sábado, 31 de dezembro de 2011

Câncer induzido, uma arma da CIA?

Via Adital

Percy Francisco Alvarado Godoy
Escritor guatemalteco
Adital
Tradução: ADITAL
29 de dezembro de 2011.
As operações secretas da CIA mantêm uma direção permanente e invariável, orientadas contra personalidades políticas específicas que desafiam a hegemonia imperial norte-americana, aos que tenta eliminar fisicamente, bem como contra nações inteiras que sofrem as criminosas consequências de guerras préfabricadas, agressões biológicas, campanhas contínuas de ataques midiáticos, ameaças, invasões e o isolamento total mediante bloqueios e embargos não justificados. Essa ação criminosa da CIA foi desvendada pela Asociación para El Diseño Responsable, que estimou que, já em 1987, seis milhões de pessoas haviam sido assassinadas como resultado das operações encobertas da CIA. Hoje, ao culminar o ano 2011, essa cifra cresceu enormemente.
Chávez tem razão
O presidente Hugo Chávez abriu a caixa de Pandora ao expor sua suspeita sobre o inusual padecimento de câncer por parte de vários mandatários e personalidades progressistas latino-americanos nos últimos meses, entre os que se destacam sua própria pessoa, a presidenta argentina Cristina Fernández; o mandatário paraguaio Fernando Lugo, a presidenta brasileira Dilma Rousseff; o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros.
"A essas alturas, é muito difícil explicar com a lei das probabilidades, por exemplo, o que atinge a alguns de nós (líderes) na América Latina”, disse Chávez, apontando suas suspeitas para Washington e, particularmente, para a CIA.
Chávez reconheceu as suspeitas de Fidel sobre o não usual fenômeno, que não deixam de carecer de lógica, sobretudo se partem de quem tem sido alvo de mais de 600 planos de atentado, inclusive tentando usar armas biológicas e venenos. Durante um de seus encontros com ele, quando o Comandante manifestou com suspicácia: "Chávez, te cuida... Fique atento. Cuidado que essa gente desenvolveu tecnologias... Cuidado com o que te dão para comer. Cuidado com uma pequena agulha através da qual injetam sabe-se lá o quê...”
Com certeza, nem Fidel e nem Chávez se equivocam se se leva em consideração alguns elementos e antecedentes essenciais para fundamentar tal acusação, envolvendo na tão tangível ameaça a CIA e as autoridades norte-americanas.
Há décadas, vários laboratórios da CIA e do Departamento de Defesa dos Estados Unidos dedicam volumosos recursos ao bioterrorismo e, particularmente, na busca de inoculação de enfermidades, como o câncer, bem como outros tipos de vírus ou bactérias capazes de infligir dano massivo sobre pessoas específicas, forças militares e cidadãos comuns, violando as proibições estabelecidas pelas Nações Unidas. A guerra biológica ou bacteriológica, concebida como uma arma de alta efetividade, se implementa mediante o desenho de bombas e outros tipos de agentes de dispersão das enfermidades. Desses laboratórios saíram o Napalm, o Agente Laranja, a cepa do Antraz, a Gripe AH1N1, a gripe Porcina; bem como outros vírus letais, como o HIV e o Ébola.
No caso particular do câncer, sabe-se que desde 1975, o Forte Detrick tem sido usado como instalação onde há uma secção especial dentro do Departamento Vírus, do Centro para a Investigação de Guerra Biológica, conhecida como "Instalações Fredrick para a Investigação do Câncer”, sob supervisão do Departamento de Defesa, da CIA e do Instituto Nacional do Câncer. As investigações ultrasecretas estão encaminhadas a desenvolver um programa especial de vírus do câncer sumamente agressivo e letal, para o qual existe imunidade e foi identificado como Vírus Humano da célula T de Leucemia (HTLV). A insistência desses laboratórios de conseguir os mecanismos para elaborar artificialmente células malignas ou cancerígenas sumamente invasivas e capazes de propagar-se no organismo, desenvolvendo uma metástase incontrolável, tem se mantido ao longo de mais de 4 décadas. De acordo com esses projetos, as enfermidades cancerígenas seriam capazes de inibir qualquer defesa ante seu ataque ao organismo humano, disseminando-se através do sangue ou da linfa, após ter sido inoculadas no mesmo mediante vias diversas.
A alteração do material genético das células humanas que provoca o câncer por via artificial nesses laboratórios são a premissa básica dessa arma desenvolvida com a vênia do governo norte-americano. Para isso, elaboram células mães ou stem cells, mediante mutações monitoradas e preconcebidas, convertendo-as em um fenótipo maligno mais heterogêneo, de rápido desenvolvimento.
Outro elemento sobre o desenvolvimento da guerra biológica por parte do governo norte-americano, particularmente relacionado com o câncer, é o testemunho gravado do Dr. Maurice Hilleman, prestigiado investigador em vacinas dos laboratórios Merk, onde admite que seus laboratórios produziram vacinas contaminadas com leucemia e vírus do câncer na década dos 70, que foram administradas deliberadamente a cidadãos soviéticos. Esse fato macabro foi divulgado graças ao Dr. Len Horowitz, investigador da guerra biológica da CIA, que o registrou em um documentário ‘In Lies We Trust: The CIA, Hollywood, and Bioterrorism', que estreou em 2007.
A CIA aperfeiçoou seus métodos para assassinar, particularmente, induzindo o câncer em determinadas pessoas. Desprezou, por exemplo, o método empregado contra Jack Leon Ruby, mafioso que assassinou ao suposto homicida de John F. Kennedy, que morreu na prisão, supostamente com um câncer, no dia 3 de janeiro de 1967. Na realidade, Ruby morreu devido a uma intoxicação com Tálio, que produziu um deterioro acelerado de sua saúde e sua morte em pouco tempo. Os sintomas que apresentou após ingerir Tálio, arma química letal, solúvel em água, incolor, e praticamente inodoro e insípido, capaz de ser colocado nos alimentos da vítima sem ser detectado, foram similares a uma reação invasiva de células cancerígenas: febre alta, queda de cabelo, insuficiência cardíaca ou respiratória, destruição do sistema nervoso, dores musculares, paralisia ou imobilidade em determinadas zonas do corpo e uma morte dolorosa.
As administrações norte-americanas tem cuidado com zelo seus programas supersecretos de guerra biológica, ao extremo de que, segundo um relatório elaborado pelo escritor Steve Quayle, para Free Press International, em março de 2006, sugeriu que cerca de 40 microbiólogos morreram suspeitosamente entre 2002 e 2006. Em todos os casos, ninguém foi culpabilizado pelas mortes, suicídios suspeitos ou acidentes não esclarecidos.
Através de Victoria Nuland, portavoz do Departamento de Estado, Washington reagiu de maneira sucinta e cinicamente às declarações de Hugo Chávez, rotulando de "horrendos e repreensíveis” as suposições de que os EUA esteja envolvidos nas enfermidades cancerígenas dos mandatários latino-americanos.
A guerra biológica da CIA e do Pentágono
A CIA e outras agências do governo norte-americano têm ampla experiência em bioterrorismo e guerra bacteriológica. De acordo com informações aparecidas em vários sites, o governo dos EUA desenvolveram múltiplos projetos secretos de guerra biológica, entre os quais sobressaem:
1947 – A CIA começou a estudar o Ácido Lisérgico (LSD) para empregá-lo como arma biológica contra seres humanos. Em 1960, a Equipe Assistente Principal da Inteligência do Exército (ACSI) autorizou o emprego do LSD na Europa e no Oriente para avaliar as reações em humanos. Ambos projetos foram codificados como Terceira Oportunidade e Chapéu de Fungo, respectivamente.
1953 – A CIA iniciou o projeto MK ULTRA, que se estendeu durante 11 anos de investigação, sendo concebido para produzir e provar drogas e microorganismos para controlar a mente e modificar a conduta dos seres humanos, sem seu consentimento.
1965 – A CIA e o Departamento de Defesa começaram o projeto MK SEARCH, com a finalidade de manipular a conduta humana através do uso de drogas psicodélicas.
1966 – A CIA iniciou o Projeto MK OFTEN, dirigido a provar os efeitos toxicológicos de certas drogas nos humanos e nos animais.
1966 – O Pentágono fez quebrar várias ampolas com a bactéria Bacillus Subtilis no sistema de ventilação do Metrô de Nova York, expondo mais de um milhão de civis de forma deliberada.
1967 - A CIA e o Departamento de Defesa implementaram o projeto MK NAOMI, sucessor do MK ULTRA, desenhado para manter, reservar e provar as armas biológicas e químicas.
1970 – A Divisão de Operações Especiais no Forte Detrick desenvolveu técnicas de biologia molecular para produzir retrovírus (HIV).
1970 – A CIA e o Pentágono desenvolveram "armas étnicas”, desenhadas para eliminar grupos étnicos específicos, suscetíveis por suas diferenças genéticas e variações de DNA.
[Em breve, a tradução completa ao português].
1977- Audiencias del Senado, en la Comisión Investigación Científica y de Salud, confirmaron la contaminación deliberada por parte del Pentágono y la CIA de 239 poblaciones con agentes biológicos, entre 1949 y 1969, fundamentalmente en San Francisco, Washington, D.C., Centro-Oeste de EE.UU., Ciudad de Panamá, Minneapolis y St. Louis.
1987- El Departamento de Defensa admitió la investigación y el desarrollo de agentes biológicos en 127 laboratorios y universidades alrededor de EE UU.
1990- Aplicación en Los Ángeles a más de 1500 bebes negros e hispanos, de seis meses de edad, de una vacuna "experimental" del sarampión, no autorizada por la CDC.
1994- Se descubrió, mediante una técnica llamada "rastreador de genes", por parte del Dr. Garth Nicolson, científico del Centro del Cáncer MD Anderson de Houston, que los soldados la Tormenta del Desierto fueron infectados con una cadena alterada de Micoplasma Incognitus, una bacteria normalmente utilizada en la producción de armas biológicas, la cual contiene un 40 por ciento de la proteína del virus del SIDA. Luego, en 1996, se admitiría que cerca de 20 000 soldados fueron afectados.
1995- El Gobierno americano admitió que había ofrecido a los criminales de guerra y científicos japoneses sueldos e inmunidad de prosecución a cambio de los datos de sus investigaciones sobre guerra biológica.
1995- El Dr. Garth Nicolson reveló evidencia de que los agentes biológicos usados durante la Guerra del Golfo habían sido manufacturados en Houston, (Texas) y Boca Ratón, (Florida) y probados en prisioneros en el Departamento Correccional de Texas.
1996- El Departamento de Defensa admitió que soldados de la Tormenta de Desierto fueron expuestos a agentes químicos, lo que condujo a que 88 miembros del Congreso firmaran una carta, un año después, exigiendo una investigación sobre el uso de armas biológicas la Guerra del Golfo.
AGRESIONES BIOLOGICAS CONTRA CUBA
La Operación Mangosta de la CIA había concebido en su tarea número 33, luego del fracaso de Playa Girón, el uso criminal de la guerra biológica contra Cuba, estrenada con la introducción del virus patógeno New Castle.
Años después, en 1978, la CIA introdujo en la Isla la epifitia Roya de la Caña, afectando las áreas cañeras del país.
La CIA también introdujo la Fiebre Porcina Africana, aparecida inicialmente en 1971 y que obligó a sacrificar más de 700 cerdos, y que reapareció entre 1979 y 1980. En el caso del Moho Azul del tabaco, introducido a Cuba dentro de la tela de tapado de los cultivos importados de Estados Unidos, destruyendo más del 85% de las plantaciones de esa planta. La consecuencia fue que Cuba no pudo exportar uno de sus principales reglones.
La acción más condenable de la guerra biológica contra Cuba fue la introducción del virus del Dengue Hemorrágico en 1981, ocasionando la muerte a 158 cubanos, de ellos 61 niños. Ese mismo año, la CIA introdujo el virus de la Conjuntivitis Hemorrágica y, poco después, la Seudodermatosis Nodular Bovina, cuyo agente etiológico fue aislado en el laboratorio de Camp Ferry, en New York.
Cuba también fue agredida con la epifitia exótica Sigatoca Negra, con afectación en la masa ganadera y, en 1994, la CIA introdujo la exótica Hemorragia Viral del conejo. Dos años después, en 1996, nuevamente la Agencia la Varroasis y el Thrips Palmi, afectando a la actividad de obtención de miel de abeja, en el primer caso, y a las producciones de frijol, la papa, pimiento y otros cultivos, en el segundo caso.
CONCLUSIONES
Poco hay que comentar sobre las aseveraciones del Comandante Hugo Chávez sobre lo sospechoso del padecimiento cancerígeno en varios mandatarios y personalidades latinoamericanas y a su sospecha de que EE UU pudiera ser el responsable.
La señora Victoria Nuland, portavoz del Departamento de Estado, funcionaria de bajo rango de la administración Obama, apenas si pudo usar argumentos para desmentir esa posibilidad. La CIA y el Pentágono, mientras tanto, conocen la verdad.
Quien asesinó niños inocentes mediante la introducción del Dengue Hemorrágico en Cuba, carece de escrúpulos y de piedad. Sin lugar a dudas, algún día esta sospecha se convertirá en verdad, para vergüenza de Estados Unidos y sus gobernantes.

Kassab aproveita incêndio misterioso e devastador para evacuar Favela do Moinho

Lido e pescado no blog Pragmatismo Político


O incêndio que destruiu boa parte dos barracos, matou duas pessoas e desalojou centenas de famílias nas vésperas do Natal está sendo utilizado como novo pretexto para a liberação da área, como um caso típico que contrapõe interesses empresariais e o direito à moradia.

Prefeito Gilberto Kassab (PSD) tenta desde 2006 despejar os moradores, primeiro com a realização de um cadastro que contabilizou 600 famílias e depois com um decreto e uma ação judicial pedindo desapropriação.

Favela Moinho Kassab
Existe a esperança de que esses misteriosos e sucessivos incêndios em comunidades carentes sejam seriamente investigados?
Local de disputa histórica entre Prefeitura de São Paulo e moradores, o terreno que abriga a Favela do Moinho é objeto de mais uma forte ofensiva do capital imobiliário. O incêndio que destruiu boa parte dos barracos, matou duas pessoas e desalojou centenas de famílias nas vésperas do Natal está sendo utilizado como mais novo pretexto para a liberação da área, como um caso típico que contrapõe interesses empresariais e o direito à moradia.
Leia também:


Enquanto a grande mídia alimenta a versão de que o incêndio teria sido provocado por uma mulher desequilibrada, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) tenta aproveitar da comoção da população para consolidar o discurso de que as pessoas devem sair do local. Os moradores permanecem organizados, e, em assembleia realizada nesta terça-feira (27), rejeitaram a proposta da Prefeitura de compensar todas as perdas com o chamado bolsa-aluguel.

Kassab tenta desde 2006 despejar os moradores, primeiro com a realização de um cadastro que contabilizou 600 famílias e depois com um decreto e uma ação judicial pedindo desapropriação. Na época, foi realizada uma audiência de conciliação, onde um dos dois donos do imóvel demonstrou interesse em destinar a área de quase 30 mil m2 para moradias populares.

O terreno pertencia à Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) – extinta em 2007 -, e foi leiloado em 1999 para dois proprietários. Com quase trinta anos de ocupação, a comunidade - que adquiriu o nome de Moinho pois se iniciou dentro da sede da empresa Moinho Santa Cruz -, entrou com uma Ação de Usucapião Urbana Coletiva pois cumpria os critérios que juridicamente a coloca como proprietária do terreno.

A partir da manifestação favorável do juiz à comunidade, as ações de despejo da Prefeitura foram interrompidas até que aconteça o julgamento final, que normalmente demora muitos anos. E é essa trava que impede que o projeto de “revitalização do centro” de Kassab avance sob aquele terreno.

Vida que segue

Os moradores que perderam suas moradias e seus pertences nas chamas estão buscando abrigo. A Prefeitura disponibilizou apenas um colégio por enquanto. Algumas famílias estão divididas entre duas escolas de samba localizadas sob um viaduto e outras montaram barracas nas intermediações. Na segunda-feira, um homem foi espancado pela Guarda Civil Metropolitana por questionar a atuação da polícia contra a montagem de barracas em um dos terrenos ao lado da favela.

Francisco Miranda, presidente da Associação de Moradores da Comunidade do Moinho, afirmou que foi rejeitada a proposta da Prefeitura em assembleia. Nela, os moradores receberiam o chamado bolsa-aluguel – um cheque mensal no valor de 300 reais para que arranjem algum espaço para morar. Como a maioria tem filhos, esse valor é completamente insuficiente e os mantém em situação provisória de moradia.

Algumas famílias que vieram da Favela do Gato e estavam morando no Moinho, segundo a proposta da Prefeitura, passariam por uma avaliação sobre sua vulnerabilidade social pois, em uma outra situação, tinham recebido cinco mil reais de bolsa-aluguel.
Comunidade Moinho incêndio
Existem algumas partes que se aproveitam desta situação de desgaste”, disse Francisco. Logo depois do incêndio, por exemplo, a empresa Porto Seguro, que tem comprado terrenos na região, enviou representantes ao local e ofereceu um galpão para o atendimento da Prefeitura na retirada das famílias. A atitude foi vista com desconfiança pela comunidade. Em curso desde o início da gestão Kassab, as alterações no centro da cidade desalojaram pessoas das favelas, prédios ocupados e das ruas, mesmo sem garantir o direito à moradia. Alguns projetos de grande porte almejam parcerias público-privadas para administração de parques e praças.

