sábado, 21 de janeiro de 2012

ENEM te conto

Lido e pescado no blog Com Texto Livre

A grande imprensa brasileira gosta de criar alvoroço.
Fazem um alarido sem qualquer fundamento.
O ENEM sempre foi anual. Este ano, para beneficiar mais brasileiros havia a pretensão de realizar em dois períodos do ano distintos: uma no primeiro semestre e outra no segundo.
Considerando que a maioria das instituições de ensino superior que utilizam o ENEM para o ingresso em seus cursos, é semestral.
Em decorrência de exigências não programadas, tecnicamente se tornou inviável a realização em duas datas.
Em outras palavras, conservaram-se todos os avanços que estão ocorrendo no processo, mas, não se expandiu para mais uma data, o que não significa que, encontrada as condições técnicas isso não venha a ocorrer.
Curioso é que os maiores críticos do ENEM, de um instante para outro, transformaram-se em ardorosos defensores.
Não tenho dúvidas que talvez, estes meios de comunicação já disponham de algumas informações que indiquem o potencial crescimento do nome de Haddad como pré-candidato em São Paulo.
Nesse caso, o tiro sairá pela culatra e, ao invés de derrubarem a sua candidatura estão fazendo crescê-la, até porque muitos brasileiros não acreditam em determinados veículos de comunicação.
Nós, petistas, sabemos que todo esse alarde tem um propósito definido e sabemos que ao final, a compreensão da sociedade brasileira, fará justiça.
Quanto mais baterem em Haddad mais a sociedade vai conhecer suas qualidades e saber de seu trabalho, o que para desespero dos conservadores, estarão ajudando a construir o caminho para a Prefeitura de São Paulo.
O importante nesse momento é saber que existem, diria Janio Quadros, “forças ocultas” desejando desestabilizar um projeto novo.
Não é o direito dos alunos em participar do ENEM que os preocupa, mas tão somente o resultado das eleições que se aproximam.
O projeto novo que querem desestabilizar tem nome: HADDAD.
Assim, feitas essas ponderações, tenho a certeza de que o caminho é esse.
Depois de toda essa “marola”, diria Lula, a verdade vai sacramentar mais uma vitória nas urnas e estes meios de comunicação que tem vocação vampiresca, não resistirão ao brilho da estrela e terão que mais uma vez fazer o seu mea culpa.
Hilda Suzana Veiga Settineri
No Guerrilheiros Virtuais

O jornalismo hipócrita da Rede Globo e da mídia nacional

Extraído do blog Brasil Mobilizado


O jornalismo hipócrita da Rede Globo e da mídia nacional 

O jornalismo hipócrita da Rede Globo e da mídia nacional. 16233.jpegNo primeiro dia útil de 2012 a Rede Globo e a mídia brasileira noticiaram - de forma hipócrita - que o Irã, mais uma vez, desafiava o mundo ao fazer testes com mísseis de médio e longo alcance no Estreito de Ormuz, por onde passa a maior parte do petróleo consumido no ocidente, fornecido por monarquias árabes corruptas e subservientes ao imperialismo e ao sionismo.

O "jornalismo" da Globo tenta induzir a opinião pública mundial a apoiar qualquer tipo de ação criminosa por parte dos EUA ou da Otan contra o Irã, para favorecer a política belicista e imperialista dos EUA e racista de Israel.

A imprensa brasileira, na sua maioria, contrata agências de notícias norte-americanas para divulgar informações de países estrangeiros. Ora, as agências de notícias norte-americanas são financiadas pelo governo norte-americano justamente para mentir e enganar a opinião pública mundial. Portanto, a imprensa brasileira compra mentiras e divulga mentiras sendo, portanto, cúmplice de crimes de guerra e de crimes contra a humanidade.

Os proprietários dos grandes meios de comunicação do Brasil deveriam ser levados às cortes internacionais por associação a crimes de lesa humanidade, por justificar - por exemplo - a guerra ao Iraque, Afeganistão, Líbia, e agora por apoiar guerras na Síria e
Irã.
 
Notícias tendenciosas
 
Esse conglomerado de empresas que fabricam notícias tendenciosas, que se diz "imprensa livre", não publica uma palavra sobre os crimes do governo norte-americano na Guerra da Coréia (onde os norte-americanos assassinaram 1 em cada 3 coreanos em 1950, dizimando 1/3 da população daquele país, onde seguem fazendo chantagens e ameaças atômicas, dividindo o país em fazendo da Coréia do Sul um depósito de armas e bombas atômicas). 
 
Nada sobre o assassinato pelos EUA e Otan de mais de 200 mil pessoas na Líbia. Essa pretensa mídia comercial não publica uma palavra sobre as bombas atômicas norte-americanas e suas 965 bases militares construídas para dominar o mundo. Nenhuma palavra sobre as armas químicas e biológicas atualmente desenvolvidas em laboratórios norte-americanos para serem usadas como armas de destruição em massa.
 
Os ataques diários da mídia ocidental à República Islâmica do Irã tem o único objetivo de incentivar e estimular uma nova guerra para favorecer os interesses mercantilistas de investidores norte-americanos e israelenses (judeus sionistas), detentores da maioria das ações das indústrias bélicas e petrolíferas na Bolsa de Valores de Nova Iorque.
 
O roqueiro Raul Seixas tinha razão: "Mamãe não quero ler jornais: mentir sozinho eu sou capaz".
 
Fonte: Jornal Água Verde

Monsanto denunciada na Argentina


A Administração Federação de Receitas Públicas (AFIP, da sigla em espanhol) da Argentina denunciou a Monsanto por tráfico de pessoas e exploração de 65 trabalhadores em condições degradantes com base em uma fiscalização realizada no final do ano passado. A informação é do jornal argentino Página 12, que publicou reportagem sobre o assunto na edição desta terça-feira, 17 (leia o texto em espanhol).  O flagrante aconteceu em um dos campos da Rural Power, empresa contratada pela Monsanto, que também acabou sendo denunciada.
De acordo com a publicação, os camponeses contratados para trabalhar na lavoura de milho foram levados para uma área a 200 km de Buenos Aires, e, então, enganados, endividados e impedidos de deixar o local. À fiscalização, eles disseram, ainda segundo o jornal, cumprir jornadas de até 14 horas seguidas no processo de desfloração do milho.
Na produção de sementes transgênicas, trabalhadores rurais têm que separar manualmente as flores de algumas das espigas para tentar controlar o processo de reprodução e as características desejadas na nova safra. Na Argentina, as denúncias de violações trabalhistas no cultivo de milho transgênico têm sido constantes.
Procurados pela Página 12, os representantes da empresa no país afirmaram que realmente o campo foi inspecionado, mas que a e multinacional não foi informada sobre a denúncia. Eles ressaltaram que a Monsanto mantém “os padrões mais altos para os trabalhadores” e forte preocupação em relação a “direitos humanos”, e que a Rural Power também se adéqua às normas da companhia e à lei argentina.

