para Pat Buchanan. E, 1997 fundou a Blackwater-USA, com Gary Jackson, também ex-fuzileiro. (Ver em detalhes.)
[3] Ver “Tycoon, Contractor, Soldier, Spy” [Milionário, empresário, soldado, espião], Adam Ciralsky, Vanity Fair, jan. 2010 (em inglês).

O artigo original. Em inglês, pode ser lido em: Of Gen. Stanley McChrystal and Blackwater (UPDATED)

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Tradução: Coletivo Vila Vudu de Tradutores

Ilustração: AIPC - Atrocious International Piracy of Cartoons

Pescado no Blog Assaz Atroz
Do Blog Vi O Mundo

DEM não aceitará Dias como vice de Serra, diz Caiado
25 de junho de 2010 | 19h 49

ANDREA JUBÉ VIANNA – Agência Estado

O vice-presidente do Democratas (DEM), deputado Ronaldo Caiado (GO), reagiu com indignação à notícia de que o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) seria indicado para a vaga de vice na chapa de José Serra à Presidência da República. Caiado afirmou que defenderá na Executiva do partido a quebra da aliança com o PSDB.

“Essa atitude do PSDB de tentar tirar do Democratas a vaga de vice de José Serra é desastrosa e inconsequente. O PSDB bagunça um grande colégio eleitoral que é o Paraná, desestabiliza partidos aliados por um nome (Álvaro Dias) que não vai acrescentar”, publicou em seu perfil no site de microblogs Twitter.

O dirigente democrata acrescentou que conversou hoje com o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), que lhe assegurou que a sigla não abrirá mão da vaga de candidato a vice-presidente. “O PSDB precisa jogar como um time. Declaramos apoio a José Serra, cumprimos com o nosso papel e agora é hora do PSDB fazer o mesmo. Aliança com chapa puro sangue não é aliança, é colocação em posição de subserviência”, concluiu Caiado.

O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que coordena a campanha de José Serra, está reunido com Rodrigo Maia em Aracaju (SE) para discutir o nome do vice do tucano.

Histórico

Por volta das 11 horas, o presidente nacional do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, divulgou em seu Twitter que o PSDB teria batido o martelo pelo nome de Alvaro Dias. Mais tarde, em Cuiabá (MT), o paranaense confirmou a indicação e disse que aceitaria o cargo.

Essa sequencia de fatos causou mal-estar na aliança PSDB-DEM e abriu nova crise na campanha tucana, num momento difícil, logo após a divulgação da pesquisa CNI/Ibope mostrando Dilma Rousseff (PT) cinco pontos percentuais à frente de Serra. Até agora, nem Sérgio Guerra nem José Serra confirmaram que Alvaro Dias será mesmo vice de Serra.

TIRO AO ALVARO: SERRA ESCOLHEU O VICE, SEU NOME É CRISE

“O poder do Serra de desorganizar as coisas é fora do comum. O Álvaro Dias não acrescenta nada e desagrega muito”. A declaração veiculada pela UOL é do DEMO Ronaldo Caiado, que não aceita uma chapa tucana pura e já sugere romper a aliança do seu partido com o PSDB se o senador paranaense for confirmado na vaga. '...se na campanha nos tratam assim, imagine depois... Eu não ganho votos apoiando o Serra. Eu transfiro votos pra ele', desabafou. Em resumo, a candidatura Serra é uma batata-doce queimando na fogueira eleitoral e ninguém mais bota a mão no fogo por ela'
(Carta Maior; 26-06 )

sexta-feira, 25 de junho de 2010

MST lança nota em apoio à proibição de crédito a escravagistas


Do Portal Vermelho.org

Sob o título "Proibição de crédito rural a fazendeiros escravagistas é avanço importante", o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lançou, nesta quinta-feira (24/6), nota valorizando a medida do Conselho Monetário Nacional (CMN) que proíbe a liberação de créditos agrícolas do sistema financeiro a latifundiários e empresas do agronegócio que mantêm trabalho escravo em suas terras. O movimento divulga, ainda, um abaixo-assinado pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo.

O MST realiza uma campanha junto aos parlamentares pela aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, a chamada PEC do Trabalho Escravo, que prevê o confisco de terras onde trabalho escravo foi encontrado e as destina à reforma agrária.

Leia também:
Reportagem Especial do Portal Vermelho sobre Trabalho Escravo

CMN veda crédito para propriedades que mantém trabalho escravo

Temer recebe abaixo-assinado a favor da PEC do trabalho escravo

A proposta passou pelo Senado Federal, em 2003, e foi aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados em 2004. Desde então, está parada, aguardando votação. Além de realizar debates com parlamentares e divulgar materiais da campanha, o MST divulga um abaixo-assinado pela aprovação da PEC do Trabalho Escravo e nesta quinta-feira lançou uma nota valorizando medida do CMN que proíbe crédito agrícola a empregadores que mantêm trabalho escravo.

Confira a íntegra da nota:

"O MST considera muito importante a medida do Conselho Monetário Nacional (CMN), que proíbe a liberação de créditos agrícolas do sistema financeiro a latifundiários e empresas do agronegócio que mantêm trabalho escravo em suas terras.


A decisão veta as instituições financeiras que integram o sistema de crédito rural no país de contratar ou renovar operações de crédito agrícola a pessoas físicas e jurídicas inscritas na “lista suja” elaborada pelo Ministério do Trabalho.

O cadastro de empregadores que utilizam mão-de-obra escrava contém 158 propriedades rurais de todo o país. A maioria é de fazendas localizadas no Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Piauí.

A medida é um avanço no combate ao trabalho escravo, que representa uma verdadeira vergonha nacional. Esperamos que o Congresso Nacional e o governo federal, por meio de sua base parlamentar, enfrentem os ruralistas para que se aprove na Câmara dos Deputados o projeto que determina a desapropriação para a Reforma Agrária de áreas que mantém trabalhadores em regime de escravidão.

SECRETARIA NACIONAL DO MST"

Da redação, com MST

DINNER FOR ONE



Uma velha senhora inglêsa, com fumos aristocráticos, comemora seu 90º aniversário junto aos seus velhos amigos Sir Toby, o Almirante Von Schneider, Sr. Winterbottom e Sr. Pommeroy. Mas eles estão todos mortos. O mordomo James, então, representa esses velhos amigos, especialmente ao consumir suas bebidas, em escala industrial, of course! A velha dama permanece fleumática, como se espera de uma aristocrata.

