terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Rudá Ricci: Aécio torce pela derrota de Serra

Reproduzido no blog do Rudá Ricci:

"Governador depende da derrota de Serra para viabilizar seu projeto nacional"

Valor Econômico - 21/12/2009

A seguir, a entrevista com o diretor do Instituto Cultiva, Rudá Ricci:

Valor: A candidatura de José Serra à Presidência sofrerá um abalo com a desistência de Aécio Neves em concorrer?

Rudá Ricci :Sem dúvida, em razão da forma como Aécio preparou sua saída. Ele a fez causando um profundo desgaste na imagem de Serra, ao menos em Minas Gerais. Procurou-se transmitir a sensação de que Serra é um homem que empurrou Aécio para fora da disputa de forma maquiavélica, sem tomar uma decisão. O Aécio poderia esperar até janeiro, conforme as lideranças tucanas pediram, mas preferiu fazer na semana passada, na sequência das definições locais e do fortalecimento da candidatura de Ciro Gomes no PSB.

Valor: Como isso se traduzirá em termos eleitorais em Minas? Até que ponto o sentimento de frustração regional pesa para o eleitor?

Ricci :Em Minas Gerais pesa muito. Ao contrário de São Paulo e Rio, aqui não é um Estado fundamentalmente de migrantes. Serra poderá ser visto como mais um paulista que veio tirar o espaço dos mineiros.

Valor: Mas uma recente pesquisa mostrou Serra com 40% dos votos em Minas. Como isso se dissiparia de uma outra para outra?

Ricci : Por mais que Aécio tenha negado, sempre se partia da perspectiva de que poderia haver uma chapa Serra/Aécio para a Presidência da República. Na medida em que ficar claro que isso não vai ocorrer, Serra tende a cair aqui e Dilma (Rousseff, ministra da Casa Civil) a subir. Ou Ciro (Gomes, deputado federal do PSB), se tiver o apoio de Aécio nos bastidores.

Valor: Por que Aécio não vai sair de vice de Serra?

Ricci : Aécio já anunciou a possibilidade de se colocar como uma espécie de conciliador nacional. Ele tentará ser senador para forjar uma nova aliança, diferente do alinhamento partidário atual, com o PT de um lado e o PSDB do outro. Ele não depende da vitória do candidato a governador dele aqui para isso e duvido que se empenhe muito para eleger (Antonio) Anastasia (vice governador). Mas ele depende da derrota de Serra para tal. Com Serra na Presidência, Aécio não tem como propor uma nova aliança.

Valor: Por que então ele não procurou fazer isso saindo do PSDB ao perceber que não tinha como concorrer com Serra?

Ricci: Porque ele tinha que recompor suas bases no interior de Minas. Diferente do que a vitória dele em Belo Horizonte pode indicar, Aécio fragilizou-se no Estado como um todo. Precisava refazer sua liderança, abalada em 2008. Além disso, o PSDB é parte essencial do projeto de Aécio. O problema dele são os tucanos paulistas.

Valor: Ou seja, na visão do senhor, se o Serra tornar-se presidente, nascerá aqui em Minas um foco de oposição...

Ricci: Na verdade, Aécio hoje talvez seja um obstáculo para Serra chegar à Presidência. Como Ciro Gomes é um obstáculo para a Dilma nesse mesmo sentido.

Valor: E porque a vitória de Anastasia não seria importante para o projeto conciliador de Aécio?

Ricci: Evidentemente que a vitória de Anastasia fortaleceria Aécio, mas ele joga com mais de um cenário. Ele sabe que seu projeto não estará comprometido caso o PT ganhe em Minas, se o candidato petista for Fernando Pimentel, e o ex-prefeito ganhou as eleições internas do PT uma semana antes de Aécio retirar a candidatura. Ele sabe que o projeto também sobrevive com Hélio Costa, e o ministro das Comunicações ganhou as eleições internas do PMDB dois dias antes da retirada. Observe que trata-se de uma sequência. Houve um método. Mesmo se o próximo governador de São Paulo for (Geraldo) Alckmin, o projeto da conciliação nacional sobrevive. Ele só não sobrevive com Serra na Presidência.

