sábado, 19 de maio de 2012

Dias na Carta: assim a sra. brindeiro prevaricou




por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada
Na imperdível seção Rosa dos Ventos da Carta Capital, Mauricio Dias faz um diagnóstico breve e mortífero do que chama de “Prevaricação” da sra brindeiro Gurgel, procuradora Cláudia Sampaio:

Ao receber o relatório da Procuradoria de Goiás a sra. brindeiro tinha quatro opções:

“A – Ao alegar a inexistência de indício contra Demóstenes, deveria devolver os autos para prosseguir contra os incriminados sem direto a foro especial.


B – Como não alegou incompetência, é porque , em princípio, admitu o envolvimento do senador. Logo, deveria requerer novas diligências ao STF.


C – Diante da falta de indícios contra o parlamentar, ela não poderia arquivar. O MP não dá a palavra final em inquérito criminal. Deveria, então, pedir arquivamento ao STF e restituir os autos a Goiás, para prosseguir a investigação no primeiro grau.


D – Entendeu que havia indícios para oferecer denúncia junto ao STF. Alegou que não fez o pedido do delegado e, assim, prevaricou.”


A seguir, Mauricio Dias, sempre elegante e sereno, pergunta:

“Por que o Procurador Geral, Roberto (brindeiro – PHA) Gurgel evitou comparecer à CPI e concordou em responder a perguntas por escrito ? Tem gato na tuba.”

Sanguessugado no Luis Nassif Online


Autor: 
 
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres ambiciona a unanimidade, a radicalidade, a plenitude - palavras que, como poeta, gosta de exercitar.
Nas discussões da Lei de Imprensa, é o que o leva a discorrer sobre os dois ângulos básicos – os direitos fundamentais e as responsabilidades inerentes – e permitir ao interlocutor utilizar o que bem lhe aprouver. Parece não se importar muito com o resultado final da explanação: a maneira como seu discurso chega à opinião pública.
Nos últimos meses são recorrentes entrevistas onde trata o direito de imprensa como valor absoluto – superior a todos os demais, inclusive os direitos individuais.
Na entrevista que me deu, explica que sempre expõe os dois ângulos da questão. Mas a “grande mídia” só divulga um deles. Ora, se a palavra do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) chega a todo o poder judiciário através de suas entrevistas na mídia, porque permite que as entrevistas sejam sempre instrumentalizadas?
Em uma hora e meia de almoço agradável em Brasília, Ayres expôs seus pontos de vista sobre a Lei de imprensa e sobre as mudanças na mídia - que ele taxa como mudanças de ruptura, devido ao advento da Internet.
Cabe ao STF zelar pela Constituição e Ayres Britto é fundamentalmente um constitucionalista. Então, sua visão sobre a liberdade de imprensa corresponde ao que entende que a Constituição reza, além da análise comparada com o direito em países de democracia madura.
Diz Ayres Britto que o país atravessa momentos de ruptura em todas as áreas. E que o STF está atento a essas mudanças, tomando a dianteira de uma série de bandeiras modernizantes, como a morte dos anencéfalos, o casamento homossexual e assim por diante. É fato.
Diz também que a imprensa atravessa o mais importante momento da sua história, a grande ruptura com a democratização dos meios de comunicação, através da Internet.
Feito o preâmbulo, expõe seu raciocínio sobre a liberdade de imprensa.

