sábado, 12 de junho de 2010

SAUDAÇÃO DE BRIZOLA NETO À DILMA NA CONVENÇÃO DO PDT

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Do Blog Tijolaço

Contraponto 2486 - Estadão entrega o jogo: Quem gosta de dossiê é o Serra: contra Tasso, contra Aécio, contra Roseana

Amigos do Presidente - por Helena™ sábado, 12 de junho de 2010

'Você não está vendo que é minha última oportunidade?'
Durante encontro a sós numa madrugada de março, o então governador José Serra usou com Aécio Neves o argumento que mostra sua obstinação em buscar a Presidência da República...

...."Vocês jogam sujo!", devolveu Tasso.

"Vocês quem?", quis saber Aloysio.

"Você... o Serra... Vocês estão jogando sujo e eu estou saindo (da disputa presidencial) por causa de gente como você, que está me fodendo nesse governo", reagiu Tasso.

"Jogando sujo é a puta que o pariu", berrou Aloysio, já partindo para cima do governador. Fora de controle e vermelho de raiva, Tasso chegou a arrancar o paletó e os dois armaram os punhos para distribuir os socos. Foi preciso que um outro convidado ilustre para o jantar no Alvorada, o governador do Pará, Almir Gabriel, entrasse do meio dos dois, com as mãos para cima, apartando a briga. Fernando Henrique, estupefato, pedia calma.Essa repórter é corajosa, brilhante, a matéria dela, mostra bem quem é Serra e o PSDB, que Dilma enfrenta!Leia a matéria aqui

Do Blog Contraponto

Cobras sibilam, hienas gargalham, crocodilos choram, ratos chiam e velhacos velhacam


Fernando Soares Campos

Lula não ganhou eleições para a Presidência da República apenas de Serra e de Alckmin. É bom que a gente se lembre de que outros candidatos foram derrotados, e muitos outros que aspiravam ao cargo foram preteridos pelos seus próprios partidos, seus cacifes eleitorais não ofereciam chances de vitória nas urnas. Alguns deles concorreram ao cargo de vice-presidente. Todos perderam.
Imagine a dor de cotovelo dessa gente doutorada, elitizada, mas derrotada para o metalúrgico que saiu da seca do Nordeste.
Durante esses anos, analisei o comportamento de alguns deles.
Governador, senador ou deputado, todos os derrotados nas urnas passaram a atacar o governo Lula e, em alguns casos, massacrar a própria pessoa, o cidadão, o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os que foram derrotados por Lula (considerando as eleições em que o próprio Lula perdeu, mas ficou na frente deles), somente Brizola o combatia com argumentos realmente fundamentados.
Brizola sempre foi um adversário leal (sincero e fiel às regras que norteiam a honra e a probidade), do tipo que se opõe mas não se decompõe (não apodrece), como aconteceu com muitos políticos, gente que pregou da boca pra fora, sujeitos cujos discursos apenas forjam suas imagens de esquerdistas, socialistas, comunistas, ou simplesmente progressistas, reformistas. São na verdade carreiristas, no pior sentido.
Casos existem em que determinados indivíduos passaram grande parte das suas deploráveis existências enganando eleitores e se elegendo representantes do povo. Elementos que se conformam em comer pelas beiras, politiqueiros que aceitam a condição de “oposição confiável” (confiável para a direita, confiável por não representar qualquer tipo de ameaça, principalmente por desempenhar o papel ditado pelo próprio “adversário”).
Entre os que perderam eleição para Lula, o senador Pedro Simon é daqueles que nem chegaram a concorrer, foi apenas cogitada a sua candidatura. Certamente ele animou-se e, pelo visto, ainda continua aspirando ao cargo. A imprensa alimentou os sonhos de Pedro Simon, da mesma forma que agiu com Marina Silva recentemente. Acontece que Simon está muito além de Marina no que diz respeito a experiências pessoais e políticas. Simon é raposa; Marina, ovelha; portanto, ambos representam extremos de personalidade desaconselhável ao cargo.
Do que é capaz uma pessoa ressentida?
Pedro Simon, Roberto Freire e Jarbas Vasconcelos são alguns maus exemplos de despeitados. Esses indivíduos devem estar exigindo de Deus uma explicação por terem sido preteridos em favor de um “semianalfabeto”. O comportamento político dessa gente tem sido uma torcida pelo quanto pior, melhor, ou quanto mais infelicidade do povo, maior a esperança de se erguerem politicamente e com isso viabilizarem a possibilidade de se manter no poder central, ou dele participar na condição de capacho, lambe-botas, papagaio de pirata nos eventos da Corte.
A emenda Ibsen Pinheiro, que determina a distribuição dos royalties do petróleo com base nos fundos de participação dos estados e municípios não tem outro objetivo que não seja colocar o presidente Lula numa situação desconfortável frente ao eleitorado nacional. Para esse tipo de parlamentar enganador, a questão dos royalties do petróleo suscitou uma possibilidade de jogar o “apedeuta” contra a população. Uma chance de derrubar o prestígio internacional e a popularidade doméstica de Lula. Nada mais que isso.
Desde que se polemizou essa matéria, quando da descoberta do pré-sal, imaginei que as coisas se passavam por aí.
Hoje li um pequeno texto do Brizola Neto no seu Tijolaço.com que corrobora essa minha teoria (minha e de milhões de brasileiros que mantêm o desconfiômetro ligado).
Veja um trecho da postagem do Brizola Neto:
- Ninguém sairá perdendo um centavo. Quero ver quem terá coragem de votar contra esta emenda, vai perder votos, disse o Senador Pedro Simon.
Ele sabe disso. Porque é essa a verdadeira razão da emenda Ibsen/Simon: votos.
O objetivo é um só: fazer com que o Presidente Lula tenha de vetar e, assim, desagrade a muitos ou que, deixando de vetar, fique maldito entre os eleitores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.”

Alguém tem dúvida?
Então leia atentamente a íntegra desta outra postagem do Brizola:
Serra, em 88, fez a emenda que tirou o ICMS do Rio.

O royalties vieram como compensação. Se o Rio pode sofrer com a demagógica distribuição igualitária dos royalties, defendida pela emenda Ibsen/Simon, prejuízo ainda maior foi provocado por uma outra emenda, bem mais antiga, apresentada pelo então deputado José Serra na Constituinte de 1988, que determinou a incidência do ICMS do petróleo no local de destino e não de origem, como acontece com todos os demais produtos. A bancada do Estado do Rio de Janeiro na Constituinte, através da Emenda nº 2T 00388-9, de autoria do então deputado pedetista Noel de Carvalho, apresentou proposta para não se adotar este “critério”, mas foi derrotada por pequena diferença.
Essa anomalia causa ao Rio de Janeiro perdas anuais de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões, prejuízo maior do que o estado terá com os R$ 5 bilhões que deixará de arrecadar por ano caso a emenda Ibsen/Simon progrida. O cálculo foi feito pelo secretário estadual de Fazenda, Joaquim Levy, como mostrou o Jornal do Brasil.
O Rio de Janeiro produz 85% do petróleo brasileiro, mas São Paulo, que é o maior consumidor, fica com 55% do ICMS. À época da Constituinte houve um pacto de compensação. Como o petróleo seria taxado no destino, o Rio ficou com os royalties. Segundo Levy, “Não dá para ficar sem o ICMS e sem os royalties.”
Como falei aqui mais cedo, os royalties poderiam beneficiar todos os Estados, sem prejudicar o Rio e o Espírito Santo, se não houvesse demagogia e maldade política de tentar impor a Lula o ônus do veto à emenda. Falta grandeza a grande parte da nossa classe política para perceber que o que está em jogo não é um Estado ou a questão eleitoral, mas o equilíbrio do país, seu pacto federativo e os direitos dos estados produtores.
* * *
Precisa dizer mais alguma coisa?
Precisa sim.
Cobras sibilam, hienas gargalham, crocodilos choram, ratos chiam e velhacos velhacam.

Pescado no Blog do Gilson Sampaio

BC e mídia são contra o crescimento

Por Altamiro Borges, no Blog do Miro

No momento em que o IBGE anunciou crescimento recorde da economia – já batizado de Pibão, com alta de 9% neste primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado –, a mídia rentista soou o alerta contra os rumos do país no governo Lula. O Estadão, por exemplo, deu a manchete sacana: “PIB tem alta recorde e expõe risco de superaquecimento”. No mesmo rumo, outros jornais e emissoras de TV fizeram “ressalvas” sobre os perigos do crescimento.

Embalado pela onda terrorista, no mesmo dia o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar em 0,75% a taxa básica de juros (Selic) para “conter o aquecimento”, segundo festejou o jornalista Carlos Sardenberg, da TV Globo. Com uma penada, o BC elevou a dívida pública em R$12 bilhões e puxou o freio do crescimento. Mas, afinal, o que une os barões da mídia e os tecnocratas do BC na sua histérica oposição ao desenvolvimento do país?