Este curta metragem de 15 minutos fez grande sucesso na Europa, especialmente na Alemanha, onde passava na televisão, próximo ao Natal. Os diálogos pedantes viraram bordão entre os alemães. Na Suíça foi proibido por estimular o consumo de álcool. Parece que só na Inglaterra o filme não fez sucesso, uma vez que se constitui em delicioso deboche com a decadente brit aristocracy.

Pescado noBlog do Sátiro

Dia Sem Globo - versão.2

















O técnico da seleção brasileira, Dunga, pediu desculpas à torcida pela sua atitude na entrevista coletiva após o jogo com a Costa do Marfim e disse que o torcedor não tem nada a ver com seus problemas pessoais.

A conduta de Dunga foi correta. Reconheceu que errou ao ter xingado os jornalistas, o que realmente era reprovável, mas não recuou um milímetro na sua atitude de não privilegiar nenhuma emissora na cobertura da seleção brasileira.

Perguntado sobre seu pai, que está doente, disse que tem que seguir as lições que recebeu dele. “Homem para ser homem tem que ter virtude, tem que ter posição. Tem que ter coerência, dignidade, transparência e tem que saber pedir desculpas quando erra.”

Dunga aproveitou a oportunidade para um recado a quem só pensa em extrair lucros da Copa, sem maiores preocupações com o desempenho da seleção. “Por mais que muitos não gostem, a gente tem que ser patriota e tem que fazer o melhor para o nosso país, a nossa família, para os nossos amigos. E temos que lutar. A adversidade só vai fazer com que a gente cresça.”

Será que a Globo vai ter a mesma dignidade de Dunga e se desculpar por ter excedido nas críticas ao treinador quando o que estava em jogo não era exatamente o seu comportamento e sim o fim dos privilégios da emissora? Será que vai pedir perdão pela campanha sórdida que fez por uma punição da Fifa a Dunga? Claro que não. Da Globo nada se espera além da costumeira empáfia de quem acha que manda no país e até na seleção. Mas dessa vez, se deu mal.

Pescado no Blog do Sátiro

Ascensão de Dilma estremece PSDB e fragiliza palanques de Serra

A vigorosa liderança de Dilma Rousseff (PT) na última pesquisa CNI/Ibope enfraqueceu ainda mais a já fragilizada costura de alianças de José Serra (PSDB). Um dia após o levantamento ter registrado vantagem de cinco pontos porcentuais para a petista — 40% a 35% —, tucanos também reclamaram de desorganização na campanha e de centralização das decisões nas mãos de Serra. O presidente do PSDB-RJ, José Camilo Zito, já vislumbrou que o resultado da pesquisa vai dificultar ainda mais a campanha de Serra no estado. Decepcionados com Serra, prefeitos do partido já o avisaram de que vão pedir votos para Dilma — e o PSDB, estonteado, já culpa publicamente o governo federal.

“Isso já vinha ocorrendo porque o uso da máquina é muito forte. Em alguns municípios, mesmo administrados pelo PSDB, esse uso de máquina faz com que os prefeitos entrem para a campanha deles”, choramingou Zito — que também é prefeito de Duque de Caxias, principal cidade administrada pelo PSDB no Rio.

Santa Catarina é outro exemplo do colapso. Sob pressão do comando nacional, o PMDB local (até então fechado com PSDB e DEM) definirá seu futuro amanhã em uma convenção. No estado, parte do PMDB cogita lançar candidato próprio, desmontando o palanque de Serra. Na quarta-feira, o ex-governador e candidato ao Senado Luiz Henrique Silveira avisou Serra que levaria a disputa à convenção.

“Esse Sul está um horror”, disse o presidente do PSDB-SC, Beto Martins. Ele se referia também ao Paraná. Após flertar abertamente com o PSDB, Osmar Dias (PDT) não descarta concorrer ao governo do estado aliado ao PT. Prometeu anunciar sua decisão na quinta-feira, mas adiou para esta sexta.

O desempenho de Dilma também teve reflexo no PP. Aliado de Lula, o PP chegou a discutir a hipótese de aliança formal com o PSDB quando Serra liderava as pesquisas — mas, nesta semana, optou pela neutralidade. No dia 7 de julho, o partido vai anunciar apoio informal a Dilma.

“É melhor fazer desta forma para evitar ter que fazer intervenção em um ou outro estado”, disse o presidente do partido, senador Francisco Dornelles (RJ). Segundo o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), a maioria defendia a aliança formal com Dilma, mas Dornelles barrou a convocação da convenção.

Outros estados em alerta

Ainda nesta quinta-feira, a campanha de Serra tentava desatar nós em Sergipe — onde o DEM reclama da resistência do ex-governador Albano Franco a uma aliança — e no Pará — estado em que o ex-governador Simão Jatene tenta evitar a candidatura do DEM ao Senado. O tempo para evitar mais debandadas é escasso, já que a campanha começa oficialmente em dez dias.

Diante da indicação da pesquisa CNI/Ibope de que houve uma queda nas intenções de voto de Serra no Sudeste, um dos estrategistas da campanha, deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA), diz que “é obvio” que o PSDB tem de estar atento. Segundo ele, é preciso procurar saber o que está de fato ocorrendo na região em que o partido é mais forte e tem o governo dos dois principais estados — São Paulo e Minas Gerais. “Se houve uma queda no nosso ponto forte, onde há um público mais identificado com nossa administração e somos bem avaliados, temos de analisar o porquê.”

A pesquisa CNI/Ibope abriu espaço para pelo menos um aliado do tucano no Rio Grande do Sul criticar o comando da campanha. “A fotografia do momento serve para uma reflexão: é preciso humildade e valorização dos bons parceiros”, afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM).

A frase reflete uma circunstância regional. Lorenzoni lamenta que o segundo palanque gaúcho, que DEM, PTB e PPS articulavam em torno do petebista Luís Augusto Lara, e oferecido ao PSDB ao longo de 40 dias, não tenha se viabilizado por falta de interesse dos tucanos. “Essa composição tinha grande poder de mobilização na região metropolitana de Porto Alegre, que concentra 4 milhões de votos, e na qual o PT é muito forte”, diz Lorenzoni.

“Dono” do palanque de Serra na Bahia, o candidato do DEM ao governo do estado, Paulo Souto, não quis comentar a pesquisa. Mas integrantes de sua campanha criticaram a concentração de exposição de Serra na mídia no período da Copa do Mundo. Já o ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen advertiu que é preciso encerrar o período de montagem dos palanques estaduais e definição do vice para avaliar melhor as candidaturas. “Isso tudo toma tempo e deixa o candidato paralisado”, avaliou.

