sábado, 7 de novembro de 2009

POR QUE HAVIA TANTOS ACIDENTES NA PETROBRAS NOS ANOS FHC/PSDB !?!


Plataforma P-36, que afundou nos anos cinzentos de FHC

Stanley Burburinho: por que havia tanto acidente na Petrobrás do FHC

"Fui atrás de mais informações e encontrei um site da empresa Ambiente Brasil que registra os principais acidentes da indústria petrolífera no Brasil e no mundo e lá encontrei as seguintes informações sobre o Brasil:

1 – Principais Acidentes com Petróleo e Derivados no Brasil:

No Brasil entre 1994 e 2004, ocorreram 46 acidentes com petróleo e derivados. Só nos anos de 2000 e 2001 ocorreram 25 acidentes.

- O último acidente com petróleo e derivados ocorreu em 15 de novembro de 2004.

Faz mais de cinco anos que não temos acidentes com petróleo e derivados. Qual a explicação?

2 – Acidentes em Plataformas de Exploração no Brasil:

- No Brasil entre 1995 e 2001, ocorreram seis acidentes com plataformas de exploração. Desses seis acidentes, cinco foram na Bacia de Campos que iniciou com o afundamento da P-36 e todos esses acidentes ocorreram em 2001.

- O último acidente em plataforma de exploração foi em 19 de setembro de 2001.

Faz mais de 8 anos que não temos acidentes em plataformas no Brasil. Qual a explicação?"

FONTE: texto do blog de Stanley Burburinho, reproduzido hoje (06/11) no portal "Conversa Afiada", do jornalista Paulo Henrique Amorim.

Do blog Democracia & Política

Quem vazou a prova do Enem?


A Plural Editora e Gráfica Ltda, empresa responsável pela impressão das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que imprimiu a prova do é do grupo Folha de São Paulo e a empresa americana QuadGraphics.

A Plural, uma parceria do Grupo Folha com a empresa americana Quad/Graphics, foi contratada para imprimir, grampear e intercalar as diferentes versões das provas em lotes, que depois seriam embaladas em caixas divididas por Estado.

Tem alguém jogando pesado contra o governo Lula. Tentaram criar um escândalo envolvendo o ministro da Educação, Fernando Haddad;Estranho é não ter notícia de ninguém vendendo provas do Enem nos cursinhos ou diretamente para alunos. Foram vender para jornal de oposição ao governo Lula.Funcionários da gráfica que imprimiu o Enem, em São Paulo, são os principais suspeitos do vazamento.

Na conversa com o reporter do R7, o homem afirmou que o documento poderia "derrrubar o Enem e o Ministério da Educação".

E ainda disse: Sou filho de desembargador, tenho 26 anos e trabalho como auxiliar da Promotoria do Estado(de S.Paulo).

Caso EnemSegundo conta a jornalista, na tarde de ontem o jornal foi procurado por um homem que disse, ao telefone, ter as duas provas que seriam aplicadas no sábado e no domingo. Propôs entregá-las à reportagem em troca de R$ 500 mil. "Isto aqui é muito sério, derruba o ministério", afirmou o homem. O tal homem, também procurou o site R7,do grupo TV Record.(ouça a gravação da conversa) O homem fala que um delegado da Polícia Federal de Brasília, injuriado por não ter sido indicado para um cargo resolveu se vingar.

Por que o homem não procurou a Folha?

O jornal "O Estado de S. Paulo" teve acesso a uma prova impressa, fato que levou o ministro Fernando Haddad a afirmar que acredita que o vazamento tenha ocorrido após a passagem do texto pela gráfica responsável pela impressão.Justamente a gráfica do grupo Folha

Vazamento político da prova do Enem. O alvo é o ministro Fernando Haddad, candidatíssimo ao governo de S.Paulo

Do blog Vendedor de bananas

“Governo Uribe é ditadura narcomilitar aos pés dos EUA”

Em um momento em que as relações entre Venezuela e Colômbia estão cada dia mais deterioradas, o membro do Partido Comunista venezuelano, Francisco Contreras, defende que é preciso solidariedade com o povo colombiano. Ele analisou que, diante da política "entreguista" do governo Álvaro Uribe, é indispensável aprofundar a unidade das forças progressistas no continente. Contreras integra a delegação estrangeira do 12º Congresso do PCdoB.
Vanessa Stropp
Francisco Contreras

Francisco Contreras

Em conversa com o Vermelho, o comunista, que também é médico, afirmou que o governo Uribe se comporta como "inimigo", não só da Venezuela, mas de todos os povos da região. Citando como exemplo a instalação de bases norte-americanas no território da Colômbia e casos de espioragem em países vizinhos, Contreras declarou que - "obedecendo aos ditames dos EUA" - Uribe se contrapõe "à integração regional e à busca da soberania latino-america".

Em decorrência disso, ele defendeu que a Venezuela tem o direito de revisar suas relações comerciais, políticas e culturais com a nação vizinha. Veja abaixo tópicos da entrevista:

Relações com a Colômbia

Entre Colômbia e Venezuela há uma relação que vem se deteriorando, fundamentalmente, pelo capricho do presidente Álvaro Uribe de confrontar-se ao plano dos demais países da região de criar relações sinceras, de respeito, harmoniosas, com os governos e organizações do continente. Uribe aceitou a instalação de bases militares dos EUA, desrespeitando a própria soberania nacional da Colômbia, sem consultar o Congresso, a instância legal que tem que emitir uma opinião sobre essa matéria.

Bases militares

Vocês sabem o que se passou na Unasul, onde Uribe, em Bariloche, se comprometeu a entregar e discutir a cópia do documento do acordo com os Estados Unidos e até agora não se conhece formalmente esse acordo. Parecia algo secreto.

Consideramos que isso (o acordo) representa um perigo para a paz e tranqüilidade não só nos países vizinhos, mas em toda a região. Porque essas bases militares não só estão na Colômbia, mas estão disseminadas por todo o mundo e há muitas delas na América Latina, exercendo um controle geopolítico sobre praticamente todo o continente. As bases atentam contra a segurança e a livre autodeterminação de cada país.

Para barrar o avanço soberano da região

Consideramos que (a estratégia de instalação das bases) é a continuidade de um plano destinado a minar as bases de um desenvolvimento autônomo de nosso povos, que vem acontecendo no Brasil, na Venezuela, no Equador, Bolívia, Uruguai, Paraguai.

Aí está o exemplo de Honduras, que representa essa continuidade de uma política de frear o desenvolvimento autônomo de nossos povos e a busca da soberania. Por isso, sabemos que esse processo integracionista - que vem se formando através da Alba, Unasul, Mercosul - está sendo torpedeado pelos Estados Unidos.

A intenção é não permitir sob nenhuma circunstância que possamos conquistar um processo integracionista da América Latina e Caribe e o encontro que está se dando entre os povos irmãos, de diferentes formas, em diferentes instâncias, rompendo com limitações que existiam antes.

Fortalecer a unidade

O imperialismo não vai ficar de braços cruzados, sabemos disso. E hoje, mais que nunca, devemos fortalecer essa unidade continental, conformar uma ampla frente de defesa de nossos interesses comuns, de nossa integração, de nossos processos revolucionários.

O conflito armado e a espionagem colombiana

Consideramos que o conflito armado de mais de 50 anos de existência é um problema que ultrapassa uma situação interna da Colômbia. É um conflito que se translada a nossos países, haja vista o que estão fazendo agora, com agentes do governo, do DAS – Departamento Administrativo de Segurança -, incursionando, fazendo espionagem em nosso país. Aliás, tanto na Venezuela, quanto em Cuba e no Equador há denúncias fortes nesse sentido.

Recentemente, a Venezuela prendeu membros do DAS em seu território. Isso atenta contra a política interna de qualquer país. Não é uma relação de amizade, mas de tentar torpedear o processo interno e externo no continente latino-americano. Por isso, temos direito de revisar todo um conjunto de relações no marco comercial, econômico e cultural, com um país que se faz praticamente inimigo de nosso povo.

O governo Uribe, podemos menos que classificá-lo como uma ditadura narcomilitar e que se posta ao pés dos ditames dos Estados Unidos, do pentágono, a cumprir ao pé da letra todos os mandatos do imperialismo. Isso é o que significa o governo Uribe.

Solidariedade com a Colômbia

Nós consideramos que as forças progressistas e revolucionárias de países progressistas devem ampliar a solidariedade com o povo colombiano, porque há na Colômbia uma intervenção militar do imperialismo norte-americano, na qual, inclusive, os militares gozam de imunidade e podem cometer assassinato, violar leis, e a justiça colombiana não pode atuar sobre eles.

Isso é um ato indigno, de covardia e humilhação o que está fazendo o presidente Uribe ao entregar a Colômbia aos gringos simplesmente por uma complacência entreguista. Temos que lutar, fortalecer a solidariedade com o povo colombiano, em todos os níveis.

O Congresso do PCdoB

Queria expressar nossa solidariedade com o PCdoB, no seu 12º Congresso, com o povo brasileiro e seu processo de luta para aprofundar a democracia, a justiça social, as conquistas da classe trabalhadora. É um país que podemos ver que está avançando até a construção de uma sociedade socialista. E o PCdoB vai sair fortalecido desse Congresso para seguir defendo suas bandeiras.

De São Paulo,
Joana Rozowykwiat

Foto: Francisco Contreras

Do Portal Vermelho.org

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Laerte Braga: A meta agora é vender o Brasil e passar a escritura

Laerte Braga: A meta agora é vender o Brasil e passar a escritura.