Razões políticas e econômicas

No caso da mídia, ela aproveita qualquer coisa para atacar o atual governo – seja como apátrida, opondo-se ao acordo Brasil-Irã, seja nas ressalvas à alta do PIB. Tudo é motivo para criticar o presidente Lula e, de quebra, fazer campanha para seu cupincha José Serra. Já no caso do Banco Central, cuja diretoria é nomeada pelo próprio Lula, não haveria, em tese, interesse em fragilizar o governo. Mesmo assim, alguns garantem que o BC ainda é a “quinta-coluna” dos tucanos.

Descartada a estranha aliança política entre estes dois setores, sobra a razão principal. Os barões da mídia e os tecnocratas do BC defendem, sem vacilação, os interesses especulativos do capital financeiro. A elevação dos juros, que colocou novamente o país como líder mundial desta brutal roubalheira, contém a produção e o consumo – como efeito, trava a geração de emprego e renda. Em compensação, ela garante maiores rendimentos aos rentistas, parasitas dos títulos públicos.

A força da ditadura financeira

Os vínculos dos tecnocratas do Banco Central com a oligarquia financeira já são notórios. Antes das reuniões do Copom, Henrique Meirelles, ex-dirigente do BankBoston e eterno presidente do BC, reúne-se com banqueiros e rentistas para definir os “cenários econômicos futuros”. Nestes conchavos, distantes da sociedade e do próprio parlamento, são decididas as metas monetárias e cambiais. A ditadura financeira exerce diretamente seu poder de pressão. Na prática, o comando do BC goza de folgada autonomia, colocando-se acima do próprio presidente eleito.

Já no caso da mídia, há muito que ela defende os interesses do capital financeiro. Ela foi a maior propagandista das teses ortodoxas, a principal defensora do tripé neoliberal da política monetária restritiva (juros elevados), da política fiscal contracionista (superávit primário) e da libertinagem cambial. Alguns dos seus comentaristas inclusive defendem estas idéias por interesses próprias, faturando no mercado especulativo. Neste ponto, mídia e BC estão unidos como aço!

“Carta ao povo brasileiro”

Na excelente dissertação “Os jornais, a democracia e a ditadura do mercado”, a jornalista Maria Inês Nassif já demonstrou que o capital financeiro tem enorme poder sobre a pauta da imprensa. Com base no estudo da eleição presidencial de 2002, ela provou que o “mercado financeiro” teve papel decisivo nos rumos da disputa – inclusive na redação da famosa “Carta ao povo brasileiro”, em que Lula se comprometeu a respeitar os “contratos” firmados por FHC com os especuladores. A decisão do Banco Central de elevar os juros mostra que esta aliança permanece atual e forte.

Leandro na Carta: Amaury vai entregar Dantas e Serra ao MPF

Amaury: agora que o Serra vai se aloprar

Na edição que chega amanhã às bancas, a Carta Capital publica reportagem de Leandro Fortes sobre as ligações entre Daniel Dantas e José Serra, que estão na origem do dossiê do dossiê do dossiê anti-Serra.

Leandro organiza o quebra-cabeças em que se tornou a questão. Na verdade, o que está em jogo é a publicação logo após a Copa do Mundo do livro do repórter Amaury Ribeiro Jr. com o título “Nos Porões da Privataria”. Clique aqui para ler “O livro que aloprou o Serra”.

A reportagem de Leandro revela que, logo após a Copa, Amaury publicará o livro e entregará ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro os documentos sobre a privatização de FHC e as ligações de Daniel Dantas com José Serra.

O MPF ainda investiga as circunstâncias em que o governo FHC/Serra vendeu o patrimônio publico ao “brilhante” Daniel Dantas.



Paulo Henrique Amorim

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Brizola neto enquadra a oposição suícida e a imprensa canalha de São Paulo.

Do Blog Brasil, agora um país de todos...

Assistam a esse vídeo onde o deputado federal do PDT -RJ Brizola neto, mete o pau na oposição e na imprensa podre sobre o dossiê por eles inventado.Na verdade não tem dossiê, o que de fato tem é um livro escrito pelo Jornalista Amaury Ribeiro jr que está deixando muitos tucanos sem dormir. Titulo do livro: "os porões da privataria"

Maria Inês Nassif no Valor: por que a Dilma é a favorita

Vá reclamar com o FHC

No jornal Valor de hoje, na pág. A10, a sempre competente Maria Inês Nassif mostra por que a Dilma é a favorita.

É o artigo de titulo “Uma situação boa demais para o Governo” – clique aqui para ler.


Maria Inês demonstra que a geração dos brasileiros que eram adultos no final do regime militar militar não presenciou um momento como o que vive hoje.

“Daí a dificuldade da oposição de alinhavar um discurso que seja consistente para ganhar a eleição … (num eleitorado) … satisfeito com a vida que tem e que acha que a sua vida vai melhorar com a continuidade , e não com a mudança”.

Nassif cita um ensaio do cientista político Ricardo Guedes, da Sensus (aquele instituto de pesquisa que foi invadido por tucanos celerados).

É o que o Conversa Afiada tem dito: o Lula vai pendurar o FHC no pescoço do Zé Inacabado:

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano de 2010, comparado com igual período do ano passado, foi de 9%, segundo foi anunciado essa semana. No artigo “Eleições presidenciais 2010: ruptura ou consolidação do pacto social”, publicado pela revista “Em Debate” da UFMG, o cientista político Ricardo Guedes Ferreira Pinto, do instituto de pesquisas Sensus, lembra que, de 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), até agora, as reservas internacionais pularam de US$ 35 bilhões para US$ 240 bilhões; o salário mínimo, de US$ 80 para US$ 280; o índice Gini caiu de 0,58 para 0,52 (quando mais próximo de zero, maior a igualdade); 30 milhões de pessoas das classes mais pobres ascenderam à classe média; 10,6 milhões mudaram de favelas. O PIB saiu de um patamar de US$ 500 bilhões para US$ 1,5 trilhão. Há uma forte identificação desses dados sociais e econômicos positivos com o governo Lula. Diz Guedes, citando pesquisa Sensus de maio, que 57% dos brasileiros acham que esses benefícios foram gerados pelo governo petista e apenas 17% consideram que eles vêm do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Paulo Henrique Amorim (ConversaAfiada)

A criminalização da pobreza em escala continental

por Marcelo Salles, especial para o Escrevinhador

O candidato do PSDB-DEM à presidência da República, José Serra, disse a uma rádio carioca: “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice? Impossível. O governo boliviano é cúmplice disto”.

Serra conseguiu, numa única declaração, ser desrespeitoso e ignorante. Desrespeitoso porque alguém que pleiteia a presidência da República não pode se referir desta forma a nenhum governo. E ignorante porque esta declaração faz parecer que a Bolívia é a grande responsável pela desgraça de quem é viciado no Brasil, o que está longe de ser verdade.

Mas para além do desrespeito e da ignorância, é possível sentir um certo sensacionalismo na declaração de Serra. Um político com tanta experiência conhece muito bem a dimensão da cadeia de produção de cocaína; sabe que entre o plantio da folha de coca e a obtenção do produto final há muito mais do que a vã filosofia do Departamento de Estado estadunidense. O jornalista José Arbex Jr. já denunciou, na Caros Amigos, que para se chegar ao produto final é preciso incorporar elementos químicos que não são produzidos nos países que cultivam a folha de coca. Muitas vezes eles chegam de laboratórios dos países ditos desenvolvidos, mas esta informação nunca é divulgada pelas corporações de mídia – o que inverteria completamente a percepção do senso comum.

Já é consenso no mundo que a política antidrogas estadunidense falhou. Não tem funcionado centrar os ataques aos países produtores. Até as Nações Unidas, em relatório divulgado em março de 2009, afirma que a campanha antidrogas teve efeito contrário ao esperado, fazendo os cartéis ficarem mais poderosos. E o governo Evo Morales expulsou de seu país a DEA e a CIA, agências responsáveis pela condução dessa política, além de ter expulsado o embaixador ianque por participar de conspiração num golpe de Estado.

É importante lembrar que a folha de coca é uma tradição na Bolívia, sobretudo na região andina. Ou seja: nem toda a produção do país se destina à produção de cocaína. Você encontra a folha em qualquer banquinha de esquina, do mesmo jeito que encontramos banana no Brasil. Cada saquinho pequeno custa R$ 0,70 (do tamanho de um pacote de fandangos de 30g), e o grande R$ 1,60 (fandangos de 100g). A folha é recomendada para combater os males da altitude, o cansaço, a fome. Também é usada no tratamento de cárie e os psiquiatras bolivianos já usam a folha para remediar a depressão. Isso sem falar no aspecto espiritual da coca, que é reconhecido pela nova Constituição Política de Estado. O mais comum nas ruas de La Paz é ver as pessoas mascando a folha de coca, as bochechas cheias com aquelas bolas enormes de folhas laceradas. O chá de coca é tão comum lá quanto o café aqui.