Ajustes

Nos bastidores, a cúpula tucana passou a defender ajustes na agenda e a necessidade de harmonizar o discurso. Na avaliação de um parlamentar tucano, é preciso parar de ter medo do candidato e aderir de fato à campanha. Segundo ele, a campanha não é de Serra, mas do PSDB — e o que está em jogo é o futuro da oposição.

Em outra linha de interpretação, Jutahy Júnior admitiu que o resultado da pesquisa foi “uma surpresa” e que todo levantamento em que o candidato aparece atrás gera estresse na campanha. Mesmo ressalvando que “a campanha só começa em 5 de julho”, o parlamentar diz que Dilma já está se tornando conhecida no Brasil inteiro como candidata do presidente.

Presidente do PSDB, coordenador da campanha de Serra e empregador de funcionários fantasmas, o senador Sérgio Guerra (PE) reconheceu que uma avaliação ampla deveria ser feita pelo partido. Ele viajou para São Paulo a fim de se reunir com Serra no início da noite de quinta. Entre os assuntos, além da pesquisa, estavam a finalização de palanques regionais e a escolha do vice na chapa. “É preciso que sejam feitas avaliações”, avisou.

Lideranças tucanas chegaram a advertir sobre a necessidade do que chamaram de “ajuste fino” no marketing e na comunicação da campanha. Soa cada vez mais frágil a alegação de que o volume de propaganda do governo foi maior se comparado ao programa partidário. O fato é que, ao longo de junho, Serra apostou na propaganda ilegal e foi amplamente exposto nos programas eleitorais que PSDB, PTB e PPS veicularam na TV. “Nosso discurso não é fácil”, conclui, em tom de lamúria, o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Da Redação, com agências

Alba realiza conferência contra o racismo e pela integração

Do Portal Vermelho.org

Considerado um acontecimento histórico pelo chanceler equatoriano Ricardo Patiño, a conferência conta com a participação de lideranças indígenas e negras, que buscam incentivar os governos democráticos e progressistas da região a reconhecer a diversidade.

Ao abrir o evento, o chanceler Ricardo Patiño conclamou os participantes a “acenderem a luz para que a América Latina não se perca”. Ele realçou que esta é a primeira vez que os governos latino-americanos trabalham unidos com as lideranças indígenas e negras em busca de “um novo amanhecer do século 21”.

A ministra equatoriana dos Povos, Alexandra Ocles, destacou a importância da participação de indígenas, negros e camponeses na vida política. Ela sublinhou que essa reunião de cúpula da Alba é chave para impulsionar a criação de um Estado “plurinacional”. A ministra disse ainda que a Alba está mudando a face da política, que já tem “rostos afrodescendentes, indígenas e dos camponeses que habitam a costa do país, o que sem dúvida marca uma mudança nas formas de fazer política”. Para a ministra equatoriana, “A construção do Estado plurinacional e intercultural vai mais além do aspecto étnico e aglutinará os diversos setores da sociedade”.

Uma das intervenções aguardadas com maior expectativa é a do chanceler da Bolívia, David Choquehuanca. Ele analisará a transição do Estado colonial para modelos de Estados multiculturais, interculturais e plurinacionais.

Prefeitos, parlamentares e ministros dos oito países membros da Alba (Antígua e Barbuda, Bolívia, Cuba, Dominica, Equador, Nicarágua, São Vicente e Granadinas e a Venezuela) debaterão sobre a luta contra racismo e pela preservação do patrimônio ancestral, entre outros temas. A Guatemala participa na condição de país convidado.

Em quatro mesas de trabalho os participantes tratarão a interculturalidade na função pública, os direitos econômicos, políticos e sociais contra o racismo, iniciativas públicas para neutralizar os efeitos do câmbio climático, os direitos da natureza e o comércio exterior entre os povos.

Está prevista a criação de um conselho de lideranças indígenas e negras que funcione no marco da Alba.

Com informações da Prensa Latina e Granma

DIAsemGLOBO é mais um capítulo na decadência do Partido da Imprensa Golpista


No vídeo que publiquei ontem no SeDiscute, Nassif fala que a Mídia teve seu período áureo: aquela época do pós-impeachment, passando pela Era FHC, com o câmbio paritário.

Misturava-se o poder político advindo de quem fez e desfez de um Presidente da República, ao poder econômico potencializado pelas crescentes vendas de jornais e, especialmente, pelo dólar barato, lembrando que as contas do PiG são em dólar e, portanto, o câmbio paritário o fez ganhar muito dinheiro.

Nem o mais otimista esperava que em questão de menos de 15 anos a Mídia fosse do auge à decadência, em termos econômicos e políticos. Hoje o debate sobre Imprensa e Telecomunicações está na hora do dia e na boca das pessoas mais politizadas.

E começa a chegar a cada vez mais pessoas. Indício disso é a criação do #DIAsemGLOBO, reivindicação que ganha força no twitter, pregando que as pessoas não assistam aos jogos da seleção brasileira na Globo, como repúdio à tentativa global de desestabilizar Dunga, prejudicando a seleção brasileira.

Se as pessoas entenderam que a Globo, em nome de seus interesses comerciais, pode prejudicar a seleção brasileira em plena Copa do Mundo, por que elas não entenderiam que a Globo pode jogar contra o país também nas questões políticas, a fim de se beneficiar economicamente?

E esse é um dos vários elementos que mostram que a Grande Imprensa está no centro da berlinda. Antes ela, imprensa, batia mas era invisível politicamente. Hoje porém ela bate e as pessoas vêem de onde veio o soco. Por fim, ela pode correr mas não pode mais se esconder.

E mesmo essa imprensa sendo constituída basicamente por colunistas de viés conservador, uma espécie de ditadura do pensamento único, com uma falta de pluralidade superior à do período da década de 90; mesmo com essa coesão militar, o candidato dela, José Serra, só faz cair nas pesquisas. Isso mostra, entre outras coisas, que o poder de fogo midiático diminuiu, embora ainda seja um grande problema da República.

Do Blog Anti Tucano

Dunga, a Globo e a ética jornalística

Pescado no Blog do Miro

Reproduzo artigo de Alberto Luchetti, publicado no Adnews:


- O que Dunga está fazendo de errado na África do Sul para merecer tantas críticas?

Se você, leitor do AdNews, responder essa pergunta falando de futebol, posso até concordar com algumas afirmações, como por exemplo: Dunga não convocou tal jogador; preferiu escalar fulano de tal na mesma função de outro que considero melhor; optou por um profissional com características diferente das que eu acredito serem as melhores; mandou o centroavante – como fez o técnico de Camarões - jogar de lateral direita; ou até qualquer outra observação nesse sentido. Isso até posso aceitar. Mas não é isso o que está acontecendo.