PSDB É BRIGA DE FOICE NO ESCURO – E TAPAS

por Laerte Braga

A quase totalidade dos fundadores do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) – os tucanos – saiu do PMDB em 1988. Dois anos antes do fim do mandato do último ditador, o general Figueiredo (terminou em 1984), foram realizadas as primeiras eleições diretas para governos estaduais desde 1965.Franco Montoro, Leonel Brizola e Tancredo Neves foram eleitos governadores dos três maiores estados da Federação de mentirinha. São Paulo, Rio e Minas Gerais. O vice-governador de Montoro era Orestes Quércia.Em 1986 o grupo do governador Franco Montoro (um homem decente), ao qual pertenciam José Serra (seu secretário de governo) e Fernando Henrique Cardoso (senador e derrotado por Jânio Quadros nas eleições municipais de 1985), tentou de todas as formas evitar a candidatura de Quércia ao governo do estado. Covas, Mário Covas, que já havia sido prefeito nomeado de São Paulo, era o preferido do grupo.Quércia venceu-os na convenção do PMDB e FHC foi indicado candidato ao Senado. Não era propriamente uma candidatura à reeleição já que em 1978 perdeu para Montoro. Virou suplente já que a legislação à época assim o determinava em decorrência do expediente casuístico da sublegenda.As eleições para o governo do estado de São Paulo em 1986 foram disputadas por Orestes Quércia (PMDB), Antônio Ermírio de Moraes (PTB) e Paulo Maluf (PDS). FHC, mesmo candidato a senador pelo PMDB, apoiou a candidatura de Ermírio de Moraes, até......Até que as pesquisas divulgadas três dias antes das eleições apontavam a vitória de Orestes Quércia. Quem tiver boa memória vai se lembrar que Ermírio e Maluf quase se atracaram num debate transmitido por uma rede de tevê e isso acabou beneficiando Quércia, já que, naquele momento, não existia a figura do segundo turno.À véspera da eleição o candidato do PMDB Orestes Quércia fazia panfletagem numa montadora no ABCD paulista em companhia do então deputado Fernando Moraes (hoje autor consagrado de várias biografias). Num dado momento Fernando Moraes notou que o “fusca” de FHC estava chegando e o candidato ao Senado, sem nenhum constrangimento, típico dos amorais, achegou-se e juntou-se ao candidato favorito.Ao perceber a chegada de FHC, Fernando Moraes virou-se para Quércia e disse-lhe o seguinte – “agora não tenho dúvidas que você venceu, olha quem chegou” –. Definição perfeita para o caráter oportunista do então senador e candidato. O fato foi publicado na coluna PAINEL do jornal FOLHA DE SÃO PAULO. José Serra naquele ano foi eleito deputado federal.Em 1988, depois de tentar de todas as formas o comando do PMDB paulista e se insurgindo contra Ulisses Guimarães, o grupo de FHC e Serra saiu do partido e resolveu fundar o PSDB. Uma das explicações dadas de público é que o partido havia sido dominado em São Paulo por “corruptos”, no caso o governador Quércia e estava se desviando de seu caminho de partido popular, à esquerda. O PSDB, segundo seus fundadores, resgatava o extinto MDB, na linha de frente da luta por um Congresso Nacional Constituinte que não cedesse às pressões de grupos conservadores (PFL e outros) e o PMDB que, nos dois principais estados da Federação de mentirinha, São Paulo e Minas, estava em mãos de políticos “corruptos”, no caso Quércia e Newton Cardoso.Mário Covas foi o relator da principal comissão do Congresso Nacional Constituinte, ainda no PMDB e FHC, também no PMDB, foi o autor da emenda que dispunha sobre tributação de heranças (quando foi presidente mandou esquecer desse negócio).Em 1989 Covas foi indicado candidato do partido, já o PSDB, à presidência da República. No segundo turno, disputado entre Lula e Collor, foi dos primeiros a se postar ao lado de Lula, assim como Leonel Brizola e Ulisses Guimarães.Covas veio a ser eleito governador de São Paulo em 1994, depois de derrotado em 1990 por Luís Antônio Fleury, candidato de Quércia. Havia sido eleito senador em São Paulo em 1986 e arrastara FHC na segunda vaga, estavam no PMDB. Naquela eleição Covas assombrou os especialistas com a votação que teve, mais de sete milhões de votos.Em 1992, quando Collor começou a enfrentar dificuldades em seu governo e era visível que o desfecho não lhe seria favorável, o presidente convidou FHC para exercer funções semelhantes às de um primeiro ministro e de pronto o senador aceitou. Sem consultar partido, sem ouvir ninguém, aceitou. A ordem viera de Washington, da Fundação Ford, o projeto de Collor viria a ser aplicado por FHC com o mesmo nível de corrupção a partir de 1994. Não virou ministro por conta da oposição de Covas e nasceu aí mal disfarçada rivalidade entre os dois dentro do PSDB.Serra sempre ao lado de FHC, sempre trabalhando seu projeto pessoal.Pouco antes de virar ministro das Relações Exteriores o então senador FHC disse a alguns jornalistas que seria candidato a deputado federal, temia não ser reeleito para o senado nas eleições de 1994. Ministro das Relações Exteriores do governo Itamar Franco, em seguida ministro da Fazenda, construiu sua candidatura presidencial nos bastidores, iludindo e mentindo (o que sempre fez), à custa de intrigas, beneficiou-se do Plano Real e dos altos índices de aprovação do governo Itamar.Eleito, entre outros, derrotou o candidato do PMDB, exatamente Orestes Quércia. José Serra foi nomeado Ministro do Planejamento. Em pouco mais de três meses bateu de frente (tem um temperamento do cão, além de ser traiçoeiro e mau caráter) com Pedro Malan, ministro da Fazenda. FHC chamou Serra e o ministro pediu demissão. Foi franca a confissão de FHC – “não posso demitir Malan” –.Por que? Malan não era e nem é tucano. Malan não era amigo de FHC. Por que? Malan não fora indicado por FHC, mas pelos condutores externos e internos do processo neoliberal que resultou no desastre absoluto do governo tucano, nas privatizações e FHC era e é empregado desses condutores, digamos assim.Serra voltou e no Ministério da Saúde quando se aproximavam as eleições de 2002 e os tucanos precisavam de um candidato. Aí, a essa altura do campeonato, já absorvido e na folha de pagamento dos mesmos grupos que pagaram e pagam a FHC.Foi Serra quem armou a operação contra Roseana Sarney em cima de um esquema para beneficiar a si e favorecer a GLOBO. No exato momento que Roseana subiu nas pesquisas e ameaçou a candidatura do tucano, a Polícia Federal sob controle tucano trepou nas tamancas e armou todo aquele fuzuê contra Roseana. O jornalista Luís Antônio Magalhães, de credibilidade acima de qualquer suspeita, revela hoje que foi Serra quem mandou que Regina Duarte fizesse a declaração “tenho medo da eleição de Lula”.O que acontece dentro do PSDB hoje é uma espécie de briga de foice no escuro entre José Serra e Aécio Neves pela indicação presidencial para as eleições de 2010. Tanto um como outro obedecem aos mesmos patrões. A disputa é só de poder. Se Aécio é um tresloucado controlado pela irmã, pelo vice-governador Anastasia, Serra é um ditadorzinho sem caráter algum, sem nenhum escrúpulo, cheio de ódio, que não admite qualquer tipo de contestação, paranóico e obcecado com o poder.E ambos estão liquidando com seus estados, São Paulo e Minas. Os próximos governadores desses dois estados pagarão as contas dos absurdos cometidos com dinheiro público.Quer dizer, o povo pagará a conta.A notícia divulgada pelo jornalista Juca Kfhoury sobre o tapa dado pelo governador de Minas na namorada numa festa no Rio foi passada a jornalistas do País inteiro, a partir de jornalistas aliados de Serra. Joyce Pascowitch (tem ligações e caso com o governador de São Paulo). Se Aécio deu ou não deu o tapa é outra história. Serra e Aécio são dois perigos para o País. Dois políticos corruptos, sem escrúpulos. E Aécio vai carregar uma carga da qual nunca se livrará. Tancredo Neves, seu avô, tinha aversão a FHC e a Serra, considerando-os exatamente como são. Canalhas aproveitadores, oportunistas e doentios, no caso de Serra.Orestes Quércia, hoje, é o principal aliado de Serra dentro do PMDB, principalmente o paulista, já que Michel Temer, presidente da Câmara, deve ser o vice na chapa de Dilma Roussef.Como serão duas as vagas em disputa para o Senado (renovação de dois terços) em 2010, uma delas é de Quércia, isso no acordo com Serra, resta saber se o povo vai embarcar na canoa furada.De Quércia, ex-corrupto para Serra, sobre tucanos, logo após sua vitória em 1986 –“se um tucano estiver apertado para fazer xixi, entrar no banheiro e encontrar dois vasos, faz nas calças, não vai conseguir decidir-se a tempo” –.Um e outro se merecem. Os corruptos se encontram muito antes do infinito. Não são paralelos, são congruentes. Vem mais chumbo grosso contra Aécio e ele que se cuide. É que o mineiro resolveu entrar na briga pela indicação partidária. Uma coisa é certa. Aécio saber também dar o troco. Já avisou a Serra que se o indicado for ele, apóia outro candidato, Serra nunca.Tucano tem esse negócio de raivinha, de ódio, de descabelar quando em jogo está o poder e o que o poder representa.Não existe um que preste. Não é partido político, é quadrilha. A meta agora é acabar de vender o Brasil e passar a escritura.

Do blog Aposentado Invocado

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Joaquim Barbosa: aceito denúncia de peculato e lavagem de dinheiro contra tucano

Tucano de Minas é acusado de peculato e lavagem de dinheiro

Do blog ConversaAfiada

Tucano de Minas é acusado de peculato e lavagem de dinheiro

O ministro Joaquim Barbosa, do STF, acaba de concluir seu voto sobre o caso do mensalão tucano, no qual o senador e ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) é acusado do desvio de verbas de estatais de Minas para sua campanha eleitoral.

O voto de Barbosa, de 180 páginas, começou a ser lido ontem e só foi concluído na tarde dessa quinta-feira, 5.

Barbosa enumerou, exaustivamente, todos os indícios que apontam para a participação do tucano nos crimes que lhe são imputados. O ministro recaptulou a parte do voto exposta ontem, na qual aceita a acusação formulada pelo Procuradora-Geral da República, que aponta lavagem deR$ 3,5 milhões, desviados de estatais de Minas sob pretexto de patrocínio de um evento esportivo, o Enduro da Indpendência, para a campanha tucana.