Cocaleros reunidos no interior de La Paz


Ao declarar que o governo boliviano é cúmplice do tráfico de cocaína para o Brasil, Serra faz uma escolha arriscada. Em lugar de provocar o debate mais amplo sobre a questão das drogas, ele investe no radicalismo binário. A culpa é do índio maluco. Serra vai buscar a tese do inimigo externo justo no país vizinho, cujo PIB não chega a um décimo do brasileiro. Mas tem um governo de esquerda, que erradicou o analfabetismo e, muito importante, tem um povo que o aprova em sua grande maioria. Nada de atacar o imperialismo ianque ou seu enclave na América do Sul, a Colômbia. O grande inimigo do Brasil, para Serra, é a Bolívia. Um raciocínio que projeta a criminalização da pobreza – muito presente no modo demotucano de governar – em níveis continentais e nos lembra que a política externa que ele defende é a do atrelamento automático às grandes potências.

Eleições de outubro

Do ponto de vista eleitoral, a declaração de Serra é compreensível. É um discurso que encontra algum apelo, sem dúvida, apesar de sua amplitude ser duvidosa. Afora a classe média obtusa, tão ignorante quanto sua declaração, dificilmente Serra encontrará apoio no povão. Tanto o do Brasil quanto o da Bolívia. Os bolivianos, de modo geral, gostam tanto de Lula quanto do Evo. Uma vez ouvi na Praça Murillo, em La Paz, de um vendedor ambulante: “Com Lula finalmente vocês têm um presidente do povo”. É o mesmo sentimento que têm em relação a Evo. São dois povos que de dez anos pra cá já não votam em quem o patrão manda.

Cerca de um mês antes, o candidato do PSDB-DEM havia dito que o Mercosul é uma farsa. O que pretende o candidato tucano? Não duvido que em breve vá se insurgir contra Hugo Chávez, o alvo favorito das corporações de mídia. Em queda nas pesquisas, ele estaria partindo para o tudo ou nada? Como o time que está perdendo e se lança inteiro ao ataque. Mas será que os estrategistas tucanos pensaram bem? Vale lembrar que o time que avança por completo corre o risco de tomar o gol no contra-ataque, ainda mais num continente em que os países têm aprofundado os laços, com instituições cada vez mais sólidas e um povo cada vez mais consciente de seu papel enquanto sujeito histórico.

Marcelo Salles, jornalista, é colaborador da revista Caros Amigos e do jornal Fazendo Media.

Imposto sobre grandes fortunas avança na Câmara



Do Blog Tijolaço.com

Passou meio despercebida ontem uma notícia muito importante. A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o Projeto de Lei Complementar 277/08, da deputada Luciana Genro (Psol-RS), que institui o Imposto sobre Grandes Fortunas para todo patrimônio superior a R$ 2 milhões.

É um primeiro passo para uma tributação mais justa no país, que atinja o alto da pirâmide e gere mais caixa para investimentos em saúde, educação e moradia, entre outros setores de responsabilidade primordial do Estado. O projeto ainda precisa passar pelo Plenário, e se aprovado seguirá para o Senado.

Esta é uma batalha dura. Empresários e parlamentares vivem cobrando uma reforma tributária no país, mas evitam debater o Imposto sobre Grandes Fortunas, cuja criação foi prevista na Constituição de 1988. Imposto semelhante existe na Alemanha, França e Suíça, enquanto na Inglaterra e Estados Unidos existem impostos elevados sobre heranças.

Pelo projeto aprovado, a alíquota do imposto varia de acordo com o tamanho da fortuna. Para o patrimônio de R$ 2 milhões a R$ 5 milhões, a taxação será de 1%. Entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões, de 2%. De R$ 10 milhões a R$ 20 milhões, de 3%. De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões, de 4%; e de 5% para fortunas superiores a R$ 50 milhões.

Para os que vão se levantar contra a medida, é importante ressaltar que um trabalhador que ganha R$ 5 mil por mês, paga anualmente de Imposto de Renda 13,66% de seu ganho anual. E estamos falando de imposto sobre a renda gerada pelo seu trabalho. Diante disso, o que significa pagar 1% para quem tem um patrimônio de mais de R$ 2 milhões?

O número de brasileiros milionários não é preciso, mas tomando por base levantamento após a crise de 2008, publicado por O Globo em junho do ano passado, são 131 mil indivíduos que tem mais de US$ 1 milhão em investimentos financeiros.

Samuel Pinheiro Guimarães: Crescer a 7%

Do Blog Vi o mundo

Crescer a 7%

Se o objetivo central da sociedade brasileira for vencer o subdesenvolvimento, a economia terá de crescer a taxas mais elevadas do que as que têm ocorrido no passado recente, enquanto que as políticas de distribuição de renda terão de ser mais vigorosas para incorporar ao sistema econômico e social moderno as imensas massas que se encontram em situação de grave pobreza: cerca de 60 milhões de brasileiros. Caso se deseje manter o Brasil como país pobre e subdesenvolvido, basta crescer a taxas modestas, obedecendo a todas as metas e a supostos potenciais máximos de crescimento, e, assim, lograr manter a economia estável porém miserável. O artigo é de Samuel Pinheiro Guimarães.

Samuel Pinheiro Guimarães, na Carta Maior

1. O subdesenvolvimento, situação em que a esmagadora maioria da população de um país não pode desfrutar dos bens e serviços que o avanço tecnológico e produtivo moderno permitem, é sempre uma questão relativa. Nenhum país é subdesenvolvido isoladamente; esta é sempre uma situação comparativa entre países e sociedades, desenvolvidas e subdesenvolvidas, em diferentes graus, em distintos momentos históricos.

2. Naturalmente, há indicadores objetivos de subdesenvolvimento: a exploração ao mesmo tempo insuficiente e predatória dos recursos naturais; a baixa escolaridade e qualificação média da mão de obra; a desintegrada rede de transportes; o pequeno consumo per capita de energia; a reduzida diversificação das exportações; o pequeno número de patentes registradas; o acesso restrito da população a saneamento básico; as precárias condições de saúde, educação e cultura; o alto percentual da população que se encontra abaixo da linha de pobreza etc.

3. A heterogeneidade é uma característica central do subdesenvolvimento. Regiões avançadas ao lado de regiões paupérrimas e de baixa produtividade. A ignorância ao lado da cultura. A moderna eficiência tecnológica convive com o uso de tecnologias do passado. A riqueza vizinha da miséria. E assim por diante. Essa heterogeneidade, ainda atual, é resultado da evolução de um sistema produtivo que se forma a partir de enclaves modernos, vinculados a centros econômicos externos, cuja maior produtividade não se difundiu para o resto do sistema nem deu origem a processos de geração e distribuição de renda devido à estrutura social, cuja base era o latifúndio agrícola, ou o enclave minerador, e o regime de mão-de-obra escrava ou servil.

4. O conjunto dessas deficiências leva a uma produção de bens e serviços por habitante relativamente pequena, o que, em termos monetários, se expressa por um baixo produto per capita e, em termos sociais, por uma precária qualidade de vida para a imensa maioria, ao lado de uma riqueza da qual pouquíssimos desfrutam.

5. A produção per capita representa o conjunto de bens e serviços a que o habitante médio de um país teria acesso por ano. Esta média hipotética será tanto mais representativa da realidade quanto mais igualitária for a distribuição de renda em uma sociedade, o que não ocorre no Brasil.

6. Por todos os critérios acima, o Brasil é um país subdesenvolvido, ainda que com importantes bolsões de riqueza e de produção moderna. Apesar dos esforços das últimas décadas, com significativas flutuações e longos períodos de estagnação, o Brasil continua a ser um país subdesenvolvido. Em relação a quem?

7. A situação de desenvolvimento do Brasil não pode ser comparada com a de países que, pelas características de território, população e PIB, não enfrentam os mesmos desafios que a sociedade brasileira. Pequenos e médios países europeus, asiáticos e sul-americanos, ainda que às vezes ostentem níveis de produto per capita ou indicadores sociais importantes, superiores aos brasileiros, não têm o mesmo potencial do Brasil nem têm de enfrentar desafios semelhantes aos nossos.

8. O Brasil é um país continental. Se fizermos três listas de países segundo o território, a população e o PIB, somente três países estarão entre os dez primeiros de cada uma dessas três listas: os Estados Unidos, a China e o Brasil.

9. Os países com quem o Brasil tem de ser comparado são países como os Estados Unidos, a China, a Rússia, a Índia, a Alemanha e a França. Esses têm de ser o nosso referencial e esses são os nossos competidores (e eventuais colaboradores) na dinâmica do sistema internacional e na disputa por poder político e pela apropriação de riqueza.

10. Todavia, a China e a Índia têm um produto per capita muito inferior ao do Brasil, enfrentam desafios sociais muito maiores e dispõem de recursos naturais inferiores aos nossos o que dificulta sua árdua tarefa de se tornarem países desenvolvidos. A Rússia, apesar de seus recursos naturais e do avanço tecnológico em certas áreas, enfrenta dificuldades extraordinárias em termos sociais e de reestruturação de sua economia. A Alemanha e a França, com todo o avanço que já alcançaram, enfrentam importantes dificuldades devido a suas limitações de território e de população e, portanto, apresentam vulnerabilidades decorrentes da necessidade de importar insumos e da dependência excessiva de sua economia em relação ao mercado internacional.