Dunga está sendo duramente criticado por não permitir privilégios a um veículo de comunicação em detrimento de outros.

O texto em negrito merece tradução. Dunga não deixou, não está deixando e não deixará a Rede Globo tomar conta dos jogadores e de toda a comissão técnica da seleção brasileira.

A Rede Globo não pretende fazer reportagens com a seleção brasileira na Copa do Mundo de Futebol, o que ela deseja é entrevistar com exclusividade jogadores e todos os integrantes da comissão técnica, quando desejar e a hora que pretender. E, para isso, utiliza de todos os artifícios de que dispõe.

No último domingo, após a vitória do Brasil, enquanto festejávamos e Maradona reclamava do golaço de Luiz Fabiano com o auxílio do braço esquerdo, a Rede Globo tramava nos bastidores contra o técnico Dunga e tentava alterar as regras propostas pelo treinador brasileiro.

Diretores da emissora carioca, no Brasil e na África do Sul, ao telefone, exigiam entrevistas exclusivas com os protagonistas da partida - Kaká e Luiz Fabiano – para o Fantástico, programa dominical da Rede Globo que agoniza em audiência há anos.

Diante da negativa de Dunga, que segue sem alterar suas determinações de não privilegiar ninguém, a Rede Globo apelou. Sem nenhuma ética jornalística, os diretores da emissora telefonaram para o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e exigiram sua interferência contra as orientações de seu funcionário e técnico da seleção brasileira.

Teixeira nada conseguiu como principal pauteiro e produtor da Rede Globo. Dunga manteve-se irredutível. E o resultado foi transmitido em rede nacional. Dunga perdeu o controle. Acabou sobrando para um jornalista da Rede Globo, durante a entrevista coletiva, que foi ofendido. No Fantástico a emissora carioca fez um editorial mentiroso culpando apenas Dunga pelos acontecimentos. Em nenhum momento relatou a sua participação e a sua falta de ética no episódio.

O que a Rede Globo deseja de Dunga não é jornalismo. É tráfico de influência.

Esse negrito do texto também necessita de tradução. Mal acostumada pelo regime militar, a Globo e seus funcionários ainda acreditam que o tráfico de influência facilita o trabalho jornalístico. Esse método não ajuda e sim compromete. Em troca de favores, a Rede Globo une o seu jornalismo a amorais, como o seu Ricardo Teixeira. Além disso, como a Globo gastou milhões para comprar os direitos de transmissão da Copa, acredita que pode tudo e com todos.

Esse episódio, acreditem, decretou o fim da era Dunga na seleção brasileira. Ganhando ou não o campeonato, Dunga não será o técnico em 2014 na Copa do Mundo no Brasil. A Rede Globo não deixará. A pouca visibilidade que os patrocinadores da seleção e da emissora tiveram nessa Copa da África em razão das regras de Dunga será fatal. Isso sem falar na falta de moral do presidente da CBF.

Dunga foi, está sendo e será até o final da Copa da África muito mais firme, coerente e seguro em suas determinações, do que a Rede Globo em cumprir princípios básicos da ética jornalística.

Prova ainda maior do autoritarismo, prepotência, arrogância e incoerência da emissora carioca é o que se seguiu. Solicitada por vários veículos de comunicação, para liberar o seu principal locutor esportivo, Galvão Bueno, para uma entrevista sobre a febre do twitter "Cala a boca Galvão" a Rede Globo negou e alegou que o locutor precisava de concentração para poder transmitir as partidas.

Se para falar tanta besteira e para cometer tantos erros na transmissão dos jogos Galvão ainda precisa de concentração, imagine você leitor, o que não será necessário fazer com os jogadores que estão disputando a Copa. Certo está Dunga. A Rede Globo com sua postura provou que Dunga sempre esteve certo. A coerência do treinador da seleção brasileira deixou uma lição para todos nós, com pequena modificação de "Che"Guevara: "Hay que endurecer-se, a pesar de perder la razón".

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Vice do Serra terá escolha pela internet



Do Blog da Coroa

A nova Era Dunga: o fim do besteirol esportivo

por Leandro Fortes, no Blog Brasília, eu vi

Na crônica esportiva brasileira, muita gente vai ter que pendurar essas chuteiras

Foi na Copa do Mundo de 1986, no México, com Fernando Vanucci, então apresentador da TV Globo, que a cobertura esportiva brasileira abandonou qualquer traço de jornalismo para se transformar num evento circense, onde a palhaçada, o clichê e o trocadilho infame substituíram a informação, ou pelo menos a tornaram um elemento periférico. Vanucci, simpático e bonachão, criou um mote (“alô você!”) para tornar leve e informal a comunicação nos programas esportivos da Globo, mas acabou por contaminar, involuntariamente, todas as gerações seguintes de jornalistas com a falsa percepção de que a reportagem esportiva é, basicamente, um encadeamento de gracinhas televisivas a serem adaptadas às demais linguagens jornalísticas, a partir do pressuposto de que o consumidor de informações de esporte é, basicamente, um retardado mental. Por diversas razões, Vanucci deixou a Globo, mas a Globo nunca mais abandonou o estilo unidunitê-salamê-minguê nas suas coberturas esportivas, povoadas por sorridentes repórteres de camisa pólo colorida. Aliás, para ser justo, não só a Globo. Todas as demais emissoras adotaram o mesmo estilo, com igual ou menor competência, dali para frente.

Passados quase 25 anos, o estilo burlesco de se cobrir esporte no Brasil passou a ser uma regra, quando não uma doutrina, apoiado na tese de que, ao contrário das demais áreas de interesse humano, esporte é apenas uma brincadeira, no fim das contas. Pode ser, quando se fala de handebol, tênis de mesa e salto ornamental, mas não de futebol. O futebol, dentro e fora do país, mobiliza imensos contingentes populacionais e está baseado num fluxo de negócios que envolve, no todo, bilhões de reais. Ao lado de seu caráter lúdico, caminha uma identidade cultural que, no nosso caso, confunde-se com a própria identidade nacional, a ponto de somente ele, o futebol, em tempos de copa, conseguir agregar à sociedade brasileira um genuíno caráter patriótico. Basta ver os carros cobertos de bandeiras no capô e de bandeirolas nas janelas. É o momento em que mesmos os ricos, sempre tão envergonhados dos maus modos da brasilidade, passam a ostentar em seus carrões importados e caminhonetes motor 10.0 esse orgulho verde-e-amarelo de ocasião. Não é pouca coisa, portanto.

