por Laerte Braga
Cidadãos em todo o mundo, inclusive dos Estados Unidos, estão se dirigindo para Honduras. A maioria dos voluntários é de latino-americanos e o objetivo é uma grande invasão pacífica do país, como parte da luta contra o golpe de estado que derrubou o presidente constitucional Manuel Zelaya.
Nesta segunda-feira inicia-se uma greve geral de trabalhadores hondurenhos apesar da forte repressão das forças armadas e polícias. Por todo o dia vários setores dos movimentos de resistência conclamaram a população a ir às ruas resistir o golpe e obtiveram êxito.
O presidente deposto Manuel Zelaya acaba de declarar em fala aos hondurenhos que “não há mudanças sociais sem luta”. O “presidente” golpista Roberto Michelletti comunicou ao presidente da Costa Rica Oscar Árias que não vai negociar a volta de Zelaya e nem aceitar a proposta de sete pontos apresentado pelo mediador da OEA – Organização dos Estados Americanos–. Essa decisão isola mais ainda o governo golpista e coloca o governo de Obama numa encruzilhada já que a proposta de mediação partiu da secretária de Estado Hilary Clinton.
Para a resistência cai a máscara, mais uma vez, do governo Obama. A proposta de negociação soou e soa como tentativa de ganhar tempo para consolidar o golpe, mas acaba de esbarrar no caráter irracional dos governantes e militares do país. Não andam e falam ao mesmo tempo. Tropeçam e caem. Não conhecem luz do dia, só trevas.
A mulher e o filho de Zelaya lideram um processo de mobilização de hondurenhos e hondurenhas em todo o país.
A marcha pacífica sobre Honduras vai se juntar à greve geral e às manifestações lideradas pela resistência.
Já existe desabastecimento em várias regiões do país e alguns produtos começam a faltar, mesmo porque, com a mobilização permanente da população hondurenha a maior parte das atividades comerciais está paralisada ou funcionando precariamente. Os constantes cortes de energia, esquema usado pelos golpistas para intimidar a reação, têm contribuído para isso. Produtos perecíveis estão se tornando impróprios para o consumo, além das dificuldades para novas importações.
Todas as vias para a exportação de produtos de Honduras estão cortadas pela resistência.
Países da Comunidade Européia suspenderam o comércio com Honduras. A exceção do governo da Venezuela que continua enviando ajuda humanitária aos setores mais carentes da população do país, só os norte-americanos tentam manter canais comerciais com o governo golpista tentando evitar um fracasso do governo golpista.
O presidente dos EUA Barak Obama é o alvo preferido dos militares e governantes golpistas. As referências a Obama só são feitas com o adjetivo “el negrito”. A despeito disso o embaixador norte-americano em Honduras tem mantido estreito contato com os líderes do golpe.
Há dissenções entre os chefes militares e alguns já declaram publicamente que foram forçados a participar do golpe. Os recursos financeiros estão escasseando e isso tem contribuído para debilitar a posição do governo golpista.
De qualquer forma continua a repressão, principalmente na capital Tegucigalpa e nos centros universitários e de camponeses. Professores, intelectuais e estudantes estão sendo presos e conduzidos a quartéis.
Líderes da resistência estão sendo caçados em vários pontos de Honduras. A tentativa de envolver os governos da Nicarágua e da Venezuela no processo político do país, buscando assim caracterizar o golpe como movimento de defesa da soberania nacional e integridade do território hondurenho fracassaram até agora.
A única intervenção nos negócios internos de Honduras vem de Washington, dos porões da Casa Branca através do embaixador dos EUA no país e na ajuda de militares norte-americanos, cerca de 500, instalados numa base no país. Os militares dos EUA orientam a repressão e cedem tecnologia de ponta para localizar resistentes e neutralizar comunicações com o exterior.
Os próprios militares dos EUA se referem a Obama como “el negrito”.
Os dias da semana que se inicia serão decisivos. Os golpistas contavam com o cansaço da resistência, mas percebem que estão a cada dia mais isolados e a resistência, ao contrário, aumenta.
Zelaya, nos últimos dias, já esteve em território hondurenho por várias vezes e em todas as oportunidades falou ao povo através de um telefone.
O grande temor dos EUA agora, já que são eles os controladores dos golpistas, é que o movimento popular recoloque Zelaya no poder o que significa que todas as propostas de mudanças serão levadas a referendo. Isso modifica a estrutura política do país, tira-o da órbita de Washington e contraria negócios de empresários e quadrilhas norte-americanos que atuam em Honduras.
A associação entre esses empresários, elites hondurenhas e traficantes de Miami com base em Tegucigalpa se vê na repressão aos resistentes. No fundo são iguais. Um dos principais líderes de esquadrões da morte em Honduras e ligado ao tráfico de drogas é o ministro da justiça do governo golpista.
A partir de zero hora de segunda-feira começa a greve geral e a grande marcha pacífica. Já é grande o número de voluntários que chega a Honduras.
Uma das líderes da resistência, em contato com companheiros de luta no Brasil declarou o seguinte:
Les agradecemos por esa solidaridad militante, realmente aqui cada dia las cosas se estan poniendo mas dificiles, sabemos que nuestra integridad fisica esta en peligro, pero tambien tenemos el compromiso de seguir en la lucha de resistencia a expensas de perder nuestra propia vida, pero como dijo Zapata preferimos morir luchando que vivir arrodillados con este gobierno facista. e informamos que el dia de hoy llego la compañera xxxx con otro compañero, ellos son periodistas del periodito de Fato y de Alba TV para pasarles mayor informacion.
Los hondureños y hondureñas seguimos en resistencia.
Adelante NUNCA MAS... GOLPES DE ESTADO”.
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