Polêmica também é a tese sobre a própria origem do incêndio. Esta não é a primeira área em disputa onde incêndios forçam a saída das pessoas. E provavelmente não será a última. O incêndio tendo sido provocado de maneira criminosa ou não, a advogada do Escritório Modelo Dom Paulo Evaristo Arns, da PUC-SP, Julia Moretti acredita que este é um momento chave. “A comunidade deve aproveitar este momento para reafirmar a luta por seus direitos”, disse.
Leia mais:

Delana Corazza, socióloga que também trabalha com a comunidade, demonstra preocupação diante do impasse colocado. “Pode ser um desastre. Ninguém tem nada a perder e as pessoas estão revoltadas. Mas a arma das pessoas é muito menor que a força repressiva do Estado”, diz Delana, assustada com o nível de organização da Prefeitura para retirar as pessoas.

Governo insere 52 nomes na “lista suja” do trabalho escravo.Veja quem esta nessa lista

Lido e pesacado no blog Cutucando de Leve




Atualizada nesta sexta (30), o cadastro de empregadores flagrados com mão-de-obra análoga à de escravo cresceu com a entrada de 52 novos registros, chegando ao número recorde de 294 nomes. Entre os que entraram na “lista suja” estão grupos sucroalcooleiros, madeireiras, empresários e até uma empreiteira envolvida na construção da usina hidrelétrica de Jirau.


A relação inclui também médicos, políticos, famílias poderosas e casos de exploração de trabalho infantil e de trabalho escravo urbano. Para ver a lista atualizada, clique aqui.


A “lista suja” tem sido um dos principais instrumentos no combate a esse crime, através da pressão da opinião pública e da repressão econômica. Após a inclusão do nome do infrator, instituições federais, como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia, o Banco do Nordeste e o BNDES suspendem a contratação de financiamentos e o acesso ao crédito. Bancos privados também estão proibidos de conceder crédito rural aos relacionados na lista. Quem é nela inserido também é submetido a restrições comerciais e outros tipo de bloqueio de negócios por parte das empresas signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo – que representam mais de 25% do PIB brasileiro.


O nome de uma pessoa física ou jurídica é incluído na relação depois de concluído o processo administrativo referente à fiscalização dos auditores do governo federal e lá permanece por, pelo menos, dois anos. Durante esse período, o empregador deve garantir que regularizou os problemas e quitou suas pendências com o governo e os trabalhadores. Caso contrário, permanece na lista.


Abaixo, trechos da apuração de Bianca Pyl, Daniel Santini e Maurício Hashizume, daRepórter Brasil, que monitora o cadastro desde sua criação em novembro de 2003:


Entre os novos registros, há casos como o de Lidenor de Freitas Façanha Júnior, cujos trabalhadores, segundo os auditores fiscais do trabalho envolvidos nas operações de libertação, bebiam água infestada com rãs, e o do fazendeiro Wilson Zemann, que explorava crianças e adolescentes no cultivo de fumo. Entre os estados com mais inclusões nesta atualização estão Pará (9 novos nomes), Mato Grosso e Minais Gerais (8 cada). A incidência do problema no chamado Arco do Desmatamento demonstra que a utilização de trabalho escravo na derrubada da mata para a expansão de empreendimentos agropecuários segue presente.


Nesta atualização, apenas dois nomes foram retirados do cadastro (Dirceu Bottega e Francisco Antélius Sérvulo Vaz), o que pesou para que a relação chegasse a quase 300 registros.


Escravos da cana


Entre os destaques da atualização estão libertações que chamam a atenção pelo grande número de escravos resgatados em plantações de cana-de-açúcar. Só na Usina Santa Clotilde S/A, uma das principais de Alagoas, foram flagrados 401 trabalhadores em situação degradante em 2008. Também entra nesta atualização a Usina Paineiras, que utilizou 81 escravos em Itabapoana (RJ) em 2009. Um ano após o flagrante que resultou nesta inclusão, a empresa comprou a produção da Erbas Agropecuária, onde foram flagrados 95 trabalhadores escravizados.


Mesmo com o aumento da preocupação social por parte das usinas, real ou apenas declarado, o setor ainda tem ocorrências de mão-de-obra escrava.


A Miguel Forte Indústria S/A foi flagrada explorando 35 trabalhadores, incluindo três adolescentes, na colheita de erva-mate em Bituruna (PR). A madeireira, que mantinha o grupo em barracões de lona sob comando de “capatazes”, anuncia na sua página que “o apoio a projetos sociais que promovem a cidadania e o bem-estar, principalmente entre a população carente, mostra o comprometimento da Miguel Forte com os ideais de uma sociedade mais justa e humana”. À frente da empresa, Rui Gerson Brandt, acumula o cargo de presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sindpacel).


Hidrelétrica de Jirau


Não é só na monocultura ou no campo que os flagrantes acontecem.


As condições degradantes em projetos bilionários do país têm sido uma constante e, nesta atualização, uma das empreiteiras envolvidas na construção de uma hidrelétrica também entrou na lista. A Construtora BS, contratada pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil (Enersus), foi flagrada utilizando 38 escravos na construção da Usina Hidrelétrica de Jirau. Além de enfrentarem problemas relacionados aos alojamentos, segurança no trabalho e saúde, os empregados ainda eram submetidos a escravidão por dívida, por vezes em esquemas sofisticados que envolvem até a cobrança por meio de boletos bancários, conforme denunciado, na época, pela Repórter Brasil.


Mesmo após o flagrante, as condições de trabalho não melhoraram, segundo denúncias recentes. Em abril deste ano, um grupo de 20 trabalhadores procurou o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) alegando que a BS não havia pago o aviso prévio e eles estavam dormindo no galpão da Construtora, sem ter como voltar para casa. Uma liminar chegou a bloquear os bens da empresa em 2011.


O isolamento, aliás, continua sendo utilizado como ferramenta para escravizar pessoas.


Nesta atualização da lista, foi incluído Ernoel Rodrigues Junior, cujos trabalhadores estavam em um local de tão difícil acesso que foi necessário um helicóptero para o resgate dos trabalhadores. Entre os libertados estavam dois adolescentes de 15 e 17 anos e uma de 16 anos. Para chegar no local em que o grupo estava, foi necessário percorrer a partir de São Félix do Xingu (PA) por 14 horas um caminho que contava com uma ponte de madeira submersa, balsa e estradas de terra em condições tão ruins que foi necessário o uso de tratores para desatolar alguns dos veículos. De acordo com os relatos colhidos pela fiscalização, todos tinham medo de reclamar porque o fazendeiro e o segurança da propriedade andavam armados. Para que conseguisse fazer a denúncia, um trabalhador explorado conseguiu fugir e teve de caminhar durante seis dias pela mata e por estradas de terra.


O Grupo Peralta é um conglomerado empresarial poderoso


Outro destaque na atualização da “lista suja” neste ano é a inclusão de Fernando Jorge Peralta pela exploração de escravos na Fazenda Peralta, em Rondolândia (MT). O Grupo Peralta é um conglomerado empresarial poderoso, do qual fazem parte a rede de supermercados Paulistão, a Brasterra Empreendimentos Imobiliários, as concessionárias Estoril Renault/Nissan (em Santos, Guarujá e Praia Grande), os shoppings Litoral Plaza Shopping e Mauá Plaza Shopping (cuja construção, na época, envolveu uma denúncia de propina), a Transportadora Peralta (Transper) e a PRO-PER Publicidade e Propaganda, só para citar os principais ramos de atividade do grupo. O flagrante que levou Fernando Jorge à “lista suja” aconteceu em 2010 e envolveu a libertação de 11 trabalhadores de sua fazenda.


Luiz Carlos Brioschi e Osmar Brioschi, que também entram na lista nesta atualização, foram flagrados se aproveitando de 39 trabalhadores na colheita do café em Marechal Floriano (ES). Eles mantinham os empregados em regime de escravidão por dívidas e em condições extremamente precárias de trabalho e vida. Dois dias após a libertação ter sido divulgada, Osmar Brioschi esteve entre os homenageados com placas e diplomas na Assembleia Legislativa do Espírito Santo pelo “trabalho realizado em favor do campo capixaba”, por iniciativa do deputado Atayde Armani (DEM-ES).


Devastação ambiental


Outro aspecto reforçado pela atualização da lista é o elo entre escravidão e devastação ambiental.