Mino, o BBB, as cotas e negros de alma branca

Extraído do Com Texto Livre

O Conversa Afiada tem o prazer de publicar excelente artigo de Mino Carta na edição da Carta que chegou nesta sexta-feira às bancas.
É uma aula sobre a mídia nativa (aqui, tratada de o PiG) e a subdemocracia em que vivemos – ou a treva, para usar expressão dele.
Mino trata, com a usual maestria, da relação entre negros de alma branca, o racismo e a oposição às cotas.
É por aí que o Mino fere a Globo – e o Big Brothel Brasil.
O estupro, o edredon – isso é secundário.
Este ansioso blogueiro fez o mesmo em relação a Ali Kamel – inimigo feroz das cotas – e a Herraldo Pereira e mereceu uma multiplicidade de processos por … racismo, com a assistência indispensável de "Gilmar Dantas".
Mino, que se prepare.
A Globo e Gilmar vão para cima de você.
E terei essa honrosa companhia.
E que fique bem claro: cotas evitam o racismo; ser contra as cotas é estimular o racismo.
Ser contra as cotas é requisito para se tornar repórter da Globo?
Ou o Ali Kamel é menos trevoso – como diz o Mino – que o Boninho?
Ponto e basta!
Ou neste ambiente de trevas só a Globo pode ter opiniões?
Não é isso, Mino?
Eis a aula magna:
A serviço da treva
Âncora do Jornal Nacional da Globo, William Bonner espera ser assistido por um cidadão o mais possível parecido com Homer Simpson, aquele beócio americano. Arrisco-me a crer que Pedro Bial, âncora do Big Brother, espere a audiência da classe média nativa. Ou por outra, ele apostaria desabridamente no Brasil, ao contrário do colega do JN. Se assim for, receio que não se engane.
Houve nos últimos tempos progressos em termos de inclusão social de sorte a sugerir aos sedentos por frases feitas o surgimento de uma “nova classe média”. Não ouso aconselhar-me com meus carentes botões a respeito da validade dos critérios pelos quais alguém saído da pobreza se torna pequeno burguês. Tanto eles quanto eu sabemos que para atingir certos níveis no Brasil de hoje basta alcançar uma renda familiar de cerca de 3 mil reais, ou possuir celular e microcomputador.
Tampouco pergunto aos botões o que há de “médio” neste gênero de situações econômicas entre quem ganha salário mínimo, e até menos, e, digamos, os donos de apartamentos de mil metros quadrados de construção, e mais ainda. Poupo-os e poupo-me. Que venha a inclusão, e que se aprofunde, mas est modus in rebus. Se, de um lado, o desequilíbrio social ainda é espantoso, do outro cabe discutir o que significa exatamente figurar nesta ou naquela classe. Quer dizer, que implicações acarreta, ou deveria acarretar.
Aí está uma das peculiaridades do País, a par do egoísmo feroz da chamada elite, da ausência de um verdadeiro Estado de Bem-Estar Social etc. etc. Insisto em um tema recorrente neste espaço, o fato de que os efeitos da revolução burguesa de 1789 não transpuseram a barreira dos Pireneus e não chegaram até nós. E não chegou à percepção de consequências de outros momentos históricos também importantes. Por exemplo. Alastrou-se a crença no irremediável fracasso do dito socialismo real. Ocorre, porém, que a presença do império soviético condicionou o mundo décadas a fio, fortaleceu a esquerda ocidental e gerou mudanças profundas e benéficas, sublinho benéficas, em matéria de inclusão social. No período, muitos anéis desprenderam-se de inúmeros dedos graúdos.
A ampliação da nossa “classe média”, ou seja, a razoável multiplicação dos consumidores, é benfazeja do ponto de vista estritamente econômico, mas cultural não é, pelo menos por enquanto, ao contrário do que se deu nos países europeus e nos Estados Unidos depois da Revolução Francesa. De vários ângulos, ainda estacionamos na Idade Média e não nos faltam os castelões e os servos da gleba, e quem se julga cidadão acredita nos editoriais dos jornalões, nas invenções de Veja, no noticiário do Jornal Nacional. Ah, sim, muitos assistem ao Big Brother.
Estes não sabem da sua própria terra e dos seus patrícios, neste país de uma classe média que não está no meio e passivamente digere versões e encenações midiáticas. Desde as colunas sociais há mais de um século extintas pela imprensa do mundo contemporâneo até programas como Mulheres Ricas, da TV Bandeirantes. Ali as damas protagonistas substituíram a Coca e o Guaraná pelo champanhe Cristal. Quanto ao Big Brother, é de fonte excelente a informação de que a produção queria um “negro bem-sucedido”, crítico das cotas previstas pelas políticas de ação afirmativa contra o racismo. Submetido no ar a uma veloz sabatina no dia da estreia, Daniel Echaniz, o negro desejado, declarou-se contrário às cotas e ganhou as palmas febris dos parceiros brancos e do âncora Pedro Bial.
A Globo, em todas as suas manifestações, condena as cotas e não hesita em estender sua oposição às telenovelas e até ao Big Brother. E não é que este Daniel, talvez negro da alma branca, é expulso do programa do nosso inefável Bial? Por não ter cumprido algum procedimento-padrão, como a emissora comunica, de fato acusado de estuprar supostamente uma colega de aventura global, como a concorrência divulga. Há quem se preocupe com a legislação que no Brasil contempla o específico tema do estupro. Convém, contudo, atentar também para outro aspecto.
A questão das cotas é coisa séria, e quem gostaria de saber mais a respeito, inteire-se com proveito dos trabalhos da GEMAA, coordenados pelo professor João Feres Jr., da Universidade do Estado do Rio de Janeiro: o site deste Grupo de Estudos oferece conteúdo sobre políticas de ação afirmativa contra o racismo. Seria lamentável se Daniel tivesse cometido o crime hediondo. Ainda assim, o programa é altamente representativo do nível cultural da velha e da nova classe média, e nem se fale dos nababos. Já a organização do nosso colega Roberto Marinho e seu Grande Irmão não são menos representativos de uma mídia a serviço da treva.

ARGENTINA: DECLARAÇÕES DO REINO UNIDO SOBRE MALVINAS SÃO OFENSIVAS

Pescado no blog Ronaldo - Livreiro



Fonte Democracia e Política


O governo da Argentina classificou, na quarta-feira (18), como “absolutamente ofensivas” as declarações do primeiro ministro britânico, David Cameron, que acusou o país do sul de “colonialismo” por sua reclamação de soberania das ilhas Malvinas, objeto de uma guerra entre ambas as nações em 1982.

“São absolutamente ofensivos, sobretudo se tratando do Reino Unido. A história mostra claramente qual foi sua atitude [colonialista] frente ao mundo”, manifestou o ministro do Interior Florencio Randazzo, como registrou a agência [espanhola de notícias] EFE.



O ministro indicou que o governo da presidente Cristina Kirchner, aspira que o Reino Unido “aceite a resolução das Nações Unidas (ONU) e negocie a soberania do arquipélago localizado no Atlântico Sul”.


O chanceler argentino, Oscar Laborde, disse que os últimos acontecimentos na América Latina demonstram o isolamento da Grã Bretanha em torno da questão das Malvinas.


Ele esclareceu ao jornal argentino “Página/12” que as nações da América Latina expressam, cada vez mais, respaldo à causa argentina, na demanda pela soberania sobre a ilha.


Como exemplo, Laborde citou o apoio recebido por parte do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), a União de Nações Sul Americanas (UNASUL) e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).


Há, evidentemente, avanço que vai terminar fazendo o império britânico sentar e negociar, como foi resolvido pelas Nações Unidas”, assegurou o representante da chancelaria argentina.


HISTÓRICO


Em 1965, o “Comitê de Descolonização” da ONU decidiu que, nas Malvinas, há uma situação colonial que deve ser resolvida por meio de negociações entre a Argentina e o Reino Unido.


A Grã Bretanha enviou, em 1833, uma navio de guerra que invadiu as ilhas e desalojou a população argentina que se encontrava nesse território.


Cameron anunciou que convocou o “Conselho Nacional de Segurança” britânico para abordar a questão da situação nas ilhas.


Com base nas declarações da ONU, a Argentina sustenta que os malvinenses não têm direito à autodeterminação por se tratar de descendentes de colonos ingleses.


[OBS deste blog ‘democracia&política’: Cameron, primeiro-ministro do Reino Unido, ofendeu e debochou da inteligência dos argentinos e do resto do mundo ao dizer que “deve ser respeitada a autodeterminação dos habitantes das Malvinas, que querem continuar integrando o Reino Unido”. A gozação de David William Donald Cameron é o fato de que os malvinenses, desde a expulsão dos argentinos, são funcionários civis e militares ingleses e seus familiares e descendentes. Logicamente, não querem mudar de cidadania].


O governo argentino também reclama que o Reino Unido retome as negociações de soberania interrompidas desde a guerra travada em 1982, na qual triunfaram as tropas britânicas.


Complentação deste blog 'democracia&política':


DOCUMENTÁRIO SOBRE A GUERRA DAS MALVINAS:
 
FONTE: Alto Vale Notícias (AVN). Traduzido e transcrito pelo portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=173626&id_secao=7) [imagens do Google,. trechos entre colchetes e vídeo adicionados por este blog ‘democracia&política’].

A MÍDIA E O COMPLEXO DE CAROLINA

Extraído do Mingau de Aço



COMENTÁRIO DESTE BLOGUE: A velha imprensa parece não escrever para os brasileiros, mas para os norte-americanos, tão rabugenta diante dos progressos sócio-econômicos brasileiros, que, se estão longe do ideal, já começam, todavia, a serem expressivos.

A mídia e o complexo de Carolina

Por Washington Araújo - Blogue Um cidadão do mundo

Não faz tanto tempo assim, mas é fato que a grande imprensa celebrava do nascer ao pôr do sol e madrugada afora o fato de o Brasil ocupar a oitava posição dentre as maiores economias do mundo. Nas últimas semanas de 2011, ficamos sabendo, pela mídia internacional, que nossa posição avançou rumo ao topo: o Brasil já é a sexta maior economia do mundo.

Ultrapassou nada menos que o Reino Unido, aquele antigo império “em que o sol nunca se põe”, e que nunca deixava de estar hasteada, ao longo das 24 horas, a bandeira da Union Jack – da Europa à África, da Ásia à América, passando pelos chamados protetorados no Oriente Médio.

O Reino Unido comandou com mão de ferro a Índia, a África do Sul, Hong Kong… e é bem longa a lista. Apropriou-se da culinária mundial, sem ao menos dar o crédito aos seus verdadeiros donos: quem não consome diariamente a batata inglesa, o chá inglês, a casemira inglesa?

A partir de meados do século passado teve início a derrocada do império: foi obrigado a deixar a Índia com os indianos, em 1947, e a fazer reverências a seu líder maior, o Mahatma Gandhi; nos anos 1990 testemunhou o fim do odioso regime por ele mesmo implantado na África do Sul – o apartheid –, vendo surgir após 27 anos de cadeia o seu líder natural, Nelson Mandela; e, já no finalzinho daquele século, devolveu Hong Kong à China, por força de cláusulas contratuais em tratado firmado pelas duas nações.

Sem ver

Com cenário tão instigante, tão rico em história e em simbolismo, ainda assim nossa imprensa mais vistosa preferiu repercutir o feito de maneira tímida, quase que envergonhada, como se não passasse de reles disparate, de algo inconcebível a um país talhado para ser não mais que uma invenção do futuro – bem ao estilo da expressão de Stefan Zweig – aquele inatingível e fantasioso “País do Futuro”.

Isso demonstra à larga que não decorreu tempo suficiente para mudarmos nossos conceitos sobre o Brasil, seu potencial, sua importância geopolítica, suas riquezas naturais e humanas. Ficamos como que aprisionados à ideia romântica do Brasil festejado em nosso hino, o Brasil “deitado eternamente em berço esplêndido”.