Liberdade de imprensa como direito absoluto

A Constituição estabeleceu o essencial e o lateral para a liberdade de imprensa.
O essencial, a radicalidade – diz Ayres – é que sob qualquer forma a liberdade de imprensa não poderá sofrer nenhuma restrição, “observado o disposto nesta Constituição” – ou seja, a liberdade de imprensa sujeita-se diretamente à Constituição, não às leis. O parágrafo 1o já é definitivo: “Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir em embaraço à plena liberdade de informação jornalística”.
Significa que, sob nenhuma hipótese, haverá censura prévia, veto à manifestação do pensamento, criação, expressão e informação. E a Constituição chamou a si esse dispositivo, tirando do campo das leis. Ponto.
Há dois blocos de direitos fundamentais, diz ele: um constituído pelos bens jurídicos - intimidade, vida privada, honra e imagem; bloco de bens de personalidades. O segundo bloco é a  manifestação do pensamento, criação, expressão e criação. Os dois blocos tendem ao tensionamento, diz Ayres.
A Constituição fez sua opção: no limite, no entrechoque, vou preferir a liberdade de imprensa. Depois, vou cobrar no plano das consequências: direito de resposta, indenização, injúria, calúnia, difamação.
É como se Constituição dissesse: eu vou pré-excluir a apreciação do juiz em relação aos dois blocos.
Os limites à liberdade absoluta
Publicada a notícia, entra-se no campo das responsabilidades. É aí que se definem os limites ao poder absoluto da mídia.
Respeitado o sigilo de fonte, a Constituição prevê o direito de resposta, proíbe o anonimato, criminaliza os excessos que caracterizam calúnia, injúria e difamação, diz Ayres Britto.
A questão é que em todas as manifestações públicas de Ayres, há a defesa intransigente da liberdade de imprensa como valor absoluto, e nenhuma das responsabilidades inerentes ao exercício desse poder.
Diz Ayres Brito:
-       Sempre atendo ao convite da grande imprensa para falar sobre o tema. Mas nunca deixo de dizer que ela pratique a mesma democracia que exige externamente. Só que, quando faço advertências, a imprensa não publica.
Há poucos dias Ayres falou em São Paulo a convite do Ives Gandra da Silva Martins. Segundo suas palavras, sua mensagem foi a seguinte:
-       Ninguém é ingênuo para ignorar que a imprensa é constitutiva de um grande poder social. Como dizia Montesquieu, quem detém poder tende a abusar dele e só esbarra quando encontra limites externos. Disse com todas as letras:  é preciso que discutamos sobre o poder social da liberdade da imprensa na perspectiva do controle. E que não pode ser  controle estatal.
Divulgou-se apenas o direito absoluto, não a necessidade de formas de controle social.
-       Quando faço advertências, a imprensa não publica. O que me cabe é explicar o voto, e o voto tem dois lados. Imprensa só coloca o lado que interessa.

Cartéis e monopólios

A palavra do presidente do STF chega a todo o poder judiciário através das entrevistas que ele dá – muito mais do que das súmulas, de alcance restrito.  Se a imprensa divulga apenas parte do discurso, há algo de errado.
Ayres Brito concorda.
-       A Constituição é cautelosa. No parágrafo 5o diz que os meios de comunicação não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio. A Constituição proíbe oligopólio e monopólio.
Ora, então tem-se uma situação de fato que conflita com o disposto no espírito que rege a liberdade de imprensa.
Explico meu caso: meses e meses sofrendo toda sorte de abusos da revista Veja, de colunas difamatórias na revista a toda sorte de difamação nos blogs. Quando recorro ao Direito de Resposta, a juíza Luciana Novakoski Ferreira postergou por três anos o julgamento, alegando que a revogação da Lei de Imprensa acabou com o Direito de Resposta.
Ayres Britto é taxativo: não acabou.
Na semana passada ele anunciou a criação de um fórum no âmbito do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) visando impedir que juízes de primeira instância sobreponham os direitos individuais, os chamados bens jurídicos, ao primado da liberdade de expressão.
Ayres Britto diz que houve má interpretação sobre esse fórum. Sua intenção será estudar as relações entre poder judiciário e liberdade de imprensa, mas tematicamente. Não lhe cabe, nem é da função do CNJ, entrar no mérito das decisões judiciais.
Em anexo, dois votos do Ministro, um sobre a Lei de Imprensa, outro sobre o humor na política.

O terrorismo made in USA


Por Rui Paz, no sítio da Fundação Maurício Grabois:

A 7 de maio o governo de Obama anunciou que os EUA tinham conseguido evitar um atentado à bomba contra um avião de passageiros. No dia seguinte, Hillary Clinton acusava os "terroristas" de utilizarem "métodos perversos e terríveis" e de procurarem "matar pessoas inocentes". Mas poucas horas depois, descobre-se que o "terrível" plano da matança dos inocentes tinha partido da própria CIA e deveria ser executado por um seu colaborador. 