O uso de escravos em grandes projetos de desmatamento e em áreas com conflitos agrícolas é bastante comum. Desta vez, foi incluído na relação Tarcio Juliano de Souza, apontado como responsável pela destruição de milhares de hectares de floresta amazônica nos últimos anos. Ele é considerado pela Polícia Federal responsável por montar um esquema para desmatar cerca de 5 mil hectares de floresta nativa na região de Lábrea (AM), onde mantém a Fazenda Alto da Serra. Chegou a ser preso em Rio Branco (AC) pelos crimes de redução de pessoas a condições análogas à escravidão, aliciamento de trabalhadores e destruição de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e foi denunciado por tentar comprar um fiscal. Na época, o superintendente regional do trabalho Dermilson Chagas declarou que Tárcio estava à frente de um “consórcio de fazendeiros” do Acre formado para transformar grandes áreas de Lábrea (AM) em pastos, com a utilização criminosa de escravos para o desmate, para criar gado bovino.


Políticos e doutores


Um ex-prefeito, um ex-secretário municipal do Meio Ambiente e dois médicos estão entre os que entraram na relação nesta atualização.


O ex-prefeito Edmar Koller Heller foi flagrado em 2010 explorando mão-de-obra escrava em um garimpo na Fazenda Beira Rio, que fica em Novo Mundo (MT), a 800 km da capital mato-grossense Cuiabá (MT), próximo à divisa com o Pará. Edmar foi prefeito de Peixoto de Azevedo (MT) em 2000, pelo extinto PFL (hoje DEM). Teve seu mandato cassado após ser acusado de desvio de recursos públicos, contratação de pessoal especializado sem licitação e contratação ilegal de veículos automotores de auxiliares de confiança.


Em 2007, ele se envolveu em outro escândalo político e chegou a ser preso. Como secretário de Administração da prefeita Cleuseli Missassi Heller, sua esposa, ele foi considerado responsável por improbidade administrativa, configurada pelo favorecimento de uma única empresa em processos licitatórios do município. Em 2009, a Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso manteve a condenação.


Outro político que passa a fazer parte da lista é Evanildo Nascimento Souza, flagrado com escravos quando ainda era secretário de Meio Ambiente de Goianésia do Pará (PA). O homem que deveria zelar pela natureza foi flagrado explorando trabalhadores justamente no corte e queima de madeira para produção de carvão. De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT), foram encontrados na Fazenda RDM (onde se localiza a Carvoaria da Mata), em julho de 2009, nove trabalhadores laborando em condições degradantes no corte de madeira, transporte, empilhamento, enchimento dos fornos, vedação do forno com barro e carbonização. Os trabalhadores não possuíam equipamentos de proteção individual (EPIs) e estavam alojados em um barraco em péssimas condições, sujo com detritos, restos de maquinário e peças de veículos, armazenamento de combustível, sem separação para homens e mulheres, nem ventilação e iluminação.


Os médicos incluídos nessa lista


Os médicos incluídos na relação são José Palmiro Da Silva Filho, CRM 830, flagrado com cinco escravos na Fazenda São Clemente, em Cáceres (MT), e Ovídio Octávio Pamplona Lobato, CRM 3236, flagrado com 30 escravos na Fazenda Tartarugas, em Soure (PA).


Para ver a lista atualizada, clique aqui

Charge online - Bessinha - # 964

Do blog Com Texto Livre

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O menino e o lixo: um Conto de Natal


Maikon poderia vir a ser um traficante de fronteira, ou um grande homem, nas artes ou na ciência. É nesse profundo mistério que se sepultou seu destino. O corpo, resgatado do lixo, voltou ao barro de que todos nós viemos, ricos e pobres, orgulhosos uns, humilhados outros.

Este deve ser o conto de natal de nossos tempos. Os dois meninos foram catar material reciclável no lixão de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Uma das máquinas empurrou a massa de detritos, para fazer espaço – e os soterrou. Um deles, mais ágil, conseguiu escapar. Maikon Correa de Andrade, de nove anos, ficou sob o lixo, e seu corpo foi encontrado muitas horas depois pelos bombeiros.

Maikon deve ser um dos milhares de máicons que receberam esse nome em homenagem a Michael Jakson, porque é assim que alguns ouvidos registram o nome do ídolo. Um dia, a mãe de Maikon deve ter sonhado destino de riqueza e de glória para o filho, e, nessa esperança, dado ao recém-nascido o nome de uma estrela. Maikon não sabia cantar, não sabia dançar – e talvez nem soubesse catar alguma coisa que prestasse no meio do lixo. Ele poderia ter pisado em uma agulha de seringa e se ter contaminado de alguma doença fatal, como já ocorreu a muitos. Mas poderia ter encontrado alguma coisa ainda precariamente servível, como um brinquedo jogado fora. Ou, apenas, teria recolhido restos de metal, fios de cobre, coisas de estanho e chumbo, para serem vendidos a intermediários, e destinados à reciclagem. Se Maikon conseguiu alguma coisa, não a tinha em suas mãos, rijas depois de tantas horas já mortas.

A morte de Maikon é um conto de Natal, sem a ternura dos relatos de Dickens ou de Mark Twain – mas é também a parábola negra do novo liberalismo triunfante. Somos uma sociedade que se dedica a produzir lixo.

As mercadorias que chegam ao mercado são, quase todas elas, lixo. Começamos com a embalagem – e essa civilização pode ser considerada a “civilização da embalagem” – tanto mais inútil quanto mais sofisticada. A essência da mercadologia – ou do marketing, se preferirmos – é a embalagem, trate-se de manteiga ou de candidatos a cargos eletivos; trate-se de hospitais ou de calistas. Todos os produtos, que a embalagem embeleza, são também lixo em sursis: concebidos para durar pouco. A idéia da reciclagem, fora a dos metais, é recente. Trata-se de um escamoteio da consciência, a de que o meio ambiente pode ser preservado com esse expediente esperto do capitalismo.

O mundo produziria menos lixo, se a idéia do lucro não prevalecesse sobre a idéia da vida. Assim, é o próprio capitalismo, em sua essência, que deve ser discutido. A mesma desrazão que produz o lixo material, produz o que sua lógica considera o lixo humano – os seres descartáveis que o senso estético e prático burguês rejeita. Os pobres são seres instrumentais, como as ferramentas que enferrujam, e, uma vez sem serventia, pelo uso e pelo tempo, devem ser jogadas fora. Sua reciclagem se faz nos filhos, que podem ser usados.

Maikon foi sepultado no lixo em que buscava a sobrevivência antes que cumprisse o destino do pai e, provavelmente, do avô. Morrendo tão cedo, frustrou o destino que provavelmente o esperava. Nada mais natural que Maikon, que morava em um bairro miserável de Campo Grande – ironicamente batizado com o nome do primeiro bispo e arcebispo da cidade, Dom Antonio Barbosa – se misturasse, aos nove anos, com os resíduos dos bairros ricos.

Mas, e se Maikon não tivesse ido ao lixão nesses dias entre o Natal e o Ano Novo, quando há presépios toscos mesmo nas casas pobres, e quando se celebra a vinda de Cristo e o início de mais uma volta da Terra em torno do Sol – o que poderia ocorrer em seu futuro? Como outros meninos, não muitos, mas alguns, ele talvez viesse a driblar o destino, crescer e deixar uma forte presença no mundo. Não era de se esperar - mesmo com a tentativa desnecessária dos evangelistas em lhe conferir progênie divina e ancestralidade nobre - que aquele menino nascido em uma gruta de Belém, viesse a dividir o mundo em duas eras. Afinal, ele, nascido na estrada, era de Nazaré – e se dizia, em seu tempo, que de Nazaré nada chegava de bom a Jerusalém.

Mesmo com o estranho nome de Maikon, o menino de Campo Grande era ainda um enigma, quando morreu sufocado pela sujeira da cidade rica.

Toda criança encerra, em si mesma, a dialética do futuro. Maikon poderia vir a ser um traficante de fronteira, ou um grande homem, nas artes ou na ciência. É nesse profundo mistério que se sepultou seu destino. O corpo, resgatado do lixo, voltou ao barro de que todos nós viemos, ricos e pobres, orgulhosos uns, humilhados outros.

Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.