“Ante o exposto aceito a denúncia de lavagem de dinheiro, a exemplo do que fiz na sessão anterior, por peculato”, disse Barbosa ao final da leitura de seu voto. “Determino o exercício imediato da instrução, independente de eventuais embargos declaratórios, sobretudo porque envolve fatos que ocorreram há 15 anos, portanto, a possibilidade de prescrição é alta”, completou.

Encerrada a leitura do voto de Barbosa, relator da denúncia, os ministros do STF iniciaram discussão sobre o caso. Se a maioria dos ministros votar com o relator, o STF inicia a ação penal que torna Eduardo Azeredo réu do mensalão tucano.

Leia também:

Tucanos entram na roda: Barbosa indica que quer botar Azeredo na cadeia

Japão: Quando o trabalho mata

Hamada faleceu de parada cardíaca aos 42 anos. A causa da morte: excesso de trabalho. Em um país conhecido pela pressão que sofrem os trabalhadores, o de Hamada está longe de ser um caso isolado. De fato, desde que este problema veio à luz nos anos 60 e disparou o alarme, milhares de pessoas morreram por essa causa, chamada de “karoshi” em japonês.

Kenji Hamada desabou certa manhã sobre a mesa da empresa onde trabalhava. Seus companheiros pensavam que dormia, mas, duas horas depois, ao verem que não se levantava, descobriram que estava morto.

Por Catherine Makino, para a agência IPS


Cerca de 800 pessoas, entre as quais a viúva de Hamada, reuniram-se no mês passado no Templo Espiritual Mikoromo Takao, em Tóquio, para uma homenagem a milhares de trabalhadores que morreram devido a patologias diretamente vinculadas com a atividade trabalhista. “Kenji trabalhava tão duro”, contou sua viúva, Akiko. “Estava muito estressado e trabalhava durante o dia e de noite”, acrescentou. O ambiente profissional da companhia de seguros onde trabalhava, segundo ela, era “tão competitivo que nunca tinha uma folga”. Hamada trabalhava uma média de 75 horas durante a semana e gastava outras quatro para se deslocar de casa para a empresa e vice-versa.

As situações de estresse no trabalho ficam mais visíveis no contexto da crise econômica e financeira mundial que começou em 2008 nos Estados Unidos, segundo o advogado Hiroshi Kawahito, que dá assistência legal a familiares de vitimas de karoshi. A necessidade de aumentar as exportações e a redução de postos de trabalho exerce imensa pressão sobre os empregados, ressaltou Kawahito.

A depressão econômica obrigou muitas empresas a reduzirem o número de empregados, e menos pessoas devem realizar mais tarefas, o que só agravou a incidência de “karoshi”, segundo Weston Konishi, membro da Fundação Mansfield, com sede em Washington. O advogado teme que o fenômeno ganhe uma nova forma: o suicídio. “Isto é algo novo”, afirmou. “Há 20 anos, as paradas cardíacas ou as apoplexias eram expressões do karoshi”, destacou.

A Agência de Planejamento Econômica estimou em 1994 que cerca de mil pessoas morreram devido a patologias trabalhistas, isto é, 5% dos mortos por doenças cardiovasculares com idades entre 25 e 59 anos. A grande mudança agora é que os empregados tiram suas vidas, insistiu Kawahito. Dos mais de 30 mil suicídios registrados no ano passado, segundo dados oficiais, acredita-se que 10 mil estivessem relacionados com o estresse no trabalho. “Os trabalhadores sofrem cada vez mais estresse, o que deriva em problemas psicológicos como depressão, e alguns acabam se matando”, explicou o advogado.

O “karoshi” remonta ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o Japão se propôs conseguir uma rápida recuperação e em menos de 20 anos se converteu na segunda economia do mundo. Os japoneses se esforçaram tanto que no final da década de 60 trabalhavam 12 horas por dia, ou mais, o que na época era considerado normal. O primeiro caso de karoshi foi registrado em 1969, quando um homem casado, de 29 anos, morreu vitima de apoplexia, após trabalhar mais de 40 dias sem descanso no departamento de distribuição do maior jornal do país, segundo o site Japan-101.

Pesquisa feita no ano passado pela Rengo, a confederação sindical japonesa, indica que 53% dos entrevistados sofriam cada vez mais estresse. Muitos disseram que o excesso de trabalho os irritava e em alguns causava problemas físicos e psicológicos. Os japoneses continuam trabalhando muitas horas, têm códigos trabalhistas rígidos, estruturas hierárquicas rígidas, não dormem muito nem dedicam tempo ao lazer, disse Kawahito à IPS. Precisam mudar seu estilo de vida, insistiu, o que se vê com mais assiduidade nas gerações mais jovens, segundo o advogado. Os jovens não levam as coisas tão a sério e parecem menos inclinados a morrer vitimas de patologias trabalhistas. Parecem gozar a vida, acrescentou. Entretanto, não há estudos que mostram qual grupo etário tem maior tendência ao karoshi.

O Ministério do Trabalho, da Saúde e do Bem-estar reconhece que há doenças causadas pelo estresse do trabalho. Em 1999, a pasta criou uma norma para determinar a responsabilidade das empresas em relação às doenças profissionais de seus empregados, que inclui desde enfermidades cardíacas e cerebrais até estresse. O padrão a que se refere esta última foi revisado este ano. Mas isso não basta para reverter a incidência das mortes causadas pelo excesso de trabalho. “O governo somente vê uma parte do problema”, disse Kawahito. “Na verdade, apenas mil suicídios foram atribuídos às condições de trabalho, quando a quantidade real girou em torno dos 10 mil” no ano passado, acrescentou.

Vários advogados, médicos e outros especialistas criaram em 1988 uma linha telefônica gratuita para ajudar pessoas que sofrem de alguma doença profissional e as que perderam familiares por essa causa. O serviço recebeu oito mil chamadas desde sua fundação. O karoshi é um dos problemas que os japoneses não querem enfrentar porque tem a ver com questões que são tabu, como o estresse, a cultura opressiva do ambiente de trabalho, que praticamente impede os empregados de dizerem a um superior quando se sentem esgotados pela atividade, disse Konishi, da Fundação Mansfield.

“As convenções sociais do Japão impedem que o assunto receba a atenção necessária”, disse Konishi à IPS. Com todo o conhecimento técnico acumulado, este país não consegue se beneficiar dele, em especial no ambiente de trabalho. “Ainda se faz muita coisa no papel e não no computador”, afirmou. Além disso, a assistência psicológica, que pode ser de grande utilidade para os trabalhadores submetidos a grandes pressões, é uma prática incipiente no Japão, acrescentou. Em alguns casos, pode não ser necessário um tratamento prolongado e complexo, bastando apenas criar um espaço para o trabalhador liberar a angústia reprimida.

Fonte: Envolverde

Do Portal do Vermelho.org

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Senado desafia Supremo e aceita recurso de tucano contra cassação

Em um embate com o Judiciário, o Senado adiou ontem a cassação do senador Expedito Júnior (PSDB-RO), apesar de o Supremo Tribunal Federal ter determinado na semana passada o afastamento imediato do parlamentar. A Mesa Diretora aceitou recurso apresentado pelo senador, cassado pela Justiça Eleitoral por abuso do poder econômico e compra de votos, e o parlamentar poderá manter-se no cargo por mais alguns dias.

A decisão da Mesa Diretora, segundo o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não deverá alterar a decisão do Judiciário, de cassar o mandato de Expedito Júnior. A opção por manter o senador tucano no cargo por mais alguns dias foi tomada pelos senadores como forma de "dar destaque à decisão do Congresso". "Não podemos passar por cima do regimento interno da Casa", reclamou ontem Expedito Júnior. "Tenho direito à ampla defesa", argumentou. No recurso apresentado, o senador cassado pela Justiça Eleitoral pede tempo para defender-se junto à Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Irritado com a decisão do comando do Senado, o segundo colocado na disputa pelo Senado de Rondônia em 2006, Acir Gurgacz (PDT), que assumirá o lugar de Expedito Júnior, ameaçou "mandar prender" toda a Mesa Diretora e o presidente do Senado. Ontem, o advogado de Gurgacz, Gilberto do Nascimento, informou que reclamaria da decisão do Senado ao STF. "Essa ação pode virar crime de desobediência", comentou Nascimento. A posse de Gurgacz estava prevista para ontem, às 17h.

Antes, porém, Sarney convocou reunião da Mesa Diretora para tratar do afastamento de Expedito Júnior. O presidente do Senado disse que seguiu as instruções do Supremo, mas que por "decisão da maioria" teve de adiar o afastamento.

Expedito Júnior, no entanto, disse que na semana passada recebeu apoio de Sarney e de senadores como o líder do DEM, Agripino Maia (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), para manter-se no cargo até que fossem julgados todos os recursos, segundo relato do senador cassado.

Na semana passada, o presidente do Senado encaminhou a decisão do Supremo Tribunal Federal para publicação no Diário Oficial e a decisão pelo afastamento foi lida em plenário. Segundo a advogacia do Senado, por meio da assessoria de imprensa da Casa, essas ações eram suficientes para afastar Expedito Júnior do cargo e permitir a posse do segundo candidato mais votado na disputa pelo Senado em Rondônia. Ontem, no entanto, Sarney informou que a decisão caberia à Mesa Diretora.

Expedito Júnior apresentará sua defesa à CCJ. O presidente da comissão, Demonstenes Torres (DEM-GO), no entanto, anunciou ontem que pretende relatar o caso e determinará o afastamento do cassado.

Assim como o senador cassado, o empresário Acir Gurgacz também enfrenta problemas na Justiça Eleitoral. Gurgacz responde processo no Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder econômico na eleição de 2006. Um dos negócios de Gurgacz, a Empresa União Cascavel de Transportes e Turismo Ltda. (Eucatur) - de transporte interestadual de passageiros - responde a aproximadamente 200 processos.