Acostumados a explorar mazelas de todos os povos e países como invenções absolutamente nossas – corrupção, narcotráfico, malandragem, “jeitinho”, a noção nefasta da Belíndia –, a grande imprensa teve que engolir em seco seu olhar míope e acostumado em criar sua realidade paralela, aquela do país que não tem com dar certo e que precisa se acomodar, mesmo que seu pé seja tamanho 42 em sapato tamanho 36. Isso, segundo nossos oráculos de Delfos, que desde a manhã até à noite não param de azucrinar nossos olhos e ouvidos com presságios cada vez menos críveis, dando conta que o Brasil precisa urgentemente de uma primavera árabe, de um movimento ao estilo “occupy Wall Street”, e de fartas imagens tão artificiais quanto patéticas de vassouras limpando a nódoa da corrupção das nossas grandes cidades.

E a grande imprensa, mais uma vez, erra – e feio – ao querer importar de outros países uma realidade que não é a nossa: por que uma primavera árabe se temos eleições universais, diretas e livres a cada dois anos? Por que ocupar a Bolsa de São Paulo ou o Banco Central em Brasília se nossa economia, ao invés de gerar desemprego em massa, inflação apontando no horizonte e estagnação e colapso financeiro iminentes, encontra-se – nas palavras de nossos filhos – “bombando” e com viés de alta? Por que apoiar o movimento das vassouras quando existem vassouras demais, vistosas demais, novas demais, uniformes demais, fashion demais, coreografadas demais e poucos (ou quase nenhum) vassoureiro para empunhá-las?

A verdade é que não temos nenhum brasileiro se imolando na Cinelândia carioca nem na Praça da Sé paulistana, muito menos na mineira Afonso Pena ou nas imediações do Pelourinho baiano. E não temos por vários motivos. Dentre estes podemos citar o fato de que desde 2004 o premonitório slogan “Orgulho de ser brasileiro” deixou de ser mero reclame institucional do governo federal para ser sentimento vivo, pulsação corrente no corpo do país. A Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, as descobertas de vastas extensões de lençóis petrolíferos na camada do pré-sal, o Brasil já ser “a terceira maior economia europeia”, atrás apenas da Alemanha e da França.

E os brasileiros viram tudo isso acontecer em brevíssimo espaço de tempo. Mas nossa grande imprensa não viu e se recusa a ver. O que lhe interessa mesmo é explorar a doença e não a saúde, o veneno e não o antídoto, o retrovisor com as surradas visões do passado e não o espelho do presente e do futuro.

O tempo passa

Começa 2012 e logo no primeiro dia do ano entrou em vigor o novo salário mínimo, de R$ 622. Representa um aumento real (descontada a inflação) de 9,2% em relação ao mínimo vigente até 31 de dezembro de 2011, de R$ 545. O reajuste real do mínimo é o maior desde o ano eleitoral de 2006. E injetará formidáveis R$ 47 bilhões na economia neste ano, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Esta e várias outras notícias foram tratadas como miçangas nas editorias dos jornalões e dos telejornais de maior audiência da tevê aberta brasileira.

A quem interessa isso?

Cada povo tem o governo que merece. E também a mídia que merece. E enquanto atuar dessa forma tão seletiva de fabricar a realidade que melhor atenda a seus interesses, a verdade é que nem o país ultrapassando as economias da China e dos Estados Unidos juntas, nem se transferindo a sede das Nações Unidas para Manaus, nem a Europa adotando o real em lugar do euro, ainda assim não nos veremos estampados nas capas de jornais e revistas, na escalada de matérias do Jornal Nacional.

A nossa grande imprensa prefere ver o futuro com aquele olhar perdido de Carolina, a eterna moça sonhadora que ficava na janela (e na poesia de Chico Buarque) vendo o tempo passar. Minuto a minuto, hora a hora. E nisso passa por sua janela tudo do bom e do melhor, mas só Carolina não vê. Ou se recusa a ver.

Arrisco-me a inferir que nossa grande imprensa sofre do complexo de Carolina.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Extraído do Portal Vermelho.org

João Novaes: China avança na Ásia e provoca contra-ataque dos EUA

Impulsionada por um crescimento econômico elevado e constante na última década, a China busca agora assumir o papel de protagonista no equilíbrio geopolítico no Leste Asiático. Para isso, precisará diminuir a forte influência dos Estados Unidos sobre as outras duas potências econômicas da região – Japão e Coreia do Sul –, além da ilha de Taiwan.

Por João Novaes*

O governo de Barack Obama, por sua vez, já notou o avanço do dragão chinês e prepara o contra-ataque para recuperar um terreno que já perdeu. A disputa pelo Pacífico está aberta. Não se espera, logicamente, uma reedição da Guerra Fria, mas as duas superpotências têm investido pesado e tomado importantes decisões relacionadas à região desde o mês de dezembro. Enquanto os EUA investem em expandir sua influência na esfera militar, a China se articula para aumentar ainda mais a interdependência econômica com seus vizinhos, a ponto de superar históricas divergências políticas e históricas em relação a eles.

Para o professor de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco Alexandre Uehara, é certamente exagero comparar a atual disputa geopolítica com um cerco estratégico nos moldes do passado. Entretanto, à exceção do Japão, ele considera todo o Extremo Oriente, incluindo o Sudeste Asiático, não vê com bons olhos uma presença tão intensa dos EUA. “A possível mudança está em gestação, mas deve acontecer em algum momento. Ela passará por uma relação um pouco mais independente tanto política, militar e economicamente” em relação aos EUA.

O que não se pode negar é que o crescimento chinês tem sido vital para aumentar a influência estratégica da China no Pacífico, mudando a correlação de forças em seu favor. Uehara lembrou, porém, que nem sempre foi assim. Na década de 1990, por exemplo, havia o temor das “três Chinas”, quando ainda se questionava o que iria acontecer com a devolução de Hong Kong e Macau à soberania de Pequim. “Isso dificultava as negociações dos chineses nos fóruns multilaterais. Por causa desse temor, a China sempre se encontrava em uma posição de desvantagem e de oposição durante as negociações”.

“A política chinesa externa hoje busca conquistar simpatia e confiança de seus vizinhos. Em comparação ao cenário de uns 15 anos atrás, a China tinha muita dificuldade em razão do temor de que a China poderia vir a ser a partir do momento que se tornasse uma superpotência”, continuou Uehara.