11. Talvez o melhor paradigma para o Brasil sejam os Estados Unidos. Nossas características territoriais e demográficas são semelhantes, enquanto que nosso PIB é muito distinto. Os Estados Unidos são o país mais poderoso do mundo em termos militares, de PIB e de tecnologia. Nossas sociedades democráticas, multiculturais e multiétnicas são semelhantes e grande é a diversidade de recursos naturais e a capacidade agrícola de ambos os países.

12. O produto per capita dos Estados Unidos em 1989 era 22.100 dólares e o do Brasil 3.400. A diferença era, portanto, naquela data de 18.700. Ora, o Brasil e os Estados Unidos cresceram em termos reais à mesma taxa nos últimos 20 anos: os Estados Unidos a 2,5% a.a. e o Brasil a 2,5% a.a.. Nos Estados Unidos, esta taxa de crescimento poderia ser considerada razoável e adequada mas, no caso do Brasil, ela reflete a estagnação da economia brasileira, da produção e do emprego, no período de 1989 a 2002. Esta situação se modificou entre 2002 e 2009, no Governo do Presidente Lula, período em que o Brasil cresceu à taxa média de 3,4% e os Estados Unidos à taxa média de 1,4% a.a..

13. Essas taxas de crescimento, devido às bases de PIB muito distintas de que partiam e às taxas diferentes de crescimento demográfico, fizeram com que a produção per capita americana passasse de 22.100 dólares, em 1989, para 46.400 dólares, em 2009, enquanto a do Brasil aumentou de 3.400 dólares para 8.200 dólares. Assim, o hiato de produto per capita entre os Estados Unidos e o Brasil aumentou entre 1989 e 2009, passando de 18.700 dólares para 38.200 dólares. O atraso relativo, o subdesenvolvimento, aumentou.

14. Se o objetivo central da sociedade brasileira for vencer o subdesenvolvimento, a economia terá de crescer a taxas mais elevadas do que as que têm ocorrido no passado recente, enquanto que as políticas de distribuição de renda terão de ser mais vigorosas para incorporar ao sistema econômico e social moderno as imensas massas que se encontram em situação de grave pobreza: cerca de 60 milhões de brasileiros.

15. Se o PIB dos Estados Unidos crescer a 2% a.a. até 2022 (inferior à sua taxa de 2,5% a.a. entre 1989 e 2009, e assim essa hipótese leva em conta os efeitos da crise atual sobre a economia americana), o PIB per capita americano alcançará 53.100 dólares; se, neste mesmo período, a economia brasileira crescer à taxa de 5% a.a. o PIB per capita brasileiro atingirá 14.200 dólares. O hiato de produção per capita aumentaria em 700 dólares.

16. Se o PIB dos Estados Unidos daqui até 2022 crescer a 2% a.a. e se o Brasil crescer a 6% a.a., a diferença de produto per capita se manterá praticamente igual entre os dois países: os Estados Unidos atingirá 53.100 dólares e o Brasil 16.000 dólares. O hiato, que em 2009 era de 38.200 dólares, se reduziria para 37.100 dólares. Uma melhora de 1.100 dólares em 12 anos: cem dólares por ano…

17. Assim, o Brasil em 2022, no bicentenário de sua Independência, continuaria tão subdesenvolvido quanto é hoje, apesar de seu produto per capita ter atingido 16 mil dólares e apesar dos enormes esforços para retirar da pobreza a maioria de sua população e para realizar amplos programas de construção de sua infra-estrutura e de financiamento a grandes investimentos.

18. Somente na hipótese de os Estados Unidos crescerem a 2% a.a. e o Brasil a 7% a.a., atingindo os Estados Unidos 53.100 dólares e o Brasil 18.100 dólares, a diferença de produção, de bem-estar, de desenvolvimento, entre os dois países se reduziria de 38.200 dólares para 35.000 dólares. Poderíamos então afirmar que o Brasil estaria iniciando o processo de se tornar um país desenvolvido. Isto caso fosse mantido este esforço nas décadas seguintes e caso a perversa dinâmica de distribuição de renda e de riqueza no Brasil for firmemente enfrentada. Aliás, esses 7% a.a. correspondem à taxa média de crescimento do PIB brasileiro entre 1946 e 1979…

19.Caso contrário, caso cresçamos à uma taxa anual média inferior a 7% a.a., apesar de todos os esforços bem intencionados, o senso comum e a prudência monetarista (a qual, aliás, teria impedido a integração territorial brasileira e a transformação do Brasil em uma grande economia industrial, já que teria vetado o Plano de Metas de Juscelino Kubitscheck pois o teria considerado inflacionário) que nos quer obrigar a crescer a uma taxa de 4,5% a.a., farão com que o Brasil continue a ser em 2022 uma sociedade subdesenvolvida, caracterizada pela extraordinária disparidade de renda e de riqueza. Nela, continuaremos a nos defrontar com a extrema pobreza, a ignorância profunda, a exclusão perversa e a violência anômica ao lado de uma riqueza ostensiva, suntuária, nababesca e excessiva, desfrutada por 0,04% da população brasileira (cerca de 80.000 pessoas) cuja renda mensal, em 2009, era superior, às vezes muito superior, a 50.000 reais.

20. Há, sempre, colocados pelos prudentes, três obstáculos ao crescimento da economia brasileira a taxas superiores a 4,5% a.a. ou 5% a.a.. O primeiro diz respeito ao suposto retorno da inflação a taxas superiores às que seriam “toleráveis”, com todos os seus efeitos sobre preços relativos e, em especial, porque a inflação prejudicaria principalmente os pobres. Esta preocupação generosa com a situação dos pobres não leva em conta, em primeiro lugar, que o que afeta os pobres de forma mais grave é o desemprego, a miséria, a violência, a exclusão e a falta de oportunidades que resultam do baixo crescimento em uma economia subdesenvolvida e tão díspar como o Brasil. Em segundo lugar, que a tendência inflacionária está presente em qualquer processo de desenvolvimento acelerado e que é possível preservar os segmentos mais pobres da população dos efeitos sobre os preços de um desenvolvimento mais rápido.

21. Uma palavra sobre a inflação. O processo de superação do subdesenvolvimento, devido aos grandes investimentos na infra-estrutura de energia, de transportes, de prospecção e exploração mineral, de pesquisa tecnológica, de comunicação, que são essenciais porém de longa maturação e de retorno incerto, e em programas sociais, também de longa maturação e também de retorno incerto, como em saúde, educação e cultura, provocam, necessariamente, aumentos de demanda sem o correspondente e imediato aumento de produção.

Como esses investimentos na infra-estrutura física e social têm de se suceder em períodos de décadas, para superar o atraso relativo do país, a pressão pelo aumento de preços passa a ser constante. Todavia, o crescimento do PIB a 7% a.a., quando sustentado a médio e longo prazos, significa que está havendo uma ampliação da capacidade instalada, da formação bruta de capital fixo, o que é feito por empresas que decidem investir, isto é, decidem ampliar suas unidades de produção, suas fábricas, suas lavouras, etc. E que o Estado decidiu investir diretamente por suas empresas (poucas, no caso do Brasil somente no setor financeiro e no setor de energia) ou indiretamente, contratando empresas privadas para a construção de obras de infra-estrutura ou financiando investimentos privados para produzir bens de consumo e de capital.

Ora, o crescimento, o desenvolvimento, à taxa de 7% a.a. significa a expansão das empresas, do capitalismo no Brasil, do emprego e dos lucros. Quanto menor o crescimento econômico menores as oportunidades de lucro, menores os investimentos, menor a geração de emprego (para absorver a mão-de-obra que ingressa no mercado todos os anos, cerca de 2 milhões de novos jovens trabalhadores) maior a violência e a exclusão social. Por outro lado, a demanda gerada pelos investimentos na infra-estrutura econômica e social é uma demanda em parte por bens de consumo o que estimula a ampliação da produção e o investimento privado, investimento cujo prazo de maturação é mais curto, o que reduz a pressão inflacionária. Aliás, a China e a Índia têm crescido a taxas superiores a 7% a.a. sem que tenha ocorrido inflação significativa.

22. Um segundo obstáculo, segundo os prudentes, seria que a economia brasileira não teria como gerar a poupança necessária à realização dos investimentos. Aí, há quatro respostas possíveis: a primeira, que o próprio Estado brasileiro, através de uma política de juros mais adequada, disporia de recursos adicionais significativos para investir direta ou indiretamente. A segunda, que ainda há vasto espaço para ampliação do crédito para investimento. A terceira, que não se pode afastar, tendo em vista o elevado grau de desconhecimento dos recursos do subsolo brasileiro, a possibilidade de descoberta de recursos naturais importantes, como foi o caso das descobertas no pré-sal que colocarão o Brasil entre os seis maiores produtores mundiais de petróleo. A quarta, que uma economia em expansão dinâmica, com as características do Brasil, atrairá como já se verifica, capitais externos em volumes significativos, como ocorreu e ocorre com a China. Aliás, os investimentos chineses (que têm 2,3 trilhões de reservas) estão chegando em volumes muito expressivos ao Brasil, na compra de sistemas de transmissão, na construção de hidroelétricas e na exploração do petróleo, tornando a China o terceiro maior investidor no Brasil.