Na Copa de 2006, na Alemanha, essa encenação jornalística chegou ao ápice em torno da idolatria forçada em torno da seleção brasileira penta campeã do mundo, então comandada pelo gentil Carlos Alberto Parreira. Naquela copa, a dominação da TV Globo sobre o evento e o time chegou ao paroxismo. A área de concentração da seleção tornou-se uma espécie de playgroundreality shows de dentro do ônibus do escrete canarinho. Na época, os repórteres da Globo eram obrigados a entrar ao vivo com um sorriso hiperplastificado no rosto, com o qual ficavam paralisados na tela, como em uma overdose de botox, durante aqueles segundos infindáveis de atraso de sinal que separam as transmissões intercontinentais. Quatro anos antes, Fátima Bernardes havia conquistado espaço semelhante na bem sucedida seleção de Felipão. Sob os olhos fraternais do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, foi eleita a musa dos jogadores, na Copa de 2002, no Japão. Dentro do ônibus da seleção. Alguém se lembra disso? Eu e a Globo lembramos, está aqui. particular dos serelepes repórteres globais, lá comandados pela esfuziante Fátima Bernardes, a produzir pequenos

O estilo grosseiro e inflexível de Dunga desmoronou esse mundo colorido da Globo movido por reportagens engraçadinhas e bajulações explícitas confeitadas por patriotadas sincronizadas nos noticiários da emissora. Sem acesso direto, exclusivo e permanente aos jogadores e aos vestiários, a tropa de jornalistas enviada à África do Sul se viu obrigada a buscar informações de bastidores, a cavar fontes e fazer gelados plantões de espera com os demais colegas de outros veículos. Enfim, a fazer jornalismo. E isso, como se sabe, dá um trabalho danado. Esse estado de coisas, ao invés de se tornar um aprendizado, gerou uma reação rançosa e desproporcional, bem ao estilo dos meninos mimados que só jogam porque são donos da bola. Assim, o sorriso plástico dos repórteres e apresentadores se transformou em carranca e, as gracinhas, em um patético editorial.

Dunga será demitido da seleção, vença ou perca o mundial. Os interesses comerciais da TV Globo e da CBF estão, é claro, muito acima de sua rabugice fronteiriça e de sua saudável disposição de não se submeter à vontade de jornalistas acostumados a abrir caminho com um crachá na mão. Mas poderá nos deixar de herança o fim de uma era medíocre da crônica esportiva, agora defrontada com um fenômeno com o qual ela pensava não mais ter que se debater: o jornalismo.

A tática do latifúndio em ano eleitoral

Por Igor Felippe Santos

O agronegócio intensificou a ofensiva contra os movimentos sociais do campo e contra a Reforma Agrária no mês de abril, com o lançamento da campanha “Vamos Tirar o Brasil do Vermelho – Invasão é Crime”, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

Como não conseguiram criar escândalos na CPMI contra a Reforma Agrária, no Congresso Nacional, para desmoralizar os movimentos sociais, os latifundiários lançaram mão dos veículos de comunicação de massa para alcançar seus objetivos. Para fazer frente às mobilizações dos trabalhadores Sem Terra, os ruralistas colocaram propaganda na televisão, inserções em telas de aeroportos e nos cinemas e criaram uma página na internet.

A presidente da CNA, Kátia Abreu (DEM-TO), protocolou também no Ministério da Justiça a proposta de um Plano Nacional de Combate às Invasões de Terra, com medidas para a repressão preventiva aos protestos dos trabalhadores rurais.

De um lado, tentam assustar a sociedade e convencê-la a se colocar contra as lutas dos Sem Terra; de outro, propõem medidas legais que institucionalizam a repressão aos movimentos sociais, com pressão sobre o Poder Executivo e Poder Judiciário. Por isso, querem recolher um milhão de assinaturas em abaixo-assinado que solicita a criação de “medidas preventivas para conter os crimes e a violência que caracterizam as invasões de terras, de forma a garantir paz a quem vive e trabalha na zona rural por todo o Brasil”.

Dessa forma, o latifúndio intensifica a sua campanha contra a Reforma Agrária e para consolidar o agronegócio, buscando desmoralizar os movimentos sociais, inviabilizar políticas de fortalecimento dos assentamentos e acabar com os mecanismos legais para a desapropriação de terras e preservação ambiental.

Na campanha, os movimentos sociais do campo são acusados principalmente de violentos e criminosos. Kátia Abreu chegou a comparar os trabalhadores rurais organizados com o tráfico de drogas, com a indústria da pirataria e até com a pedofilia. Um absurdo.

Em relação às políticas para fortalecimento dos assentamentos, os ataques são os de sempre: recursos públicos seriam desviados para a realização de ocupações de terras. Na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) contra a Reforma Agrária, essa acusação vem sendo desmontada, porque as entidades demonstraram o trabalho realizado e o resultado positivo das políticas públicas.

Eleições
Em período eleitoral antecipado, os ruralistas fazem dos ataques aos movimentos sociais do campo, especialmente ao MST, uma plataforma para levantar recursos para a campanha e votos dos setores mais conservadores. Na medida em que avançam com suas propostas, tentam tirar do caminho a atualização dos índices de produtividade, acabar com as políticas públicas e os convênios de entidades sociais com os governos.

No debate político, o agronegócio atua para enquadrar as candidaturas a deputado, senador, governador e presidente da República, impedindo a discussão de medidas que fortaleçam a pequena agricultura e a Reforma Agrária. Também forçam declarações dos candidatos contra as ocupações de terras, para que se transformem em compromissos políticos no futuro.

Até agora, os milhões investidos na campanha da CNA criaram mais fumaça do que efeito político real, mas a sociedade brasileira precisa ficar atenta porque, com o recrudescimento do debate eleitoral, os movimentos sociais do campo seráão usados como bode expiatório para assustar os setores médios e dar coesão política às frações mais conservadoras do país.

Iniciativas da campanha da direita

  • Página na Internet: foi criada a uma página com acusações contra os movimentos sociais do campo, principalmente de violência contra funcionários de fazendeiros.
  • Inserções na TV: Entrou no ar na televisão um comercial contra as ocupações de terras, com denúncia de supostas violências dos sem-terra.
  • Inserções em cinemas
  • Propaganda em telas de aeroportos
  • Abaixo-assinado em defesa de Plano Nacional de Combate às Invasões
  • Foi protocolada no Ministério da Justiça a proposta de criação de um Plano Nacional de Combate às Invasões, que pede “medidas preventivas para conter os crimes e a violência que caracterizam as invasões de terras, de forma a garantir paz a quem vive e trabalha na zona rural por todo o Brasil”. José Serra (PSDB) e o vice-presidente José de Alencar (PRB) assinaram.