“Mesmo muito ligado aos norte-americanos após a Segunda Guerra, o Japão, está muito próximo da China comercialmente. Hoje a China já é sua principal parceira econômica. E, por outro lado, também há um enorme volume de investimentos japoneses na China. A interdependência econômica é muito grande”, disse Uehara. “Atualmente, os acordos avançam. E esse é um dos pontos que os EUA temem hoje, a real e já consolidada ampliação da influência chinesa na região asiática”, completou.

Primeiro round

No último Natal, durante um encontro de cúpula entre os premiês japonês, Yoshihiko Noda, e o chinês Wen Jiabao, foi anunciado que os dois países irão promover o uso de suas respectivas moedas, o iene e o iuan, no comércio bilateral. A diretriz visa reduzir o uso do dólar nas trocas cambiais entre os dois países e, por consequência, limitar o papel dela na região de maior ritmo de expansão do mundo.

Ao mesmo tempo em que acontecia essa reunião, o BCP (Banco Popular da China) emitia um comunicado na mesma direção, recomendando o uso direto de suas divisas nas transações entre ambos os Estados, algo que Pequim já iniciou com outras nações, como os vizinhos do sudeste asiático.

A ideia de enfraquecer o poder do dólar na região não é nova, lembra Uehara. O iene, o iuan e “até uma moeda asiática, seguindo o modelo do euro”, já foram cogitadas como novas referências monetárias no passado. “A moeda norte-americana vem perdendo o status internacional de outros momentos, quando os EUA eram uma economia muito superior às demais. Isso deve acontecer independente de qualquer iniciativa asiática”, afirmou.

Um benefício imediato dessa medida seria reduzir os custos nas transações bilaterais. Os governos não anunciaram um prazo para a implementação dos itens previstos no acordo. E, enquanto a China mantiver câmbio fixo sobre a conversibilidade de sua moeda, o iuan estará limitado internacionalmente.

O encontro entre os líderes também estabeleceu um plano para que o JBIC (Japan Bank of International Cooperation, órgão do governo japonês responsável por apoiar investimentos do país no exterior) venda bônus denominados em iuans na China, o que representa um impulso para os esforços de Pequim de aprofundamento do mercado doméstico de capitais. Os líderes dos dois países também acertaram uma série de acordos de parceria econômica de relevância. E, em nenhum momento foram discutidas as disputas territoriais envolvendo os dois países no Mar da China Oriental.

“Dentro do contexto asiático no Pacífico, é comum dois países terem uma interdependência econômica muito forte e quase independente das tensões e disputas territoriais – na medida do possível”, disse Uehara.

A visita de Noda ocorreu dias depois que uma embarcação de pesca foi detida pela guarda costeira japonesa enquanto trabalhava em águas reivindicadas pelos dois países, por um tempo considerado excessivo pelas autoridades chinesas. O incidente, no entanto, não gerou os mesmos desdobramentos diplomáticos e comerciais que uma detenção similar gerou em 2010. “As questões políticas entre os dois países ainda não estão bem resolvidas. O Japão tem muito mais confiança em relação a tratados mútuos com os Estados Unidos do que com a China”, explicou Uehara.

No encontro de cúpula, Wen também revelou que China espera acelerar o processo de constituição de uma zona de livre comércio entre China, Japão e Coreia do Sul, bem como impulsionar a cooperação monetária e financeira no Leste Asiático. No último dia 6, o jornal China Daily anunciou que os três países deverão começar as negociações em maio, citando fontes do Ministério do Comércio. Além do aspecto geopolítico, essa é muito mais uma necessidade de reforçar o comércio regional e se precaver contra a queda de exportações dos Estados Unidos e da União Europeia.

Nos últimos dez anos, desde que a China ingressou na Organização Mundial do Comércio, a segunda economia mundial assinou tratados deste tipo com o Chile, Peru, Costa Rica, Paquistão, Cingapura, Nova Zelândia e Taiwan. Também assinou acordo similar com a Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), criando a maior zona de livre-comércio do mundo.

O fator Pyongyang

No dia seguinte ao encontro, Noda reuniu-se com o presidente Hu Jintao, para tratar de um tema mais emergencial: a morte do líder norte-coreano Kim Jong-il. Os japoneses e norte-coreanos precisam da mediação chinesa para evitar um eventual conflito com Pyongyang no futuro. Como a Coreia do Norte é suspeita de possuir armas nucleares, as consequências seriam imprevisíveis.

Historicamente, a China é o único aliado da Coreia do Norte na região, e seu maior fornecedor de ajuda humanitária e energética. Segundo Uehara, a aliança entre chineses e norte-coreanos não atrapalharia em nada a política de aproximação entre Seul e Pequim.

“A Coreia do Sul tem a China como importante parceiro comercial, independentemente das relações com os norte-coreanos. No campo político, eles consideram importante esse papel da China até para que ela consiga ter alguma influência nos vizinhos do norte. Eles podem evitar que Pyongyang adote posturas mais agressivas ou até irresponsáveis”, afirmou. Para o especialista, se, em um cenário utópico, o governo de Seul tivesse de optar entre manter relações ou com a China ou com o Japão, é bem provável que eles optassem por Pequim.

A China rebelde

Neste sábado (14/01), a China teve mais uma boa notícia: a reeleição de Ma Ying-jeou à Presidência de Taiwan. O líder do KMT (Kuomintang) é considerado o melhor aliado que Pequim já teve desde quando ilha e continente se separaram politicamente em 1949. Em sua administração, os dois lados do Estreito de Taiwan firmaram um acordo de cooperação econômica, abriram a possibilidade de investimentos mútuos e estabeleceram voos aéreos diretos.

Ma derrotou Tsai Ing-wen, do PDP (Partido Democrático Progressista), por 51,6% dos votos contra os 45,6%. Para a oposicionista, a aproximação com Pequim já tinha ido longe demais. Ela defendia um novo consenso social, com a participação de grupos civis e políticos, antes de novas negociações com os vizinhos. Também rejeitava a atual base de laços entre os dois Estados, firmada pelo Consenso de 1992. O acordo prevê que cada lado afirma a existência de uma única China, e os definem cada um à sua maneira. A população local, segundo Uehara, fica muito dividida sobre a questão.