23. O terceiro obstáculo ao desenvolvimento a taxas mais elevadas seria a escassez de mão de obra qualificada, em especial de engenheiros, nos mais diversos setores, que já estaria sendo detectada. Aí há duas soluções possíveis, pelo menos: a primeira, expandir os programas de formação e de retreinamento de engenheiros o que poderia ser feito rapidamente a custo baixo já que estudos recentes indicam a existência de grande número de vagas disponíveis nas escolas de engenharia; a segunda, “importar” mão de obra qualificada sem prejudicar a mão de obra nacional, bastando exigir o respeito aos padrões salariais da categoria, aproveitando, inclusive, a situação de crise em que se encontram os países desenvolvidos, onde há abundância de mão de obra qualificada, desempregada.

24. Porém, finalmente e por outro lado, caso se deseje manter o Brasil como país pobre e subdesenvolvido, basta crescer a taxas modestas, obedecendo a todas as metas e a supostos potenciais máximos de crescimento, e, assim, lograr manter a economia estável porém miserável. Este baixo crescimento corresponderá a um custo humano e social elevadíssimo para a imensa maioria da população, exceto para os super-ricos, que se transformarão, cada vez mais, em proprietários rentistas e absenteístas, distantes e alheios aos conflitos que se agravarão cada vez mais na sociedade brasileira.

(*) Ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Lenga-lenga do "dossiê" faz Serra encolher e tomar o rumo da decadência

Nos últimos dias, enquanto a nação via Dilma Rousseff percorrendo o Brasil com postura de estadista, a campanha demo-tucana de José Serra (PSDB/SP) se perdeu, decaiu para as portas de delegacia, ao atrelar-se à tentativa do golpe do "dossiê".

Ontem Dilma visitou o vale do Paraíba paulista, na cidade de São José dos Campos, sede da Embraer (foto acima), e do Centro Técnico Aeroespacial, e debateu assuntos importantes, como a inovação tecnológica.

A ex-ministra visitou também o Parque Tecnológico da cidade, que abriga centros de desenvolvimento tecnológico nas áreas de aeronáutica, energia e inovação em saúde. Ali há incubadoras de empresas, para que o conhecimento tecnológico dos institutos virem produtos industriais, e gerem empregos. Uma destas novas empresas produz pequenos aviões não-tripulados, que voam por controle remoto e podem ser usados em atividades de segurança pública e defesa.

Dilma abordou também o TAV (Trem de Alta Velocidade), pois a cidade terá uma estação e quer fazer a manutenção mecânica e técnica do novo trem. Ela também disse que o TAV faz de S. José dos Campos atrativa para expandir seu Aeroporto com vôos internacionais, uma vez que o trem-bala tornará a viagem até São Paulo bastante rápida.

Enquanto Dilma trata de assuntos dessa importância, José Serra (PSDB/SP) e sua turma demo-tucana, tanto do partido, como da imprensa, se afunda no assunto "dossiê".

Jogaram na pauta do noticiário um assunto que eles queriam esconder: as notícias da associação da filha de José Serra com a irmã de Daniel Dantas, presa na operação Satiagraha, e outras coisas piores.

Agora todo mundo está sabendo que sairá um livro, "Os porões da privataria", onde conta a corrupção em torno de José Serra, e todo mundo vai querer ler.

Ao tentarem repetir o golpe dos aloprados, infiltrando gente na campanha de Dilma para fabricar uma armadilha, só conseguirem polarizar com gente alheia à campanha: pequenas e médias empresas, como a Lanza Comunicação, que contratava os assessores de imprensa escolhidos por Dilma. E tentam arrolar o dono de uma gráfica e empresa de eventos que andou ganhando concorrências e tirando mercado das gráficas da Folha, da Globo, e outros. Para piorar para o lado da oposição, tanto Lanzetta como Amaury Ribeiro Jr, estão dispostos a falar e a depor onde for preciso. Demonstram atitude de que não devem, por isso não temem.

Por fim arrastaram Marcelo Itagiba (PSDB/RJ) para o front da lama, poupando Serra de se expor mais, mas agora a máquina de espionagem de Serra (conforme afirmou o ex-delegado Onézimo), ficou desarticulada.

No Congresso a base governista vota o pré-sal, enquanto a oposição conspira com arapongas.

A cara da campanha de Dilma é o Brasil que dá certo: é Lula, é PAC, é PIB chinês, é recordes de empregos, é casa própria, é escola.

A cara da campanha de Serra é de aloprados demo-tucanos e da imprensa com seu lenga-lenga, ex-delegados arapongas, dossiês, operação para abafar um livro sobre a corrupção que roça a campanha de Serra, ressurreição da privataria de FHC no noticiário, interpelação judicial.

Serra não só caiu nas pesquisas, como sua campanha encolheu em assuntos, em dimensão. É pura decadência.


Isaura, professora aposentada, e Albertina, artesã, presentearam Dilma com um buquê de flores, em São José dos Campos. Isaura aproveitou para pedir um autógrafo de Dilma para levar ao marido.

Blog do Saraiva

Eles comemoraram a crise

Do Blog Cidadania.com

O leitor Daniel Xavier achou o vídeo de comentário de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo de 7 de outubro de 2008, o qual a emissora excluiu do arquivo do telejornal em seu site e que citei no post Duas Apostas sobre nós. O comentarista comemora o agravamento da crise econômica internacional no Brasil e desafia Lula a superá-la. E, de quebra, o leitor ainda encontrou outro comentário do mesmo Jabor no mesmo Jornal da Globo em 31 de janeiro de 2009 repetindo quase a mesma coisa.

Vejam os vídeos

Jornal da Globo – 7 de outubro de 2008


Jornal da Globo – 31 de janeiro de 2009


Fidel Castro: No limiar da tragédia


Desde o dia 26 de março, nem Obama nem o Presidente da Coreia do Sul têm podido explicar o que realmente aconteceu com o navio insígnia da Marinha de Guerra sul-coreana - o moderníssimo caça-submarino Cheonan, que participava de uma manobra com a Armada dos Estados Unidos ao oeste da Península da Coreia, próximo aos limites das duas Repúblicas -, deixando 46 mortos e dezenas de feridos.

Por Fidel Castro, em Portal Cuba

O embaraçoso para o império é que seu aliado conheça, de fontes fidedignas, que o navio foi afundado pelos Estados Unidos. Não existe maneira de eludir esse fato que os acompanhará como uma sombra.

Em outra parte do mundo, as circunstâncias se ajustam igualmente a fatos muito mais perigosos que os do Leste da Ásia e que não podem deixar de acontecer sem que a superpotência imperial consiga formas de evitá-los.

Israel não se absteria de ativar e usar, com total independência, o considerável poder nuclear criado nesse país pelos Estados Unidos. Pensar de outra maneira é ignorar a realidade.

Outro assunto muito grave é que as Nações Unidas tampouco têm alguma maneira de mudar o curso dos acontecimentos e muito em breve os ultra-reacionários que governam Israel se chocarão com a indomável resistência do Irã, uma nação de mais de 70 milhões de habitantes e de conhecidas tradições religiosas que não aceitará as ameaças insolentes de nenhum adversário.

Em duas palavras: o Irã não cederá perante as ameaças de Israel.

Os habitantes do mundo, logicamente, desfrutam cada vez mais dos grandes acontecimentos esportivos, aqueles relacionados com o divertimento, a cultura e outros que ocupam seus limitados espaços de lazer, no meio dos deveres que lhes ocupam grande parte de seu tempo dedicado aos afazeres cotidianos.

Nos próximos dias, o Campeonato Mundial de Futebol que acontecerá na África do Sul lhes arrebatará todas as horas livres de seu tempo. Com crescente emoção, acompanharão as vicissitudes das personagens mais conhecidas. Observarão cada passo de Maradona e não deixarão de lembrar o instante do espetacular gol que decidiu a vitória da Argentina num dos clássicos.

Novamente outro argentino vem surgindo espetacularmente, de estatura baixa, mas veloz, que aparece como raio e, com as pernas ou a cabeça, dispara a bola à velocidade insólita. Seu sobrenome: Messi, de origem italiana, já é bem conhecido e mencionado por todos os fanáticos.

A imaginação deles é levada até o delírio quando chegam as imagens dos numerosos estádios onde ocorrerão as competições. Os projetistas e arquitetos criaram obras jamais sonhadas pelo público.

Aos governos que sempre estão reunidos para cumprir as obrigações que a nova época impôs sobre seus ombros, o tempo é curto para conhecerem a imensa quantidade de notícias que a televisão, o rádio e a imprensa escrita divulgam constantemente.

Quase tudo depende exclusivamente da informação que recebem dos seus assessores. Alguns dos mais poderosos e importantes Chefes de Estado, que tomam as decisões fundamentais, costumam usar os telefones celulares para se comunicar diariamente entre eles várias vezes.