Eduardo Guimarães: O que marcou a política em 2011

Com muita felicidade e meus agradecimentos; retirado do importantíssimo e relevante para a conquista da verdadeira cidadania dos brasileiros, blog  da Cidadania, de um grande cidadão brasileiro, Eduardo Guimarães

O ano que se encerra não marcou apenas o fim de uma década, mas, também, o fim de uma era, da era Lula. Em 1º de janeiro de 2011, o político que divide com Getúlio Vargas o título de autor das maiores transformações políticas, econômicas e sociais da história do país entregaria o cargo à primeira mulher a se eleger presidente da República Federativa do Brasil.
Naquele mesmo dia, ocorreria um fato espantoso, beirando o inacreditável, e que, visto da perspectiva atual, já revelava o clima político que se instalaria no país ao longo do ano que acabara de começar.
Em 2 de janeiro, este blog publicaria aquele que seria um dos posts mais lidos desde que foi criado, em 2005. Dezenas de jovens – alguns nem tanto – desencadeariam uma onda no Twitter de pedidos para que um franco-atirador matasse a primeira mulher presidente da história assim como fora assassinado o ex-presidente norte-americano John Kennedy.
O post Jovens pregam assassinato de Dilma no Twitter recebeu 434 comentários, 837 menções no Twitter e 774 “curtidas” no Facebook. Nos dias que se seguiram, o procurador-geral da República, doutor Roberto Gurgel, abriu investigação sob o caso após o deputado federal pelo PT do Paraná, doutor Rosinha, encaminhar a ele a denúncia feita por este blog.
Em 22 de janeiro, 3 dias após a festa que o jornal Folha de São Paulo deu para comemorar seus 90 anos de existência – uma festa que surpreendeu a opinião pública por ter contado com a presença da presidente Dilma Rousseff, que chegou a discursar no evento –, este blog publica a crônica Os suspensórios do Otavinho.
O texto já manifestava preocupação com o que se tornaria uma tendência da presidente: tentar manter relações civilizadas com a mesma imprensa que nos oito anos anteriores se portara como partido político de oposição ao governo Lula e que chegou a publicar falsificações difamantes contra a própria Dilma em sua primeira página.
Em 12 de março, após uma onda de insubordinações de militares de alta patente, o blog publicaria um manifesto que pedia  Um monumento pelas vítimas da ditadura. Dizia o texto: “Há alguns poucos monumentos escondidos por este país, mas esse tem que ser feito em Brasília, em plena Praça dos Três Poderes. Para que este país jamais esqueça”.
Quase 400 leitores apoiaram a proposta através de comentários. O pedido com as 373 assinaturas virtuais, então, foi remetido por e-mail a uma autoridade do primeiro escalão do governo cujo nome não foi possível declinar por exigência da mesma. Em 23 de março, o jornal O Estado de São Paulo noticiaria que o governo iria construir o monumento.
Em 14 de maio, após a imprensa divulgar que moradores do bairro paulistano de Higienópolis haviam conseguido, via abaixo-assinado, que o governo Geraldo Alckmin desistisse de construir uma estação de metrô no local, uma corrente desencadeada pela internet promoveu, diante do shopping Higienópolis, um ato público autoproclamado Churrascão da Gente Diferenciada, em alusão a frase de uma moradora do bairro que justificou o repúdio dos moradores locais ao metrô naquele bairro afirmando que o transporte público atrairia para lá “gente diferenciada”.
Este blogueiro participou do ato, que ajudou a convocar, e publicou o post Crônica “primária” de um Churrascão diferenciado. O texto narrou com humor a manifestação.
Em 17 de maio, ainda na linha do humor, seria publicado o post Por gentileza, vão se sodomizar, que reagia a mais uma  tentativa da mídia de desmoralizar o governo Dilma. O livro “Por uma vida melhor”, da professora Heloisa Ramos, adotado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), vinha sofrendo bombardeio por tentar explicar a pessoas em processo de alfabetização quando usar o português formal e o informal.
Em 7 de junho, após semanas a fio de agonia política, o blog comenta a queda de Antonio Palocci no post Quem perde ou ganha com a demissão de Palocci , quando previu que, ao entregar cabeça dele, o governo Dilma estava dando início a uma temporada de caça a ministros que o imobilizaria em seu primeiro ano com a queda (em média) de um ministro a cada 45 dias.
Em 1º de julho, no mesmo dia em que o francês Dominique Strauss-Kahn, então diretor-gerente do FMI, fora preso nos Estados Unidos sob acusação de estupro, aqui se publicou o post O caso Dominique Strauss-Kahn. O post pedia cuidado com a condenação sumária daquele que, então, era o pré-candidato a presidente da França que liderava as pesquisas.
Em 27 de agosto, o blog comenta a tentativa de um jornalista da revista Veja de invadir o quarto de hotel em que estava hospedado o ex-ministro José Dirceu. O post Veja ilustra por que a mídia precisa de leis traça um paralelo entre os métodos da revista Veja e os de órgãos de imprensa britânicos que estão tendo que responder penalmente por usarem métodos similares aos da publicação brasileira.
Em 9 de setembro, dois dias após a primeira das várias “marchas contra a corrupção” que se diziam “apartidárias”, este blog, no post A reação do PT e o novo Cansei, já dizia que aquela série de manifestações que ensaiava seus primeiros passos sob grande apoio publicitário da imprensa não passava de uma versão menos tosca do movimento Cansei, que tentou barrar a reeleição de Lula em 2006.
Em 15 de setembro, seria publicado o manifesto Abaixo a Corrupção da Mídia . O manifesto seria lido durante o ato público do Movimento dos Sem Mídia pela democratização das comunicações que ocorreria no dia 17 daquele mês no Masp, na avenida Paulista. O ato reuniu cerca de 100 pessoas, segundo a polícia militar, e 200 pessoas, segundo os organizadores.
Em 23 de setembro, o post Protestos contra a corrupção têm os dias contados previu com precisão que o caráter político-partidário daquele movimento capitaneado pela grande mídia tucana não teria futuro justamente por ser artificial e por tentar esconder seu real propósito, que era o de desgastar o governo Dilma. Os atos iriam minguando até sumirem.
Em 26 de setembro, é publicado documento que detalha em profundidade o que se pretende quando se fala em democratização da comunicação, o texto Lei da Mídia: razões, entraves, detalhamento e viabilização.
Em 29 de setembro, o blog publica o post mais lido do ano: Imprensa brasileira foi à França reclamar de premiação a Lula. Foram 892 menções no Twitter, 542 comentários no blog e 5.216 “curtidas” no Facebook.
O texto teve grande repercussão por ter dado um furo: Folha, Estado, Veja e Globo mandaram repórteres à França para reclamar com Richard Descoings, diretor do instituto francês Sciences Po, por escolher o ex-presidente Lula para receber o primeiro título Honoris Causa que a instituição concedeu a um latino-americano.
O caso virou piada no Twitter devido à repórter de O Globo Deborah Berlinck ter feito a Descoings a seguinte pergunta: “Por que Lula e não Fernando Henrique Cardoso, seu antecessor, para receber uma homenagem da instituição?”. Foi criada, então, a hashtag #porquenaoFHC, que rapidamente atingiu os Trending Topics do Twitter.
Em 2 de outubro, outro post se tornaria um dos recordistas de leitura no ano. A medicina é branca fez muita gente se dar conta de que, no Brasil – e, sobretudo, no Sul e no Sudeste – praticamente não existem médicos negros ou descendentes de negros, sendo quase todos descendentes de europeus e nascidos em famílias ricas ou de classe média alta.
Em 9 de outubro, outro post campeão de audiência. A mulher que enfureceu a mídia denunciou campanha difamatória contra ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), Iriny Lopes, por ter oficiado ao Conar  (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) pedido de suspensão de peça publicitária em que a “top model” Gisele Bündchen insinua oferta de sexo a um homem como forma de “compensá-lo” por bater seu carro e “estourar” o limite de seu cartão de crédito. O texto foi parar no portal da Fundação Perseu Abramo.
Em 13 de outubro, mais um post marcante. Manifestantes contra a corrupção vêem país pior do que há 10 anos , na verdade, foi um trabalho de reportagem. O blogueiro se misturou à versão paulista das “marchas contra a corrupção” que haviam ocorrido pelo país no dia anterior (12/10). Através daquele relato, terminaram as dúvidas de que aquele movimento tinha profundo viés político-partidário.
Em 14 de outubro, o blog publica post bem humorado, mas que não agradou nada, nada à colunista da Folha de São Paulo Eliane Cantanhêde. O texto Entrevista com Eliane Cantanhêde fez a jornalista escrever nota no Twitter insultando e ameaçando seu autor apesar de se referir a uma homônima dela. Veja, abaixo, a reação da colunista da Folha.
Em 18 de outubro, ainda contaminado pelo humor, o blogueiro publica trecho de conversa que teve por telefone com o ator José de Abreu. O post  José de Abreu:  “Civita avisou ao PT que derrubará Dilma” se espalhou como fogo pela internet e foi reproduzido por centenas de blogs, inclusive pelo de Paulo Henrique Amorim, que endossou as palavras de Abreu em seu post Abreu e Edu têm razão. Civita quer derrubar Dilma.
Em 22 de outubro, um post desalentado, porém significativo do clima político que então vigia e que decorreu da primeira da série de demissões de ministros que teve início lá em junho, quando se previu, aqui, que a reiterada prática de Dilma de ceder à imprensa colocaria as Instituições de Joelhos diante dela. Afortunadamente, parece que a presidente despertou de suas ilusões de paz com os gorilas midiáticos decidiu parar de ceder.
Em 27 de outubro, o post Internautas criticam governo por covardia diante da mídia refletiu o clima político diante de um governo que perdeu metade de 2011 administrando bombardeios contra ministros. Curiosamente, alguns dos que agora criticavam o governo haviam chamado de “teoria conspiratória” as previsões de que a demissão de Palocci desencadearia uma reação em cadeia. Os quase 500 comentários mostraram que a maioria dessas pessoas mudou de ideia.
Em 30 de outubro, finalmente a pior notícia do ano e, talvez, do século XXI – ao menos para a grande maioria dos brasileiros: Lula estava com câncer. O post Lula e os porões da política denunciava que a mídia estava comemorando – sim, co-me-mo-ran-do – o mal que se abatera sobre seu maior inimigo, do que decorreram ondas de lunáticos que passaram a postar as maiores barbaridades na internet sobre um fato que entristecera a quase totalidade do povo brasileiro.
Em 1º de novembro, o blog lança a Campanha respeitem Lula, o Estadista que ergueu o Brasil, em solidariedade ao ex-presidente e em repúdio a campanha agressiva desencadeada originalmente pela mídia contra o adversário fragilizado. Até o momento, além dos 553 comentários de apoio ao ex-presidente, a página da campanha no Facebook já contabiliza 2.676 adesões.  
Em 8 de novembro, no dia em que a Polícia Militar invadiu a USP com centenas de homens, helicópteros, blindados, em uma legítima operação de guerra, este blog publica o post Enquanto PM brinca de ditadura na USP, bandidagem faz a festa.
Em 17 de novembro, o segundo post mais lido do ano. Belo Monte de inúteis versou sobre vídeo estrelado por atores da Globo que tratava de desinformar a sociedade em relação à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, difundindo absurdos como o de que seria possível suprir a demanda energética do país com energias eólica ou solar. O post desencadeou uma reação que esmagou o trololó que há muito vinha sendo tecido contra a obra.
Em 2 de dezembro, no post Debate público sobre lei da mídia só virá com mobilização popular, o blog anuncia entendimentos embrionários entre setores da sociedade civil que pretendem se unir para desencadear uma grande campanha nacional em 2012 pela democratização da Comunicação.
Em 7 de dezembro, no post PF intimará Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi o blogueiro anuncia que fora intimado pela Polícia Federal para negar ou ratificar representação que assinou em 2010 em nome do Movimento dos Sem Mídia e que protocolou no Ministério Público para denunciar supostas fraudes em pesquisas eleitorais, e que, feita a ratificação, aqueles institutos de pesquisa seriam intimados a apresentar à PF os dados das pesquisas suspeitas.
Em 9 de dezembro, é lançado o maior best-seller político do século XXI no Brasil. E a Imprensa ‘independente’ esconde livro sobre privataria tucana, do jornalista Amaury Ribeiro, que em menos de um mês já vendeu mais de cem mil exemplares.
Em 10 de dezembro, o blog faz uma proposta aos seus leitores Doe um livro ao Ministério Público Federal – o livro, no caso, é A Privataria Tucana. Entre leitores do blog (em 348 comentários) e amigos do Facebook e do Twitter, quase 700 pessoas se comprometem a enviar o livro pelo correio à Procuradoria.
Em 16 de dezembro, outro furo: o post Folha ignora ombudsman e omite fatos sobre privataria tucana reproduz cópia de crítica interna da ombudsman da Folha, Suzana Singer, que recebeu de leitor que quis se manter anônimo. O texto da ombudsman contém críticas duras à Folha por ter escondido o livro-bomba da privataria e por ter se limitado a contestá-lo quando finalmente tocou no assunto.
Em 22 de dezembro, uma conclusão inescapável: Só o jornalismo salva a si mesmo.
Em 27 de dezembro, a última matéria de repercussão expressiva no ano. Baseado em pesquisas na web e no próprio livro A Privataria Tucana, o blog narra A carreira meteórica de Verônica Serra, texto que pesquisa no Google revela que, até agora, foi citado 21.500 vezes na internet.
Ufa! Foi um ano cheio não só para o blogueiro e para seus leitores, mas para a política no Brasil. Um ano de muita luta, de muita doação de todos nós que fazemos esta página. Em 2012, pois, estaremos de prontidão para continuar lutando para fazer do Brasil um país em que todos possam exercer sua cidadania plenamente.
Feliz 2012 a todos os leitores e leitoras desta página. Ano que vem tem mais.