Do blog Consciência Política

Aécio e Serra: quem é o agressor?

O colunista esportivo Juca Kfouri, amigo intimo do governador José Serra – costumam assistir partidas de futebol juntos, segundo outra chegada, a ex-vereadora Soninha –, embolou de vez o meio de campo tucano para a eleição presidencial. Ele postou a seguinte denúncia em seu blog: “Aécio Neves, o governador tucano de Minas Gerais, que luta para ter o jogo inaugural da Copa do Mundo em 2014, em Belo Horizonte, deu um empurrão e um tapa em sua companheira no domingo passado, numa festa da Calvin Klein, no Hotel Fasano, no Rio de Janeiro”.

Irritado, o governador mineiro retrucou de imediato: “Isso é uma aleivosia tão grande. Eu me sinto, claro, pessoalmente ofendido por isso, mas prefiro até nem comentar para não validar algo tão distante da minha prática cotidiana. Sempre fiz política e vou continuar fazendo num patamar muito superior a esse. E o que eu posso dizer é que é uma calúnia vergonhosa”. Sua namorada, Letícia Weber, também rechaçou a acusação e alguns parlamentares tucanos já saíram em defesa de Aécio Neves, insinuando que a acusação teria mesquinhos interesses político-eleitorais.

A mídia e a cortina de silêncio

Apesar do rápido desmentido, Kfouri manteve sua denúncia. Ele citou uma postagem do blog de Joyce Pascowitch, que noticiou o crime, sem apontar o criminoso. “Um dos convidados mais importantes e famosos da festa que o estilista Francisco Costa, da Calvin Klein, deu na piscina do hotel Fasano, nesse domingo, acabou estrelando uma cena que deixou todos os convidados constrangidos. Visivelmente alterado, ele deu um tapa na moça que o acompanhava – namorada dele há algum tempo. Ela caiu no chão, levantou e revidou a agressão. A platéia era grande e alguns chegaram a separar o casal para apartar a briga. O clima, claro, ficou muito pesado”.

E numa entrevista nada esportiva ao blog do antenado jornalista Renato Rovai, Kfouri colocou ainda mais lenha na fogueira:

Rovai: Quando você recebeu a informação de que essa agressão havia ocorrido?

Kfouri: Recebi no sábado pela manhã um e-mail contando a história e comentando uma nota da Joyce Pascowitch. Vi que o assunto tinha sido tratado pela Barbara Gancia no Twitter e aí fui atrás da informação. Conversei com uma pessoa que foi na festa e que disse que estava a cinco metros do acontecido, tendo visto a moça tomar um tapa e cair no chão. Contou ainda que a viu se levantar e reagir indo pra cima dele.

Rovai: Você confirmou a história com outras pessoas ou confiou plenamente na sua fonte?

Kfouri: Antes de dar a nota fiz quatro ou cinco ligações pra festeiros cariocas amigos meus e todos me confirmaram a história, apesar de não terem visto a cena.

Rovai: Você diz em seu blog que a imprensa brasileira não pode repetir com nenhum candidato a candidato a presidência da República a cortina de silêncio que cercou Fernando Collor, embora seus hábitos fossem conhecidos. É possível ser mais claro em relação a essa frase.

Kfouri: É isso mesmo que você está pensando, Renato. Circulam mil histórias em relação ao Aécio, histórias que, aliás, o Mineirão canta em coro [durante a partida Brasil e Argentina, no ano passado, parte da torcida presente entoou o coro “Ô Maradona, vai se f..., o Aécio cheira mais do que você"]. Acho que a imprensa tem obrigação de investigar isso, como deveria ter feito o mesmo em relação ao caçador de marajás. Isso não pode ser tratado como coisa menor, como algo regional.

Rovai: Há muito especulação de que a informação poderia ter partido de algum tucano relacionado ao governador Serra, o que você tem a dizer sobre isso?

Kfouri: Não é verdade. Não falei com nenhum tucano a respeito do assunto, conversei apenas com os festeiros cariocas, que confirmaram a história.

“Os bons amigos na imprensa”

Juca Kfouri nega qualquer digital de José Serra na bombástica acusação, mas há quem duvide. Tanto ele como Joyce Pascowitch nunca esconderam suas ligações com o governador paulista. Afora isso, são bem conhecidas as técnicas maldosas deste grão-tucano contra seus adversários. José Sarney, presidente do Senado, até hoje não perdoa Serra pela onda de denúncias contra sua filha, que abortaram a candidatura presidencial de Roseana Sarney em 2002. Geraldo Alckmin também não engoliu as revelações sobre o seu envolvimento com a seita direitista Opus Dei, que vazaram do Palácio dos Bandeirantes durante a rinha tucana para as eleições de 2006.

Como aponta o jornalista Rodrigo Vianna, a denúncia de Kfouri “serve aos interesses de Serra. Não quero dizer com isso que Juca esteja a serviço da candidatura Serra. Longe de mim levar o leitor a esse tipo de conclusão. Mas é estranho... A nota de Juca, do que jeito que foi redigida, cumpre (involuntariamente?) um papel importante. Manda a Aécio o recado: ‘Você tem telhado de vidro, se botar as manguinhas de fora, virá pancada pra valer’... Serra manda recados através da imprensa. Conta com bons amigos para isso”.

“O paranóico e vingativo" tucano

No mesmo rumo, o blogueiro Luiz Antonio Magalhães foi ainda mais taxativo. Para ele, não há dúvida sobre a maldade do governador paulista, “especialmente pelo fato da bomba estourar bem no momento em que Aécio decidiu partir para o confronto com Serra pela vaga presidenciável tucana em 2010... Serra joga pesado, sim, as paredes do Bandeirantes sabem direitinho o quão paranóico e vingativo o governador de São Paulo é... E é bom mesmo Aécio ficar bem esperto, porque o vazamento do tal tapinha deve ser só o começo da ‘desconstrução da imagem’ do governador mineiro, como gostam de dizer os chiques tucanos paulistas”.

As duas hipotéticas agressões – a de Aécio contra a namorada e a de Serra contra Aécio – podem bagunçar de vez o ninho tucano e dificultar as pretensões do bloco neoliberal-conservador para a sucessão de 2010. O partido do rejeitado FHC já estava sem discurso e sem proposta, desesperado com a crescente popularidade de Lula. Agora ainda terá que resolver a sua rinha interna.

Do blog do Miro

Relator aceita denúncia contra Eduardo Azeredo por por crime de peculato.É só o início

O STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu nesta quarta-feira (4) a sessão de julgamento de denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), por envolvimento em um suposto esquema de caixa dois durante sua campanha para reeleição ao governo de Minas Gerais, em 1998.


O ministro Joaquim Barbosa, relator do inquérito do chamado "mensalão mineiro", não chegou a concluir a leitura do seu voto, mas já antecipou que acolherá as denúncias ligadas ao crime de peculato. A leitura do voto será retomada nesta quinta-feira, quando o relator deverá falar das denúncias sobre lavagem de dinheiro.

Joaquim Barbosa disse que "há indícios, ainda que provisórios, que apontam para a atuação dolosa de Azeredo" no esquema de desvio de recursos, que envolvia pessoas "de plena confiança" do então candidato à reeleição. "Há fortes indícios da natureza criminosa da campanha de Azeredo. Indícios de que o acusado tinha conhecimento do esquema e queria realizá-lo estão presentes na denúncia".

Quando o relator concluir seu voto, a Corte terá de decidir se acolhe ou não a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República, envolvendo crimes de peculato (desvio de bem público realizado por funcionário público) e também de lavagem de dinheiro, que será alvo de análise do relator nesta quinta. Caso a denúncia seja rejeitada, o inquérito será arquivado.


A denúncia aponta que o esquema do mensalão mineiro permitiu o financiamento da campanha com recursos públicos de empresas como a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), a Comig (Companhia Mineradora de Minas Gerais) e o Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais), além do repasse de verbas de empresas privadas com interesses econômicos no Estado.

Como governador, Azeredo teria participado do esquema, ainda de acordo com a denúncia, ao dar suporte para o repasse ilegal de dinheiro das estatais e garantir empréstimos "fictícios" feito por uma empresa de Marcos Valério junto ao Banco Rural.

No início da sessão desta quarta, o procurador-geral da República reafirmou a denúncia argumentando "existir certeza do crime e indícios veementes de autoria". Segundo Gurgel, as imputações feitas ao denunciado resultam de um farto conjunto probatório que dá suporte sobre a ocorrência do ilícito e a culpabilidade do denunciado.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A agenda da comunicação sai da penumbra

Da Agência Carta Maior

“Há coisas em que o mercado não tem interesse em fazer.” Lula

O tema sempre foi tabu. Tema proibido. Temos uma fileira de vítimas da ditadura midiática, - intelectuais , pensadores, sindicalistas, jornalistas e artistas - por terem defendido que o progresso tecnológico comunicacional deve ser tratado como patrimômio da humanidade e servir como fator de elevação da civilização, embelezamento das relações humanas, da própria vida.

Agora no Brasil, a convocação da I Conferência Nacional de Comunicação coloca o tema na agenda política do Estado e da sociedade. Permite que conheçamos a gigantesca dívida informativo-cultural que se avolumou contra o nosso povo. Um verdadeiro entulho. E novas informações vão surgindo, desmontando mitos, iluminando áreas de sombras, revelando que algo se move aqui e em boa parte da América Latina.

Argentina mostra um caminho
Ventos democráticos sopram da Argentina com sua nova lei de comunicação, quebrando o monopólio do Grupo Clarin, fortalecendo os veículos estatais e abrindo 33 por cento da comunicação para a sociedade, até para a CGT e as Universidades Públicas. Telesur, como tv da integração latino-americana e dos povos do sul, vai se consolidando, ampliando seu alcance para a África. Surge uma cadeia de rádios indígenas na Bolívia e também um jornal público, o “Câmbio”, que em 6 meses de vida já tem circulação igual ao maior jornal da burguesia racista boliviana, com décadas de existência.