Um número crescente de milhões de pessoas no mundo vive apegado a esses pequenos aparelhos sem que ninguém saiba qual o efeito que terão na saúde humana. Dilui-se a inveja que deveríamos sentir por não ter desfrutado dessas possibilidades em nossa época, que se afasta pela sua vez velozmente em muito poucos anos e quase sem dar-nos conta.

Ontem, em meio à voragem, foi publicado que possivelmente hoje Conselho da Segurança das Nações Unidas poderia votar uma resolução pendente para decidir se é imposta uma quarta rodada de sanções ao Irā, por negar-se a parar o enriquecimento do urânio.

O irônico desta situação é que se fosse Israel, os Estados Unidos da América e seus aliados mais próximos diriam logo que Israel não assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e vetariam a resolução.

No entanto, se o Irã é acusado simplesmente de produzir urânio enriquecido até 20%, é solicitada imediatamente a aplicação de sanções econômicas para asfixiá-lo e é óbvio que Israel atuaria como sempre, com fanatismo fascista, igual como fizeram com os soldados das tropas de elite lançados de helicópteros, em horas da madrugada, sobre os que viajavam na flotilha solidária, que transportava alimentos para a população sitiada em Gaza, matando várias pessoas e ferindo dezenas que foram depois presas juntamente com os tripulantes das embarcações.

Logicamente tentarão destruir as instalações onde o Irã enriquece uma parte do urânio que produz. Também é lógico que o Irã não se conformará com esse tratamento desigual.

As conseqüências dos enredos imperiais dos Estados Unidos poderiam ser catastróficas e afetariam a todos os habitantes do planeta, ainda mais do que todas as crises econômicas juntas.


Fidel Castro
8 de Junho de 2010

Do Portal Vermelho.org

A crise na Grécia e o cinismo neoliberal


A Grécia, bola da vez da crise capitalista internacional – que não acabou, como já bravateiam os apologistas deste sistema –, está passando por uma autêntica convulsão social. A luta de classes, que muitos também achavam que tinha acabado, está cada vez mais acirrada. Em menos de três meses, já ocorreram cinco greves gerais, com elevados índices de adesão. Os protestos são quase diários, com confrontos violentos entre os trabalhadores e as forças de repressão do estado.

Ninguém consegue projetar qual será o futuro deste país, um dos primos pobres da Europa. Mas há consenso, porém, que a crise será prolongada e que o caos econômico deve contaminar outras nações do continente. Diante deste dilema, os neoliberais de plantão, culpados pelo colapso, não vacilam em apresentar receitas ainda mais amargas para os trabalhadores. Amparados pela mídia, eles difundem que a atual crise decorre dos “gastos públicos” e do “inchaço do estado” – é o que se ouve nos comentários globais de Carlos Sardenberg e de outros adoradores do deus-mercado.

País abdicou da sua soberania

A mentira é descarada, mas ainda engana os ingênuos. A crise da Grécia não é culpa do “estado de bem-estar social”, do Welfare State, mas sim da gula capitalista. Com as suas especificidades, o modelo neoliberal foi implantado neste e noutros países europeus com o desmonte do estado, da nação e do trabalho. O acordo que deu origem ao euro engessou os estados nacionais com as metas fiscais e monetárias que beneficiaram exclusivamente os rentistas. A desregulamentação financeira imposta agora cobra o seu preço, mas o ônus é jogado nas costas dos trabalhadores.

Com o ingresso na Comunidade Econômica Européia (CEE), a Grécia foi obrigada a cumprir as rígidas metas neoliberais e, além disso, renunciou a sua capacidade de emitir a própria moeda. O Banco Central Europeu (BCE), entidade supranacional com total autonomia, é quem determina a política econômica destes países, que abdicaram da sua soberania. As principais vítimas são as nações mais frágeis, reunidas no chamado Piige (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha). Os países “avançados”, que não abdicaram das suas moedas, são os menos afetados pela crise.

A morte anunciada do euro?

É o caso da Inglaterra, segundo aponta o economista Emiliano Libman, em entrevista ao Instituto Humanitas Unisimos. “Ao não adotar o euro, ela manteve sua soberania monetária... A diferença entre Inglaterra e Grécia é que, diante da grande instabilidade que as decisões de gastos do setor privado produzem, o seu Estado pode intervir”. A Grécia foi punida por não ter cumprido a meta de 3% do PIB nos gastos públicos; já na Inglaterra, o déficit fiscal chega a 13% do PIB.

Esta grave distorção é que leva muitos analistas a preverem o fim desta moeda. Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, já chegou a anunciar que o desfecho da crise será a morte do euro. A opinião é corroborada pelo brasileiro Luiz Carlos Bresser Pereira. “O euro está enfrentando uma crise estrutural que não põe em jogo a União Européia, mas põe em risco sua própria existência. Dependendo do desenrolar da crise, alguns países poderão voltar às suas moedas nacionais”.

Reforma tributária às avessas

A orgia neoliberal também causou outras graves distorções. O desmonte do estado beneficiou os ricaços, agraciados com uma reforma tributária às avessas. Hoje, eles pagam menos impostos ou sonegam, aproveitando-se das brechas da libertinagem financeira. Segundo reportagem da revista CartaCapital, “a sonegação de imposto por gregos ricos é estimada em 23 bilhões de euros anuais – quase 10% do PIB... Nas declarações do Fisco, apenas 324 moradores dos subúrbios de Atenas admitiram ter piscina: o Google Earth mostra 16.974”. Os ricaços até camuflam suas fortunas.

No paraíso dos neoliberais, produção e consumo sofreram violenta retração. A produtividade das empresas cresceu muito com os avanços tecnológicos, mas os frutos deste crescimento não foram socializados. O arrocho salarial e o desmonte dos direitos trabalhistas e previdenciários causaram o encolhimento do mercado interno. Antes da crise, o desemprego já atingia 10,3% dos gregos (25,3% entre os jovens). Vários sindicatos foram forçados a aceitar acordos de redução salarial.

Socorro aos banqueiros e industriais

O que já estava doente entrou em coma com a eclosão da crise mundial. Na fase da bonança, os capitalistas embolsaram os lucros. Já na fase da crise, iniciada em agosto de 2007 nos EUA, eles resolveram socializar os prejuízos. O que elevou o déficit público grego é que o “estado mínimo” virou “estado máximo” para socorrer banqueiros e industriais que abusaram da orgia financeira. Três quartos da dívida grega, pública e privada, estão nas mãos de bancos, seguradoras e fundos europeus, principalmente da França (US$ 67 bilhões de dólares) e Alemanha (US$ 36 bilhões).

Diante da eclosão da crise e do risco de contágio na Europa, os cínicos neoliberais impõem agora maiores dosagens da sua receita destrutiva e regressiva. O pacote de “socorro” dos bancos exige o aumento de 21% para 23% no imposto sobre valor agregado, mas não toca nos tributos sobre a riqueza; adiamento das aposentadorias em pelo menos três anos e cortes drásticos do seu valor; liberalização das tarifas de energia e transporte; congelamento do salário dos servidores públicos até 2014; restrição ou eliminação do 13º e 14º salários; e cortes nos adicionais e licenças.

Radicalização da luta de classes

O objetivo do capital é aproveitar a crise, criada por ele, para destruir de vez o que ainda resta do Welfare State na Grécia e em toda a Europa. “O Estado social deve ser reformado”, afirmam, em uníssono, os neoliberais europeus – repetidos à exaustão pelas marionetes nativas da TV Globo e de outros veículos privados. Como alerta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, a meta é destruir os direitos, “conquistados a ferro e fogo”, pelas lutas sociais. “Esse estilo de sociedade, de vida e de convivência foi progressivamente sendo deformado pelo avanço do projeto neoliberal”.

Mas esta ofensiva destrutiva e regressiva do capitalismo tende a esbarrar cada vez mais na reação dos trabalhadores. “O tipo de capitalismo que vai surgir [da atual crise] dependerá muito da luta social, da formação do imaginário popular, que, na verdade, não depende muito dos iluminados, mas da capacidade de informação e compreensão do que realmente aconteceu. Isso vai se formar na luta política”, aponta Belluzzo. Também apostando na possibilidade do aumento dos conflitos sociais, o sociólogo estadunidense James Petras prevê intensas e radicalizadas lutas na Europa.

“Há um processo de reversão dos ganhos sociais, um efeito dominó em que as tentativas dos governos para impor o custo da crise na classe trabalhadora causam efeito profundo nos padrões de vida. Não consigo ver como isso não aumentará os conflitos sociais. Na Espanha, há sinais de greve geral. Em Portugal, os sindicatos rejeitaram o plano de Sócrates de cortes nas áreas sociais. Acho que há possibilidade de que, conforme os desdobramentos dos programas como estes, no restante da Europa, as relações de capital de trabalho serão afetadas num futuro não tão distante”.

Pescado no Blog do Miro

terça-feira, 8 de junho de 2010

Aula de geopolítica e jornalismo

Do Blog do Gilson Sampaio

A redecastorphoto desvendou mais uma enganação do PIG mundial, o que levou muitos, como eu, a analisarem as consequencias do ataque à Flotilha da Liberdade a partir de informação falsa. Nada muda minha opinião quanto à natureza criminosa do ataque dos sionistas e aproveito para reafirmá-las.

