Postado: Fazendo Media
A recente divulgação manipulada de dados de IDH da ONU, quando os jornalões brasileiros estamparam dados de 2005 como se fossem atuais, levando até mesmo o Presidente Lula – mesmo estando em meio a silêncio por recomendação médica – a telefonar indignado ao Ministro Gilberto Carvalho reagindo à adulteração, é apenas mais uma prova escancarada da falta crucial que faz um jornal popular, de massas e nacional no Brasil. Divulgaram jornal velho, como se fosse notícia nova.
De fato, a oligarquia da mídia não tem limites em sua falta de escrúpulos. Não surpreende, Já passou para a história do anti-jornalismo um editorial do Estadão, que na data em que Getúlio Vargas assinava decreto criando a Petrobrás, afirmava ser um absurdo que se formasse uma empresa estatal de petróleo num país sabidamente sem petróleo, conforme afirmavam técnicos dos EUA. O jornalismo colonizado.
Há algumas áreas da política no Brasil de hoje, que, diferentemente de outras em que o Governo Lula deu início a significativas modificações, registram travamento, paralisia. A política financeira, a reforma agrária e a democratização da comunicação.
Este travamento suscita muitas perguntas. Primeiramente, por que será que um partido que consegue eleger por três vezes seguidas o presidente da república não consegue, não se anima a organizar um jornal popular e de massas, mesmo tendo sido esta tese já aprovada em alguns congressos e conferências do PT?
Será que um partido que demonstra o prestígio que tem entre as mais variadas camadas sociais, com capacidade de liderar uma composição de partidos, de articular-se com as centrais sindicais, os movimentos sociais, os segmentos progressistas das igrejas, a receber apoio expressivo entre os militares nacionalistas e democráticos, na intelectualidade, no movimento estudantil e na juventude, como também em setores do empresariado, tem realmente dificuldades organizativas, materiais e financeiras para montar uma imprensa a favor do povo e do Brasil?
Gramsci , fundador do jornal L’Unitá
Provavelmente, um importante óbice impedindo que o Brasil volte a ter um jornal nacionalista, popular, progressista, de ampla circulação, como foi o Jornal Última Hora, seja um bloqueio político, talvez uma falsa interpretação da teoria de Gramsci sobre a tese da hegemonia. Vale lembrar, inicialmente, que foi o próprio revolucionário italiano o fundador do Jornal L’Unitá. Segundo esta adaptação da teoria da hegemonia para os tempos atuais, não teria mais sentido a organização de mídias próprias, sejam partidárias ou de segmentos políticos organizados, sendo mais correta a disputa no interior da mídia convencional considerada como uma instituição que formaria parte de uma suposta democracia representativa.
Apesar disso, muitos dos dirigentes petistas, sustentando corretamente elaboração de inúmeros teóricos da comunicação, acusam a atual indústria midiática de ser partidária, facciosa, embora alegue neutralidade.Ela é partidária não apenas das teses mais caras ao grande capital internacional, apoiando escandalosamente, por exemplo, os indecentes privilégios da oligarquia financeira, das diversas oligarquias que concentram nas mãos a propriedade da terra, mas é também partidária no sentido eleitoral, como vimos, ao assumir as candidaturas mais conservadoras, representantes destas mesmas teses.
A crítica dos dirigentes petistas, baseada em argumentação coerente e em fatos objetivos, aponta a mídia brasileira atual de atuar como um verdadeiro partido político oposicionista, o que, por si só, anularia aquela possibilidade de que houvesse disputa democrática da hegemonia num universo midiático que comportasse o contraditório, a pluralidade, a diversidade. Realmente, isto não existe na mídia comercial brasileira, razão pela estaríamos diante de uma inevitável escolha: ou a acusação dos petistas ao partidarismo da mídia é fato, o que a realidade vem se confirmando dia após dia, e, assim, a renúncia a construir uma mídia própria por supor que existiriam condições para uma disputa democrática no seio desta mídia atual mídia, considerada ilusoriamente como um espaço democrático, deveria ser uma política descartada. Toda vez que o PT rejeita colocar em prática decisões de congresso para a construção de um jornal de massas, o que prevalece, de fato, é a política que reconhece credibilidade a esta mídia comercial como se fosse uma instituição democrática, plural e diversificada, o que ela nega ser diariamente. Se acusação de muitos dos dirigentes petistas ao golpismo da mídia é justa, é justo também considerar que esta avaliação, grave e decisiva, merece um desdobramento conseqüente e coerente: cabe ao campo progressista organizar sua própria mídia, dotada de brasilidade, pluralismo, diversidade, democracia..