Priscila Krause: MEA CULPA ou Malandragem?

Via blog O Cachete


Priscila Krause, vereadora do Recife pelo Democratas e líder da oposição ao prefeito João da Costa na Câmara Municipal, parece ter sentido o peso da opinião pública sobre a aprovação do reajuste em 62% no salário dos vereadores do Recife. A vereadora postou em sua página no site de relacionamentos Facebook um texto em que tenta se explicar e se coloca à disposição da população para ser "porta voz" da indignação provocada pelo aumento.
Krause foi um dos principais alvos  nas redes sociais e twitters e conversas Recife à fora. Isso porque a vereadora, na condição de líder da oposição, costuma posicionar-se de maneira muito enfática nas críticas ao julga mau uso de verbas públicas.
A equipe tentou entrar em contato com a vereadora mas não conseguiu resposta. Priscila está de férias numa praia alagoana e usou uma lan house para postar a mensagem.
Veja a íntegra de sua mensagem:
"Devo duas explicações, como faço permanentemente, ao prestar contas periodicamente, ao exercer o meu mandato dentro de princípios republicanos e em consonância com os anseios do povo do Recife. Tenho sido incansável no meu trabalho que é missão e vocação.
Primeira explicação sem tentar emitir juízos de valor e alterar a percepção das pessoas, mas tão somente esclarecer o processo: trata-se de um procedimento obrigatório que é o de fixar os vencimentos para a próxima legislatura.
Segunda explicação que é mais um COMPROMISSO: ao voltar do recesso, serei uma porta-voz do descontentamento da sociedade, expressa nas redes sociais e nos meios de comunicação de um modo geral, e proporei a reabertura de um debate amplo.
Desta forma, a Câmara e todos nós, políticos, reafirmaremos nossa disposição de estar atentos à opinião pública que não somente merece respeito como deve guiar os passos da atividade política.
Agradeço a contribuição crítica e me coloco à inteira disposição para manter o nosso diálogo. Abraços a todos"
Opinião dO Cachete:
Depois do escândalo do "Dinheiroduto" na Câmara de Recife, a Vereadora Priscila Krause tenta dar uma de "João Sem Braço" e se põe como porta-voz do povo contra os desmandos que ela avalizou! Cara de pau!!!
Troféu Óleo de Peroba para ela!!!!

Suicídio coletivo

No blog Os Amigos do Presidente Lula



"Se a Gazeta Esportiva não deu, ninguém sabe o que aconteceu".
(Slogan de um antigo jornal de São Paulo, nos tempos pré-internet, que ainda inspira muitos jornalistas brasileiros).
***
Daqui a cem anos, quando os historiadores do futuro contarem a história da velha mídia brasileira, certamente vão reservar um capítulo especial para o que aconteceu em 2011.

Foi o ano em que um livro desmascarou o que ainda restava de importância e influência da chamada grande imprensa na formação da opinião pública brasileira.O suicídio coletivo foi provocado pelo lançamento de um livro polêmico, A Privataria Tucana, do premiado repórter Amaury Ribeiro Júnior, com denúncias sobre o destino dado a bilhões de reais na época do processo de privatização promovido nos anos FHC.

Como envolve personagens do alto tucanato em nebulosas viagens de dinheiro pelo mundo, o livro foi primeiro ignorado pelos principais veículos do país, com exceção da revista "Carta Capital" e dos telejornais da Rede Record.

Nos dias seguintes, os poucos que se atreveram a tocar no assunto se limitaram a detonar o livro e o seu autor. Sem entrar no mérito da obra, o fato é que, em poucos dias, A Privataria Tucana alcançou o topo dos livros mais vendidos do país e invadiu as redes sociais, tornando-se tema dominante nas rodas de conversa do Brasil que tem acesso à internet. .

No final de semana, o fenomeno editorial apareceu nas listas de jornais e revistas, mas não mereceu qualquer resenha ou reportagem sobre o seu conteúdo.
Em 47 anos de trabalho nas principais redações da imprensa brasileira, com exceção da revista "Veja", nunca tinha visto nada igual, nem mesmo na época da ditadura militar, quando a gente não era proibido de escrever, apenas os censores não deixavam publicar.

Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que há alguns anos o mundo foi revolucionado por um negócio chamado internet, em que todos nos tornamos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qualquer notícia.

O que mais me espantou foi o silêncio dos principais colunistas e blogueiros do país _ falo dos profissionais considerados sérios _, muitos deles meus amigos e mestres no ofício, que sempre preservaram sua independência, mesmo quando discordavam da posição editorial da empresa onde estão trabalhando. Nenhum deles ousou escrever, nem bem nem mal, sobre A Privataria Tucana, com a honrosa exceção de José Simão.

Alguns ainda tentaram dar alguma desculpa esfarrapada, como falta de tempo para ler e investigar os documentos publicados no livro, mas a grande maioria simplesmente saiu por aí assobiando e mudando de assunto.

O que aconteceu? Faz algum tempo, as entidades representativas da velha mídia criaram o Instituto Millenium, uma instituição voltada à defesa dos seus interesses e negócios, o que é muito justo.

Sob a bandeira da "defesa da liberdade de expressão", segundo eles sempre ameaçada por malfeitores do PT e de setores do governo federal, os barões da mídia promoveram vários saraus para denunciar os perigos que enfrentavam. O principal deles, claro, era "a volta da censura".

Pois a censura voltou a imperar escandalosamente na semana passada, só que, desta vez, não promovida por orgãos do Estado, mas pelas próprias empresas jornalísticas abrigadas no Millenium, que decidiram apagar do mapa, não uma reportagem ou uma foto, mas um livro.

O episódio certamente será um divisor de águas no relacionamento entre a grande imprensa e seus clientes. Por mais que cada vez menos gente acreditasse nessa conversa, seus porta-vozes sempre insistiam em garantir que a mídia grande era independente, apartidária, isenta, preocupada apenas em contar o que está acontecendo e denunciar os malfeitos do governo, em defesa do interesse nacional e da felicidade de todos.

Agora, caiu definitivamente a máscara. Neste final de semana, ouvi de várias pessoas, em diferentes ambientes, que vão cancelar assinaturas de publicações em que não confiam mais.

Como jornalista ainda apaixonado pela profissão, fico triste com tudo isso, mas não posso brigar com os fatos. Foi vergonhoso ver o que aconteceu e não deu para esconder. Graças à internet, todo mundo ficou sabendo.E agora? O que vão dizer aos seus ouvintes, leitores e telespectadores?

Enviado por nosso leitor José Paulo Lopes

Venezuela e os novos desafios

Lido no blog do Miro

Por Beto Almeida

A semana que antecedeu o Natal em Caracas, permitiu observar aspectos importantes da cena política e social venezuelana, bem como compreender a dimensão dos desafios que a Revolução Bolivariana tem pela frente para seguir aprofundando um conjunto de medidas de sentido socialista.

Pois foi no período natalino, quando mais se pronuncia - e em grande parte em vão - a palavra solidariedade, que a Revolução Bolivariana se destaca por renovar a ajuda que, há oito anos, é destinada a comunidades pobres dos EUA, por intermédio da empresa estatal Citgo, subsidiária da PDVSA, a Petrobrás venezuelana. A cada inverno no hemisfério norte, que costuma ser rigoroso e causar mortes entre as famílias mais pobres, o governo Chávez doa um estoque de combustíveis para milhares cidadãos carentes de várias cidades dos EUA usarem em seu aquecimento doméstico.



Vale lembrar: recentemente as verbas oficiais utilizadas na compra destes insumos para proteção do frio foram cortadas pela insensibilidade do presidente Barack Obama. Isto, no mesmo ano em que os EUA multiplicaram seu orçamento bélico e quando sustentou, em conjunto com os endividados países da OTAN, 203 dias ininterruptos de demolidor bombardeio a Líbia. O que explica a nova alcunha do mandatário: Barack Obomba...Curioso foi notar que esta notícia foi publicada no jornal “El Nacional”, como a insinuar que seria absurdo Chávez preocupar-se com os pobres dos EUA. Registre-se: a tiragem deste jornal já alcançou 400 mil exemplares diários quando Chávez foi eleito, e agora, depois de 12 anos de editorialismo anti-chavista, e muito anti-jornalismo, a tiragem reduziu-se a 40 mil exemplares.

O reconhecimento da Cepal

Por falar em solidariedade prá valer, o período natalino coincidiu com a divulgação de Relatório da Cepal, intitulado “Panorama Social da América Latina 2011”, no qual se revela que, dentro de um quadro geral de redução da pobreza na região, é a Venezuela o país que registra a melhor distribuição de recursos orçamentários. Segundo a Cepal, no período compreendido entre 1990 e 2010 a taxa de pobreza na América Latina foi reduzida em 10 pontos percentuais, enquanto que na Venezuela, a redução da pobreza alcançou a cifra de 20 pontos percentuais considerando o período de 2002 a 2010.

Dados oficiais indicam ainda que a partir do início da Revolução Bolivariana até hoje, a Venezuela teve quase duplicada a sua taxa de investimento social, passando de 36 por cento em 1999, para 62 por cento na atualidade. Isto inclui vastos investimentos em educação que permitiram ao país ser reconhecido, pela UNESCO, como Território Livre do Analfabetismo. E também em saúde, pois hoje, a Venezuela já registra 90 por cento de abastecimento de água potável, sendo considerado, pela ONU, o país que melhor cumpre os Objetivos para Desenvolvimento do Milênio (ODM), na América Latina.

Petróleo e solidariedade

Todos estes e outros programas sociais tiveram sustentação fundamental na enorme renda petroleira da PDVSA. Razão pela qual o Presidente Hugo Chávez já polemiza com os vários pré-candidatos conservadores para a eleição de outubro de 2012, pois pretendem ver a empresa estatal dedicada apenas à compra e venda de petróleo e seus derivados, abandonando a missão social-transformadora que lhe foi assegurada pela Revolução Bolivariana.

“A eleição de 2012 será entre Chávez e os ianques”, disse o presidente bolivariano, acusando os direitistas de serem “apenas a voz da burguesia nacional e estrangeira”. Ao analisar o discurso do campo conservador, pode-se perceber realmente a intenção de fazer a Venezuela retroceder à era da “Maldição do Petróleo”, expressão utilizada para caracterizar países que, por sua riqueza petroleira, são condenados à cobiça imperial e a esmagar seu próprio povo em torturantes misérias sociais.

Enfrentar a pobreza extrema

Ainda não se sabe qual será o candidato da oposição para disputar com Hugo Chávez. Sabe-se apenas que todos os que se apresentam hoje são favoráveis ao retorno a uma relação de dependência ante aos EUA, e à anulação dos programas de industrialização, bem como dos programas sociais, considerados apenas assistencialismo, no que são apoiados por parte de uma intelectualidade desorientada.

Tal como o conservadorismo brasileiro, a oposição a Chávez percebe os efeitos largamente estruturantes que os programas sociais, lá batizados de Missão, carregam. Conduzem a uma relação mais direta com o estado, elevando o grau de cidadania, propiciando que populações historicamente marginalizadas de tudo, dos serviços públicos, da cultura, do consumo necessário e também da participação política, sintam-se reconhecidos.

A Missão Amor Maior, destina-se a apoiar aos homens maiores de 65 anos e mulheres de 60 anos que vivem em famílias com renda inferior a um salário mínimo. Após cadastrados, passam a receber uma renda mínima, mesmo que jamais tenham recolhido qualquer contribuição ao estado antes. No caso de cidadãos estrangeiros, poderão ser atendidos, desde que comprovem moradia na Venezuela por no mínimo 10 anos. Vale lembrar que a Venezuela, com quase 30 milhões de habitantes, possui pelo menos 4 milhões de colombianos refugiados da guerra entre as Farc e o Exército e paramilitares. Mas os colombianos também recebem documentação, têm acesso igualitário aos serviços de saúde (são atendidos também por médicos cubanos), às creches e às políticas sociais como os Mercals, mercados itinerantes organizados pelo estado, com preços 30 por cento em média mais baixos que no comércio normal.

Sabe-se que até mesmo as elites conservadoras, disfarçadas, já fazem compras nos Mercals, um reconhecimento involuntário de sua eficiência, muito embora mantenham a crítica aos programas de Chávez. A conduta desta elite não surpreende pelo venenoso egoísmo e insensibilidade: quando noticiou-se a enfermidade de Chávez um manto de silencio e tristeza abateu-se sobre a população de Caracas. Minutos depois, apenas nos bairros ricos, ouviu-se foguetório e comemoração, o que indica a baixa estatura moral desta gente para pretender governar um país com a digna história e a potencialidade da Venezuela.