Antigamente conhecida como “Formosa”, Taiwan foi separada da China em 1949, no início da Guerra Civil Chinesa e no contexto da Guerra Fria. Desde então, é considerada uma província rebelde pelo governo de Pequim, que ameaça intervir militarmente caso esta declare sua independência formal. No entanto, uma invasão por parte do continente provocaria uma reação militar imediata dos EUA, aliado histórico dos separatistas desde a cisão.

A reação do Pentágono

Washington, por sua vez, iniciou o contra-ataque. No último dia 5, Barack Obama apresentou um novo plano de Defesa, de oito páginas. Como sinal dos novos tempos, foi marcado pela austeridade, com diversos cortes de investimento e pessoal, especialmente na América Latina, África e Europa.

Ficou claro que, à exceção do Oriente Médio, a prioridade será para manter a força na Ásia e no Pacífico. O plano se concentra no que Obama chama de eventuais desafios provenientes do Irã e da China, com enfoque para as forças aéreas e navais. Índia e Austrália se tornariam parceiros-chave nessa nova configuração.

“Sim, nossas tropas serão mais enxutas, mas o mundo inteiro deve saber: os Estados Unidos vão manter sua superioridade militar com forças armadas ágeis, flexíveis e prontas a reagir ao conjunto de circunstâncias e ameaças possíveis contra os interesses do país. (...) Vamos reforçar nossa presença na Ásia e no Pacífico, e os cortes no orçamento não ocorrerão às custas dessa importante região”, a qual classificou de “crucial”, afirmou o presidente norte-americano em discurso no Pentágono.

O interesse de Washington na Ásia é alimentado pelas preocupações sobre a força naval e o arsenal chinês de mísseis contra navios, que poderiam desafiar a superioridade militar americana no Oceano Pacífico e seu acesso ao Mar do Sul da China, rico em minerais.
O anúncio irritou Pequim. Quatro dias depois, o porta-voz da chancelaria Liu Weimin disse que a acusação contra a China no documento não tinha base, e era irrealista. O ministério da Defesa advertiu os EUA para serem “mais cuidadosos em suas palavras e ações“. As acusações feitas contra a China pelos EUA neste documento são totalmente infundadas.

No dia seguinte, a agência de notícias estatal Xinhua afirmou que a China “saúda” a maior presença dos EUA na Ásia, desde que isso ajude a promover a paz na região. “O papel dos EUA está se realizado de forma positiva e livre da mentalidade da Guerra Fria. Vai não apenas ser benéfica para a estabilidade regional, mas será bom para a China. Mas, enquanto aumenta sua presença militar na Ásia e no Pacífico, os Estados Unidos devem se abster de flexionar seus músculos”. O recado não poderia ser mais claro.

*João Novaes é jornalista.

Fonte: Opera Mundi

Ancestrais do BBB: Saló ou os 120 dias de Gomorra (e o Marquês de Sade)


Em 1975 o provocador diretor italiano Pier Paolo Passolini fez um filme perturbador, daqueles que provoca a ira de muitos que o assiste (ou começam a assistir, pois muita gente não vai até o fim): "Saló ou os 120 dias de Gomorra".

A obra é uma livre adaptação de histórias de outro provocador tido como maldito: o Marquês de Sade (“Círculo de Manias”, “Círculo da Merda” e “Círculo do Sangue”).

O filme tem incríveis coincidências com o formato do programa Big Brother Brasil, da TV Globo.

No filme, cuja história se passa no fim da II Guerra Mundial, quatro nazi-fascistas recrutam 16 jovens, modelos de beleza humana, e os confinam em uma mansão.

Alguém notou alguma semelhança com o BBB? O programa da Globo também recruta 16 jovens (quase todos "sarados"), e também os confina em uma casa.

No filme, os jovens servem para saciar as piores depravações sexuais de seus raptores: orgias, sadomasoquismo, coprofilia, degradação humana, torturas, violências.

O BBB pega mais leve do que o filme. Mas permite traçar um paralelo, guardando as devidas proporções, tais como as provas e vexames a que os participantes ficam submetidos, incluindo resistência a segurar necessidades fisiológicas, teste dos limites da tentação, com um ambiente todo preparado para ocorrência de orgias, mas cercado por câmeras; as provas dos limites de comportamento após porres com bebidas alcoólicas e outras coisas mais.

Não faço a menor ideia se Boninho, Bial, os Marinho e os executivos dos patrocinadores do programa são fãs do filme "Saló", nem se o livro do Marquês de Sade fica na cabeceira deles. Mas sobram evidências de que há no BBB inspiração no filme "Saló ou os 120 dias de Gomorra", repleto de sadomasoquismo.

Isso só reforça o que já dissemos aqui: o formato do programa é uma orgia romantizada, bem comportada para se adequar à TV aberta.

Leia também: Devassa, Fiat, Omo, Antarctica, Niely: Quem financia a baixaria, é contra a cidadania.

Assine a petição para tirar o BBB12 do ar e investigar a Rede Globo, dirigida ao Ministério Público:

http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N19260

Proteste em frente à TV Globo

Lido e extraído no blog do Miro

Do blog Conversa Afiada:

Conversa Afiada publica convocação para protestar contra o Big Brothel Brasil:

Entidades realizam protesto contra a Globo nesta sexta, em São Paulo.

A Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão (Frentex), a Rede Mulher e Mídia e o Fórum Nacional pela Democratização na Comunicação (FNDC) realizam um ato contra a Rede Globo por causa da postura da emissora diante da suspeita de estupro no programa Big Brother Brasil 12, e contra todas as formas de violência contra a mulher. A manifestação será na sexta-feira (20), a partir das 12h, em frente à emissora, em São Paulo.



Segundo as redes que convocam o ato, a Globo deveria ser responsabilizada por quatro motivos: ocultar um fato que pode constituir crime; prejudicar a integridade da vítima e enviar para o país uma mensagem de permissividade diante de uma suspeita de estupro de vulnerável; atrapalhar as investigações de um suposto crime e ocultar da vítima as informações sobre os fatos que teriam se passado com ela quando estava desacordada.

As entidades questionam também a naturalização da violência contra a mulher pela emissora, que transformou um possível abuso sexual em “caso de amor”. Para elas, o próprio formato do programa se alimenta da exploração dos desejos e das cizânias provocadas entre os participantes e busca explorar situações limite para conquistar mais audiência.