Valor: Um dos propósitos de Aécio é tornar-se uma figura nacional, como era o avô Tancredo Neves pouco antes de eleger-se presidente no Colégio Eleitoral em 1985. O senhor acha que Aécio conseguiu?

Ricci: Tancredo cresceu politicamente e tornou-se o que se tornou em seus dois últimos anos de vida. Mas antes disso ele era uma figura sem tanto impacto nacional, sem tanta presença no imaginário como a que Ulysses Guimarães tinha dentro do PMDB. Ulysses era paulista, controlava o partido e parecia vocacionado para chegar à Presidência. Tancredo era uma figura do conchavo político, estava em Minas Gerais, fora do palco. Há semelhanças entre a estaturas dos personagens do passado e dos de hoje. (C.F.)

Do blog Vi o Mundo

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Voto espontâneo: o número que atormenta Serra

A ponte Otavio Frias de Oliveira não ilumina o caminho de Serra

No domingo, o UOL (que pertence ao grupo "Folha") passou horas com uma manchete que parecia feita sob encomenda para o governador de São Paulo: "Serra vence Ciro e Dilma no segundo turno, diz DataFolha".

Ok. Isso é fato. O "DataFolha" mostrou mesmo grande vantagem de Serra sobre os adversários num eventual (e ultradistante) segundo turno da eleição presidencial em2010.

Outro fato: Serra foi editorialista da "Folha". Era tratado com carinho especial pelo velho Frias. E retribuiu, dando o nome do patriarca da "Folha" para uma ponte e um hospital em São Paulo. Carinho com carinho se paga!

Tudo isso é fato.

Mas o fato mais importante a "Folha" escondeu.

A dez meses da eleição, qual o número mais importante numa pesquisa? Aquele que indica a intenção espontânea de voto.

Vocês prestaram atenção ao voto espontâne no último "DataFolha"? Talvez, não. Até porque os números ficaram escondidos. Eu só achei no blog do Fernando Rodrigues (que, apesar de trabalhar na "Folha", não briga com os fatos) - http://uolpolitica.blog.uol.com.br/.

Aqui, o trecho em que Fernando fala sobre a pesquisa espontânea, seguido pela tabela que ele publicou em seu blog...

"(...) cumpriu-se a profecia lulista segundo a qual Dilma Rousseff seria uma candidata competitiva em dezembro de 2009 (tese sempre repelida por tucanos). Mas é agora que o jogo começa de fato. Um indício é a pesquisa espontânea do Datafolha, quando os entrevistados apenas são indagados sobre em quem desejam votar, mas sem ver os nomes dos possíveis candidatos. Em agosto, 27% respondiam que votariam em Lula (o presidente não é candidato). Hoje, o percentual de Lula caiu para 20%. Um sinal de que parte do eleitorado lulista está percebendo que a eleição está chegando –até porque o percentual espontâneo de Dilma passou de 3% para 8%, empatando com Serra:

Volto eu.

Deixem Lula de lado, provisioriamente.

Reparem que - mesmo assim - a soma de votos em "Dilma", no "candidato do PT" e no "candidato do Lula" bate em 12%.

Serra tem 8%. Se somarmos os votos em "Aécio" e "Alckmin", teríamos os mesmos 12%.

Serra é o líder na pesquisa estimulada. Mas na espontânea ele patina.

Tudo isso sem levar em conta que Lula hoje teria 20% dos votos!

Hoje, esse é o número que atormenta Serra. E pode fazer com que ele desista da candidatura presidencial. Ainda mais sabendo que, se perder para Dilma, Alckmin (ou Ciro, com apoio do PT) pode asumir o governo paulista.

Seria o fim para ele.

Serra só será candidato se tiver coragem para desafiar o destino. Pra ele,é tudo ou nada.