Mídia e golpismo
O campo conservador tem sua mídia, e esta mídia atua não apenas como um partido contra todas as teses e políticas sustentadas pelo PT e pelos governos Lula e Dilma, mas também em defesa das teses mais caras ao grande capital internacional, seja em relação, por exemplo, à criminosa agressão contra a Líbia, à ocupação do Iraque e do Afeganistão, os preparativos de agressão contra o Iran, ações guerreiras que combinam-se com as políticas financeira que rapinam a economia popular nos países centrais do capitalismo. Diante disso, cabe então perguntar: o campo progressista, que esforça – se por imprimir mudanças sócio-econômicas civilizatórias, humanistas, democráticas, enfrentando os poderes e interesses que sustentam aquela velha mídia, tem ou não a tarefa, o direito e até o dever de oferecer à sociedade uma opção de jornalismo que promova pluralidade diversidade informativas e a democratização do debate político nacional e internacional?
A outro obstáculo, eventualmente mencionado, seria a dificuldade para a organização dos recursos financeiros necessários para a estruturação de um jornal popular. Talvez a resposta para esta dúvida eventual esteja na própria montanha de publicações que o conjunto das forças progressistas produz hoje, seja no movimento sindical ou partidário.. Trata-se de um volume tão espantosamente grande de impressos que, se todos os esforços, recursos e estruturas usados para esta produção e sua distribuição fossem postos a serviço de uma grande publicação popular, racionalizando-se e concentrando-se toda esta dispersão de iniciativas, com efeitos relativamente insuficientes, certamente haveria a capacidade de resolver o problema do grande déficit informativo do campo democrático-transformador hoje. Neste caso, o principal obstáculo continua sendo político.
Outro argumento que se lança, este mais recentemente, contra a idéia da produção de um jornal popular é o da chegada da internet, apontando a imprensa como uma comunicação do passado, da era da revolução industrial, enquanto que já estaríamos na condição de pensar numa comunicação pós-industrial. Certamente, os que argumentam em favor de um jornal popular não o colocam em antagonismo a qualquer nova forma de comunicação que venha a ser desenvolvida a partir de uma radical democratização da internet. De fato, não se trata de modalidades excludentes. Além do mais, Congresso Mundial de Jornais recentemente realizado, apontou uma superioridade de 20 por cento da leitura de jornais impressos, sobre a leitura da internet.
O papel do jornal “Última Hora”
Da mesma forma que já podemos perceber no caso brasileiro um certo travamento da agenda da democratização da mídia aprovada na Confecom – com seus desdobramentos evidentes também quando se percebe que a nova lei da TV paga, por exemplo, chancela e viabiliza a desnacionalização e a oligopolização deste setor comunicativo – constatamos, em contrapartida, que a democratização do jornalismo impresso, é algo que pode ser implantado imediatamente. Ou seja, as forças progressistas não dependem, hoje, de mudança na Constituição ou nas leis para que se forme um grande jornal nacional, popular, de massas, acessível a todos, como, em outra época, para mais uma vez dar o exemplo, já foi o Última Hora.
Dependem de sua própria iniciativa, as condições políticas para isto já foram conquistadas. Para dar uma idéia do papel cumprido por este jornal e do papel que poderia ser cumprido agora por um jornal popular, vale lembrar que em 1954, quando Vargas determinou um aumento de 100 por cento no valor do salário mínino, a jornalhadada direita fez o maior escândalo, até mesmo manifesto de coronéis repelindo o novo valor salarial se fez. Pois bem, neste dia, em letras garrafais, a manchete do Última Hora, de circulação nacional, estampava em todas as bancas a frase de Getúlio Vargas: “Não há salários altos. Há lucros excessivos!” . Manchete inimaginável em qualquer dos jornalões atuais.
