Há 3 características dos meios de comunicação de massa que são importantes: a acumulação, a consonância e a onipresença. A primeira refere-se ao impacto cumulativo das informações veiculadas, que acabam por ocasionar processos persuasivos através da sedimentação das opiniões no tempo. A consonância associa-se ao fato de os traços comuns e as semelhanças existentes nos processos produtivos da informação tenderem a ser mais significativos e constantes do que as divergências. De tal modo que as opiniões apresentadas pelos telejornais fundamentam-se no conjunto homogêneo de informações que ela própria transmite. E finalmente a onipresença. Os meios de comunicação de massa estão de tal modo difundidos e devidamente estacionados em todos os aspectos da vida cotidiana dos indivíduos que estes já não vivem diretamente todas as facetas de suas próprias realidades, senão pela intermediação simbólica da televisão. Uma importante característica dos meios de comunicação não é apenas aquilos que estes dizem, mas principalmente o que não dizem. Em consequência da ação dos jornais, das revistas e da televisão, o público sabe ou ignora, presta atenção ou se distrai, realça ou negligencia elementos específicos dos cenários cotidianos. As pessoas têm tendência a incluir ou excluir de seus conhecimentos aquilo que os mass media incluem ou excluem de seu próprio conteúdo. Estes nem sempre visam imediatamente a persuasão, mas, ao descrever e adjetivar a realidade exterior, apresentam à audiência uma lista daquilo sobre o qual é necessário ter uma opinião e discutir. De tal forma que o embasamento fundamental da compreensão relativamente homogênea que as pessoas têm da realidade social é tomada de empréstimo, basicamente, da televisão. Se é certo que a imprensa pode não conseguir dizer às pessoas “como pensar”, ela possui um poder e uma capacidade impressionantes para dizer aos seus expectadores sobre que temas devem pensar qualquer coisa. Nada é casual, pode-se perceber facilmente o que motiva a diagramação dos telejornais: notícias importantes ou polêmicas são sempre seguidas por assuntos dispersivos e irrelevantes (futebol, “celebridades”, novelas). A televisão atualmente fornece algo mais que um número incalculável de notícias, pois, através do empolamento e reprise constante de certos temas, opiniões e problemas, ela se ocupa de construir (no lugar do indivíduo) as categorias já interpretadas da realidade, que conformam o único quadro interpretativo de que dispõe quase toda a sociedade.
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