Voo 3054
Diário de S.Paulo: SÃO PAULO - O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, vai assinar nesta terça-feira, às 15h, o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre a tragédia do Airbus da TAM em 17 de julho de 2007, que deixou 199 mortos no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A situação da pista de Congonhas no dia não colaborou para a tragédia, concluiu o Cenipa. Na época do acidente, a pista do aeroporto havia acabado de passar por reformas e o asfalto havia sido refeito. Faltava, porém, fazer o grooving - ranhuras que ajudam na frenagem do avião e evitam o acúmulo de água na pista.
A investigação apontou que a pista de Congonhas segurou o Airbus A-320 até o término do asfalto, evitando que a aeronave se chocasse com outras que aterrizavam e pousavam na hora. "Mantidas as mesmas condições [com o manete em aceleração], o acidente teria ocorrido em qualquer pista do mundo", diz uma fonte da investigação. A investigação do Cenipa concluiu ainda que o manete direito foi mantido na posição "Climb" (aceleração) durante o pouso pelo piloto, causando a tragédia. Os peritos não encontraram falhas nas ligações entre as engrenagens e os manetes. O relatório tem 122 páginas e aponta oito fatores que contribuíram para o acidente.
Conforme o 'Diário de S.Paulo' adiantou em junho, oito fatores contribuíram para a tragédia, entre eles falha no treinamento dos pilotos . De acordo com o relatório, houve deficiência no julgamento do piloto na tomada de decisão, quando ele tentou fazer um procedimento antigo, que o induziu ao erro. No último dia 17, o Cenipa recebeu os comentários dos centros de investigação de acidentes aéreos da França, o BEA, e dos Estados Unidos, o NTSB, sobre o relatório final do órgão, que está concluído há dois meses. A agência francesa fez críticas Aeronáutica. O BEA não concordou com falhas apontadas pelo Cenipa no sistema de funcionamento do Airbus. No relatório, oa investigação aponta três falhas no sistema de automatismo da Airbus quando:
1) o alarme de aviso do reverso deixou de soar quando apenas um manete foi deslocado para o freio;
2) o avião não tinha o programa de alerta de assimetria de manetes;
3) o avião não entendeu que deveria respeitar a vontade humana quando, mesmo com o avião acelerando, o piloto pisou no freio.
O BEA não concordou com os problemas apontados na automação, afirmando que houve erro do piloto no manuseio correto das manetes e "deficiente aplicação dos comandos" recomendados pela Airbus. O Comando da Aeronáutica informou em nota que nesta terça ocorre uma reunião em Brasília com representantes dos Estados Unidos e da Europa para discurir a investigação do acidente e que o relatório não foi finalizado. Veja a íntegra da nota:
"Visando esclarecer a opinião pública sobre o andamento da investigação do acidente do voo JJ 3054, ocorrido em 17 de julho de 2007, este Centro informa o seguinte:
- a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) em relação a este acidente ainda não foi concluída pela Comissão responsável.
- inclusive na manhã de hoje acontece uma reunião com todos os membros da Comissão, na sede do CENIPA - Brasília (DF), incluindo representantes acreditados dos Estados Unidos e Europa, exatamente para tratar de assuntos relacionados com a investigação desse acidente.
- cabe destacar que a Comissão tem observado rigorosamente os preceitos de sigilo dos dados coletados e análises elaboradas, consciente das normas nacionais e internacionais que regem a matéria, bem como dos impactos negativos para a segurança de voo advindos do uso descontextualizado das informações contidas no documento.
- por fim, o Comando da Aeronáutica ratifica o compromisso de, ao concluir o Relatório Final, primeiramente apresentá-lo aos familiares e, posteriormente, à sociedade em geral, por meio da imprensa."
Do blog Desabafo Brasil
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