Os objetivos do agronegócio

  • Desmoralização dos movimentos
  • Enfraquecer os protagonistas da luta pela terra, os movimentos sociais do campo, com acusações de violência.
  • Mudança na legislação
  • Criar um ambiente político favorável a mudanças na legislação no Congresso, que inviabilizem a realização da Reforma Agrária, e destruir o Código Florestal.
  • Fim das políticas públicas
  • Acabar com os convênios dos governos com entidades sociais para fortalecer os assentamentos, sustentando que a Reforma Agrária não tem resultados positivos.
  • Eleição de ruralistas
  • Dar projeção aos candidatos do agronegócio em ano eleitoral, para ampliar a bancada ruralista, eleger governadores e o presidente da República.
  • Travar o debate político
  • Impedir o debate sobre a Reforma Agrária nas eleições e enquadrar todas as candidaturas dentro dos seus interesses econômicos
  • Criminalizar ocupações de terras
  • Implementar plano de combate às ocupações, convencendo a sociedade de que as ocupações de terras são um crime.

Igor Felippe Santos é jornalista, editor da página do MST e integrante da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária.

Do Blog O Escrevinhador

Dunga dá uma surra na TV Globo: os meninos mimados perderam privilégios



A política suicida da Globo parece não ter limites. Primeiro foi na cobertura política. Depois de anos de esforço para superar a marca de emissora golpista e manipuladora (esse esforço se deu na gestão de Evandro Carlos de Andrade como Diretor de Jornalismo, e com a participação ativa de Amauri Soares na sucursal de São Paulo), a Globo mostrou as garras na eleição de 2006. Acompanhei tudo de perto; eu era repórter de política na Globo, e estive no grupo de jornalistas que internamente não aceitaram a linha de cobertura adotada pela emissora. Por causa disso, saí da Globo, e expus meus motivos numa carta interna aos colegas de Redação; carta essa que acabou vazando na internet – http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1309377-EI6584,00.html.

Agora, a direção da Globo empurra a emissora para o suicídio também na cobertura esportiva. A Globo manda no futebol brasileiro. Isso todo mundo sabe. Muitos clubes sobrevivem da grana que a Globo adianta, como pagamento por “direitos de transmissão”. A Globo sempre teve, também, privilégios na cobertura da seleção brasileira. Todo jornalista sabe disso. Aqui na África do Sul, um colega lembrava da Copa da França, em que a Globo tinha uma “salinha” exclusiva para as entrevistas com jogadores. Tudo acertado com a CBF. As outras emissoras esperneavam, e a Globo manobrava nos bastidores. Com habilidade.

Pois bem. A atual direção da Globo resolveu explicitar as coisas. Fez um striptease público. Tudo porque o técnico Dunga decidiu acabar com as “salinhas” da Globo. No domingo, Dunga brigou com o Alex Escobar (comentarista da Globo). O motivo? Escobar queria entrevistas exclusivas com jogadores, e Dunga vetou. O jornalista Mauricio Stycer conta tudo aqui - http://copadomundo.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/06/22/globo-negociou-entrevistas-com-ricardo-teixeira-mas-dunga-vetou.jhtm.

No passado, a Globo manobraria nos bastidores, e talvez arrancasse alguma concessão de Dunga. Mas a arrogância (e a burrice) da atual direção da emissora não tem limites. Resolveram fazer um editorial contra o Dunga! É tudo muito didático para o público…

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Do Blog O Escrevinhador

terça-feira, 22 de junho de 2010

Em cinco anos, desnutrição infantil cai 62% no Brasil

Pescado no Blog Do Planalto

Estudo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde constatou que a taxa de desnutrição caiu cerca de 62% em crianças menores de cinco anos no Brasil entre 2003 e 2008. Com isso, a taxa passou de 12,5% (2003) para 4,8% (2008). O mesmo estudo constatou que o déficit de altura por idade também baixou de 20% para 14%. Os indicadores de desnutrição infantil referem-se aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram divulgados no Seminário Nacional de Alimentação e Nutrição que vai até a próxima quinta-feira (24/6), em Brasília. O seminário tem como um dos principais pontos a dicussão e revisão da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), com a participação do governo e especialistas.

Distribuição de baixo peso por idade entre crianças menores de 5 anos acompanhadas pelo SISVAN:

Distribuição de baixa estatura por idade entre crianças menores de 5 anos acompanhadas pelo SISVAN:

A PNAN completa uma década em 2010. Segundo o Ministério da Saúde, uma das principais ações é o monitoramento nutricional de crianças com até dez anos. Atualmente, 4,5 milhões de crianças são acompanhadas pelos profissionais de saúde do SUS. É a partir da antropometria (avaliação de peso e altura) que se verifica como está o consumo de alimentos entre as crianças e quais são as principais carências nutricionais.

Para combater a desnutrição, o Ministério da Saúde, entre outras ações, disponibiliza anualmente pelo SUS 1,6 milhão de frascos de xarope de sulfato ferroso e 191 milhões de comprimidos de sulfato ferroso, 131 milhões de comprimidos de ácido fólico e mais de 3,9 milhões de cápsulas de vitamina A. Todos esses suplementos alimentares podem ser obtidos gratuitamente pela população.

“Esses produtos garantem o nível adequado de nutrientes às pessoas, mantendo o peso das crianças dentro de padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde”, explica a coordenadora de Alimentação e Nutrição do MS, Ana Beatriz Vasconcelos. Ela destaca que a PNAN promove efetivamente maiores cuidados com a alimentação do brasileiro já na atenção básica – por meio das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) ou nos postos de saúde.

MAIORES REDUÇÕES – Nestes 10 anos da PNAN as regiões Norte e Nordeste apresentaram os índices mais expressivos na redução da desnutrição infantil, o que demonstra a efetividade do Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil (PRMI). Apesar destas regiões ainda apresentarem os maiores percentuais, as diferenças regionais diminuíram.

Em relação ao baixo peso infantil, em 2003 o Norte tinha um índice maior que 14% e o Nordeste entre 11% e 14%. Em 2008, ambas regiões tinham índices entre 5% e 8%. Já os índices relativos à baixa estatura eram maiores que 34,5% no Norte e entre 26% e 34,5% no Nordeste, em 2003. Esses números passaram para 18,5% a 26% no Norte e de 11% a 18,5% no Nordeste, em 2008.