Na Venezuela, a Revolução Bolivariana quebra o tabu que considerava o tema comunicação intocável e faz a Constituição valer mais que os privilégios dos magnatas midiáticos: quando um concessão de rádio e tv termina, termina mesmo, ela não tem porque ser renovada automaticamente como se fosse privilégio vitalício das oligarquias. O Equador caminha para fortalecer o seu jornal público, “El Telégrafo” e também promove uma reorganização democrática no sistema de concessões de tv e rádio, ampliando, consolidando e qualificando a comunicação pública.

A diferença do Brasil é que em todos estes países os governos populares possuem maioria parlamentar. Além disso, em países como a Argentina a TV já nasceu pública, tendo recebido forte impulso durante o governo de Perón, período em que tv, rádio e até mesmo jornais como o La Nación, grande jornal da oligarquia, foram estatizados. No Brasil a TV já nasce nas mãos de gente como Assis Chateaubriaand, seguindo o padrão comercial vulgar norte-americano, chantageando e ameaçando presidentes como Vargas e JK, impedindo que os dois levassem adiante o projeto de criação de uma TV Nacional, só recentemente recuperado pelo presidente Lula. A Argentina chegou ter políticas públicas culturais e educacionais muito expandidas pelo peronismo, de tal sorte que eliminou o analfabetismo e conquistou padrões de leitura, artísticos, culturais, científicos e educacionais elevadíssimos para um País da América Latina.

Vargas, uma experiência golpeada
Vargas seguia nesta linha. A Rádio Nacional foi a mais importante e experiência comunicacional no sentido da brasilidade, da nacionalidade e de valores populares. Criou uma paixão radiofônica brasileiríssima, que não tem porque não ser recuperada. Também na Era Vargas foram criados, a Rádio Mauá – a emissora do trabalhador - o Instituto Nacional de Música, dirigido por Villa-Lobos, o Instituto Nacional de Cinema Educativo, conduzido por Roquette Pinto , o Instituto Nacional do Livro, por empenho de Carlos Drummond de Andrade e também o Instituto Nacional do Teatro.

Vargas já havia despertado para a importância da televisão quando uma conspiração internacional, de matriz norte-americana, petroleira, e com o apoio de uma conspiração nativo-oligárquica-televisiva, o levou ao suicídio. Com ele, para o túmulo, também foi o sonho de uma tv pública....JK tentou ressuscitá-lo, foi pressionado, chantageado, forçado a abandoná-lo.

Talvez não seja muito justa a simples condenação a Lula porque não teria, segundo alguns comunicadores, a mesma decisão e coragem dos presidentes da Argentina, Bolívia, Equador e Venezuela em matéria de comunicação. O peso do capitalismo aqui é infinitamente maior, mais desenvolvido, o que constitui-se numa dificuldade adicional, mais complexa, juntamente com a inexperiência de uma comunicação pública como a vivida pelo povo argentino no passado. E, sobretudo, por não ter maioria parlamentar, além de contar com significativas contradições na sua base aliada, composta também por empresários da radiodifusão. Lula não pode ignorar o resultado das urnas de 2006......

Relações de forças lá e cá
Na Argentina há a retomada de uma experiência histórica bem sucedida, mas de modo gradual, nada súbito. Não se trata de uma virada de mesa ou de um ajuste de contas, muito menos um juízo final contra a oligarquia midiática, mas um retorno ao curso de um projeto nacional soberano dos argentinos também na área informativo-cultural. Mesmo com Chávez, nota-se uma gradual aplicação da Constituição, não uma eliminação da comunicação privada, mas uma atitude governamental legítima para que a lei seja cumprida por todos, demolindo o sistema de seqüestro midiático-empresarial que os radiodifusores de lá impunham sobre o povo venezuelano. Mas isto ainda está em curso, é ainda uma batalha, a grande audiência ainda está com a tv e a rádio privadas, muito embora a queda vertiginosa das vendas dos jornais conservadores seja emblemática.

Quando Chávez foi eleito, em 1988, o jornal “El Nacional”, vendia 400 mil exemplares. Hoje, rasteja-se em apenas 40 mil exemplares, portanto, número proporcionalmente inverso ao seu ódio editorial diante da popularidade do chavismo.

Não tendo a mesma maioria parlamentar folgada, Lula convoca a Conferência de Comunicação. Sua tática é evidente: libertar a agenda aprisionada pela mídia e envolver a sociedade neste debate. Claro que há dúvidas se a capacidade de mobilização de todos os movimentos pela democratização da comunicação, até hoje precária e rarefeita, tornar-se-á de fato robusta e amplificada rapidamente. O que torna ainda mais surpreendente e incompreensível a posição retoricamente radical de alguns destes movimentos desconsiderando esta relação de forças, o peso político e de poder da oligarquia da mídia no Brasil, a ausência de uma maioria parlamentar, traçando uma tática irreal, baseada no impressionismo da auto-suficiência de suas próprias forças.

Este cálculo leva a que não considerem o governo como o aliado fundamental neste campo de forças populares, que deve incluir, obrigatoriamente, o governo Lula, movimento sindical, movimento social, partidos políticos e até mesmo segmentos do empresariado ameaçados pela esmagadora intervenção estrangeira no setor audiovisual, e com riscos de ampliação se aprovado o PL-29, aliás apoiado por alguns que integrantes do movimento de democratização da comunicação. Democratização para quem?

Folha versus Data-Folha
A presença e o discurso de Lula contra o monopólio da mídia na inauguração de novas instalações da Record devem ser considerados como destravamento e visibilidade desta agenda da comunicação, antes tabu. Também é significativa pesquisa feita pelo Data-Folha, apontando que já 10 por cento dos entrevistados assistem a jovem TV Brasil e que 80 por cento destes gostam do que assistem. Como também é significativo o fato de que a Folha - jornal que pediu o fechamento da TV Brasil - não tenha publicado a notícia com o resultado da pesquisa. Ou seja, a Folha sonega informação do Data-Folha.

Também é expressiva a veiculação de matéria de 13 minutos pela TV Record revelando não apenas a queda da venda de jornais no Brasil, incluindo a Folha de São Paulo, mas também como este periódico apoiou a ditadura militar (até então desconhecido do grande público) e como ainda não deu explicações sobre a publicação de documentos adulterados da Ministra da Dilma Roussef. Já sabemos: na Venezuela o jornal “El Nacional” perdeu 90 por cento de seus leitores. Na Bolívia, o jornal “Cambio” , favorável às transformações conduzidas por Evo, já vende tanto quanto o maior jornal da oposição racista e conservadora. Como será o curso no Brasil da perda de credibilidade e de leitores dos jornais?

Popularizar a leitura de jornal
Esta vertiginosa queda na vendagem de jornais - lembremo-no de que eles informam a “tiragem”, mas não a “voltagem” - amplamente divulgada pela Record vem acompanhada do crescimento da internet como fonte de informação. Com o plano do governo de democratizar o acesso à banda larga, sobretudo por meio de uma empresa estatal que se encarregue desta tarefa republicana, poderemos nos defrontar a curto prazo com uma situação inusitada: uma tecnologia do século 16, a imprensa de Gutttemberg, ainda hoje com números indigentes de circulação no Brasil e em linha declinante, poderá sofrer a concorrência de tecnologia de última geração para o acesso amplo à informação.

Se vier de fato a ocorrer como se anuncia, terá sido o resultado da visão retrógada da oligarquia midiática brasileira que foi sempre incapaz de expandir a popularização da leitura de jornais e revistas, revelando seu próprio medo de ter que confrontar um povo informado e letrado, com mais habilidades para o exercício da cidadania e para fazer suas legítimas exigências históricas. Que avancemos em duas linhas, expandindo o acesso à banda larga pública, mas também a leitura de jornal, que é ainda uma dívida informativo-cultural a ser paga

O que não se entende é porque foram desprezadas ou não consideradas tantas propostas e experiências que tentaram ao longo de décadas - a começar por Monteiro Lobato que queria fazer da imprensa uma alavanca para a alfabetização plena e foi rejeitado - popularizar a leitura de jornais, mesmo com a enorme taxa de ociosidade de 50 por cento da indústria gráfica brasileira. Como disse Lula recentemente, “há coisas em que o mercado não sabe fazer ou não tem interesse”. E se o mercado não é capaz de popularizar a leitura de jornal e revista, e se temos metade das gráficas paradas todo o tempo, e se temos um povo proibido praticamente de ler e se as tiragens estão caindo , e se os jornais estão fechando, se temos jornalistas diplomados para o desemprego crônico, por que será que sindicatos, jornalistas, professores, não assumem a defesa, perante a Confecom, de um Programa Público de Popularização da Leitura de Jornal e Revista? Programa que se basearia no apoio público ao florescimento de jornais e revistas, fazendo as gráficas funcionarem, publicando em grandes quantidades para distribuição gratuita ao grande público sempre proibido de ler? A proposta consta das Teses da Associação Brasileira de Canais Comunitários - ABCCOM - à Confecom.

Coisas em que o mercado não tem interesse
Temos nesta área uma Grande Depressão, como ocorreu nos EUA com a crise de 29. E lá, o estado organizou programas públicos de difusão cultural, inclusive de leitura, ocupando os criadores, os escritores, os jornalistas, os artistas, fazendo com que a informação, a arte e a cultura chegassem – pela primeira vez - aos bairros pobres e negros de Nova Iorque. Como disse Lula, há coisas que o mercado não tem interesse em fazer. No Brasil, na área da leitura, sempre estivemos numa eterna grande depressão....

Certamente a Confecom não será o ajuste final de contas, não será o “tudo ou nada” Mas, será o palco para a organização de propostas e das forças que façam avançar as várias formas de comunicação pública, estatal, comunitária, universitária. Sobretudo aquelas que envolvem uma aliança entre movimentos sindical e social, partidos políticos, segmentos empresariais não-oligopolistas e o governo Lula, encorajando-o a ir mais adiante em medidas que estão ao seu alcance já, formatando um campo popular com força suficiente para dar sustentação à expansão, consolidação e qualificação da comunicação não seqüestrada pela ditadura do mercado cartelizado. É uma das maneiras de pavimentar as condições para termos forças suficientes para uma mudança de fôlego argentino à médio prazo

Beto Almeida é membro do Conselho Diretivo da Telesur e presidente da TV Cidade Livre de Brasília.

