quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Lúcia Rodrigues: Reuniões na USP podem ter sido espionadas

Documento revela ‘arapongagem’ na USP

Monitoramento foi um dos assuntos debatidos na audiência pública na AL

por Lúcia Rodrigues, em Caros Amigos

Audiencia-USP-2

Documento que chegou às mãos do deputado estadual Carlos Gianazzi (PSOL-SP) durante a audiência pública que aconteceu nesta segunda-feira, 28, na Assembleia Legislativa, sobre a presença da PM no campus da USP, aponta que reuniões do Sindicato dos Trabalhadores da USP, o Sintusp, e da Associação dos Docentes da USP, a Adusp, teriam sido monitoradas. Não foi revelado quem estaria no comando desse monitoramento.

Para o diretor do Sintusp, Magno de Carvalho, que representou os trabalhadores da USP na audiência, o monitoramento das atividades sindicais é um fato gravíssimo. Ele acredita que há a possibilidades de que escutas tenham sido instaladas nas sedes das entidades. “Vamos ter de começar a fazer nossas reuniões fora do Sindicato”, desabafa.

Transcrições

O documento não foi apresentado à imprensa, o deputado Gianazzi afirmou que pretende verificar a veracidade das informações. Há, segundo a denúncia, transcrições das falas de dirigentes do Sintusp e da Adusp e representantes do Fórum das Seis, entidade que reúne os sindicatos e as associações de docentes das três universidades públicas paulistas, Unicamp, Unesp e USP.

Para o vice-presidente da Adusp, César Minto, é preciso analisar a denúncia. “Precisamos saber de onde partiu e o que isso significa.” Ele informa que vai remeter o caso ao departamento jurídico da entidade. De acordo com o dirigente, o nível de autoritarismo presenciado na USP é preocupante. “Não há diálogo. A reitoria não responde nem mesmo aos ofícios que são encaminhados”, critica o docente, que também leciona na Faculdade de Educação.

Sem moral

“É um desprezo repetido e reiterado”, alfineta o diretor do Diretório Central dos Estudante, Tiago Aguiar, ao se referir à postura de Rodas. A entidade defende a saída do reitor do cargo. “Ele não tem autoridade moral para dirigir a USP”, afirma o estudante ao comentar o fato de a PM ter sido chamada por Rodas para reprimir os estudantes que ocupavam a reitoria da universidade.

Rafael Alves, um dos 73 alunos presos durante a invasão da PM à reitoria, também defende a saída do reitor. Ele destacou a forma repressiva como a reitoria da USP tem se comportado em relação aos ativistas que atuam na universidade. “São mais de 50 processos contra estudantes e funcionários. E provavelmente os 73 (detidos) também serão processados.”

Policial

Uma dirigente do Sintusp também denunciou que o chefe da Guarda Universitária, o investigador de polícia Ronaldo Penna, seria um dos donos de uma das empresas terceirizadas que presta serviços à Universidade.

O reitor João Grandino Rodas não compareceu à audiência. A assessoria da USP alegou incompatibilidade de agenda. Gianazzi pretende aprovar a convocação do reitor da USP para prestar esclarecimentos nas comissões de Direitos Humanos, Educação e Meio Ambiente. Para isso, precisará convencer os deputados da base governista a dar o aval para a convocação.

Se as convocações forem aprovadas, Rodas será obrigado a comparecer à Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre acusações, por exemplo, de improbidade administrativa. João Grandino Rodas foi indicado pelo então governador de São Paulo, José Serra. Ele foi o segundo colocado de uma lista tríplice contrariando o que é de praxe – que o primeiro colocado da lista encaminhada ao governador seja o nome chancelado.

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