Planificar, planificar, planificar

Em reunião do gabinete de governo, televisionada ao vivo pelo Canal 8, Chávez insistia na necessidade uma planificação superior, mais ordenada, capaz de descobrir e atender as necessidades da população mais carente. Por isso, por meio de um programa chamado Missão Vivenda (Moradia), o estado está buscando saldar o déficit habitacional venezuelano, um país conhecido por imensas favelas narradas nas canções rebeldes de Ali Primera, sem água tratada, sem eletricidade, barracos construídos em locais inadequados. Como no Brasil.

Mas, a planificação estimulada por Chávez visa não apenas atender às famílias cadastradas na Missão Vivenda, que prioriza as 30 mil famílias desabrigadas pelas chuvas de dezembro de 2010, mas também organizar para que estas famílias possam encontrar emprego ou fazer um curso profissionalizante, com bolsas também fornecidas pelo estado. Isto tem que estar contido na planificação estatal. Seguir o pobre até o fim da linha, até sua inserção no sistema de trabalho ou de estudo.

Similaridades

Um outro programa, batizado de Missão Filhos da Venezuela, destina-se a atender a todas as famílias com renda inferior a um salário mínimo, com filhos com idade até 17 anos, e também aquelas famílias carentes com pessoas com alguma necessidade especial em sua casa. Há ainda a preocupação em atender as adolescentes grávidas o que provocou críticas da imprensa conservadora insinuando que tal missão vai estimular a gravidez precoce.

A resposta de Chávez pela tv, com sua comunicação clara e popular, não se fez esperar: “O que quer a oposição? Que abandonemos as adolescentes grávidas à sua própria sorte?“ A prioridade nesta planificação superior sublinhada por Chávez deve ser a construção de uma engrenagem que conecte os programas sociais a uma profissão e a um emprego, priorizando sobretudo a pobreza extrema.

Informação e cidadania

Há similaridades com o Programa Bolsa Escola e com Brasil Sem Miséria, agora complementado pelo Viver Sem Limite, que buscam a pobreza mais extrema que ainda não tinha sido alcançado pelos programas sociais anteriores. E com um olhar especial para as famílias com pessoas com necessidades especiais. Na Venezuela, as famílias serão visitadas por brigadistas, casa por casa. As TVs estatais, ao longo de sua transmissão, informam numa faixa na parte inferior da tela, em que lugar podem ser feitas as inscrições para cada um destes programas, em casa cidade, em cada bairro, em cada endereço...

Aqui, o Programa Voz do Brasil, que informa positivamente sobre quando recursos do MEC ou do Ministério da Previdência chegam aos municípios, poderia também ser utilizado de forma mais ampla para informar sobre os programas sociais do governo Dilma.

Enquanto os pré-candidatos oposicionistas a Chávez recebem amplo apoio dos centros informativos vinculados aos EUA - afinal, será quem dará a última palavra sobre quem será o candidato da direita, como ocorreu nas recentes eleições na Nicarágua e Guatemala - não surpreende que a agenda política da oposição já esteja traçada.

Prioridade número um, claro, derrotar Chávez. Depois, anular totalmente o papel da PDVSA como alavanca dos programas sociais da Revolução Bolivariana. Além disso, desmontar a política externa bolivariana, que prioriza a integração latino-americana, tendo como conquista mais recente o apoio à fundação da CELAC (Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos), que prepara o funeral da funesta e colonialista OEA.

Integração em marcha

Outros instrumentos, que estão sendo implementados pela política externa bolivariana, entre eles o Banco do Sul, a Alba e, mais recentemente, o Banco da Petrocaribe, também são alvo da sanha destruidora da direita. Tais instrumentos fortalecerão ainda mais operações econômicas e comerciais integracionistas, como, por exemplo, a constante nos vários acordos firmados entre Dilma Roussef e Hugo Chávez agora em dezembro, que prevê a compra, pela Venezuela, de 20 aeronaves da Embraer para fortalecer a Conviasa, estatal que recuperou a aviação civil venezuelana.

Aliás, exemplo que poderia estimular a criação, no Brasil, de uma empresa pública de aviação para explorar o enorme potencial de aviação regional, lacuna de difícil explicação num país com indústria aeronáutica do porte da Embraer. Vale lembrar, há 3 anos, a operação de compra de 150 aviões Tucanos da Embraer pela Venezuela, foi vetada pelos EUA, o que não teria ocorrido se a soberania brasileira sobre a empresa não tivesse sido destruída pela privataria tucana.

Ciência da tática

Revelando provavelmente intenções sinistras, um dos candidatos da direita contra Chávez, um jovem rico chamado Leopoldo López, atual prefeito de um município colado à cidade de Caracas, anunciou a contratação do ex-presidente colombiano, Álvaro Uribe, marcado pela organização do macabro para-militarismo, para assessorar os programas de segurança de sua prefeitura. Preocupante: com Uribe presidente, Colômbia e Venezuela romperam relações e estiveram a ponto de um conflito armado.

Com a ciência da tática, Hugo Chávez busca afastar a Colômbia da agenda belicista do Pentágono, desenvolvendo acordos com o presidente José Manuel Santos que complementam segmentos econômicos dos dois países - que um dia foram uma só pátria, na era Bolívar -, inclusive ampliando o comércio bilateral que leva setores industriais colombianos a ver na Venezuela um mercado em expansão, dado a elevação do poder aquisitivo dos venezuelanos.

Com esta tática, se enfraquecem os segmentos da oligarquia colombiana que apostam numa agenda bélica entre os dois países em sintonia com o Pentágono. A crise do capitalismo e, nos EUA em particular, favorece a visão de que a integração latino-americana, baseada na cooperação, exige outras políticas da Colômbia, como de certa forma pode ser lido face à vitória das forças progressistas nas eleições de Bogotá. O que tende a dar mais prazos históricos de consolidação da Revolução Bolivariana.

Percebe-se, em Caracas, o fortalecimento da consciência solidária real. Não apenas natalina, passageira, retórica. Enquanto a Europa capitalista em crise assiste, estarrecida, a demolição dos direitos do Estado do Bem-Estar Social, a Venezuela bolivariana amplia direitos, reparte riqueza e prepara-se para ter uma nova Lei Orgânica do Trabalho. Exemplo disso é que grande parte das famílias desabrigadas pelas chuvas de dezembro passado foram acolhidas em Refúgios organizados e patrocinados por cada Ministério e cada empresa estatal.

Até mesmo a Telesur, que além de promover um jornalismo de integração, transformando a informação em ferramenta solidária entre os povos, organizou o seu Refúgio em um imóvel utilizado para depósito, sendo reformado e adaptado para abrigar 27 famílias flageladas. Ali elas encontram teto, comida, atendimento médico-odontológico e esperam, de modo decente, pela conclusão de 140 mil unidades residenciais que estão em fase de conclusão nos próximos dias. Neste programa habitacional, há uma importante cooperação com a Caixa Econômica Federal, parte dos acordos firmados entre Lula e Chávez e ampliados, recentemente, entre Dilma-Chávez.

Desafios

Lendo os jornais oposicionistas que circulam livremente em Caracas, nada disso se percebe. Não se tem notícia de um país que finalmente está utilizando a renda petroleira para industrializar-se, construindo infra-estrutura, com a participação do BNDES e empresas brasileiras, que operam na ampliação das várias linhas do moderno metrô caraquenho ou de teleféricos que atendem os bairros pobres nos morros, como San Agustín, assegurando um transporte decente para famílias carentes, tal como também no Complexo do Alemão. Indústria de automóveis e tratores iranianas, de caminhões e bicicletas chinesas, estão sendo implantadas. Um país que há 12 anos importava até alface de avião de Miami, já possui uma nova lei de terras e avança na construção de uma economia agrícola que nunca teve durante a maldição do petróleo. De importadora de fósforo a roupas, a Venezuela já exporta principalmente exemplos.

Mas, vale ressaltar, nada disso encontra-se nas páginas da imprensa conservadora. Mas, aos domingos, ao caminhar pelo centro de Caracas, já se nota uma cidade mais limpa, com uma coleta de lixo que funciona e com uma massa de caraquenhos que, ao sair do metrô e sentar num café ou num banco do Boulevar de Sabana Grande, recebe gratuitamente o jornal Ciudad Caracas (350 mil exemplares), em cujas páginas afloram os desafios bolivarianos: reduzir a abstenção eleitoral e assegurar, uma vez mais, pela via do voto popular e direto, que este processo transformador bolivariano, generoso e humanista, siga aprofundando-se. E com ele, a integração latino-americana baseada na cooperação e solidariedade entre os povos.

* Beto Almeida é membro da Junta Diretiva da Telesur