MST denuncia perseguição política à OIT na Suíça

O integrante da coordenação nacional do MST João Paulo Rodrigues entregou ao diretor-geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), Juan Somavia, e à representante permanente do Brasil junto à ONU (Organização das Nações Unidas), embaixadora Maria Nazareth Farani Azevêdo, uma denúncia sobre o processo de repressão e criminalização da luta dos trabalhadores rurais pela Reforma Agrária no país, em audiência em Genebra, nesta segunda-feira (2/11).

Em outubro, foi instalada por iniciativa de parlamentares da bancada ruralista uma CPI contra o MST, como forma de represália ao anúncio do governo federal da atualização dos índices de produtividade. Essa é a terceira CPI contra o MST instalada nos últimos quatro anos. “Estamos sofrendo uma perseguição política, que pretende atingir a Reforma Agrária, a organização do povo na luta por direitos e a democracia no Brasil”, afirmou João Paulo.

O documento apresentado pelo MST afirma que “se organiza esse grande quebra-cabeças que é a repressão aos movimentos sociais, em particular ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil, voltado para a manutenção do desrespeito à Constituição Federal, ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais e à manutenção da injustiça nas relações agrárias”.

A denúncia foi apresentada em parceria com os dirigentes das centrais sindicais brasileiras, CUT, CTB, Força Sindical, UGT, NCST e CGTB, que entregaram uma denúncia contra procedimentos do Ministério Público do Trabalho.

Com essa iniciativa, o MST começa uma campanha internacional contra a criminalização dos movimentos sociais por setores do Poder Judiciário, do Congresso Nacional e da mídia burguesa.

Abaixo, leia a denúncia apresentada à OIT e à ONU.

A ATUALIDADE DA VIOLÊNCIA CONTRA OS TRABALHADORES SEM TERRA NO BRASIL

Derrotada a ditadura militar brasileira, o campesinato fez sua reentrada em cena, demandando acesso à terra. O país marcado pela grande extensão e pela concentração da propriedade viu-se questionado pelo volume das ações camponesas e pela radicalidade das demandas, assim como pelo reaparecimento de velhos novos atores – indígenas e afrodescendentes – e pela consciência da necessidade de um ajuste de contas com o passado e o futuro das relações de propriedade da terra que enfrentasse a questão da abundância de terras produtivas inexploradas, multidões de trabalhadores rurais sem acesso a elas e minorias ínfimas de proprietários latifundistas para quem a terra mal chega a ser fator econômico, reduzida quase sempre a fator de poder.

A busca da terra prometida por Deus e pelos homens[1]gerou uma nova forma de articulação camponesa, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST, e de recuperação das áreas que não cumpriam a função social[2], as ocupações massivas[3].

O surgimento do MST e das ocupações coletivas redundou em aspectos aparentemente conflitantes, mas que se harmonizaram na realidade da luta pela terra no Brasil.

De um lado, ultrapassou-se a fase em que as ocupações eram realizadas quase que individualmente. Acompanhados de suas famílias ou, raramente, em pequenos grupos de duas ou três famílias, camponeses adentravam a mata e lançavam suas lavouras em terras públicas, ali permanecendo o tempo que a sorte lhes permitisse, sobrevivendo do que logravam obter das plantações, da coleta e da caça. Até que um dia eram descobertos pelos pistoleiros a mando de alguém que se intitulava possuidor da terra e o encontro terminava quase sempre na expulsão ou em choupanas queimadas e cadáveres insepultos devorados por animais, ossadas incorporadas ao húmus da floresta, vez ou outra descobertos, agora, quando a “civilização” chega àquelas paragens.

Se o pequeno número de ocupantes favorecia seu ocultamento na mata, e se esse ocultamento possibilitava uma sobrevida como resultado do desconhecimento da ocupação pelos grileiros, tinham também em si a raiz de sua derrota pela incapacidade de resistir à força do latifundiário e pela garantia do acobertamento de sua violência. Esse tipo de ocupação, ademais, tinha a característica de mascarar os dados reais da luta pela terra, eis que esses pequenos conflitos resolvidos pela morte no fundo da mata não chegavam ao conhecimento da sociedade, ficando quase sempre limitados aos próprios grileiros e matadores e às autoridades que os acobertavam.

O surgimento do novo movimento camponês deu visibilidade aos conflitos: não se as podia esconder as ocupações massivas, nem era possível agredi-las tão facilmente. Essa maior visibilidade, contrastando com o silêncio tumular – diga-se – anterior, permitiu muitas vezes que se atribuísse à presença do MST numa determinada região o surgimento dos conflitos pela terra, quando, na verdade, ela apenas era responsável pela retirada do véu que os encobria.

Essa nova fase da luta camponesa se iniciou exatamente no período em que a sociedade mais fortemente manifestou seu repúdio à violência e à tortura, e também esse fator algemou as mãos do latifúndio limitando o direto exercício da violência que praticava anteriormente, obrigando-o a lançar mão de seus agentes no aparelho policial, tendo sido esse, principalmente, o motivo que fez com que, na segunda metade da década de 80 a repressão às demandas camponesas fosse feita pelo exército privado do latifúndio, mas já em substituição pelo organismo policial, reservada à polícia local uma primeira ação, em geral sem muita preocupação com a legalidade, com vistas a impor aos camponeses o medo do Estado protetor do latifúndio.

Depois, quando ineficaz esta ação policial atemorizadora, o que ocorria quase sempre nas condições do atuar coletivo dos trabalhadores, foi ganhando corpo a intervenção do Ministério Público e do Poder Judiciário, num primeiro esforço para dar contornos legais à repressão contra os camponeses, adequada aos novos tempos que se apresentavam como "democráticos" e submetidos ao "império da lei".

Ao longo de vinte anos, houve no Brasil, um aprofundamento e alargamento desse processo, com a busca incessante por parte do estatado de mecanismos mais adequados ao exercício da repressão aos movimentos sociais. O qual não cessou, um instante sequer, de buscar articular fórmulas que ultrapassam os marcos da lei e outras que se mantém dentro de suas lindes.

A eficácia apenas parcial das articulações da violência direta do latifúndio com aquelas dos organismos estatais – policial, do Ministério Público e do Poder Judiciário -, fez surgir uma terceira fase, aquela em que estamos no momento, em que se busca, mais que tudo, uma deslegitimação do movimento camponês e o estabelecimento de uma repulsa social contra ele, apresentando-o já não apenas como violento, mas, principalmente, como agente de corrupção.
Não se trata, repita-se, de substituição de uma fórmula por outra, mas do surgimento de novas fórmulas que se vão articulando com as antigas, ganhando procedência sobre estas, sem que nenhuma delas seja, porém, abandonada.

Da repressão que se quis fora dos marcos legais, verifique-se, a título de exemplo, que embora se tivesse buscado o apoio policial para a violência contra o MST, as armas dos pistoleiros não foram abandonadas. Nos Estados de Pernambuco e Pará, principalmente, ainda hoje grande número de trabalhadores sem-terra caem vítimas das balas dos pistoleiros a serviço do latifúndio.

No Estado de Pernambuco:

Em Junho de 1997 pistoleiros atacaram um acampamento de trabalhadores sem terra, no Engenho Camarazal, ferindo cinco trabalhadores e matando Pedro Augusto da Silva e Inácio José da Silva. O Estado Brasileiro foi denunciado perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos por garantir até hoje a impunidade dos criminosos, entre os quais são apontados policiais e pistoleiros;

Em Agosto de 2006, dois dirigentes do MST em Pernambuco, Josias Sales e Samuel Barbosa, foram assassinados por pistoleiros no município de Moreno.

No dia 06 de julho deste ano (2009) os Sem Terra João Pereira da Silva, de 39 anos, José Juarez Cesário da Silva, 21 anos, Natalício Gomes da Silva, 36 anos, José Angelino Morais da Silva, 43 anos e Olímpio Cosmo Gonçalves foram mortos por pistoleiros quando participavam da construção das casas no Assentamento Chico Mendes, Agreste de Pernambuco. Além dos cinco mortos, um outro trabalhador sem terra, Erionaldo José da Silva, ficou ferido.

Em Julho de 2000, José Marlúcio da Silva, 47, foi morto com um tiro no peito disparado por policiais que reprimiram uma manifestação de trabalhadores sem-terra em Recife. Também nesse caso o Estado vem cuidando de garantir a impunidade dos matadores.

No Estado do Pará:

No dia 17 de abril de 1996, um destacamento da Polícia Militar do Estado do Pará, sob o comando do Coronel Mário Colares Pantoja assassinou 19 trabalhadores rurais sem terra que faziam uma marcha pela reforma agrária, no que ficou conhecido como o Massacre de Eldorado de Carajás. O Poder Judiciário do Pará garantiu a impunidade de todos os policiais envolvidos, com exceção do Coronel Pantoja e do Capitão Raimundo José Almendra Lameira que, embora condenados encontram-se ainda hoje em liberdade.

Em março de 1998, os trabalhadores rurais e dirigentes do MST Onalício Araújo Barros e Valentim Serra, conhecidos como “Fusquinha” e “Doutor”, foram assassinados, por pistoleiros que atuavam em parceria com policiais militares. Depois de executarem uma operação de reintegração de posse, junto com policiais militares, alguns deles participantes do Massacre de Eldorado de Carajás, pistoleiros seqüestraram Onalício e Valentim e os assassinaram, lançando os corpos na estrada. Até hoje o inquérito se encontra paralisado, numa forma de exercício da garantia estatal da impunidade aos crimes do latifúndio.

No dia 2 de fevereiro de 2005, pistoleiros e fazendeiros assassinaram Irmã Dorothy Mae Stang em Anapu, no Pará. Três pistoleiros foram condenados pelo crime, sendo que dois deles já se encontram em liberdade. Nenhum dos fazendeiros foi condenado.

