quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sem-vergonhice

Do Crônicas do Motta

Freire: férias de Dilma são "sem-vergonhice" (Foto: Elza Fiúza/ABr)

O presidente do diretório nacional do PPS, aquele partido que conseguiu a proeza de passar de uma combativa esquerda para a mais reacionária extrema direita, o deputado federal Roberto Freire, aproveita o vácuo da oposição para marcar terreno como liderança desse exército sem tática nem estratégia.
No seu twitter, vocifera contra as férias da presidenta Dilma Rousseff, para ele, no mínimo uma "sem-vergonhice".
Como se sabe, a presidenta foi para a Base Naval de Aratu, da Marinha, na Bahia. Freire está injuriado porque leu em algum lugar que foram gastos R$ 658 mil para a reforma da ala residencial do local - uma imoralidade, na sua lógica.
Freire, porém, não revela que a reforma começou em 2010, portanto antes de Dilma ser eleita; que a Marinha já explicou que ela não será a única pessoa a ser recebida ali; e que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também já esteve hospedado naquela base naval.
O deputado pode, realmente, estar preocupado com a destinação do dinheiro público. Pode, sinceramente, achar que a presidenta não merece tirar uns dias de férias, nem a Marinha manter um local que se preste a receber hóspedes ilustres. É o seu direito.
Como também esteve no seu direito receber durante meses, jetons de R$ 12 mil da Emurb e da SPtur, para participar de reuniões mensais dos seus conselhos de administração.
A contribuição de Freire ao urbanismo e ao turismo paulistanos se deu quando ele estava meio por baixo na política nacional.
E quem se lembrou, num gesto de puro altruísmo, que ele poderia ajudar, com a sua sabedoria, a gestão dessas empresas, em 2005, foi o então prefeito paulistano José Serra, seu amigo do peito.
O deputado costuma se defender daqueles que o acusam de ter-se pendurado numa sinecura dizendo que exerceu os cargos com dignidade.
Não há por que duvidar de sua palavra.
Afinal, a sua vida pública sempre foi, como podemos dizer, guiada por princípios.
Deve ter sido por isso que fez oposição a FHC, apoiou Lula com entusiasmo no início, e depois se transformou em inimigo feroz do que chama de "lulodilmismo".
Os órfãos do Partidão também sabem disso.
Afinal, Freire teve papel preponderante no enterro da mais digna legenda partidária que já existiu no país

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