No primeiro texto, a redecastorphoto ridiculariza a mídia sem-vergoinha.

No segundo, de Pepe Escobar, uma aula magna de jornalismo com um banho de geopolítica.

O Mavi Marmara trocou de bandeira antes de partir

[Vila Vudu] "O Mavi Marmara trocou de bandeira antes de partir" (o "jornalismo" brasileiro não sabe disso, até HOJE!)


Comentário do pessoal da Vila Vudu

“Diferente do que noticiou praticamente toda a imprensa mundial, o barco Mavi Marmara trocou de bandeira, da bandeira turca para a bandeira das Ilhas Comoros, dia 20 de maio, pouco antes de partir à frente da flotilha da paz, rumo a Gaza.


É detalhe muito importante. O ataque israelense continua ilegal, mas aparecem agora, como objeto-alvo e parte agredida no ataque, as fracas Ilhas Comoros, em vez da poderosa Turquia” (Why Was the Mavi Marmara Reflagged Just Before Sailing? By Craig Murray, 3/6/2010).

A evidência de que o barco Mavi Marmara não viajava sob bandeira turca poderia ter sido facilmente encontrada, com simples pesquisa no Google sobre o barco. Dentre muitas outras páginas, lá está, numa página que acompanha o tráfego marítimo no mundo, página portuguesa, em:

MAVI MARMARA

Detalhes do navio

Tipo de Navios: Passenger

Ano de contrução: 1994

Comprimento x largura: 93 m X 20 m

Porte Bruto: 525 t

Velocidade registada (Max/media): 13.8 / 9.6 knots

Bandeira: Comoros [KM]

Indicativo: D6FU2

IMO: 9005869, MMSI: 616952000

O hábito, de fato, já o vício, a perversão, do jornalismo, dos jornalistas e dos jornalões no Brasil – que só sabem copiar matérias de agências estrangeiras e repetir bobagens, como papagaios, com ares de jornalismo muito metido a "ético" e "sério" (só rindo!), mas sempre praticando jornalismo-zero–, mais uma vez perpetua erros. Pior: aqueles jornais, jornalões, jornalistas e jornalismo pouco informam e informam mal. O pior do pior: contribuem para desencaminhar qualquer análise que se tente, daqui, sobre eventos que não sejam, eternamente, o diz-que-disse “dos corredores de Brasília”, narrados por jornalistas "de Brasília" que, do mundo, só sabem ouvir “declarações” de pressupostas "autoridades" – e sempre as mesmas.

É sempre a mesma “declaração” de sempre as mesmas “autoridades”, sobre as mesmas posições. E todas as posições aí, afinal, coincidem: jornalista brasileiro pensa como o patrão, o qual pensa como o patrão, o qual pensa como o marketeiro do patrão, o qual pensa como o prof. Lavareda, que é sociólogo "das pesquisas" (ou diz que é, ou pensa que seja)... Se piorar, melhora. Pior que isso, no mundo, é impossível.

A única voz que NUNCA se ouve nos jornalões brasileiros é a NOSSA! A voz da VILA VUDU, afinal, dos eleitores! A voz dos 82% dos brasileiros que, hoje, consideramos bom e ótimo o governo do presidente Lula!

Assim, de tanto repetir bobajol da própria cabeça dos jornalistas, e de agências (sempre as MESMAS!) internacionais de notícias, acontece de, no Brasil hoje, já praticamente não haver jornalistas competentes para análises do quadro mundial. Evidentemente, não se cogita, aqui, de considerar analistas competentes para análises do quadro mundial, nem o sr. Merval Pereira, nem o sr. Clóvis Rossi, nem, claro, a facinorosa D. Danuza ou o sr. William Waack [hehehehe]!

A melhor explicação (porque explica mais e explica coisas mais importantes), para a troca de bandeiras do navio Mavi Marmara encontramos hoje, noutro lugar. Por uma estranha ironia, algum acaso histórico ou pessoal, ou desígnio ou de Deus ou da história, para nos ensinar alguma coisa, a Caia Fittipaldi - tradutora emérita desta Vila Vudu - encontrou e traduziu um artigo de jornalista formado no Brasil, mas que há anos trabalha muuuuuuito longe – sorte dele! – do facinoroso "jornalismo brasileiro".

O artigo é “O método na loucura de Israel” , 9/6/2010, em “The Roving Eye” The method in Israel madness, Asia Times Online, em inglês. O autor, Pepe Escobar, foi jornalista muito ativo no Brasil dos anos 80 (trabalhava na Folha de S.Paulo), e depois, de repente, sumiu no mundo. Partiu, daqui, pra sempre. Lá se lê -traduzido - hoje:

“O barco Navi Marmara viajava sob bandeira das ilhas Comoros. Diferente da Turquia, Comoros é signatário do Estatuto de Roma da Corte Criminal Internacional de Justiça, que tem competência para julgar crimes de guerra cometidos contra barcos dos estados-membros”.

Essa, sim, é a causa real e efetiva e importante, com toda a certeza, para a troca de bandeiras: interessava aos ativistas da Flotilha da Paz, viajar sob proteção da lei internacional e dos acordos vigentes no mundo sobre atos de guerra no mar. Sabiam onde se metiam e fizeram, é claro, muito bem!

Se, protegidos por bandeira de país signatário dos Acordos de Roma, os ativistas foram atacados pelos fuzileiros israelenses, mortos, feridos, sequestrados e presos... o que não teria acontecido, se viajassem sem essa indispensável proteção da lei internacional?

Para comprovar a extensão das asnices que nos foram impingidas pela "mídia brasileira" , basta escrever “Barco turco Navi Marmara”, no Google. Aparecem lá todos os "grandes veículos" - devidamente emburrecidos e emburrecedores - da imprensa brasileira, a repetir a asnice de “barco turco”. Todos. A revista (não)Veja, vejam só, escreve de Paris! [risos, risos]. O Globo, O Estado de S.Paulo, a Folha de S.Paulo, o JB, o Correio Braziliense, a Zero Hora e tooooooodos os demais, escrevem de suas redações-charco-bordel aqui, mesmo, do Brasil. Há 380 mil registros de “Navi Marmara barco turco”, só até onde procuramos.

Quem, diabos – e, sobretudo, para quê? – precisaria ler jornalões brasileiros? E... pagando pra ler?! Tesconjuro! Tamos fora! Esqueçam. Só a blogosfera salva. Viva a blogosfera! Já ganhamos essa guerra!


O método na loucura de Israel

THE ROVING EYE

9/6/2010, Pepe Escobar, “The Roving Eye”, Asia Times Online – Traduzido por Caia Fittipaldi

Por que Israel, em operação deliberada e metódica, planejada com uma semana de antecedência* – segundo declarações de altos comandantes israelenses, falando em hebraico, dias antes do ataque –, atacou barco civil, desarmado, em operação humanitária, e que viajava sob bandeira de Comoros? (Diferente da Turquia, Comoros é signatária do Estatuto de Roma da Corte Criminal Internacional de Justiça, que tem competência para julgar crimes de guerra cometidos contra barcos dos estados-membros.)

Por que os fuzileiros israelenses atiraram contra nove ativistas desarmados, para matar, com balas calibre 9mm à queima-roupa, entre os olhos, na testa, na parte detrás da cabeça, no peito, nas costas e nas pernas – inclusive contra um cidadão dos EUA? (A lista final de mortos pode chegar a 15, porque ainda há seis ativistas desaparecidos; a rádio do exército de Israel falou de 16 mortos na 2ª-feira pela manhã, logo depois do ataque ao Mavi Marmara, parte da Flotilha da Liberdade.)

Como Israel pensaria que se safaria dessa, apenas com censurar vídeos e fotos – e depois se safaria outra vez apenas por recusar qualquer investigação por comissão internacional independente, que examinaria o incidente e a posterior manipulação do noticiário?

Por que, pensando em termos geopolíticos, Israel declararia guerra de facto a toda a comunidade internacional – dos países muçulmanos, aos membros da OTAN e a toda a opinião pública internacional?

Haverá aí mero “governo disfuncional”, como Bradley Burston escreveu no diário israelense Ha'aretz? E, estrategicamente falando, haverá método nessa loucura? Ou o método é só a loucura?

Medo. Muito medo.

Pode haver resposta muito simples a todas essas questões: medo.

Consideremos as possíveis motivações dos israelenses. Um dos motivos chaves para que Israel atacasse a flotilha humanitária seria mandar “um sinal” à Turquia sobre o acordo nuclear mediado por Turquia e Brasil, para troca de combustível nuclear do Irã – dado que o sucesso do acordo pôs por águas abaixo a ideia de ataque militar contra o Irã. Interessa a Israel que haja conflito aberto entre Washington e Teerã – o que implica usar o lobby israelense em Washington para sabotar o semidesejo do presidente Obama de encontrar algum tipo de acordo com Teerã para seu programa de enriquecimento de urânio.