Não é a primeira vez que Washington afirma ter feito despoletar actos de terrorismo cujos autores e executantes mantêm ligações aos serviços secretos norte-americanos. Desde que o presidente Jimmy Carter assinou a 3 de Julho de 1979 a diretiva do apoio secreto aos mudjaedines no Afeganistão (Brezinski) que o governo norte-americano e os seus aliados sauditas passaram a trabalhar com grupos terroristas, como o de Bin Laden. 

No futuro, uma das maiores dificuldades dos historiadores na análise dos acontecimentos das últimas quatro décadas será saber qual o contributo de Washington para a criação e disseminação do fenómeno do terrorismo internacional. Como acabámos de ver mais uma vez nas terríveis explosões de 10 de Maio em Damasco, que mataram dezenas de sírios, estes actos de terrorismo coincidem com a estratégia intervencionista do imperialismo na região. 

Qual o papel dos membros ou colaboradores infiltrados da CIA e de outros serviços secretos aliados das potências ocidentais nestes massacres terroristas? Até que ponto determinadas organizações já sob o controlo parcial ou total do imperialismo intervêm ativamente no acicatar dos conflitos étnicos e religiosos, entre xiitas e sunitas, com o objectivo de estabelecer o caos, dividir para reinar ou enfraquecer regimes e governos que não se rendem aos interesses ocidentais? 

Não esqueçamos a recente mentira do FBI sobre uma tentativa de atentado dos serviços secretos iranianos contra o embaixador da Arábia Saudita em Washington que conduziu ao envio de notas do Departamento de Estado para as embaixadas do mundo inteiro. Serviços secretos e governo norte-americano trabalham visivelmente em conjunto para ludibriar a opinião pública.

No relatório final da comissão do 11 de Setembro de 2001, a componente terrorista dos Balcãs é referida só algumas vezes num total de 567 páginas, apesar de ter desempenhado um papel muito importante nos atentados de Nova Iorque. Segundo o autor de «como o Djihad chegou à Europa», Jürgen Elsässer, a razao é simples: «os amigos de Bin Laden nos Balcãs estavam na lista de pagamentos da CIA». 

Face à rapidez com que determinadas forças e grupos terroristas passam de aliados a inimigos dos Estados Unidos e da NATO, e vice-versa, o assassínio de Bin Laden e de outros elementos oficialmente apresentados como adversários presumíveis ou declarados dos EUA, destina-se de facto a «combater o terrorismo» como é afirmado oficialmente pelo governo norte-americano ou a apagar ligações e rastos de colaboração entre o Pentágono, a CIA e determinados grupos bombistas cujos interesses coincidiram ou coincidem com os de Washington?

É absolutamente necessário que uma instituição como a ONU se pronuncie contra os assassínios sem julgamento por um Estado que se diz de «direito». De outro modo corre-se o risco de ver a barbárie institucionalizar-se com a cumplicidade e cobertura de uma organização internacional que segundo a sua Carta deveria preservar as normas do direito internacional e as conquistas civilizacionais.

* Fonte: Avante!