A medição das crianças do Norte continuará durante a campanha de vacinação deste ano nos municípios do PRMI, no dia 12 de junho. Também na região Norte e no semi-árido o chamado é no dia 14 de agosto, para crianças com menos de 5 anos.

ATENÇÃO BÁSICA – Um dos principais motivos da diminuição da desnutrição infantil é a ampliação da cobertura do Programa Saúde da Família, responsável pela atenção básica da população. As equipes que acompanhavam 31,30% dos habitantes da região Norte (4,2 milhões de pessoas), em 2003, hoje acompanham 50,8%, ou 7,7 milhões de cidadãos. No Nordeste a cobertura era de 50,5% em 2003 e passou para 71,6% em 2010. Isso representa um aumento do atendimento de 24,6 milhões para 38 milhões entre 2003 e 2010.

Atualmente, mais de 20 mil unidades básicas de saúde acompanham as condições alimentares dos brasileiros. São atendidas 6,7 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O monitoramento nutricional e o fornecimento gratuito de suplementos, garantidos pelo Ministério da Saúde, vão ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

“O combate à desnutrição de crianças é imprescindível tanto para erradicar a fome quanto para diminuir a mortalidade infantil”, avalia Ana Beatriz Vasconcelos. Por isso, esses dois ODMs devem ser alcançados antes do prazo estipulado pela ONU.

SEMINÁRIO – O Seminário Nacional de Alimentação e Nutricão, promovido pelo Ministério da Saúde, discutiu temas como segurança alimentar, financiamento, regulação e controle da qualidade dos alimentos. Também foram abordadas a nutrição na atenção primária, os efeitos da publicidade e a perspectiva de garantia de direitos humanos à saúde e ao bem-estar.

“É uma importante iniciativa porque incute a visão humanista nos profissionais de saúde. Afinal, falaremos de qualidade de vida por meio de alimentação saudável”, enfatiza a coordenadora de Alimentação e Nutrição do MS.

Para revisar a PNAN, o governo conta com as contribuições regionais. Os 300 conselheiros estaduais e municipais de saúde, entidades da sociedade civil, de trabalhadores em saúde, sindicatos, colaboradores em saúde, gestores e especialistas levaram e defenderam propostas elaboradas localmente. As sugestões foram sistematizadas e discutidas em mesas redondas, grupos de trabalho e depois votadas na plenária final do seminário. A etapa seguinte será uma consulta pública para colher novas sugestões para a revisão da política.

Foi lançado durante o evento o caderno “Dialogando sobre o Direito Humano à alimentação adequada no contexto do SUS” com orientações aos profissionais de saúde, contribuindo para o aperfeiçoamento do sistema. O objetivo da publicação é compartilhar e difundir conhecimentos sobre os direitos humanos à saúde e à alimentação adequada e debater as experiências.

Só no chão de fábrica:Apesar do discurso da inclusão, empresas reservam aos negros empregos menos qualificados


Por José Vicente*

A honrosa visita da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, à querida Faculdade Zumbi dos Palmares, quando de sua viagem oficial ao Brasil, foi daquelas ocorrências únicas. Mobilizou todos os presentes e elevou às alturas o orgulho dessa valorosa e destacada casa de ensino. Foram incontáveis os sentidos e significados da tão ilustre visita num lugar que sintetiza, de maneira profunda e significativa, os dilemas e a dimensão da luta hercúlea de sobrevivência e superação do negro na sociedade brasileira.

Confessando sua alegria e entusiasmo por pisar pela primeira vez na única Instituição de Ensino Superior voltada para o negro no Brasil – nos Estados Unidos são quase duas centenas de universidades historicamente negras, a maioria delas centenárias, Cheyney University, em Chicago, é datada de 1837 – com disposição e curiosidade de adolescente percorria os corredores, enquanto perguntava sobre as mais variadas estatísticas sociais do negro no Brasil. Ao responder sobre os números de negros nos cargos de direção das maiores empresas do País e no corpo docente das principais universidades brasileiras, Hillary estancou a marcha e retrucou com espanto: não pode ser verdade. Toquei seu braço indicando que prosseguíssemos a marcha e respondi-lhe com naturalidade: é tudo verdade. Nas empresas americanas também? Perguntou. “Sim senhora secretária, é verdade, nas empresas americanas também. É tudo verdade.”

Ao final de uma breve reunião com presidentes das grandes empresas americanas instaladas no Brasil improvisada numa das salas de aula, Hillary reencontrou-me para seguirmos até o auditório. Estava surpresa e decepcionada com a confirmação de que, diferentemente de suas matrizes, em nenhuma das empresas americanas no Brasil havia um negro entre os principais executivos e que, em algumas delas não empregavam um homem ou uma mulher negra sequer. De maneira categórica definiu com ar de profunda seriedade: isso é uma grande injustiça, é preciso mudar essa história, não há vitoriosos numa condução dessa natureza. Empresas, negros e sociedade em geral, todos são perdedores.
Em maio, “comemoramos” o Dia da Abolição da Escravatura no Brasil. O episódio noticiado chama-nos à reflexão por traduzir mais uma daquelas chamadas verdades inconvenientes: a contraditória teoria e prática dos valores e da ética empresarial no nosso- país- em relação aos negros.

Não obstante a elevada miscigenação característica do Brasil – a maioria da população se autodeclara negra –, a ação empresarial, via de regra, não contempla o equilíbrio da representação demográfica na distribuição dos cargos significativos, de prestígio e status no seu quadro funcional e, dessa maneira, contribui intensamente na manutenção e mesmo ampliação do fosso da desigualdade de acesso às oportunidades dos negros brasileiros no mercado de trabalho.

Nunca é demais lembrar os dois artigos da particular abolição da escravidão do negro brasileiro: está extinta a escravidão no Brasil. Revogam-se as disposições em contrário. Diferentemente dos negros americanos, por exemplo, que tiveram sua mula e seu acre de terra e que, subvencionados pelo Estado, puderam criar suas escolas, igrejas e universidades e, a partir da ação desse mesmo Estado, por meio de medidas afirmativas, ter garantido acesso aos postos destacados do ambiente empresarial e carreiras prestigiosas do próprio Estado.

É conhecido historicamente que, como subprodutos da escravidão, o racismo e a discriminação contra o negro alcançaram a base instituinte do regime econômico, jurídico e da formação do Estado brasileiro, funcionando como base de construção das relações sociais do País e impregnando-se no tecido social com naturalidade. Também é de notório conhecimento que as estruturas sociais públicas e privadas produzem e reproduzem a discriminação racial de maneira involuntária, voluntária ou pré-ordenada, das mais diferentes formas e com os mais justificados interesses, construindo e definindo uma estética de poder de acesso a espaços e postos privilegiados. Nesse contexto, no Brasil, o poder na sua generalidade e significados é branco.