Os números indicam que há grande chance de a liderança de Serra se esfarelar. "Tudo" pode virar "nada" antes de a Copa do Mundo chegar.

Quem conhece Serra sabe que ele não é dado a correr esses riscos.

Veremos em breve.

Aécio pode ser chamado de volta em março. E ainda há FHC, a espreitar o Brasil de algum lugar do passado. Quem sabe ele não se anima a empunhar a bandeira tucana, se Serra também desistir. Seria divertido...

Aliás, pergunta: FHC não é citado na pesquisa? Teve menos de1%? Ou ficou embolado com Eymael ali entre os "outros"?

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Do blog O Escrevinhador

Gilberto Kassab diz que prefeitura está no "caminho correto"

Eu vou dizer um negócio: esse Kassab é muito cínico, estúpido, dissimulado e safado. O povo morre por incompetência da prefeitura de São Paulo e ainda esse escroque vem dizer que São Paulo está no caminho correto. Ah! tá, só se for o caminho da safadeza, ladroagem, da vagabundagem.


Da Agência Brasil


O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), lamentou hoje (21) a morte de Isaac de Sousa Lima, de 6 anos, ocorrida ontem por suspeita de leptospirose. O menino morava no bairro Jardim Pantanal, zona leste da cidade, uma das áreas mais atingidas pelas fortes chuvas e por alagamentos que causaram a doença infecciosa.

A remoção dos moradores que estão sendo transferidos para conjuntos habitacionais da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo começou no sábado. O prefeito ressaltou que a área do Jardim Pantanal vem sendo ocupada irregularmente há 30 anos. Ele também voltou a dizer que um parque será construído no local após a remoção dos moradores.

"No início da nossa gestão identificamos essa questão e tanto o governador José Serra como eu apresentamos o projeto de um parque linear ao longo da várzea do rio Tietê. Essa execução passa pela transferência das famílias que moram nessa região para moradias com dignidade."

Kassab disse ainda que apesar da morte do menino, as últimas chuvas mostraram que a prefeitura está agindo corretamente. "Evidente que é triste mas essa últimas chuvas mostraram que estamos no caminho correto, tanto é que estamos antecipando a transferência das famílias". Questionado sobre por que apenas agora a água começou a ser retirada do local, Kassab disse que isso só foi possível a partir de ontem, quando o nível do rio voltou ao normal.

Do Terror do Nordeste

Arnaldo Esteves:O Gilmar Mendes do STJ

Simplesmente lamentável a decisão desse aprendiz de Gilmar Mendes.Por que não anular também os processos de Biu do Olho Verde, Mordido do Porco, Carmem da Banha, Galego de Escada, Zarolho, Vado Piloto, Biu das Quengas, todos presos na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá-PE, acusados de cometerem crimes de menor potencial ofensivo em se comparando com os praticados pelo escroque Daniel Dantas?É por essa e outras que ninguém confia nesta MERDA de Justiça do Brasil. São raros os juízes decentes deste país.Infelizmente!


STJ suspende condenação de Daniel Dantas na Satiagraha


Medida tem alcance ilimitado, ou seja, bloqueia qualquer ato relativo à operação, inclusive ação penal

O Estado de S. Paulo


SÃO PAULO - Três dias depois de sumariamente ser afastado do caso MSI-Corinthians - inquérito sobre suposto esquema de evasão de divisas -, o juiz federal Fausto Martin De Sanctis conheceu novo revés: por decisão do ministro Arnaldo Esteves Lima, da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), está suspensa toda a Operação Satiagraha, polêmica investigação contra o banqueiro Daniel Valentes Dantas, do Grupo Opportunity.

A medida tem alcance ilimitado, ou seja, bloqueia qualquer ato relativo à Satiagraha, inclusive a ação penal que culminou na condenação de Dantas a 10 anos de prisão por crime de corrupção ativa - sentença imposta por De Sanctis, em novembro de 2008, e que era alvo de apelação da defesa junto ao Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3).