O protesto também co-responsabilizará os anunciantes do programa (OMO, Niely, Devassa, Guaraná Antarctica e Fiat), cobrando que eles se pronunciem, retirem seus anúncios do programa ou que os consumidores boicotem os produtos.

As entidades reforçam ainda a necessidade de o Ministério das Comunicações colocar em discussão imediatamente propostas para um novo marco regulatório das comunicações, com mecanismos que contemplem órgãos reguladores democráticos capazes de atuar sobre essas e outras questões.
Protesto contra a postura da Globo no caso BBB

Sexta-feira, dia 20, 12h às 14h

Av. Dr. Chucri Zaidan, esquina da Av. Roberto Marinho

Contatos:

Renata Mielli (Barão de Itararé/FNDC) – 9327-1747

João Brant (Intervozes/FNDC) – 8635-9825

Terezinha Ferreira (Rede Mulher e Mídia) – 9629-4892

Victor Zacharias (Ciranda/Frentex) – 9288-8909

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Brasil é segundo país mais desigual do G20, aponta estudo

O Brasil é o segundo país com maior desigualdade do G20, de acordo com um estudo realizado nos países que compõem o grupo. De acordo com a pesquisa "Deixados para trás pelo G20?", realizada pela Oxfam - entidade de combate à pobreza e a injustiça social presente em 92 países -, apenas a África do Sul fica atrás do Brasil em termos de desigualdade.


Como base de comparação, a pesquisa também examina a participação na renda nacional dos 10% mais pobres da população de outro subgrupo de 12 países, de acordo com dados do Banco Mundial. Neste quesito, o Brasil apresenta o pior desempenho de todos, com a África do Sul logo acima.

A pesquisa afirma que os países mais desiguais do G20 são economias emergentes. Além de Brasil e África do Sul, México, Rússia, Argentina, China e Turquia têm os piores resultados.

Já as nações com maior igualdade, segundo a Oxfam, são economias desenvolvidas com uma renda maior, como França (país com melhor resultado geral), Alemanha, Canadá, Itália e Austrália.

Avanços

Mesmo estando nas últimas colocações, o Brasil é mencionado pela pesquisa como um dos países onde o combate à pobreza foi mais eficaz nos últimos anos.

O estudo cita dados que apontam a saída de 12 milhões de brasileiros da pobreza absoluta entre 1999 e 2009, além da queda da desigualdade medida pelo coeficiente de Gini, baixando de 0,52 para 0,47 no mesmo período (o coeficiente vai de zero, que significa o mínimo de desigualdade, a um, que é o máximo).

A pesquisa prevê que, se o Brasil crescer de acordo com as previsões do FMI (3,6% em 2012 e acima de 4% nos anos subsequentes) e mantiver a tendência de redução da desigualdade e de crescimento populacional, o número de pessoas pobres cairá em quase dois terços até 2020, com cinco milhões de pessoas a menos na linha da pobreza.

No entanto, a Oxfam diz que, se houver um aumento da desigualdade nos próximos anos, nem mesmo um forte crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) poderá retirar um número significativo de brasileiros da pobreza.

"Mesmo que o Brasil tenha avanços no combate da pobreza, ele é ainda um dos países mais desiguais do mundo, com uma agenda bem forte pendente nesta área", disse à BBC Brasil o chefe do escritório da Oxfam no Brasil, Simon Ticehurst.

"As pessoas mais pobres são as mais impactadas pela volatilidade do preço dos alimentos, do preço da energia, dos impactos da mudança climática", acrescentou.

Para ele, é importante que o governo dê continuidade às políticas de transferência de renda, como o Bolsa Família, e que o Estado intervenha para melhorar o sistema de distribuição. "Os mercados podem criar empregos, mas não vão fazer uma redistribuição (de renda)", afirma.

Ticehurst diz que, para reduzir a desigualdade, o Brasil também precisa atacar as questões da sustentabilidade e da resistência a choques externos. "As pessoas mais pobres são as mais impactadas pela volatilidade do preço dos alimentos, do preço da energia, dos impactos da mudança climática. O modelo de desenvolvimento do Brasil precisa levar isso mais em conta".

Para o representante da Oxfam, a reforma agrária e o estímulo à agricultura familiar também é importante para reduzir a desigualdade. "Da parcela mais pobre da população brasileira, cerca de 47% vivem no campo. Além disso, 75% dos alimentos que os brasileiros consomem são produzidos por pequenos produtores, que moram na pobreza", disse TiceHurst. "É preciso fechar esse circuito para que os produtores que alimentam o país tenham condições menos vulneráveis e precárias".

Tendência preocupante

Segundo o estudo da Oxfam, a maioria dos países do G20 apresenta uma tendência "preocupante" no sentido do aumento na desigualdade. A entidade afirma que algumas dessas nações foram "constrangidas" pelas reduções significativas da desigualdade registradas nos países de baixa renda nos últimos 15 anos.

"A experiência do Brasil, da Coréia do Sul e de vários países de renda baixa e média-baixa mostra que reduzir a desigualdade está ao alcance dos dirigentes do G20", diz o texto. "Não existe escassez de potenciais alavancas para políticas (de redução da desigualdade). Em vez disso, talvez exista uma escassez de vontade política", diz o estudo.

Fonte: Agência Brasil

Por que a imprensa fingia que não via PRIVATARIA TUCANA

(CLIQUE E AMPLIE AS CAPAS)

AOS QUE DIZEM QUE É PRECISO IGNORAR O LIVRO PORQUE O AUTOR FOI ACUSADO DISSO OU DAQUILO, BASTA LEMBRAR DE UM QUE FOI ESCRITO POR PEDRO COLLOR DE MELLO E, VEJAM SÓ, com a JORNALISTA DORA KRAMER