Pode ser que este travamento da Agenda da Confecom continue por mais algum tempo pois, como sabemos, há temas que dependem de outra relações de forças, entre as quais o enfrentamento com os indecentes privilégios dos banqueiros e a paralisação da reforma agrária estrategicamente posicionados no Congresso. Dependem da constituição de novas maiorias, de mais presença popular no Congresso Nacional, para o que, a tática utilizada por certos segmentos de esquerda nas últimas eleições gerais – abstenção ou neutralidade em determinado momento – revelou-se, ,evidentemente, como um erro e deve ser revisada. Tivesse a esquerda mais peso parlamentar agora seria outra a votação , por exemplo, do Código Popular, da contribuição para a saúde etc.
O travamento da agenda da Confecom
A continuar este travamento da democratização da comunicação e, por desdobramento, da expansão de uma Banda Larga para Todos, mediante imposição dos oligopólios das teles que aprisionam certas áreas do governo, o projeto do jornal popular será o que mais rápida e eficazmente poderá ser implementado. Ante o argumento de que não se deveria investir numa comunicação do passado (imprensa), mas sim numa do futuro (internet), lembramos que estes investimentos já foram feitos. Já existe hoje uma moderna capacidade gráfica instalada. Mais que isso, existe uma capacidade ociosa da indústria gráfica que beira os 50 por cento, é crônica, em razão das cada vez mais baixas tiragens dos jornais, como também de livros, cuja tiragem padrão no Brasil é de apenas 3 mil exemplares. Em Cuba já houve tiragens de “Grande Sertão, Veredas”de Guimarães Rosa, de 150 mil exemplares. Na Venezuela, recentemente, houve uma edição do livro “Contos”, de Machado de Assis, de 300 mil exemplares, distribuídos gratuitamente, assim como uma tiragem de 1 milhão de exemplares de “Dom Quixote”de Cervantes, também distribuídos gratuitamente.
Popularização da produção e da leitura de jornais
Ou seja, a capacidade ociosa da indústria gráfica brasileira, juntamente com as raquíticas taxas de leitura, conforma um campo apto que permite combinar os fatores para a implantação de um projeto público de popularização da produção e da leitura de jornais no Brasil. Aqui temos gráficas meio paradas, povo impedido de ler e talentosos jornalistas e escritores sem postos de trabalho. Portanto, não se trata de investir mais na indústria gráfica, há uma capacidade instalada já. Trata-se de colocar capacidade existente e que está paralisada para funcionar, gerando emprego e, fundamentalmente, baseada num programa de jornalismo público e popular, democratizando a informação, sem necessidade de reforma constitucional ou novo marco regulatório da comunicação. Isto é para já. Afinal, este país já teve uma Última Hora!
O governo paga para apanhar
Quando se argumenta, em contraposição ao projeto de um jornal popular, que os recursos seriam muito difíceis de serem levantados, podemos não apenas recorrer novamente à história para lembrar do exemplo do empréstimo que o Banco do Brasil concedeu ao jornalista Samuel Wainer para fundar o Última Hora, empréstimo rigorosamente pago pela editora do diário. Aliás, sabemos que pagar empréstimos não é o forte para muitos dos grandes empresários ou usineiros de hoje, que certamente fariam o maior escândalo se os recursos públicos fossem legitimamente utilizados para sustentar o projeto de criação de um jornal popular. Mas, eles não fazem qualquer objeção ao fato de os recursos públicos serem hoje uma das principais fontes de sustentação da mídia comercial, sobretudo quando uma única edição da Veja recebe 14 páginas de anúncio da Petrobrás. O governo continua pagando para apanhar!. Em que pese a positiva reformulação na política de distribuição de verbas publicitárias, com muito mais democracia, ainda cabe corrigir os desequilíbrios existentes no setor, pois até o momento, sente-se a ausência de um projeto para um jornalismo público e de uma postura mais decidida e mais audaz por parte do governo federal para fortalecer, expandir e qualificar a comunicação no campo democrático.