Israel deseja uma Turquia fraca – fora do circuito, tanto do Oriente Médio quanto da União Europeia (UE). A Turquia é poder emergente regional chave, hoje com boas relações com os vizinhos. A Turquia é chave para os EUA: 70% de tudo que abastece as tropas norte-americanas no Iraque chega até elas pela base de Incirlik na Turquia. Há soldados turcos fazendo a guerra (que é dos EUA) no Afeganistão. Para não falar que a Turquia – em palavras do próprio Obama – é ponte vital entre o Ocidente e o mundo muçulmano.

A Casa Branca produziu resposta frouxa, “Os EUA lamentam profundamente as mortes e os feridos, e trabalha para compreender as circunstâncias que cercaram essa tragédia”. Foi sinal de Washington, dirigido à Turquia, de que a mediação de Turquia e Brasil no acordo de troca de combustível nuclear não é exatamente bem-vinda. (...)

Mas, por mais que Israel deseje ver a Turquia às voltas com problemas imensos tanto com a Síria como com a Grécia, além de já enfrentar a difícil questão interna dos curdos, Ankara absolutamente não está tremendo de medo, ante a “mensagem” dos israelenses. Em termos de poder militar convencional, a Turquia é força superior a Israel e, não bastasse, é importante aliada de EUA e OTAN.

Outro motivo chave dos israelenses é minar e, de fato, trabalhar para abortar, quaisquer negociações produtivas de paz com palestinos e sírios – e tirar a Turquia do campo de jogo. A Turquia está muito profundamente envolvida na tragédia dos palestinos. Há tempos trabalha para aproximar os partidos Fatah e Hamás. Motivo crucial, dos israelenses, parece ser sabotar qualquer iniciativa de paz liderada pelos turcos para resolver o problema palestino – o que inclui a necessidade crucial de o Oriente Médio ser desnuclearizado – o que é anátema para a Israel jamais declarada, mas nem por isso menos, nuclear.

Amarrando tudo isso, há o elemento crucial do próprio medo. Hoje, as antes mitificadas invencíveis Forças de Defesa de Israel [ing. Israeli Defense Forces (IDF), o exército de Israel] já combateram contra o Hezbollah no Líbano em 2006 e contra o Hamás em Gaza em 2008. Sabe o que lhes custou enfrentar a dura realidade de que seus tanques são vulneráveis aos foguetes lança-granadas russos; sabem que seus barcos são vulneráveis aos mísseis do Hezbollah comprados da China. E não há dúvidas de que, a qualquer momento, seus aviões estarão vulneráveis aos mísseis terra-ar S-300 russos.

O novo eixo que está surgindo

O Curdistão iraquiano é hoje virtualmente independente – como Washington desejava. Israel é robustamente ativo em todos os pontos do Curdistão iraquiano. Ao mesmo tempo, os EUA apóiam ativamente os separatistas do Partido Trabalhista Curdo, que tem base no Iraque, na Anatólia Oriental, tanto quanto apóiam os separatistas do Partido Vida Livre do Curdistão [ing. Party of Free Life of Kurdistan (PJAK)] no Irã, e os separatistas curdos na Síria. Os estrategistas militares turcos dedicaram-se exaustivamente a analisar esses desenvolvimentos cruciais. Conclusão dos turcos: a OTAN não é exatamente a panaceia dos sonhos turcos. E resolveram focar o Oriente Médio.

Assim se chegou ao pesadelo perfeito dos israelenses. O novo eixo no Oriente Médio está constituído: Turquia, Irã e Síria. Antes, eram só Irã e Síria. E não há quem conteste a legitimidade histórica dessa trindade, porque aí se unem os xiitas iranianos, a Síria secular e a Turquia sunita pós-otomanos.

Há inúmeros efeitos colaterais fascinantes dessa fertilização de todos por todos – como mais de um milhão de iraquianos, muitos dos quais muito bem educados, que encontram vida nova na Síria. Mas o efeito mais notável desse eixo é que detonou a velha lógica do “divida e governe” do colonialismo ocidental, imposta ao Oriente Médio por mais de um século. O destino da Turquia pode não estar firmemente conectado à Europa e seus medos que, afinal de contas, não quer abraçar a Turquia; a Turquia prepara-se para voltar à liderança do mundo muçulmano.

A vida do novo eixo não vai ser fácil. Operações clandestinas dos EUA já tentaram desestabilizar o governo sírio do presidente Bashar al-Assad – sem sucesso. O mesmo se diga da ação secreta da CIA na província do Cistão-Baluquistão no sudeste do Irã, tentando desestabilizar o governo de Teerã. E os mesmos “comandos” mascarados (nem sempre) e clandestinos (sempre) trabalham para impor nova ditadura militar na Turquia. Mas enquanto a secretária de Estado ia-se tornando cada dia mais vociferante, Assad, Hassan Nasrallah do Hezbollah e o presidente Ahmadinejad do Irã reuniram-se em fevereiro na Síria e organizaram a parceria.

Detalhe crucial, a Rússia saltou para dentro desse barco, para ocupar o vácuo gerado pelos EUA. O presidente Dmitry Medvedev já esteve em Ankara e Damasco e posicionou-se claramente a favor da reconciliação entre Fatah e Hamas, e pela criação de um Estado palestino funcional, que existirá ao lado de Israel.

Até o comandante geral do Comando Central dos EUA, general David (“estou-me posicionando para 2012”) Petraeus já teve de admitir publicamente que Israel, aliado estratégico dos EUA, – tornara-se carga demasiadamente pesada a pesar nas costas dos objetivos estratégicos dos EUA, por causa da colonização sempre buscada da Palestina e do bloqueio imposto a Gaza.

A Rússia, por seu lado, apóia o novo eixo político-econômico de Turquia-Síria-Irã. Preparam-se agora as leis necessárias para permitir viagens sem exigência de vistos, entre Ankara e Moscou. As empresas russas Rosatom e Atomstroyexport estão concluindo a construção da usina nuclear iraniana em Bushehr; estará pronta em agosto. Estão também discutindo a construção de outras usinas; e já têm apalavrado um acordo para construir uma usina nuclear na Turquia, negócio de 20 bilhões de dólares (no qual a Síria também tem interesse). As empresas de gás Stroitransgaz e Gazprom levarão gás sírio até o Líbano – porque Israel impede que o Líbano extraia seu gás de reservas submarinas consideráveis. A Rússia está em movimento. Em breve, Teerã receberá os mísseis S-300 pelos quais já pagou. E a Síria, em breve, terá nova base naval.

No Oleodutostão, Rússia e Turquia são irmãs em armas. A Rússia construirá oleoduto crucialmente importante, de Samsun a Ceyhan, para levar o petróleo russo do Mar Negro ao Mediterrâneo. Não bastasse, a Turquia está a um passo de conectar-se ao gasoduto russo South Stream – o que, sim, será desafio ao enrolado empreendimento de Nabucco, apoiado por EUA e UE.

A Rússia – como a Turquia – também quer o Oriente Médio completamente desnuclearizado, o que implica desnuclearizar Israel. Assunto que será discutido na Agência Internacional de Energia Atômica.

Assim se explica que Israel tenha muito medo do novo eixo Turquia, Síria e Irã, tanto quanto teme o apoio russo àquele eixo. Está nascendo um novo Oriente Médio, no qual só há um lugar para Israel: o isolamento.

A estratégia “de cachorro louco” de Israel – concebida pelo ex-líder militar Moshe Dayan – não é exatamente um exercício de integração. Até Anthony Cordesman, conhecido analista centrista e ícone do establishment no Center for Strategic and International Studies, publicou ensaio essa semana, sob o título “Israel as a Strategic Liability?” [port. “Israel como confiabilidade estratégica?”, publicado em 2/6/2010].

É possível que Washington “Grande Irmão” continue – eternamente – cega a tudo isso; mas se você for Estado e escolher estratégia que o torna parente próximo da África do Sul no crepúsculo do apartheid – e, neste momento, vale lembrar que Israel tentava vender armas atômicas àquele governo de apartheid – nem adianta perdermos tempo com procurar método na sua loucura. É só loucura.

Pepe Escobar recebe e-mails em: pepeasia@yahoo.com .

Notas de tradução:

* Sobre a preparação do ataque israelense à Flotilha de Gaza, ver também Norman G. Finkelstein: "Israel is now a lunatic state", entrevista (com vídeo) a Nadezhda Kevorka, RT (ex-Russia Today), 31/5/2010. Aqui, transcrição de trecho da entrevista, apresentada em vídeo: Norman G. Finkelstein: “O que aconteceu à Flotilha de Gaza não foi acidente. É preciso não esquecer que o gabinete israelense trabalhou, em reunião permanente, ao longo de toda a semana que antecedeu ao ataque. Todos os ministros discutiram e deliberaram sobre como enfrentar a questão da flotilha. Houve inúmeras matérias na imprensa israelense, inúmeras sugestões, inúmeras recomendações sobre o que fazer. No final do dia, optaram por um ataque noturno, por uma unidade de fuzileiros do serviço de contraterrorismo da Marinha (...).”

O artigo original, em inglês, pode ser lido em: THE ROVING EYE - The method in Israel's madness