 15 de Dezembro de 2011 às 14:29

Mário Marona

 Os jornalistas sabem que, mesmo sendo meio falastrão e parecendo um tanto estabanado, Amaury é um grande repórter, é honesto e não está mentindo ou, para ser mais isento, pelo menos acredita que está contando a verdade. Sabem, por fim, que a origem desta história que resultou num livro está na reação de Aécio Neves a uma ação mafiosa típica dos serristas.
Por que, então, os colunistas, editores e jornalistas da maioria dos grandes veículos fingem ignorar o livro?
Porque obedecem à linha editorial dos jornais e das emissoras em que trabalham. Obedecem, agora, e sempre obedeceram. [E aqui, em nome da isenção, acrescento a parte que me toca: eu mesmo, quando trabalhei nas grandes redações, me sujeitei às linhas editoriais dos veículos e se eventualmente me insurgia internamente contra elas, tentando modificá-las, nunca deixei de segui-las disciplinadamente, uma vez derrotado em minhas posições. Ou pedia o meu boné.]
O que mudou, então? Por que os jornalistas se vêem obrigados a depreciar publicamente um colega de profissão, como o Amaury, com quem, aliás, muitos deles conviveram amistosamente? E por que estamos vendo jornalistas importantes entrando em guerra com seus leitores por causa de um livro que, se pudessem, tratariam como notícia ou comentariam?
Arrisco uma resposta: porque hoje os leitores pisam nos calos destes jornalistas, o que há uma década atrás – ou menos - não acontecia.
No meu tempo, e vale dizer também no tempo do Noblat, da Dora, da Eliane, do Merval, o leitor não existia como figura real. Era um anônimo, mal representado, diariamente, em uma dúzia de cartas previamente selecionadas para publicação e devidamente “corrigidas” em seus excessos de linguagem. Tem gente que não lembra, porque começou a ler jornal depois, mas naquele tempo nem e-mail existia, exceto, talvez, como forma de comunicação interna das empresas.

Noblat, Dora, Merval, Eliane [e eu] escreviam, editavam e publicavam o que queriam, desde que não contrariassem os acionistas, representados pelos diretores de redação. Por acaso, dois dos citados foram diretores de redação e eu fui editor-chefe adjunto no Globo e editor-chefe do JN. Não eram – não éramos - contestados por ninguém. Quem não gostasse que se queixasse ao bispo, ao editor de cartas - por carta, claro - ou então que suspendesse a assinatura ou mudasse de canal.
Publicavam o que queriam, autorizados pelos donos, e continuam agindo da mesma maneira, mas hoje são imediatamente incomodados, cobrados, questionados, xingados pelos leitores, por e-mail, em blogs, por tuites e por caneladas no Facebook.
Fazem a mesma coisa – obedecer à linha dos seus jornais – só que agora têm que dar explicações a um grupo crescente de chatos, nem sempre bem educados, e não podem botar a culpa no patrão. Não podem dizer no twitter: “Olha, gente, eu não vou escrever sobre o livro do Amaury porque o meu jornal decidiu ignorá-lo, pelo menos por enquanto”.

Mas aos que alegam que é preciso ignorar o livro do Amaury porque ele foi acusado disso ou daquilo e não seria um autor confiável, responde com uma experiência pessoal. Editor do Globo em 1992, uma noite recebeu na redação o livro “Passando a limpo, a Trajetória de um Farsante”, de autoria de Pedro Collor de Mello e, vejam só, da Dora Kramer! O livro trazia acusações tão pesadas contra Fernando Collor que, em alguns casos, a prova dependeria de exame de corpo de delito. O editor teve que ler o livro em duas horas, para escrever uma resenha rápida, que seria publicada na edição do dia seguinte.
Naquela época, no Globo e, creio, nos demais jornais, não era possível ignorar uma peça de acusação tão enfática, ainda que desprovida de provas. Nem era possível guardar para ler depois. E pouco importava se a origem das acusações de Pedro contra Fernando era uma briga entre irmãos envolvendo até mulher. Era notícia, e pronto.
Artes das Capas: João de Deus Netto - JenipapoNews


Museu nos EUA cancela mostra com desenhos de crianças palestinas

Lido e extraído no blog do Douglas Yamagata
 
Trabalhos mostram conflitos e sofrimento provocados pelos ataques a Gaza


Do Site da Caros Amigos



Da Redação
Pressões de organizações pró-Israel motivaram o cancelamento de uma exposição de desenhos de crianças palestinas programada no Museu de Arte para Crianças (Mocha), em Oakland, nos Estados Unidos. A mostra estava prevista para ocorrer em setembro, promovida pela Aliança do Oriente Médio para a Infância (Meca).
Batizada em tradução livre de "Um olhar de criança sobre Gaza", as imagens proibidas foram feitas por crianças palestinas e abordam os conflitos com Israel. "Os únicos ganhadores aqui são os que gastam milhões de dólares para censurar toda crítica a Israel e o silenciamento das vozes das crianças que vivem todos os dias sob o cerco militar e com a ocupação", afirmou a diretora executiva da Meca, Barbara Lubin, em entrevista ao site do Movimento Palestina Livre.
Confira abaixo algumas das imagens proibidas no museu dos Estados Unidos e que circulam em blogs e emails.
Fonte: Caros Amigos

HIDROPIRATARIA NO RIO AMAZONAS

Sanguessugado do blog Produto da Mente

Na foto acima um dos navios da empresa transporta pelo oceano um gigantesco “bag” de água doce

Navio tanque
É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”. Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento na Europa e Oriente Médio. Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil, considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US$ 1,50).
Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta. Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o crime batizado de hidropirataria. Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).
Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União. A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.
Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio carregando milhões de litros de água.
Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no transporte transatlântico de água: as bolsas de água. A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à dos superpetroleiros”. Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por embarcações rebocadoras convencionais.
Biopirataria e roubo de minérios
Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso. Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce. A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das águas nacionais.
Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal, que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi formalizado”, observa.
Águas amazônicas
Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e de órgãos públicos estaduais do Amazonas. A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do curso de água doce. Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de um grande navio cargueiro. O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte de origem mineral, pode ser facilmente tratada. Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio, trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande economia. O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície existentes, principalmente, dos rios europeus. Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:
Hidro ou biopirataria?
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter água potável. “Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as águas amazônicas para outros continentes. O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus organismos vivos. “Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser vantajoso no aspecto econômico. “Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria relativamente pequeno. Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes. “Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses além de se levar apenas água doce”, comentou.
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território amazônico. “Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem 26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios. Porém, somente 3% desse volume são de água doce. Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas subterrâneas. Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido, representa menos de 1% deste total disponível.
Água será motivo de guerra
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo humano e em suas diversas atividades, com a agricultura. Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico. Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes. Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo, sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois 63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de 1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados como limpos.
Por: http://molinacuritiba.blogspot.com