Não apenas no Pará e em Pernambuco, porém, segue o exercício direto e através de policiais da violência contra a população camponesa.

No sul do Brasil, no Paraná, são grandes empresas multinacionais como a Syngenta que organizam a morte dos trabalhadores, o que levou a que pistoleiros a serviço da empresa, agindo sob título de “empresa de segurança”, no dia 22 de outubro de 2007, matassem o dirigente sem-terra Valmir Mota de Oliveira, o Keno. Os pistoleiros da Syngenta estão sendo protegidos pelo Estado. Os trabalhadores sem terra que reagiram ao crime estão sendo processados.

Em Minas Gerais, no dia 29 de outubro deste ano (2009), a Freira Dominicana Geralda Magela da Fonseca, conhecida como “Irmã Geraldinha”, foi ameaçada de morte por fazendeiros da região do Vale do Jequitinhonha, pertencentes à família Cunha Peixoto, por apoiar as demandas do MST. As ameaças a Irmã Geraldinha repetem aquelas feitas a Irmã Dorothy Stang antes de seu assassinato e repetem outras que foram feitas contra trabalhadores sem terra posteriormente vitimados no chamado

Massacre de Felisburgo.

Em 20 de novembro de 2004, 18 assassinos encapuzados, coordenados pelo latifundiário Adriano Chafik, foram ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais e atiraram contra homens, mulheres e crianças. Cinco camponeses Sem Terra Iraguiar Ferreira da Silva, Miguel José dos Santos, Francisco Nascimento Rocha, Juvenal Jorge Silva e Joaquim José dos Santos foram mortos. Mais 13 pessoas, incluindo crianças, foram baleadas e cem famílias foram desalojadas.

No Rio Grande do Sul, no dia 21 de agosto, a Brigada Militar (polícia militar estadual) matou o trabalhador sem terra Elton Brum da Silva durante a desocupação de uma área no município de São Gabriel. Embora houvesse informações que o disparo fora realizado pelo comandante do 2º RPMon de Livramento, Ten. Coronel Flávio da Silva Lopes, a Brigada Militar foi eficaz em não deixar provas.

Da repressão que o suporte do latifúndio disse se realizar dentro dos limites legais, quer a repressão policial, quer aquela de que se incumbiram os agentes do Ministério Público e do Poder Judiciário das comarcas do interior, fregueses de cama e mesa do latifúndio, foram se frustrando ante uma advocacia popular que se foi organizando e estreitando laços com as organizações camponesas, e encontrou formas técnicas de exercer seu papel, derrotando passo a passo as fórmulas jurídicas que foram buscadas para impedir o reconhecimento da legalidade da demanda pela reforma agrária.

O processo de criminalização dos movimentos sociais, nome que, entre nós damos às ações de agentes estatais, como de políticos e da mídia, visando a reprimir os movimentos sociais e seus militantes como criminosos ou criar condições para que tal repressão se exerça, não cessou, porém, e nem tem como cessar porque o que buscamos, de nosso lado, é o cumprimento das normas constitucionais que determinam a realização da reforma agrária, enquanto buscam os latifundiários e seus apoiadores impedir a realização do mandamento constitucional.

Por esse motivo, mais recentemente, e principalmente a partir do atual governo, as forças do latifúndio tem dirigido seus esforços para, sem deixar de matar, prender e torturar trabalhadores sem terra, produzir uma estigmatização do MST, que resulte num abandono por seus apoiadores e, simultaneamente, a destruição de sua articulação.

O meio utilizado para isso tem sido a articulação dos diversos elementos, promotores de justiça e magistrados vinculados ao latifúndio, parlamentares e agentes contratados da mídia.

Em dezembro de 2003, primeiro ano do governo do Presidente Lula, e com vistas também a atacar a atuação do governo e evitar o cumprimento de seus compromissos de candidato com a reforma agrária, a bancada ruralista no Senado e Câmara dos Deputados instalaram uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito declaradamente destinada a investigar as atividades do MST e de organizações e pessoas que o apóiam.

Dois anos depois, em dezembro de 2005, o relatório final da Comissão foi rejeitado por uma maioria de descontentes com o diagnóstico aprofundado da situação agrária de nosso país e as diversas sugestões apresentadas para que a Constituição brasileira fosse cumprida. Os dissidentes apresentaram um relatório que, mais do que o próprio MST, buscou criminalizar organizações da sociedade civil que apóiam a reforma agrária, chegando ao cúmulo de pretender que as ocupações de terra fossem tipificadas como crime de terrorismo, com o que terrorismo no Brasil seria identificado como ocupação de terras, já que não existe, entre nós, esse tipo penal.

Já em 2006, a bancada ruralista no Senado, propõe a instalação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito, que foi instalada em março de 2007 e ficou conhecida como CPI das ONGs, com o objetivo declarado de pressionar as entidades que apóiam o MST.

Embora essa Comissão ainda esteja em funcionamento, uma vez mais a bancada de defesa do latifúndio volta à carga neste mês de outubro, propondo e logrando a instalação de uma terceira Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, para pressionar o MST, as atividades de apoio a ele e o próprio governo do Presidente Lula, acusando o MST de apropriar-se de recursos públicos, através de entidades que estabelecem convênios com o governo.

É que em agosto deste ano o Presidente Lula assumiu o compromisso de assinar o decreto de atualização dos índices de produtividade. Estes índices são importantes para o cumprimento do dispositivo constitucional que fala da reforma agrária, porque é com base neles que se avalia se uma determinada propriedade cumpre o requisito do “aproveitamento racional e adequado” sem o que não será atendida a exigência de observância da função social da propriedade.

Os atuais índices foram fixados em 1980 e tiveram como base o censo agropecuário de 1975. O estabelecimento de novos índices deverá levar em conta a média de produtividade das microrregiões entre 1996 e 2007. Como os latifundiários preferem deixar a terra improdutiva, para tê-la apenas como reserva de valor ou de poder, muito mal cumprem os índices estabelecidos em 1980, o que torna o latifúndio, do ponto de vista constitucional, alvo de desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária.

Pretende a bancada do latifúndio, assim alcançar o triplo objetivo de colar no MST a imagem de movimento de corruptos; estabelecer uma fissura no apoio que a sociedade brasileira e muitos parceiros nacionais e internacionais brindam às aspirações camponesa, e, finalmente, fazer o governo recuar em seu intento de promover a atualização dos índices de produtividade das propriedades rurais.

Essas medidas dos defensores políticos do latifúndio contam sempre com a mais forte divulgação da mídia, eis que, no Brasil, a maioria dos donos de jornais são também proprietários rurais ou partilham interesses com eles.

Com essas atitudes não apenas se visa lograr o enfraquecimento da demanda pela terra, como a destruição da própria articulação dos camponeses sem terra brasileiros.

Que este é o objetivo da repressão ao MST vê-se da atuação coordenada desses mesmos agentes políticos e da mídia.

No Estado do Rio Grande do Sul, ali mesmo onde a Brigada Militar evoluiu do cerco, prisão e espancamento para o assassinato de trabalhadores sem terra, o Poder Judiciário viola seguidamente o direito de manifestação, ordenando à força policial que impeça marchas de trabalhadores.

Num episódio ocorrido no ano passado, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul deixou vazar ata de reunião do Conselho Superior em que diversos promotores se articulam para usar o poder estatal contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra, acoimando este de violar a segurança nacional.

Em seguida a isso, o Ministério Público Federal propôs ação penal contra oito trabalhadores sem terra, acusando-os de crime contra a segurança nacional, processo que ainda está em curso, no mais claro caso de criminalização de um movimento social:

“O MST é réu num processo político. (...) A denúncia oferecida contra os oito militantes do MST na Justiça Federal na comarca de Carazinho é base de uma ação política, porque os réus são, ali, acusados de violação aos artigos 16; 17, caput; 20, caput e 23, I, da Lei de Segurança Nacional”

... “De quatro dispositivos penais utilizados, o primeiro criminaliza a pertinência a uma organização política; o segundo criminaliza a ação dessa organização política; o quarto criminaliza a divulgação de seu ideário, e o terceiro é aquele cujo objetivo é apenas o de intitular de terrorista a associação política que se quer destruir.

No plano jurídico a eleição da Lei de Segurança Nacional tem o condão de proibir o exercício da ampla defesa, uma vez que obriga cada um dos réus a justificar todas as ações de qualquer integrante da organização a que pertença, podendo - em tese - virem a ser condenados no Rio Grande do Sul por algum ato que tenha sido praticado por outro integrante da mesma associação - mesmo sem seu conhecimento - num remoto vilarejo do Amazonas.

Mas, e é o que nos parece mais importante destacar, sendo os réus acusados de pertinência a uma organização de que se diz ser criminosa, é a própria organização que está, na verdade, sendo acusada - criminalizada - sem que lhe seja dada a possibilidade de defender-se. Quanto aos réus, são eles na verdade meros peões eleitos aleatoriamente, eis que qualquer um dos milhares de integrantes do MST poderia ser igualmente adequado para figurar na denúncia, já que ainda que pessoalmente nada se possa provar contra eles, o simples fato de admitirem ou ser provada sua filiação já justificaria a ojeriza do MPF no Rio Grande do Sul.

Tanto assim é que, admita-se a hipótese, ainda que todos à exceção de um negassem sua adesão ao MST e esta não ficasse provada, o fato de um único a admitir e por isso ser condenado, já implicaria a existência de uma decisão judicial estabelecendo que teria ele participado de ‘associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça’.

O que implicaria dizer que o MST seria uma tal ‘associação, partido, comitê, entidade de classe ou grupamento que tenha por objetivo a mudança do regime vigente ou do Estado de Direito, por meios violentos ou com o emprego de grave ameaça’.