Está suspenso também o processo principal da Satiagraha, aquele em que Dantas foi denunciado pela Procuradoria da República por crimes financeiros, evasão e lavagem de dinheiro - a acusação teve base no controvertido inquérito da Polícia Federal, inicialmente dirigido pelo delegado Protógenes Queiroz, depois restaurado pelo delegado Ricardo Saadi, chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da PF.

Do Terror do Nordeste

Por quem ardem as favelas

por Eduardo Guimarães, (Cidadania.com)

Eles são quase todos negros, desdentados, maltrapilhos. Moram em arremedos de casas que para abrigar animais já seriam impróprios. Desdentados, sujos, sem saberem se expressar, olhos sempre avermelhados, lábios rachados, unhas malfeitas, pés calejados, cabelos desgrenhados, almas dilaceradas...

Eu sinto dor por eles. Dor mesmo. Penso em cair numa situação dessas. Mesmo não sendo o caso, penso em como sofrem e sofro junto. Não posso evitar. Sinto um aperto no peito. Os olhos ficam marejados. Não agüento.

Sou sincero. Não agüento mais ver tanta injustiça, tanto sofrimento, tanta violência.

E não é porque pobre é naturalmente malvado e gosta de viver perigosamente em áreas de risco, porque gosta de se expor à morte a cada dia, a cada hora, a cada mês e ano, mas porque não tem alternativa, pois quem deveria se ocupar de seu calvário são as autoridades que os acusam.

É revoltante.

E depois ainda dizem que são sujos, que atiram muito lixo na rua. Dizem isso com asco. Se lhes pudessem ver as caras, veriam bocas retorcidas e cenhos franzidos, num esgar de horror repugnado.

E aquelas crianças passando mal com a fumaça, e suas jovens mães desconsoladas e seus pais perplexos, e seus velhos entregues e quase que implorando por um fim piedoso numa cama quente, se possível sem sentir dor.

Onde estão os seres humanos?

Por que o governo do Estado não reduz suas peças publicitárias dizendo de seus trens virtuais de metrô dos quais só veremos a cor daqui a dois ou três anos e cuida desses coitados doando a eles aquela área, e lhes levanta pelo menos os barracos que lhes foram queimados pela décima quarta vez neste ano?

Porque não se pode ter um pingo de compaixão por esses compatriotas de outras partes do país que vieram buscar esperança entre nós?

Porque são negros?

Porque têm sotaque?

Porque são desdentados?

Porque são maltratados pela vida?

Porque não nos podem servir em nada?

Não precisamos adotá-los. Basta concordarmos que algum dinheiro dos nossos impostos lhes seja facultado numa situação de calamidade.

Eles não são loirinhos

Eles não têm olhinhos claros

Não vestem roupas de grife nem usam perfumes do free-shop.

Não nos podem convidar para festas bacanas

Nem conseguirem empregos para um de nossos filhos

Mas são gente como nós. Têm sangue vermelho nas veias.

Se agredidos, sagram. Se magoados, sofrem.

Precisamos repensar esta sociedade, meus caros. A todos vocês que me lêem, digo-lhes com pureza d’alma: não basta cobrarmos a direita. É preciso dar o exemplo. Temos que ser mais solidários, a classe média favorecida que é quem lê coisas como as que escrevo aqui.

Vocês podem achar que não, mas são de classe média favorecida.

Vocês não vivem em barracos pendurados em encostas de terra movediça

Eles não tocam fogo nos seus barracos porque vocês não vivem em barracos

Eles não batem em vocês, a polícia deles não os espanca, vocês não são sujos ou desdentados

Os mais favorecidos têm que se propor à solidariedade. Temos que exigir um programa do Estado e apoiar que seja custeado com nossos impostos para estabelecermos a paz social no Brasil. Tenho certeza de que até os mais ricos entre todos os ricos adorarão viver em um país pacificado.