Uma Fundação para o Jornalismo Público
Ainda refletindo sobre meios e maneiras de superar o ceticismo sobre como organizar os recursos para montar um projeto de jornal popular, lembramos que muitos dos fundos públicos de empresas estatais aplicam boa parte de seus recursos em operações financeiras tradicionais. Que efeitos positivos teríamos para a democratização da informação se boa parte destes mesmos recursos, hoje imobilizados no financismo, fossem injetados, por exemplo, na constituição de uma Fundação para o Jornalismo Público. Entre outras funções, esta Fundação poderia ter o papel de pensar, prever e elaborar teorias e práticas para o jornalismo do futuro, enriquecidos com as novas tecnologias de comunicação. Abrigaria uma instituição voltada para o ensino do jornalismo exclusivamente público, algo que ainda não está desenvolvido nem teórica, nem praticamente no Brasil – o ensino conceitual para o jornalismo privado já existe. Além disso, esta instituição aceitaria o desafio de elaborar e implementar projetos para a popularização da produção e leitura de jornal no Brasil, cujas estatísticas indicam estar abaixo da taxa de leitura da Bolívia, uma economia de muito menor porte que a brasileira.
Um novo jornalismo nasce na América Latina
Sob o lema “A imprensa é a artilharia do pensamento”, cunhada por Simon Bolívar, renasceu há pouco mais de 1 ano na Venezuela, o jornal “Correio do Orenoco”, com o mesmo nome do jornal do movimento libertador liderado por Bolíva no século 19, cujo redator era o brasileiro Abreu e Lima, que havia fugido da repressão que se abatera sobre os revolucionários de Pernambuco então. Hoje, este jornal, com o preço módico de 1 Bolívar, já é diário, é distribuído nacionalmente e possui uma tiragem de 300 mil exemplares. Enquanto isso, o principal jornal da direita venezuelana , “El Nacional”, teve sua circulação reduzida, em 10 anos, de 400 mil para apenas 40 mil diários, fundamentalmente em razão do desprestígio recebido por adotar uma posição contra revolucionária, chegando mesmo a insinuar aprovação a um eventual atentado contra a vida do Presidente Hugo Chávez, eleito e reeleito pelo voto popular, além de aprovado diversas vezes em plebiscito e referendos, também pelo voto soberano do povo bolivariano.
Na Bolívia, cansado de ser identificado pela imprensa comercial e conservadora como “Narco-presidente” , Evo Morales decidiu estimular a criação de um jornal público, chamado “Cambio”, que em pouco tempo de criação, 2 anos, já vende tanto quanto o mais antigo jornal do país, o “La Razon” , com 70 anos de história. O Cambio, com circulação nacional impressa, custa um quarto do preço do jornal conservador e também possui uma versão on-line. Constata-se uma alteração positiva na relação de forças da batalha comunicativa no país andino, que, ademais, tem uma TV pública, possui também uma rede nacional de rádios indígenas e camponesas, e, tem o sinal aberto de Telesur ao alcance de todos, emissora da qual a Bolívia é sócia.
No Paraguai , o presidente Fernando Lugo também decidiu enfrentar o desequilíbrio informativo em favor das oligarquias e criou a Agência Publica de Notícias, que além de abastecer todo o sistema informativo nacional, irá publicar um jornal para distribuição gratuita ao povo.
No Equador existe o jornal público “El Telégrafo”, agora reforçado, modernizado e preparado para fazer uma disputa cerrada que se verifica entre as oligarquias e o governo de Rafael Correa, que, alvo de várias manobras de sabotagem e até de uma tentativa de golpe de estado em outubro de 2010, decidiu democratizar a legislação de meios de comunicação, além de levar autores de injúrias, calúnias e ofensas às barras dos tribunais. Aí também se verifica um jornalismo novo surgindo, embora o jornalismo velho, oligárquico, golpista, insista na defesa dos antigos privilégios das classes dominantes e do capital estrangeiro.
Talvez esteja na Argentina a experiência mais decidida e com alguma semelhança no porte econômico e em modelo às possibilidades de democratização informativa que poderia ocorrer no Brasil. O governo Kirchner impulsionou consultas regionais a todos os setores sociais, a partir do que elaborou um projeto de lei, aprovado no Congresso, que, em resumo, redistribui o setor comunicativo em três segmentos, tal como está inscrito na Constituição Brasileira, embora não regulamentado. Lá, um terço do setor é para o empresariado, um terço para o setor público e estatal e o outro terço para as entidades sociais, entre elas universidades e centrais sindicais, que, a partir da nova legislação, também já podem ter acesso à direção de meios de comunicação eletrônicos. Fora isto, há também o jornal El Argentino, distribuído gratuitamente, com ampla circulação, e o jornal Tiempo Argentino, ambos encarregados de assumir o desafio do legítimo e democrático enfrentamento com a linha editorial oligárquica e imperial dos dois diários do jornalismo velho, El Clarin e La Nacion.