Extraído no blog do Miro

Mídia fala em “pizza” porque CPI contrariou oposição



 por Eduardo Guimarães, no blog da Cidadania
A partir de agora, mais do que nunca, o cidadão que quiser saber a quantas anda a CPMI do Cachoeira terá que se manter cético sobre a guerra de versões que se instalará. Nesse processo, devido à aliança entre a oposição e setores da imprensa, ficará mais difícil saber o que está acontecendo, mas não será impossível.
Há duas versões que a mídia demo-tucana está espalhando que pretendem jogar areia nos olhos da opinião pública. Uma delas é sobre o volume de ligações telefônicas entre o diretor da revista Veja Policarpo Júnior, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e sua quadrilha. Os interessados em distorcer essa questão – leia-se a própria Veja – dizem, agora, que das 200 ligações do jornalista com o contraventor só teriam aparecido duas.
O jornalista Luis Nassif já tinha explicado essa questão em post, mas, em minha opinião, não foi suficiente explícito, haja vista que tenho recebido muitas consultas de leitores sobre essa questão.
Detalhe: a informação de Nassif me foi confirmada ontem (quinta-feira) e passo a detalhá-la.
A informação sobre “200 ligações” entre Policarpo e Cachoeira – fora outras que o jornalista manteve diretamente com a quadrilha – é oriunda da Polícia Federal. Os grampos telefônicos captados foram armazenados em um sistema chamado “Guardião”. Esse sistema permite que pessoas autorizadas localizem conversas entre os diversos envolvidos no caso.
Como explicou Nassif e me confirmou a fonte com a qual conversei, se você faz uma busca no sistema Guardião pedindo um índice das conversas de Policarpo com Carlinhos Cachoeira, por exemplo, o número de resultados ultrapassa 200, sem falar nas ligações entre o jornalista e o resto da quadrilha.
Como o foco das Operações Monte Carlo e Vegas não era o jornalista da Veja, e até devido ao vespeiro que é mexer com a imprensa, a PF não transcreveu e separou as ligações envolvendo a Veja. Além disso, há uma forte pressão da oposição e da imprensa sobre setores da PF ligados a esse grupo político.
Aí chegamos às notícias da grande mídia sobre um “acordão” para transformar a CPMI em “pizza”. Os jornais trazem hoje (sexta-feira), nas primeiras páginas, alusões a isso. Ontem (quinta-feira), portais e sites na internet disseram a mesma coisa. Mas que “acordão” é esse? É para poupar a Veja? É para a Comissão não investigar mais nada?
A mídia e a oposição espalham a versão da Pizza porque a CPMI não irá convocar agora os governadores acusados de envolvimento com o esquema Cachoeira e porque restringiu ao Centro-Oeste as investigações sobre a Delta, que as mesmas mídia e a oposição querem que avancem até o Rio de Janeiro, obviamente que passando longe de São Paulo, onde a revista IstoÉ mostrou, recentemente, que estão os maiores negócios da empreiteira.
Aqui mesmo, no blog, vários leitores caíram nessa conversa. O mesmo aconteceu nas redes sociais Twitter e Facebook. Tem gente caindo como patinho em uma versão do interesse da Veja, da Folha, do Estadão, do Globo, do PSDB, do DEM e do PPS.
O PT e a base aliada não vão aceitar convocar Agnelo Queiróz e Sérgio Cabral simplesmente porque não há nada nas gravações da PF contra eles. O único governador realmente envolvido com o esquema Cachoeira é Marconi Perillo. E como os aliados governistas apostam que isso ficará claro ao se aprofundarem nas escutas da PF, as convocações ficaram em suspenso.
O mesmo se dá a respeito da convocação do jornalista Policarpo Júnior. O senador Fernando Collor havia feito um pedido de envio das gravações armazenadas no sistema Guardião que envolvam exclusivamente a Veja e seu jornalista. O relator Odair Cunha inclinou-se por esse requerimento, mas, diante da argumentação da senadora do DEM Katia Abreu de que a PF enviou o lote inteiro de gravações da Operação Monte Carlo, Cunha aceitou barrar o requerimento de Collor.
Não acredite então, leitor, nessa conversa sobre “pizza” e “acordão”. A leitura dos grandes jornais e portais de internet está direcionada para confundir o público e gerar desânimo entre aqueles que querem ver esclarecidas as relações da Veja e de outros veículos com o crime organizado, sem falar no governo paralelo que Cachoeira instalou em Goiás.
A dinâmica da CPMI fará brotarem todas essas questões. É questão de tempo. A mídia joga com a ansiedade das pessoas e tenta criar um fato consumado. A investigação mal começou. Não se deixe enganar. A maioria do PT e dos seus aliados vai, sim, investigar a mídia. E Parcela relevante do PMDB está indignada com a tentativa de envolver o governador Sergio Cabral.
A blogosfera irá informá-lo melhor, leitor. Neste momento, aliás, nem é preciso, pois a própria Veja soltou nota que termina assim: “As tentativas de intimidação [da “imprensa livre”] não devem cessar com a primeira derrota de Collor e do PT na CPI”.  Essa parte é verdade. A investigação contra a Veja vai realmente ocorrer.