Seguramente as empresas também não escapam de sua reverberação. Mesmo porque é na empresa que a tensão social e suas distorções se manifestam com grande intensidade. No Brasil, a seleção e distribuição das oportunidades no ambiente corporativo parecem subordinar a uma lógica de estética homogênea e valores subjetivos do tipo espírito do corpo ou de classe, os quais antecipam e determinam quem e em que lugar pode dele participar. Só isso pode explicar por que as empresas são esteticamente homogêneas para cima e heterogêneas para baixo.

Mas as empresas, como grandes agentes sociais, concentram a maioria das oportunidades de trabalho e ascensão social. São também produtoras de cultura de valores e de mudança social com ampla capacidade de moldar atitudes e replicar valores e gerar mentalidades.

Nelson Mandela nos ensina que o homem não nasceu odiando. Que, se ele aprendeu a odiar, também pode aprender a amar. Hillary Clinton nos convida para o inconformismo diante da injustiça e nos convida a todos para realizarmos as mudanças.

O ambiente empresarial pode fazer as duas coisas, ensinar o valor da solidariedade e da fraternidade e usar seu poder transformador para fazer a mudança.

Uma nova ética que torne verdade consequente a Justiça e as oportunidades, permitindo que num breve tempo tornemo-nos todos grandes vencedores.

*José Vicente é reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares

(Foto: The Art Archive/ Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Brasil/ Gianni Dagli Orti)

Pescado na Carta Capital

Sinal vermelho para venda de terras a estrangeiros



por Brizola Neto, no Blog Tijolaço.com

Já escrevi mais de uma vez aqui sobre o avanço estrangeiro sobre terras brasileiras, e por isso li com muita satisfação na edição de hoje do Valor que o presidente Lula vai propor mudanças na Constituição para proibir a compra de nossas terras por não brasileiros.

A terra tem uma função social e estratégica em termos de produção de riquezas e alimentos e não há no momento nenhuma necessidade de autorização para a compra de imóveis rurais em território brasileiro e nem limites claros para a sua extensão.

Com isso, houve uma invasão estrangeira no Brasil e dados do cadastro rural de 2008 mostram 4,04 milhões de hectares registrados por estrangeiros, área equivalente ao Estado do Rio de Janeiro.

O capital vem para especular com a terra e gerar lucros. Segundo levantamento da ONG espanhola Grain, citado no Valor, um quarto dos 120 principais investidores corporativos globais já tem presença no território brasileiro.

A maior concentração do capital estrangeiro em terras no Brasil está no Centro-Oeste, onde 844 mil hectares já estão nas mãos de transnacionais.

A ideia do governo é proibir totalmente a compra de terra por estrangeiros e até anular títulos já registrados por estrangeiros a partir de uma determinada data a ser estabelecida.

A função social da terra, que inclui o aproveitamento racional e adequado dos recursos naturais, a preservação do meio ambiente e a observância das disposições que regulam as relações de trabalho, deve estar sempre à frente de qualquer relação de propriedade.

A nossa terra serve aos brasileiros e não pode ser entregue a fundos estrangeiros. A nova Constituição da Bolívia invoca a Pachamama, a mãe terra, em seus princípios. O Brasil poderia fazer o mesmo. A terra é sagrada e dos brasileiros – e dos que vieram para este país para viver e trabalhar aqui – e deve respeitar políticas nacionais.

Jingle da campanha da Dilma

A Globo contra Dunga. Contra a seleção. Contra o Brasil



Pescado no Blog do Mello

MENSALÃO DO DEM:Câmara do Distrito Federal cassa mandato de “deputada da bolsa”


por Rodrigo Alvares - Seção: Brasília - A Câmara Legislativa do Distrito Federal cassou há pouco o mandato da deputada afastada Eurides Brito (PMDB). Ela é acusada de envolvimento no chamado “mensalão do DEM”, escândalo político que atingiu a cúpula do governo do Distrito Federal, levou à prisão do ex-governador José Roberto Arruda e trouxe a ameaça de intervenção federal sobre Brasília. Dos 24 deputados distritais, 16 votaram a favor da cassação.
A deputada foi flagrada em vídeo, colocando maços de dinheiro em uma bolsa. Segundo ela, a origem do dinheiro era o ex-governador Joaquim Roriz (hoje no PSC), que, na época, preparava campanha para o Senado pelo PMDB. A assessoria de Roriz nega. No início do ano, Eurides afirmou em sua página na internet ter feito reuniões com lideranças políticas entre maio e junho de 2006. “Seria difícil reunir 200 ou 300 lideranças (…) se não fosse como reunião de confraternização, tipo café da manhã, almoço ou galinhada no jantar com grupo musical para animar”, explica ela. Eurides sustenta que Roriz a mandou passar no gabinete de Durval Barbosa – ex-secretário de Relações Institucionais que delatou do esquema de corrupção no DF – para pegar o dinheiro das reuniões.
Apesar de a votação ter sido secreta, por ordem judicial, cinco deputados se declararam favoráveis à perda do mandato: José Antônio Reguffe (PDT), Raad Massouh (DEM), Chico Leite (PT), Erika Kokay (PT) e Paulo Tadeu (PT).

Do Blog desabafo brasil

A força da internet: Usuários do Twitter organizam boicote a TV Globo durante o jogo do Brasil

Nas últimas 48 horas a Globo tem sentido na pele de que lado está o torcedor. A emissora está recebendo milhares de emails e sendo achincalhada em redes sociais por conta da briga que iniciou com o técnico Dunga.. Queremos apenas respeito", diz Globo; leia.
A briga da Globo com Dunga repercute na Internet, com internautas à favor do técnico da seleção brasileira. Depois do termo 'Cala Boca Tadeu Schmidt' ter alcançado o topo entre as palavras mais mencionadas do mundo dentro do serviço, os usuários se mobilização para boicotar a transmissão do jogo Portugal e Brasil na sexta-feira na TV Globo.A globo queria uma entrevista exclusiva, e ganhou uma exclusiva campanha #diasemglobo

Segundo os idealizadores do boicote, a iniciativa quer promover uma baixa na audiência da emissora durante a partida do Brasil como um forma de protestar contra a 'manipulação' da emissora. Alguns usuários do Twitter defendem ainda que as pessoas devam ficar 24 horas sem assistir ao canal. Veja esse post aqui