Resulta, assim, evidente que ademais de se estar criminalizando o MST como entidade, como movimento social, está-se procedendo judicialmente de modo a impedir que esse movimento se defenda nos autos do processo, permitindo-se o MPF e a Justiça Federal eleger os oito cordeiros para o sacrifício da democracia.”[4]

Essa mesma articulação que integra alguns promotores de justiça com procuradores da república, trouxe à casa a imprensa latifundista gaúcha e setores da magistratura, de modo que o Ministério Público ajuizou ações civis pleiteando o despejo de acampamentos de trabalhadores, a imprensa fez a defesa da medida e o judiciário a deferiu, liminarmente, o que constitui um absoluto contra-senso, já que se os trabalhadores ganharem a ação, ao final, já não haverá possibilidade de retomar os acampamentos. O que denuncia, por si só, a intenção malvada por detrás da medida.

Essa mesma articulação integrou também o governo do Estado do Rio Grande do Sul, pleiteando e obtendo o Ministério Público o fechamento das escolas que atendiam as crianças acampadas e assentadas. Depois do fechamento, que implicou deixar milhares de crianças sem acesso à educação, o mesmo promotor responsável pela violação dos direitos humanos daqueles infantes ameçou processar os pais que não matriculassem e conduzissem as crianças às escolas distantes às vezes dezenas de quilômetros do local onde se encontram acampados ou assentados.

RESUMO

Não arrefece, antes se sofistica, a repressão contra as demandas camponesas.

Na atualidade, os inimigos da reforma agrária que a Constituição Federal ordena seja feita articulam diversos tipos de ações repressivas.

Exercitam a violência valendo-se do braço armado do latifúndio no Pará e em Pernambuco, principalmente, mas também em Minas Gerais, com o rosto do pistoleiro.

Permitem-se matar com o uniforme das empresas de seguranças constituídas pelas multinacionais voltadas à produção de organismos geneticamente modificados, no Paraná.

Juntam no mesmo ambiente os assassinos e torturadores com a farda da Brigada Militar gaúcha, com os sofisticados meneios do Ministério Público estadual e federal, a condescendência cúmplice do Poder Judiciário e o assente cúmplice do Governo do Estado no Rio Grande do Sul.

Voltam-se a estigmatizar como corruptos o MST e seus parceiros, visando ao rompimento desse suporte, pela palavra dos mais descredenciados porta-vozes do latifúndio mais arcaico, através de sua articulação no Parlamento e nos tribunais de contas.

Cada um desses elementos, cada um dos pedacinhos com que se organiza esse grande quebra-cabeças que é a repressão aos movimentos sociais, em particular ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Brasil voltado para a manutenção do desrespeito à Constituição Federal, ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais e à manutenção da injustiçã nas relações agrárias.

[1] A Constituição da República Federativa do Brasil trata, no Capítulo III, da política agrícola e fundiária e da reforma agrária. Ali se determina, no art. 184, que “Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.”

[2] O Art. 186 da Constituição Federal afirma que “A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores.

[3] O surgimento do MST recupera a experiência das Ligas Camponesas, anteriores à ditadura militar, de realizar ocupações massivas de terras violadoras da função social da propriedade.

[4] FON FILHO, Aton; FIGUEREDO, Suzana Angélica Paim. Estratégias de Criminalização Social, in Direitos Humanos no Brasil 2008. São Paulo: Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, 2008.

Serra entre o príncipe e a caveira

O governador José Serra, que tem um assessor sempre atento para lhe borrifar álcool gel nas mãos após sessões de saudações a eleitores, vive dias hamletianos. Não sabe o que fazer com sua iminente derrota se candidato for à sucessão presidencial.
Hamlet é uma das clássicas obras uma obra de Shakespeare. O personagem principal é o príncipe da Dinamarca, que empresta o nome à obra. Num dado momento, segurando uma caveira, se pergunta: “to be or not to be, that´s the question”. A pergunta que Serra deve estar se fazendo é se ele é o príncipe ou a caveira.
Claro que ele não tem dúvida que é príncipe ou algo mais relevante, acontece que os súditos do reino da Dinamarca, conhecido por essas bandas pelo nome vulgar de Brasil, não são todos paulistas. E não são todos da classe média preconceituosa. Se assim fossem, Serra seria rei, não príncipe.
É difícil para o nobre governador escapar da disputa contra a candidata do governo. Até porque há muita gente a lhe cobrar esse gesto de coragem. Mas ao mesmo ele teme em gritar truco sabendo que a adversária tem um zap, aquela carta que não é derrotada nem pelo mais alto brado nem pela pior cara feia – algo que ele tem de sobra.
Lula é o zap da vez. Este blogueiro desconhece na história política recente um governante que não tenha se reelegido ou feito sucessor com 80% de aprovação.
Ao mesmo tempo Serra sabe que se não for candidato se tornará um espectro a governar São Paulo, já que mesmo se Aécio vier a ser derrotado por Dilma, a tendência é que consolide nacionalmente seu nome e passe a ser a opção do PSDB para faturas futuras.
É de lascar o drama hamletiano de Serra. Ele que se acha príncipe, começa a perceber que está se tornando uma caveira política. Até porque se vier a optar pela candidatura a governador, passará a ser tido pelos súditos como um borra-botas, alguém que não tem coragem de enfrentar desafios mais duros. Isso também pode lhe ser fatal.
Se vier a desistir da disputa nacional, a disputa paulista poderá não lhe ser tão fácil. Nem o paulista conversador vai gostar de ter um borra-botas à frente do seu glorioso estado. É também por essas e não só pelas outras, que nosso governador tem se dedicado a questão do príncipe da Dinamarca.
Não deve ser fácil para um tucano ter de decidir algo desta monta. E até por isso ele tem se dedicado a cada a adiar mais um dia e outro dia a decisão. Boa sorte, governador. Aliás, governador príncipe ou governador caveira?
PS: Hoje nosso governador também deve estar se perguntando: será que o Aécio deu um tapa na sua namorada? Ao mesmo tempo Alckmin e Roseana já devem ter ligado para o mineiro, relembrando os casos da Lunus e da Opus Dei.
Quero registrar que não duvido da veracidade da história. Primeiro, porque acho Juca Kfouri um jornalista sério. Segundo, porque já ouvi outras histórias com viés semelhante associando Aécio desvios de cunho comportamentais. Mas ao mesmo tempo acho estranho que isso venha à tona nesta altura do campeonato.

Do blog do Roval

Deputados de Honduras ganham tempo com manobra

A mesa diretora do Congresso de Honduras resolveu nesta terça-feira (3) consultar a Corte Suprema de Justiça e outras instituições sobre a devolução da presidência a Manuel Zelaya. A manobra, adotada por maioria, é vista como uma tentativa de protelar a solução da crise, acordada na sexta-feira entre o regime golpista e os partidários do presidente constitucional.

Populares pró-Zelaya diante do Congresso

Os líderes do Parlamento resolveram consultar a Corte, assim como o Ministério Público e a Procuradoria Geral da República. Só depois será convocada uma sessão extraordinária do Parlamento para submeter o retorno de Zelaya a votação. A informação foi dada à agência Reuters por Antonio Rivera, vicelíder da bancada do Partido Nacional. "Vamos nos reunir assim que tivermos os relatórios dos três órgãos", prometeu ele.

Desafio ao acordo negociado

A decisão é um desafio ao o acordo fechado na semana passada entre os negociadores de Zelaya e dos golpistas, mediada por um emissário de Washington, cujo ponto central é que o Congresso decida sobre a volta ao poder do mandatário deposto. "Estamos simplesmente diante de uma forma de ganhar tempo por parte dos golpistas", denunciou Victor Meza, o chefe da representação de Zelaya na mesa de negociações.

A decisão da direção da mesa do Congresso não foi unânime. Três dos 13 membros votaram contra o pedido de opinião à Suprema Corte e tentaram fixar um prazo de 24 horas para que os órgãos consultados dessem seu parecer e, assim, pudesse ser convocada a sessão para votar o futuro de Zelaya.

"A maioria votou por enviar à Corte Suprema, mas houve votos contra dos que queriam que se votasse a restituição imediatamente", disse à Reuters o deputado Marvin Ponce, do movimento Unificação Democrática, pró-Zelaya.

As manobras protelatórias deixam um ponto de interrogação quanto ao cumprimento do acordo de sexta-feira. Segundo o que foi acordado, um governo de unidade e reconciliação nacional seria formado até quinta-feira. Zelaya, porém, advertiu que antes disso deve ser reconduzido ao cargo para o qual foi eleito, e de onde o derrubaram no golpe de 28 de junho. Ele disse que se até quinta-feira não for restituído na presidência, a comunidade internacional não reconhecerá as eleições.

A Suprema Corte, declarou anteriormente que o golpe de Estado que destituiu Zelaya no fim de junho foi legal devido ao fato de o mandatário ter violado a Constituição ao querer forçar a reeleição presidencial.

Mais manifestações populares

A decisão da direção do Congresso incomodou a comissão de verificação da Organização dos Estados Americanos (OEA), que chegou a Tegucigalpa pouco antes da votação com a esperança da rápida aplicação de um acordo.

Além disso, indignou os simpatizantes de 'Mel' – o apelido do presidente deposto –, que convocaramuma manifestação em frente ao Congresso para pressionar por sua restituição. Os simpatizantes de Zelaya gritavam "Mel, aguente, que o povo se manifesta", com os braços para cima. Desde o golpe de junho, a Resistência, como é chamada, realiza manifestações todos os dias pela volta dop presidente eleito.

A comissão da OEA é liderada pelo ex-presidente chileno Ricardo Lagos, que mais cedo nesta terça-feira disse a uma rádio de seu país que acredita que o caminho para sair da crise é "restabelecer o presidente Zelaya pelo escasso tempo que lhe resta na Presidência".

Mas admitiu que o Congresso levará seu tempo. "Não acredito que (a votação) seja hoje (terça-feira). O ideal para mim seria que o fizessem já".

Zelaya permanece abrigado na embaixada brasileira desde 21 de setembro, depois de voltar clandestinamente ao país. O edifício está cercado por tropas de choque com escudos e bombas de gás lacrimogêneo, e bombardeado por operações de guerra de nervos.


Do Portal Vermelho.org