sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Fazendo Media: A mídia e o golpe em Honduras

Blog Fazendo Media - Marcelo Salles

Honduras: ‘Um dos principais apoios do golpe foram os meios de comunicação’

Por Redação, 14.08.2009

A arquiteta Gioconda Perla assumiu, há um ano, o cargo de Cônsul-Geral de Honduras no Rio de Janeiro. Integrante do Partido Liberal, o mesmo do presidente Manuel Zelaya, ela afirma que o golpe de 28 de junho foi uma surpresa. “Pensávamos que isso era uma coisa do passado. É como resgatar um morto do túmulo, com toda a podridão e tudo o que isso implica”, diz.

A diplomata recebeu a carta de demissão, via fax, no dia 16 de julho, assinada por Roberto Micheletti, que se auto-intitulou presidente. Seu salário foi cortado, assim como a verba de representação. Apesar disso, Gioconda seguiu trabalhando, pois não reconhece a legitimidade do governo de fato. Nesta entrevista, realizada num café próximo ao Consulado, ela comenta algumas das causas do golpe (mudança na lei de petróleo e aumento do salário mínimo) e garante que, hoje, existe uma ditadura em seu país. Mas, apesar de tudo, está confiante no retorno do presidente Zelaya, em face do enorme apoio manifestado pela comunidade internacional. Por fim, a diplomata faz uma declaração reveladora: não foi procurada por nenhuma das corporações de mídia para dar sua versão dos fatos.

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Qual o papel, no golpe, dos meios de comunicação comerciais hondurenhos?
Eu penso que vários donos dos meios e os meios em si foram um dos principais apoios que o golpe encontrou. Nós estávamos na expectativa no domingo 28, mas não passaram nada sobre o plebiscito. As notícias falavam de programa de saúde, mas jamais, em Honduras, quando há uma votação ou acontece uma coisa como essa… é todo o dia, todo o dia se fala nisso. Se passaram várias horas e nós não escutamos absolutamente nada. De repente, como às onze da manhã, saiu uma só notícia de que havia ocorrido o golpe e não ouvimos mais nada o dia inteiro. É claro que usamos os telefones e a internet para averiguar, porque inclusive as pessoas dentro de Honduras não se davam conta de que o presidente fora seqüestrado pela manhã. Soubemos mais adiante que uma das principais rádios que nós hondurenhos estamos acostumados a ouvir, uma rádio típica, foi explodida com uma bomba e sabotaram seus transmissores; sei que a rádio não pôde transmitir.

Tem um jornalista, Johnny Lagos, que disse que existe uma lista de pessoas, comunicadores populares, inclusive ele, marcadas para morrer. A Amarc, a Associação de Rádios Comunitárias, enviou um correspondente para Honduras e as informações que eles têm enviado é que rádios comunitárias também estão sendo fechadas. Qual era a relação do Zelaya com o movimento de rádios comunitárias e mídias alternativas e populares? A relação dele era sempre muito boa, ele se relacionava com as rádios e com todos os meios e também ele foi o primeiro presidente a instaurar uma rádio estatal.

Esses meios estão sendo perseguidos agora?
Sim, tanto que uma das coisas que mais me impressionou, além de tudo isso, é o fato de que o conhecidíssimo caricaturista Allan McDonald foi seqüestrado no mesmo dia em que foi seqüestrado o presidente. Ele foi seqüestrado com a sua filha de dois ou três anos. Para que vocês vejam: um caricaturista não tem a liberdade de fazer um discurso político. Essa é a situação.

Para ler a íntegra, vá ao Fazendo Media

Fonte: blog vio mundo

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