A experiência comunicativa da Era Alvarado
Aguardemos, agora, o que poderá nos trazer o Peru sob a presidência de Umalla Hollanta, pois este país andino já viveu uma experiência transformadora em democratização quando, em 1968, o governo do General Alvarado, além de estatizar o petróleo, iniciar a reforma agrária e de várias mudanças sociais relevantes, nacionalizou os jornais e os colocou sob administração das centrais sindicais. Sem saber o que fazer com aquilo, por incompreensão do momento político vivido pelo país – chegavam a chamar o general Alvarado de “Gorila” – as centrais sindicais não deixaram marca positiva de uma experiência relevante em matéria de jornalismo, perdendo preciosa oportunidade histórica.
Mesmo sob uma agressiva onda de ataques do velho jornalismo aos projetos de mudanças em curso nestes países da América do Sul, ataques sintonizados com a agenda dos EUA para a região, o voto popular tem proporcionado as condições políticas para o surgimento do novo jornalismo, de caráter público, democrático e popular. São experiências que deveriam ser bem mais vivenciadas pelos brasileiros. Neste sentido, mesmo reconhecendo na EBC uma conquista relevante, ainda não consolidada, somos obrigados a reconhecer, também, que a TV Brasil acumula uma enorme dívida para com a sociedade brasileira já que nada informa sobre estes importantes fenômenos de um novo jornalismo bem perto de nós, preferindo insistir numa linha editorial que acompanha e repete, na maioria das vezes, o preconceito do jornalismo velho contra este processo de mudanças em curso. Aliás, a linha editorial internacional da EBC ainda está predominantemente em sintonia com o velho jornalismo, o Itamaraty tem estado politicamente à esquerda da EBC.
Este processo de mudanças democráticas, lastreado nas forças progressistas e que tem como pano de fundo, por um lado a crise global do capitalismo neoliberal e de outro a integração sul-americana baseada na cooperação e na soberania dos povos é um fato jornalístico e notável de mereceria uma revisão editorial da EBC. Devemos nos preparar para dele participar, não apenas encorajando mudanças na EBC, trabalhando para a implementação de convênio de cooperação com a Telesur e para a liberação do seu sinal no Brasil, mas, também, desengavetando a agenda da Confecom, que sequer atravessou a Esplanada, do Minicom para chegar ao Congresso Nacional. Mas, lá chegando, a relação de forças continuará sendo extremamente adversa para a democratização da mídia. O que exigirá unidade do campo popular em aliança com o Governo Dilma, como na Argentina, como na Venezuela, para remover os entulhos autoritários e neoliberais que seguem incrustados no Congresso.
Enquanto em segmentos do campo progressista acumulam-se ceticismos sobre montar ou um jornal popular, nacional e de massas, a Folha Universal, editada pela igreja do mesmo nome, alcança já 3 edições semanais, com 1,5 milhão de exemplares, distribuídos gratuitamente em pontos de grande afluxo de populares. Surgem novos jornais de distribuição gratuita, com tiragens volumosas, indicando possibilidades que o campo progressista não explorou ainda. E uma proposta apresentada ao então governador petista Cristovam Buarque, na década de 90, após recusada, foi assumida por um grupo empresarial brasiliense. O jornal Coletivo afirma-se hoje como um jornal de massas, com tiragem superior á do maior jornal do Distrito Federal, distribuído gratuitamente a cada dia, às 17 horas, na Rodoviária da Capital Federal, espalhando por todo o entorno.
A implantação de um jornal popular, não depende de mudanças constitucionais ou de leis, nem de maioria no Congresso. Depende de um mínimo de unidade política do campo progressista, em coordenação com o governo que elegeu. E pode ser uma realidade a curtíssimo prazo. Como provou Vargas ao criar o Última Hora..
(*) Beto Almeida é Diretor da Telesur (Venezuela) e correspondente da Rádio de Las Madres Plaza de Mayo no Brasil
(**)(*) Palestra no curso do Núcleo Piratininga de Comunicação – Rio de Janeiro, novembro 2011
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