Documento revela ‘arapongagem’ na USP
Monitoramento foi um dos assuntos debatidos na audiência pública na AL
por Lúcia Rodrigues, em Caros Amigos
Documento que chegou às mãos do deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL-SP) durante a audiência pública que aconteceu nesta segunda-feira, 28, na Assembleia Legislativa, sobre a presença da PM no campus da USP, aponta que reuniões do Sindicato dos Trabalhadores da USP, o Sintusp, e da Associação dos Docentes da USP, a Adusp, teriam sido monitoradas. Não foi revelado quem estaria no comando desse monitoramento.
Para o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, que representou os trabalhadores da USP na audiência, o monitoramento das atividades sindicais é um fato gravíssimo. Ele acredita que há a possibilidades de que escutas tenham sido instaladas nas sedes das entidades. “Vamos ter de começar a fazer nossas reuniões fora do Sindicato”, desabafa.
Transcrições
O documento não foi apresentado à imprensa, o deputado Gianazzi afirmou que pretende verificar a veracidade das informações. Há, segundo a denúncia, transcrições das falas de dirigentes do Sintusp e da Adusp e representantes do Fórum das Seis, entidade que reúne os sindicatos e as associações de docentes das três universidades públicas paulistas, Unicamp, Unesp e USP.
Para o vice-presidente da Adusp, César Minto, é preciso analisar a denúncia. “Precisamos saber de onde partiu e o que isso significa.” Ele informa que vai remeter o caso ao departamento jurídico da entidade. De acordo com o dirigente, o nível de autoritarismo presenciado na USP é preocupante. “Não há diálogo. A reitoria não responde nem mesmo aos ofícios que são encaminhados”, critica o docente, que também leciona na Faculdade de Educação.
Sem moral
“É um desprezo repetido e reiterado”, alfineta o diretor do Diretório Central dos Estudante, Tiago Aguiar, ao se referir à postura de Rodas. A entidade defende a saída do reitor do cargo. “Ele não tem autoridade moral para dirigir a USP”, afirma o estudante ao comentar o fato de a PM ter sido chamada por Rodas para reprimir os estudantes que ocupavam a reitoria da universidade.
Rafael Alves, um dos 73 alunos presos durante a invasão da PM à reitoria, também defende a saída do reitor. Ele destacou a forma repressiva como a reitoria da USP tem se comportado em relação aos ativistas que atuam na universidade. “São mais de 50 processos contra estudantes e funcionários. E provavelmente os 73 (detidos) também serão processados.”
Policial
Uma dirigente do Sintusp também denunciou que o chefe da Guarda Universitária, o investigador de polícia Ronaldo Penna, seria um dos donos de uma das empresas terceirizadas que presta serviços à Universidade.
O reitor João Grandino Rodas não compareceu à audiência. A assessoria da USP alegou incompatibilidade de agenda. Gianazzi pretende aprovar a convocação do reitor da USP para prestar esclarecimentos nas comissões de Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente. Para isso, precisará convencer os deputados da base governista a dar o aval para a convocação.
Se as convocações forem aprovadas, Rodas será obrigado a comparecer à Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre acusações, por exemplo, de improbidade administrativa. João Grandino Rodas foi indicado pelo então governador de São Paulo, José Serra. Ele foi o segundo colocado de uma lista tríplice contrariando o que é de praxe – que o primeiro colocado da lista encaminhada ao governador seja o nome chancelado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário